Depois de muito praguejar contra o relógio, Miku se levantou apressadamente. Queria chegar cedo à escola. Por alguns motivos. A) ver o Kaito. B) não ver a Meiko. C) Conversar com os gêmeos. E, D) Falar sobre sua música para Luka.

Miku, depois de se arrumar, desceu para tomar café, fazendo o também muito rapidamente.

Às vezes Miku queria ter um irmão ou uma irmã, apenas para brigar com ele ou ela, ou conversar, porque todo dia se sentia sozinha. (N/A sei que sou muito melancólica, u.u).

Miku saiu de casa e foi caminhando como qualquer outro dia. Com os fones de ouvidos no máximo, cantando as músicas baixinho, e preocupada se daria conta das coisas escolares, como as provas, trabalhos, dentre outros.

Deu de ombros consigo mesma. Era estranho estar se preocupando com as notas já que sempre tirava notas altas sem estudar e sem prestar atenção na aula. Geralmente ficava desenho nas apostilas e no caderno quando a aula estava insuportável, mas sem querer isso fazia com que ela prestasse atenção.

Muitas vezes Miku tentou tirar notas baixas para seus pais darem um pouco de atenção para ela. Seus “pais” quase sempre eram seu microfone, que ela cantava no karaokê, e seu fone. “O par perfeito” – brincava ela.

Enquanto Miku andava, escutou passos atrás dela e ela se virou. Meiko vinha em sua direção. Miku deu passos mais rápidos.

- Miku! Hatsune Miku! – quando Miku ouviu o grito de seu nome apenas pensou “O tiro saiu pela culatra”.

Miku se virou com muita força.

- Ah, oi. Meiko, não é? – perguntou. Meiko assentiu rapidamente.

- Hum... Parece que somos meio vizinhas não é? – perguntou Meiko.

- É... Legal, não é? – falou Miku. Ela olhou para a rua em busca de alguém. Tinha medo daquela garota.

- Olhe, eu, eu preciso conversar com você. – disse Meiko. – Podemos conversar naquele café ali? – falou, apontando um café que Miku não tinha notado até então.

Miku olhou no seu relógio. Faltavam quarenta minutos para a primeira aula.

- Claro. – disse. “Não, por favor, não tenho nada para falar com você. Só quero que você saia daqui e vá embora”- pensou, mas não o disse.

Elas caminharam lentamente até o café. Miku achou aquilo parecido com uma caminhada até a morte.

Elas se sentaram em uma pequena mesinha. Meiko pediu um café e Miku pediu um cappuccino.

- Preciso, primeiramente, pedir desculpas. Fui muito grossa ontem. Sabe como é, primeiro dia de aula, tensão total. – falou Meiko. Miku não estava acreditando. Meiko pedindo desculpas? O que era aquilo?

- Ah, hum, claro, claro, tudo bem, afinal, foi primeiro dia, né? Novatos, volta de professores, etc... Sei que não é fácil. – disse Miku.

Meiko deu de ombros. Era como se ela tivesse falado algo como: “Sou sua mestra, mas pedi desculpas apenas para fazer alguns pontos com o Kaito”.

- Bom, que bom que você entendeu meu lado não é? Agora, vamos falar sobre o que me fez sair da cama na madrugada. Você está gostando do Kaito?

Miku se engasgou com seu cappuccino. Depois de muito tempo, voltou a falar.

- Ahn? Isso é loucura. Kaito é apenas um amigo. – disse.

Meiko a encarou por demasiado tempo.

- Que surpresa! Apostaria meus saquês de estoque dizendo que você está perdidamente apaixonada por ele.

Miku continuou bebendo seu cappuccino como se nada estivesse acontecendo. Ela sabia, sabia que Meiko não era tonta. Meiko já sabia de sua-paixão-secreta-que-agora-não-é-mais-secreta.

- Já que isso está esclarecido, acho bom eu te avisar. Aviso de amiga, certo? Que Kaito é muito traidor. Juro para você! Com todos os meus saquês escondidos na mochila. – falou Meiko.

Miku lutou muito para não revirar os olhos.

- Eu mesmo já fui traída por ele. Ele é como um deus ou coisa assim. Todas as meninas gostam dele. É automático. Quando você olha para ele, você se apaixona. Simples assim. Mas, depois vem o pior. Ele te trai. Com outra mais bonita, mais inteligente, mais, ahn, formada, e deixa você, vivendo o inferno. Mas, fique calma. Sei que isso não vai acontecer com você. Por que, diferente das outras, você não é bonita, não é legal, e cá entre nós, sua voz é mais fina que a da minha irmã. – disse Meiko.

Miku nem se sentiu magoada. Sabia que Meiko iria aprontar alguma com a cara dela. “Acho que se sente ameaçada.” – pensou.

- É, isso é mesmo triste, não é? Pobre de mim nunca será escolhida. Mas, pense só, se ele já está acostumado com essas garotas lindas, talentosas, inteligentes, e, como é mesmo? E formadas! Já deve estar na rotina, não é mesmo? Talvez ele comece a gostar de mim porque sou diferente das outras. E acho que ele vai gostar de namorar alguém diferente, já que ele só namorou você, outra defeituosa porque você é bêbada. Diferente. – disse Miku. Ela raramente se estressava. Mas Meiko merecia.

Miku se levantou e foi pagar seu cappuccino. Meiko ficou lá, estática, pois achou que, como Miku é muito doce, não saberia se defender. Estava enganada.

Quando Miku passou pela porta, se virou para dar um tchauzinho kawaii à Meiko.

- Você começou uma guerra Hatsune. – disse ela.

- E eu vou vencê-la Meiko. Pode apostar. – disse Miku, saindo do café.

Miku caminhou. Apesar de ter enfrentado Meiko, e esta declarara a terceira guerra mundial, Miku se sentia confiante. Tudo que Meiko falara foi mentira. Ou pelo menos, assim esperava.

Quando estava quase chegando à escola, Miku encontrou Kaito. Ele tinha os cabelos azuis bagunçados e segurava uma rosa.

- Hai! – disse Miku.

- Hai. Tudo bem, Miku? – perguntou ele. Miku assentiu.

- E você? – perguntou.

- Bem, obrigado. Ah, antes que eu me esqueça, eu trouxe isso pra você. – disse ele, entregando uma rosa azul à Miku.

Novamente, uma corrente de choque os atingiu a um toque.

- Engraçado, parece magnético. – disse. Miku concordou, sorrindo.

Eles entraram logo na escola e os gêmeos começaram a conversar rapidamente com os dois. Miku achou Rin meio estranha, mas não falou nada.

O sino tocou e os gêmeos e Kaito correram para suas devidas salas. Miku foi para a sua, e com certa surpresa, percebeu Luka, sendo um livro na primeira carteira.

Miku se sentou atrás dela e a cutucou.

- Hey nerd. – disse. Luka se virou, e quando viu que era Miku, sorriu.

- Hey atrasada, de quem é essa rosa? – perguntou curiosa.

- Ah, do meu admirador secreto. – falou Miku, balançando a rosa.

- É do Kaito não é? – perguntou Luka.

- Você é mesmo nerd. – disse Miku. Luka deu de ombros.

- Conseguiu escrever uma música?

Nesse momento Meiko entrou na sala, lançando um olhar mortífero à Miku.

- Não só escrevi uma, quanto estou com a ideia de uma próxima.

- Qual? – perguntou Luka.

- Love is war. – disse enquanto o sino bateu.