(Damon)

Elena agora andava se encontrando muito com Klaus, cada vez mais frequentemente. O que mais me irritava nisto tudo era que ela além de não querer me contar o que estava acontecendo, parecia estar gostando de jogar com o que eu sentia. Certo, Elena sempre foi muito geniosa, mas eu não estava gostando de suas atitudes. É bem verdade que nós ainda não tínhamos assumido o namoro pras nossas famílias,
mas ela teria que se portar um pouco diferente do que estava.

Haviam se passado duas semanas desde o jantar dela com o Klaus, desde a nossa tarde juntos. Elena marcava cada vez mais encontros com ele. Ela levava a Caroline de contra peso, mas isto talvez fosse só para não falarem. Mas tinham porque falar? Eu estava ficando cada vez mais irritado com todo aquele mistério que ela seguia mantendo: “Você vai saber logo.”, “No momento certo Damon.”, “É algo entre mim e ele.” Aquilo estava me irritando. Demais mesmo. Hoje a noite temos uma festa para ir. Um baile de máscaras. Não estou muito empolgado, achava que Elena também não, mas ela não me deixou declinar. Disse que a noite prometia
muita coisa. Estou com medo de saber o que é... A única coisa boa nestes
últimos dias foi minha nova decisão: Voltar a exercer medicina.

(Elena)

Após vários encontros arranjados e conversas forçadas, finalmente Klaus tinha hoje, no baile, a chance perfeita para chegar na Caroline e falar abertamente do que ele sente. Foi uma luta bem árdua. Caroline não confia nele, acha que ele quer brincar com a moça de classe inferior. Por mais que Klaus fizesse o máximo para que ela percebesse que era o contrário, ela não cedia.

Outra coisa bem chata era Damon, ele estava um poço de ciúmes e cobranças. Andava sempre de mau humor agora. Eu estava ignorando, afinal quando ele soubesse de tudo ele pararia com aquilo. Ele decidiu voltar a trabalhar depois de anos. Fiquei feliz com isso, ele é um ótimo médico, já estava na hora de voltar a exercer outra de suas paixões: a medicina.

Alaric, seu grande amigo, sempre guardou o lugar de Damon em sua equipe. Ele sempre falou que ele era um ótimo clínico e que sempre esperaria por ele. Eu estava feliz pelo meu amor, ele precisava da medicina outra vez. Quando ele falava do trabalho seus olhos brilhavam, eu não via a hora dele começar.

(Autora)

Tanto a família de Elena quanto as de Klaus e Damon eram as mais prestigiadas na sociedade de Londres. Donas das maiores fortunas e as mais tradicionais. Os Salvatores e os Mikaelsons sempre foram os homens mais cobiçados de toda Londres.

O baile de máscaras era uma reunião organizada pela nata da sociedade, pessoas que Damon e Elena não faziam muita questão de prestigiar. Elena tinha motivos para estar ali, Damon não entendia o porquê de estar ali. Este foi o clima que o casal encarava esta noite.

Stefan parecia cada vez melhor ao lado de Rebekah, estes sim, já haviam se assumido e agora eram o casal mais invejado das noites e festas.

Klaus tentava, com a ajuda de Elena, cada vez mais se aproximar de Caroline, a dificuldade só o prendia mais. Ela era difícil, mas por isto mesmo indispensável.

A noite reservava muitas surpresas, novas emoções. Damon e Elena chegaram separados como sempre. Ao avistar o namorado Elena se afastou de Caroline a deixando de novo “a sós” com Klaus e Damon só conseguia ver que novamente Elena estava com o loiro.

-Está meio difícil você largar dele não é? – Damon perguntou enquanto dirigia um aceno pra um conhecido qualquer e dava um gole em sua bebida.

-É mais difícil me separar de você. – A morena respondeu sorrindo.

-Chegou a muito tempo?

-Não muito meu amor, umas meia hora. Onde está seu irmão?

-Com a namorada na outra sala. Por que não damos uma saída até no jardim? Está tudo tão lindo lá. E eu estou com saudades de você.

Damon se virou para Elena, a encarando com intensidade e dando outro gole no seu copo com whisky.

-Acho melhor você pegar leve na bebida e ficar quieto. Não vamos dar motivos para falarem por hora. Nossas famílias já estão bastante faladas com as trocas de casais. Não precisamos acrescentar agora.

Damon deu um último gole e falou ao pé do ouvido de Elena:

-Desde quando você liga pra o que vão falar? – Falou quase beijando a orelha dela.

-E desde quando você adquiriu o hábito horrendo de beber e falar bobagem?

Damon a encarou, então soltou um riso cético e se afastou dela. A conversa havia terminado.

Elena estava a maior parte de festa com Klaus e Caroline. Damon estava conversando com alguns amigos e com Grayson, ele parecia gostar muito de Damon. Elena adorava ver o pai falando com ele. Meio caminho estaria percorrido se seu pai já gostasse de Damon.

No meio da festa, entre danças e risadas, uma pessoa se aproxima de Damon e Elena logo se vê presa na visão. Uma mulher alta, bonita, cabelos claros e curtos, um sorriso delicado. Damon parecia conhecê-la, apresentou a todos que estavam perto dele com um sorriso imenso na face. Um frio subiu pelas costas de Elena ao ver Damon sair com a moça para o jardim, entregue a risos prazerosos. A noite com certeza estava apenas começando.

(Elena)

Eu resolvi seguir os dois até o jardim. Eu não estava gostando do que via e conhecia Damon. Ele passou as últimas semanas me enchendo por conta de Klaus. Ele iria querer me pagar na mesma moeda? O problema é que quando se joga com ciúmes você só quer que sintam, não quer sentir.

(Damon)

Eu me afastei um pouco daquela sala. Precisava de ar, eu estava conversando com uma velha amiga de faculdade, foi a coisa mais divertida que me ocorreu, até então. Elena continuava na companhia de Klaus, suponho que ela mal tenha notado minha ausência na sala. Minha cabeça doía, tinha alguma coisa errada comigo. Eu ignorei, apenas devia relaxar.

-Faz muito tempo mesmo hein Damon?

-Sim, Andie. Muito tempo.

-Eu soube de sua esposa. Sinto muito. Estava na Espanha na época. Doutorado.

-Obrigado! Eu soube. Você sempre foi a aluna mais aplicada. –Eu falei piscando pra ela e ela riu sem jeito.

-Ora você não fica muito atrás senhor Salvatore, primeiro da turma em sete cadeiras no penúltimo período. – Agora eu ri sem jeito.

De repente ficou um silêncio no ar. Andie e eu estávamos deixando o riso acabar aos poucos e nos olhávamos com afeto.

(Elena)

Andie era o nome dela. Damon parecia estar muito a vontade com ela. Pela conversa eles devia ter estudado juntos ou algo assim, estavam trocando piadinhas sobre a faculdade e rindo sem parar. Era hora de quebrar o “climinha” de conversa no jardim.

-Me apresenta Damon? – Eu falei me aproximando do casalzinho feliz.

-Elena?! – Ele pareceu surpreso.

-Eu te procurei no salão, mas não encontrei. Achei que tivesse enfim resolvido vir tomar um ar no jardim. Acertei. – Eu disse com um riso irônico e olhando para Andie dos pés a cabeça, ela era uma mulher muito atraente, não podia negar. Ela parecia estar se divertindo com alguma coisa. Claro. Eu.

-Hum! Certo... Eh... Andie esta é Elena. Elena, Andie. – Damon disse curto e grosso, mas meio sem jeito.

A branquela veio em minha direção com um sorriso amarelo, parecia debochar, estendeu a mão para mim.

-É um prazer Elena! – Ela disse ainda mantendo o riso.

-O prazer é meu. – Eu apertei sua mão e mediatamente lhe dei as costas para fitar Damon com um olhar forte. – Preciso falar com você. – Eu falei secamente.

-Bem, eu preciso de uma bebida, vocês podem ficar a vontade. Com licença – A outra falou nas minhas costas, eu não parava de olhar para Damon e ele me encarava friamente.

-Um prazer revê-la Andie. Espero que nos encontremos de novo. – Damon falou dirigindo a ela um olhar doce e um sorriso maravilhoso, eu tremi com aquilo. Respire Elena, ele está te provocando.

-Então... – Ele falou me olhando e se sentando num banco as suas costas. – O que quer falar?

-Pode parar de fazer isto. Não é necessário. – Eu falei e ele me encarou confuso.

-Do que está falando?

-Você e a loira, não precisa começar com isso Damon, eu sei que você está chateado sobre o Klaus, mas eu já te falei que você logo vai entender. – Ele deu um riso fraco virando a cabeça pra outra direção, quando trouxe seu olhar de volta pra mim, ele tinha uma expressão seca, fria e irônica.

-Você deve estar me confundindo com outra pessoa. Não gosto de armar ceninhas de ciúmes, muito menos ficar de provocações. Andie é apenas uma amiga, muito querida. Eu não vejo onde isto pode te afetar, aliás, nem sei como me achou aqui, suas atenções esta noite não estão em mim. Nem sei porque fez tanta questão de que eu viesse neste baile idiota.

Eu encarei ele furiosa, era óbvio que além de estar me jogando indireta ele ainda seguia com a bobagem possessiva dele.

-Damon eu já te expliquei mil vezes. Eu prometi ao Klaus ajudá-lo numa coisa, mas não posso dizer qual. É uma questão apenas dele.

Ele se levantou irritado.

-Só me diz uma coisa... – Ele falou levando uma das mãos ao rosto e virando pra ficar de frente pra mim. – O que exatamente eu estou fazendo aqui esta noite?

Damon estava se alterando, ele andava explosivo demais, principalmente sobre este assunto.

-Por que eu queria te ver, fazia dias que não nos víamos e eu estou com saudades e também porque Klaus me prometeu esclarecer tudo hoje, assim eu poderei te falar do que se trata e você pára com essas bobagens.

Ele deu um riso sem graça.

-Você estava com saudades de mim, queria me ver e no entanto, passou mais tempo com ele que comigo e ainda recusou meu convite para virmos aqui fora e ficarmos juntos. É, faz muito sentido pra mim.

 Ele terminou a fala me dando as costas outra vez e colocando as mãos na cintura, ele encarava o chão agora e depois levou uma de suas mãos até a cabeça massageando uma de suas têmporas.

-Mas você arrumou logo uma substituta para trazer para cá não é? Então eu acho que não foi tão ruim afinal.

Ele não me respondeu, apenas continuou com seu gesto, mas agora sua respiração estava arrastada, descompassada. Eu estava ficando inquieta, ele não parecia estar bem.

-Damon? – falei indo na sua direção. Ele pareceu puxar o ar, para respirar fundo. Com certeza não estava bem. – Meu amor o que foi? – Eu estava próxima a ele agora e do nada ele perdeu o equilíbrio soltando um gemido de dor. Eu me apavorei e meio que tentei segurá-lo. –Meu amor... Qual o problema?

Ele não respondeu, eu o apoiei levando minhas mãos até sua cintura, dirigindo ele de volta ao banco, o sentando lá. Ele sentou com a cabeça baixa, ainda tinha a mão na têmpora, eu o fiz levantar o rosto e me encarar, puxando seu queixo para cima. Ele estava frio, pálido e suava.

-Meu amor, por Deus! Fale comigo! – Eu estava apavorada. Ele mantinha a mão na cabeça e os olhos fechados, puxando o ar tentando normalizar a respiração. Ele abriu os olhos e me encarou, estava mal humorado ainda.

-Não é nada. Apenas tive um dia puxado. Estou cansado, eu não devia ter vindo aqui. Só fiz porque você insistiu. Eu vou embora. – Ela falava com a respiração desconexa. Se livrando das minhas mãos.

-Como nada? Damon você quase desmaiou na minha frente, está muito pálido, tremendo e gelado. Meu amor, o que você tem? - Eu tentei tocar ele  mais uma vez, ele desvio a minha mão a  afastando dele. Ele estava me encarando impaciente.

-Nada demais Elena, eu já falei. Estou apenas cansado. Vou embora.

-Então eu vou com você. Não vou deixar você sair assim e ainda mais sozinho.

Ele esfregou as mãos no rosto, depositando uma atrás da nuca e dando três batidas.

-Não quero que perca a sua tão falada revelação da noite. Você estava muito bem sem mim até agora, pode continuar assim. Eu vou embora e vou sozinho. – Ele falou me encarando, logo depois respirou fundo e se levantou. – Tenha um bom fim de noite!

Então ele se foi antes que eu pudesse falar mais alguma coisa. Eu estava arrasada, ele estava me afastando dele e eu só conseguia pensar em cuidar dele, ele não estava bem, eu vi isto. Droga! Aquilo tinha que parar. Klaus resolvendo-se ou não com a Carol eu contaria tudo pra Damon amanhã. Eu estava perdendo ele e não queria isto. Eu o amava.