Rosas escrita por Larissa M


Capítulo 9
Capítulo 8 - Outono


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou eu, pessoal, com um dia de antecedência, com a felicidade de dizer que vocês terão não um, mas DOIS capítulos de Rosas esse fds!
Isso mesmo, e nem tenho ocasião especial pra lhes dar Rosas em dobro! Aproveitem que amanhã estou de volta com um cap pra vcs =D



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Os esforços de Susanna para encontrar emprego como jardineira estavam agora se tornando sua principal atividade, no que ela quase passava o dia a procura de trabalho, o que passara a ser seu principal objetivo. Isobel se mantinha calada, mas estava ciente acerca dos esforços da sobrinha para fazer o que lhe fora pedido, assim como também sabia que o estava fazendo de bom grado. A verdade era que sua intenção inicial não fora causar mal estar e preocupações em Susanna ao tocar nesse assunto naquele dia no almoço, mas sim meramente livrar a si própria do que via depois como problemas para si, isto é, se Susanna não arrumasse um rumo para sua vida. Quando, porém, viu que ela acatara a sugestão feliz, preferiu manter distância, como sempre fizera.

A compra dos vestidos das duas primas foi feita no próprio dia do convite, e em seguida Susanna fora transpirando alegria pagar uma visitinha a Eddie e May, para mostrar os vestidos e os deixar a par das novidades. Como sempre, lá estavam as suas duas rosas, uma branca e outra vermelha.

Para a sorte de Susanna, Carla viera efusiva contar-lhe novidades no dia imediatamente após o recebimento do convite.

- Suze, dona Suze! – ela chamou, entrando no quarto da garota toda sorridente, ainda segurando a colher de pau na mão.

Viera ligeira da cozinha, de onde sua amiga Ilina Troy, outra empregada, acabara de lhe pagar uma visita clandestinamente, por trás das costas de Isobel. A tia de Suze não gostava que Carla recebesse visitas de quem quer que fosse.

- O que foi, Carla? Acalme-se, me deu um susto daqueles! – exclamou Susanna, que estivera entretida na leitura de um livro antes da interrupção da empregada.

- Me desculpe interrompê-la, querida, mas é que acabei de arrumar um emprego para você, graças a minha amiga Ilina! – Carla era toda sorrisos.

Susanna arregalou os olhos, levantando-se na mesma hora. Não quis nem saber onde, como e com quem trabalharia; foi logo puxando a empregada e amiga para um forte abraço.

- Obrigada, Carla, e não se esqueça de agradecer a Ilina. – Susanna apenas conhecia a amiga de Carla de vista, e era grata a ela.

- Oh, eu não vou precisar, querida, porque o emprego que ela está falando é na própria casa que ela trabalha!

- Eu não acredito! – Susanna exclamou, boquiaberta mais uma vez. Sabia que Ilina trabalhava para uma família de classe, que morava numa mansão. Sabia também que os jardins eram imensos. – Mas que sorte que eu tenho!

Mais uma vez, puxou a sorridente Carla para um abraço. Finalmente poderia dizer que um de seus problemas estava resolvido.

As semanas; os dias até a Festa de Outono, que a princípio pareciam longos, inúmeros, se escoaram rapidamente, sem que Susanna notasse. Estava ocupada entre o seu casual cuidado com suas flores e as longas horas gastas a estudar o diário de seu pai, uma vez que o problema do emprego já estava resolvido.

O outono, por sua vez, estava cada vez mais presente, como se tivesse consciência de que uma festa em sua homenagem se realizaria dali a uns tempos. As folhas das árvores, amareladas ou avermelhadas, caiam nos passeios das ruas, nos parques, no centro da cidadezinha, acobertando tudo com um tapete colorido com as tonalidades características da estação, relembrando os moradores que a natureza estava sempre presente, independente de ser notada ou não. Susanna adorava ver aquelas mudanças de estação, e cada vez mais ansiava pela festa. Não havia dado conta, antes de receber o convite, do quanto estava necessitando de uma diversão qualquer, algo bem simples, bem frívolo, que a fizesse se sentir livre de problemas por uns tempos. A festa e a companhia de Mary Jane pareciam ideais para isto, sem contar com a chance de esbarrar com o misterioso Christopher na noite de 23 de Maio.

O crepúsculo, naquele dia, foi um sinal de que o que a noite guardava estava às portas de ser realizado.

Susanna e Lucy se arrumavam juntas, dividindo um mesmo quarto. Já haviam colocado os seus respectivos vestidos, cada uma com sua beleza especial. O de Lucy era branco, na altura dos joelhos, com uma saia de musselina caindo em camadas, um corpo adornado de enfeites, subindo-lhe o pescoço e fechando atrás do próprio. Usava também um colar de safiras, discreto, mas ainda assim proporcionando uma cor exata para combinar com seus olhos.

O vestido de Susanna era azul-escuro, feito de tafetá, igualmente ressaltando seus a cor de seus olhos. A saia era rodada, e também seguia até seus joelhos. No corpo do vestido, não havia nada mais adequado para Susanna: um par de rosas, feitas com o mesmo tecido, enfeitavam-lhe o ombro. Ela preferira usar joias prateadas, para combinar, e seus cabelos estavam parcialmente soltos, num penteado simples, numa presilha de igual cor às joias. Lucy preferira apostar em deixar seu cabelo solto mesmo, bem simples.

No presente momento, as duas se maquiavam e penduravam joias, conversando ao mesmo tempo:

- Quem você acha que estará lá? – perguntou Susanna, olhando-se no espelho da penteadeira.

- Henry, claro. – Lucy respondeu, dividindo o espelho com a prima. – E o William. – acrescentou depois de um tempo. – Pauline, Amanda e Georgia, sem contar nos irmãos e irmãs das três, os parentes de Mary Jane, as irmãs Melbourne, os irmãos Giusini, os Farret e os Houston, os Clark...

- Sim, todo o pessoal que geralmente vai. – Susanna a interrompeu. Lucy percebeu que não ela estava satisfeita com a resposta que havia recebido, e astutamente notou onde a prima queria chegar com aquela ponderação de quem estaria presente.

- Você está se perguntando se o Christopher vai? – Lucy perguntou, lendo a resposta no olhar que Susanna lhe lançava, pelo reflexo do espelho. Ela nem precisava assentir; já estava tudo estampado no seu rosto, que sempre deixando transpassar as emoções para quem a conhecia direito, ou para um bom observador. – Não saberia te responder. Talvez ele vá, talvez não. Mas me prometa uma coisa. – Lucy parou de passar a maquiagem e olhou para Susanna de frente, ao invés de encará-la pelo reflexo. – Prometa que se ele aparecer, você vai de uma vez perguntar o sobrenome dele. Não é cometer uma atrocidade ser curiosa, Susanna, especialmente quando você tem razão em querer saber quem ele é.

- Está certo, Lucy, vou perguntar para ele... Isto é, se ele der as caras. O mais, se ele estiver lá, sinal que Mary Jane o conhece...

A certa distância dali, na mansão Giusini, Christopher se arrumava, e dessa vez era ele quem estava de intruso no quarto de George. Os dois irmãos arrumavam as respectivas gravatas, trocando ideias, igualmente em frente ao espelho do armário.

- Vivian estará lá? – Christopher perguntou.

- Sim, eu acho que a pequena Cartwright as convidou. – George, ao usar o termo “as” se referira a ambas as irmãs Melbourne.

- “Pequena”? Você sabe que ela não é tão mais nova que você assim, George. Tem dezessete anos já.

Christopher terminou de fechar o complicado nó de sua gravata vermelha, e sentou-se na cama do irmão enquanto esse o respondia:

- Eu sei que não é... Uso-o como apelido carinhoso. – ele retrucou. – Você está ciente que ela te convidou por educação, não é?

- Sim, George, estou cansado de saber que o pessoal em Valliria não me perdoa por minha ausência “inexplicável”. Por isso, todos me encaram como um estranho...

- Relaxe, essa festa vai mostrar a eles o quanto você é adorável. – George respondeu, mas uma inconfundível ponta de sarcasmo pintava sua voz.

Christopher sorriu sarcasticamente para ele, retrucando:

- Assim como você, caro irmão.

Ainda mais distante dali, outro par de irmãos conversava, a beira de uma das corriqueiras discussões sobre assunto banais:

- Henry, saia logo desse banheiro, até parece que está se arrumando para se encontrar com alguém!

 William esmurrou a porta de madeira branca outra vez, cada vez mais impaciente. Havia passado o dia na oficina, trabalhando num projeto, e agora que enfim cessara a mão de obra, cansado e sujo, a poucas horas da festa, encontrara Henry no banheiro, trancado lá dentro há angustiantes trinta minutos.

- Já estou indo, Will, eu já falei! – gritou Henry do lado de dentro, tendo que falar ainda mais alto para sua voz atravessar a grossa porta de madeira.

Os La Fontaine antigamente haviam sido infinitas vezes mais ricos do que atualmente eram, e sempre haviam sido convidados para essas festas reservadas para as famílias de classes mais altas na cidadezinha. Para manter a tradição, Mary Jane os convidara também, mesmo que não houvessem atualmente o mesmo prestigio no nome que antigamente possuíam, e também porque os conhecia através de Lucy e Susanna.

Henry por fim abriu a porta do banheiro, de cenho franzido, mas extremamente bem arrumado, exalando um cheiro inconfundível de colônia masculina. O irmão mais velho franziu o nariz ao sentir o cheiro forte, mas empurrou o outro para lado e se apressou em entrar no banheiro impregnado pelo cheiro.

- Parece até uma moça se arrumando...

- E você já viu uma fazendo isso, por acaso? – Henry perguntou, rindo-se da indignação do irmão.

- Está sugerindo que nunca fiquei com nenhuma moça? – perguntou William, já dentro do banheiro.

- Bem, a sua solidão atual reflete que seu comportamento em frente a elas não é dos mais competidos nem admirados, William, sem contar que você fica um tanto inconveniente quando bebe...

- Eu vou ficar longe de álcool por hoje, Henry. – William falou, suspirando. Sabia que o irmão estava certo em cada palavra que dizia, mas não queria admiti-lo, ao menos não a parte que não era desejado por moças. – E não venha falar de minha solidão sendo que você próprio está solteiro... Ou será que a razão dessa colônia do nosso pai reside numa personalidade feminina...? – William brincou com ele.

Henry virou o rosto para a janela do corredor, e desconversou, dizendo enquanto se afastava:

- E se fosse?

Em outra casa da pequena cidade de Valliria, mais precisamente a mansão pertencente aos Melbourne, duas irmãs se arrumavam, cada qual em seu quarto. Do contrário aos outros pares de jovens, as duas não estavam no clima de se aguentarem, nem queriam uma visita da outra nem sequer para dar opinião no vestido. Ambas se antagonizavam com personalidades tão diferenciadas que era difícil para pessoas que não sabiam de seu sobrenome em comum assimilarem o parentesco entre elas.

Uma tinha os cachos longos e bem definidos, negros como a noite, conhecida como Vivian: a irmã mais velha, de dezenove anos. A outra, Veronica, cortara seu cabelo visando atingir o formato de Chanel, mas seu cabelo teimava em tornar a cachear. No entanto, eram curtíssimos, na altura que o corte daquele formato pedia. A semelhança com a irmã estava na cor dos cabelos: eram igualmente negros como piche, e destacavam seus olhos claros em tons de verde. Veronica tinha a mesma idade que a anfitriã da festa, dezessete anos.

Vestindo-se de esmeralda, num vestido de saia rodada e tomara que caia, feito de seda, estava Veronica, passando a indispensável maquiagem para seu dia-a-dia, defronte o espelho de sua penteadeira, sentada em seu banquinho com almofada de veludo vermelho.

No quarto da parede exatamente oposta a que ficava a penteadeira da irmã mais nova, estava Vivian, num claro vestido violeta, feito de chiffon. Ao contrário da irmã, quase dispensara a maquiagem, assim como fazia todos os dias. Mantivera-se em tons leves e pasteis, deixando seus olhos negros em destaque. Em seu pescoço, estava um colar de pedra ônix, ornamentado com prata, presente de George Giusini. A moça se afeiçoara ao objeto, e esperava que quem a presenteara fosse ficar lisonjeado com a presença da joia em seu pescoço. Não conseguia negar, estava se apaixonando pelo Giusini mais novo... Vivian sempre fora o mais sincera consigo possível, e por esta razão sua honestidade resvalava da sua boca afora, às vezes um tanto fora do que seria ideal. Falara o que achava da irmã em frente a ela, num momento de franqueza incomparável.

Por esta razão viviam brigadas, cada vez piorando a situação. Vivian não se arrependera do que tinha feito; achava melhor a irmã saber de tudo do que viver de mentiras da parte da mais velha, coisa que ela abominava. No entanto, gostaria que Veronica fosse um pouco mais compreensiva com ela, e queria que eles se reconciliassem.

Vivian vagava em pensamentos, encarando-se no espelho e brincando com seu colar de ônix. Estava quase perdendo a hora da festa, que cada vez mais se aproximava.

Na mansão Cartwright, Mary Jane andava para lá e para cá, fazendo os preparativos finais. Era possível que fosse a pessoa mais nervosa que iria participar da Festa de Outono daquele ano. Queria que tudo ocorresse perfeitamente, uma vez que agora as responsabilidades de organizadora recaíram toda nela. Sua mãe, que no ano passado ainda tomava as decisões mais importantes, acercada por sua filha do meio, a própria Mary Jane, agora deixara tudo para filha, sobre a desculpa de que estava ficando velha para essas coisas, além de sem ideias.

Mary tomara todos os procedimentos que muitas vezes, desde sua infância, vira sua mãe tomar, para que a Festa de Outono corresse nos melhores padrões da sociedade, e que impressionasse e agradasse a todos ali. Outra coisa que deixava Mary Jane consternada, enquanto fazia pedidos para o técnico instalar a iluminação que pifara na última hora corretamente, era o atraso de Suze e Lucy. Ela pedira, e ainda fizera ênfase, para as duas primas chegarem com uma hora de adiantamento, para fazerem companhia e ajudarem Mary Jane no que quer que precisasse, sem contar que dariam sua opinião sobre o trabalho dela.

A jovem moça de dezessete anos deixou o técnico sozinho por uns tempos, vagando sozinha pela casa. No corredor, se deparou com uma imagem de si mesma, refletida no espelho. Aproveitou para analisar como é que sua maquiagem e vestido estavam, sem contar com seu penteado. Mary Jane era do tipo de garota que adorava esses tipos de assuntos.

Seu cabelo, loiríssimo, estava preso num majestoso coque, apenas com a franjinha solta na frente, dando o destaque necessário para as curvas de seu rosto, deixando-o mais a vista sem ser acobertado pelo cabelo cheio que a moça tinha. A maquiagem estava em tons fortes, com o vermelho dos lábios carnudos de cor de sangue, combinando com o vestido da mesma cor. Seus olhos eram castanhos claros, o que Mary Jane considerava como a parte mais sem graça de si mesma. Cortejava os olhos claros, e sempre gamava em homens que os tinham daquele modo.

- Mary! – exclamou uma voz, longe dali, chamando a moça e distraindo-a de suas observações.

- Lucy! – de imediato, Mary Jane reconheceu a voz, e foi ligeira receber as primas, que acabavam de chegar.

As duas amigas se abraçaram, e depois Mary Jane foi de encontro a Susanna. Em sua opinião as duas ruivas estavam deslumbrantes, cada qual com seu encanto pessoal. Lucy transpirava a doçura e meiguice de sempre, enquanto Susanna estava bela em seu vestido azul e sua maquiagem, mas ainda assim natural, com um perfume de rosas que Mary suspeitava que não fosse algo artificial.

- Como vão os preparativos de última hora? – Susanna perguntou. Conhecendo a família Cartwright, ela sabia que a característica perfeccionista correria de mãe para filha, sem dúvidas.

- Oh, eu não sei como é que está decoração... – Mary Jane desabafou com as duas, deixando sua insegurança transparecer. – Queria fazer jus às festas de minha mãe, mas a verdade é que eu acho que não conseguiria alcançá-la... Ela tem tanta prática, tanta!

Mary Jane andava em círculos pela saleta de entrada, angustiada. Sentindo pena de toda a insegurança da garota, que claramente fazia um caso sobre o assunto por nada, a julgar pela decoração que as primas já entreviam nos restos dos cômodos, Lucy se adiantou e fez cessar o movimento da amiga, abraçando-a mais uma vez.

- É, você estava certa em chamar a gente. – comentou Susanna, rindo da amiga. – Precisa deixar essa insegurança de lado antes que os convidados comecem a chegar...

- Sim, Mary, ouça Susanna. – Lucy enfatizou, segurando-a pelos ombros. – Vamos lá ver essa majestosa decoração!

- Meninas, não sei o que faria sem vocês! Vamos, então, vamos! – Mary Jane respondeu, e levou as duas para dentro de mansão.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Reviews? Olha, vcs não podem reclamar que eu parei na melhor parte pq amanhã tem mais!