Rosas escrita por Larissa M


Capítulo 1
Prólogo - O Parque das Rosas


Notas iniciais do capítulo

aeaeae mais uma história pra vocês! Venho escrevendo essa há um tempo, mas só agora q me convenceram a postar! Espero que gostem!



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Mais um dia raiava numa calma cidade do interior. Cada um de seus moradores, fossem eles trabalhadores ou crianças a espera do ônibus da escola, despertava à medida que o sol vinha iluminando os recantos de todas as ruas e travessas dali. As águas claras de um rio que cruzava a cidade passavam vagarosamente, acompanhando o ritmo matinal. Ele serpenteava por entre as casas e praças, nascendo de um alto de uma montanha, deveras distantes da própria cidade, e seguindo seu curso por um caminho que não era interesse de nenhum dos moradores dali.

O mesmo rio passava por debaixo de uma ponte, parcialmente escondida da vista dos transeuntes pela basta vegetação que a cercava. Ao seu redor se compunha um parque, bem no centro da cidade. Era o mais visitado e cujo nome era o mais conhecido por todos ali. Chamava-se Parque das Rosas.

Parando qualquer um que passasse por ali (mesmo que fosse o mais velho de todos) para perguntar de onde vinham as tais rosas, não haveria resposta. As misteriosas flores enfeitavam o lugar desde que os moradores poderiam se lembrar até o presente momento, e nunca murcharam ou mesmo deixaram de existir. Porém, de uma coisa estavam certos: apenas o cheiro e cada colorido em particular encantavam a qualquer um que por ali passasse. Era quase obrigatório atravessar a ponte se quisesse andar pela praça. Isso se devia a seu tamanho, mas não impedia que logo inventassem que era o esplendor de cada flor que atraía cada um.

Os canteiros eram bem cuidados, e iam desde as margens do rio até a ponta da praça, rareando a medida que se afastavam da fonte de água. Havia rosas das mais diversas cores. Do mais puro branco até um sensual vermelho, as cores pareciam não ter uma ordem correta, mas cada um podia observar que haviam sido dispostas de modo que as cores compusessem uma harmonia entre si.

A cidade, de tão pequena que era não chamava atenção de turistas para lá. Por esse motivo, alguns dos moradores, um tanto egocentricamente, admitiam que as rosas fossem especialmente do povo dali. Talvez fossem, talvez não. Mas era de conhecimento de quem morava pelas redondezas que não havia rosa igual àquelas.

Num daqueles dias em que, não importa o que você fizesse o calor não cessava, um grupo de crianças se reunia à margem do rio. Eles eram comumente vistos por ali, mas não particularmente agradáveis de ter por perto. Não chegavam a causar desordem em excesso, mas, como qualquer outro grupo de crianças, faziam suas travessuras aqui e ali. As suas mãe, que os deixavam livres pelo parque, se sentavam juntas no outro lado da rua, muito bem arborizado e à beira de uma padaria cujo dono era um simpático senhor, quase idoso, que sempre as recebia de bom humor. No fim do dia, as crianças voltavam para as mães, escondendo em seus rostos risonhos as brincadeiras daquele dia.

Christopher, o mais velho entre o pequeno grupo, se apoiava na amurada da ponte que cruzava o rio, observando a passagem das águas abaixo de si. Susanna, três anos mais nova do que ele, se aproximou timidamente do garoto, imitando seus gestos e atitudes.

O garoto olhava fixamente para a correnteza abaixo de si, seus cabelos demasiadamente longos caindo por sobre seu rosto, escondendo-o da vista de Susanna. Ele sorria; seus olhos castanhos brilhando ao refletirem as águas. Gostava de visitar o parque, e especialmente da companhia das outras crianças.

Christopher havia colhido uma rosa momentos antes de chegar para se apoiar na amurada da ponte. Era vermelha, a sua cor favorita. Suas pétalas, antes aveludadas, num formato perfeito para uma rosa, agora caiam com partes murchadas, perdendo também sua cor. Christopher colhera a rosa com pesar, e dúvidas. Não se via ultimamente aquelas rosas murcharem. Porém, havia aquela única que destoava completamente de suas irmãs, ainda majestosamente empertigadas em seus caules, a alguns metros atrás do garoto.

Chris havia apenas pegado aquela rosa de seu caule, pois ao vê-la, instantaneamente se lembrara de uma história contada por sua mãe, noite passada. Na verdade, era um mito que era passado de morador para morador, por gerações que habitavam aquela cidade.

As rosas, assim era de conhecimento de todos, adornavam aquele parque havia tempos. E, por conta disso, giravam em torno delas essas histórias. No caso, o conto ouvido por Christopher na noite anterior despertara um especial interesse do garoto.

Era difícil avistar uma rosa murchando naquela época, assim dissera sua mãe, e isso por ele fora comprovado. No entanto, havia casos, assim como o que Christopher acabara de presenciar, em que transeuntes da praça avistavam uma única rosa murchando, sozinha e diferente de todo o resto. Quando isso acontecia, segundo sua mãe, era preciso tomar certas providências.

Na mente de Christopher, aquilo ainda era verdade, mas na realidade era um conto realmente voltado para crianças.

Certo dia há muitos e muitos anos atrás, um garoto da mesma idade que Christopher, e de tão curioso quanto, atravessava despreocupadamente o Parque das Rosas. As tais flores ainda não tinham tanta fama, de tanto tempo atrás que tal caso havia ocorrido. No entanto, o menino nutria certo apreço pelas flores, pois lhe fazia lembrar-lhe de sua mãe, jardineira dedicada ao trabalho.

Seu nome não era conhecido, mas isto não realmente importava. O que importava era o que o menino fez a seguir. Imitando o comportamento de sua mãe, que sempre fizera questão de lhe ensinar a tratar o jardim assim como ela, o jovem garoto se aproximara de um dos canteiros, de rosas brancas, ao notar certa diferença numa das flores.

O que era impensável para ele estava bem diante de si: a rosa não só perdia sua tonalidade, mas tristemente murchava, sozinha dentre o resto. Com pesar, o menino a colheu, e, num gesto de bondade para com a roseira, se encaminhou para a mesmíssima ponte do rio a qual Christopher agora estava, também apoiando-se na amurada.

O garoto olhou para a rosa em sua mão, e, suspirando, levou-a a um final digno para ela. Despetalando-a, uma de cada vez, com uma leve pausa entre os puxões, o menino foi jogando pétala por pétala no rio, carregadas pela leve correnteza. Tão logo ele havia terminado a flor, o rio abaixo de si ficara coberto de pequenos pontos brancos, agora com sua cor manchada pela rosa murchado camuflada pelas águas do mesmo. Iriam para longe, mas iriam juntas, formando uma bela visão para quem passasse.

Diziam que, após ter feito isso, o garoto foi embora do parque, satisfeito. De algum modo misterioso que ninguém saberia explicar, o seu gesto foi-lhe pago de volta, e ele cresceu para se tornar um homem feliz.

Christopher mantivera aquela história em sua cabeça desde a noite passada. No momento em que vira a rosa vermelha murchando, não perdeu tempo em seguir os passos do menino da história. Se encaminhou para a ponte, e se debruçou por sobre a amurada.

Assim que Christopher começara a despetalar a rosa, Susanna se aproximou dele, e tomou coragem para perguntar sobre o curioso gesto. A resposta do garoto foi contar-lhe a história, e terminar com palavras simples:

- Quem sabe eu não fico tão feliz quanto o menino da história?

Mal ele sabia que demoraria certo tempo para alcançar tal coisa.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Merece ser acompanhada? Mandem reviews!