Desviei o olhar na mesma hora. Ele continuou me olhando. De um jeito estranho. Ele sabia que eu tinha visto tudo o que ocorrera. Não achei que se importaria. Ele nunca gostou de mim mesmo. Não que eu saiba. Enfim, continuando eu não suportava a ideia dele estar com outra mas mesmo assim não demonstrava não tirava o sorriso do rosto. Por dentro estava desconcentrada. Pensando novamente nas perguntas sem respostas que havia feito questão de esquecer.

   - O que foi Tay? – perguntou Victória com uma foz estranhamente preocupada.

   - Jeremy. – respondi confusa.

   - Taylor, achei que você estava bem.  

   - Eu sou uma idiota mesmo. Estava me iludindo achando que estava tudo bem. Olhar pra faz os sentimentos voltarem.

   Victória revirou os olhos e disse claramente com um tom de indiferença:

   - Para mim, ele que é um idiota.

   Tudo bem, nós eramos idiotas, mas eu era a mais idiota por sofrer por alguém que não me dava valor. Porque me daria, afinal de contas, ele era mais velho. Enfim, acho que tudo isso me deixava mais atraída. Ok, pulando toda essa melação, eu era apaixonada por ele e ponto. Ainda tinha esperanças de beijar seus lábios. Minha esperança não ia embora. Mas ela não foi a toa.

   Bom, caminhando para o final dessa pequena história, eu ainda penso no dia em que acordei atrasada para escola, o dia em que o encostei em sua mão pela primeira vez. Ainda me lembro claramente do dia em que vi o menino que gostaria de chamar de “meu” beijar outra. Mas sabe, o dia que mais me lembro foi o dia em que aqueles lábios foram meus. Pode não ter durado muito tempo, mas pelo menos em umas das minhas lembranças até agora eu posso falar que eu beijei meu “primeiro amor”.  Agora essa frase me parece ridícula.

   Tudo bem, agora nós podemos voltar um pouco para eu contar sobre nosso beijo. Foi surpreendentemente perfeito, mas isso é só um pequeno resumo daquele pequeno e perfeito dia.

   Acordei novamente atrasada para a escola mais, para minha sorte, o ônibus ainda não tinha passado. Não deu tempo de tomar café então só me arrumei e fui esperar o ônibus. Não esperei muito, no máximo alguns minutos. Já sabe o que eu fiz quando entrei no ônibus. Estava orgulhosa de mim nesse dia por não ter pensado em Jeremy por um minuto sequer desde a hora em que acordei. Quando cheguei no colégio Jeremy estava conversando com aquela garota. A garota do beijo. E ela estava gritando:

   - Não sinto ciúmes só não gosto que cheguem perto de você. Principalmente ela.

   Aparentemente eles estavam brigando. Não sabia que rolava alguma coisa entre eles. Fiquei pensando quem poderia ser aquela “ela” da briga. Seria eu? Provavelmente não. Ele não chegava perto de mim. Mais eu chegava perto dele.

   Eu não soube naquele momento que eu era “ela”, porém mais tarde eu soube.

   - Oi – disse Jeremy tremendo.

   - Oi – respondi animada para não transparecer meu nervosismo. Ele havia falado comigo. Bem depois de brigar com a garota.

   - Posso falar com você?

   Minha vontade naquele momento foi responder “já está falando não é mesmo” mais apenas respondi animada:

   - Claro.

   - Tenho te observado há um tempo – disse ele sem hesitar – e já percebi que você tem me observado. Não sei o que vi em você, mas algo dentro de mim mudou. Acho até que gosto de você.

   Ele havia se declarado! Esperava esse dia durante todo o ano. Fiquei em silencio até que ele continuou.

   - Sei que você me viu com aquela garota. Mais não sinto nada por ela.

   - Eu gosto de você e sei que você sabe. – eu disse interrompendo-o – Mais eu sei que você não sente nada por mim. Você nunca nem reparou em mim e de repente vem me dizer essas coisas?

   - Eu gosto de você! – ele explodiu. Senti uma ponta de verdade naquilo. – Eu gosto de você e muito. Sempre soube que você gostava de mim. Nunca tive coragem de falar que gostava de você. É uma coisa nova pra mim.

   - O que é novo pra você? Gostar de alguém? – perguntei extremamente fria.

   - Gostar de alguém como você.

   - Como eu? – fiquei confusa com aquela afirmação.

   - Você é mais nova e...

   - E nada! Se você se importa com a minha idade ou com a minha série é porque você não gosta de mim. O amor não se importa com idade nem nada do tipo. – disse furiosa e sai andando. Achei que ele não iria ligar. Estava convencida de que ele não gostava de mim. Mais ele não deixou eu ir. Me puxou pelo braço e foi quando aconteceu. Acho que você sabe o que aconteceu né? Sim, ele me beijou. Fiquei paralisada. Gostei daquele beijo, mas me senti diferente como se o que eu sentia por ele havia mudado.  Não sei até hoje se mudou, mas o que eu sentia por ele nunca mais foi o mesmo.   

   Nunca esqueci ele. Lembro dele as vezes. Em noites de tristeza. Mais eu tenho outro agora. Dizem que o primeiro nunca se esquece. Deve ser por isso que eu não o esqueço.

   Um dia desses encontrei ele na rua. Ele mudou. Cresceu. Eu também mudei. Eu também cresci. Porque todos mudam. Conforme o tempo passa, as pessoas amadurecem. As memórias vão sumindo. Mais há memórias que ficam para sempre. E o nosso beijo ficará para sempre comigo.