Quando cheguei em casa, chorei mais ainda. Mais comecei a me perguntar.

   - Porque gosto dele? – gritava para o vento. – O que eu vejo nele? O que ele tem? Ele não me quer e eu aqui chorando? E eu aqui gritando? Se ele quer outra fazer o que? Sofrer? Chorar?

   Não sabia a resposta para nenhuma dessas perguntas e isso me deixava angustiada. Não tinha com quem conversar. Comecei a conversar com o vento. Mais perguntas sem respostas me vieram à mente. Estava ficando louca com tudo isso. Comecei a me acalmar. A me recompor.  

   Lembrei de uma coisa que meu avô havia me dito antes de morrer:

   - A vida é como um piano. Teclas brancas representam à felicidade e as pretas as angústias. Com o passar do tempo você percebe que as teclas pretas também fazem música. E que as angústias podem se transformar em felicidades. – dizia isso sempre que eu estava triste. Nunca me esqueci dessa frase. Ela sempre me deixava melhor.

   Pensar no meu avô me deixava confusa. Não sabia se ficava feliz em pensar nele ou triste por ele ter ido. Mas mesmo assim me acalmava.

   Não estava mais chorando. Só confusa. Confusa por estar sofrendo tanto. Eu era jovem demais para deixar o amor partir meu coração. Então lutei contra aquele sentimento. Lutei contra a dor, contra o amor. Botei um sorriso no rosto e pensei em apenas coisas alegres. Por incrível que pareça eu não lembrei dele o dia inteiro. Dormi a tarde inteira. Logo que acordei Victória me ligou. Perguntou se eu estava melhor e eu disse que estava ótima.

   Fingi que meu coração era uma gaiola e deixei que Jeremy saísse dele como um pássaro atrás de sua liberdade. Sinceramente, nunca soube se adiantou mais não pensei nele a noite inteira.

   Acordei bem. Não estava triste, pelo menos não aparentava estar. Não sabia o que eu estava sentindo naquele dia. Sabe o que eu fiz né? Entrei no ônibus e fui conversar com Victória. Ela estava preocupada comigo.

   - Taylor você está bem? Não sei o que aconteceu e ontem não deu pra você me explicar. Não tinha condições.

   - Eu vi o Jeremy beijando outra. – disse tranquilamente. Surpreendi-me comigo mesma.

   - Quem era a garota?

   - Não sei, nunca vi antes. Mas estou ótima Vic. Fica tranquila.

   - Nossa, estou surpresa. Depois de ver você chorar tanto... Mas estou orgulhosa. Se você estivesse mal eu te mataria.

   Nós rimos. Eu já estava cansada de chorar pelo Jeremy. Era uma bobeira chorar por ele e me sentia uma completa idiota por sofrer por ele. Pensava que estava tudo bem realmente. Estava mentindo pra mim mesma. Mentia tão bem pra mim que acabei acreditando de que o que eu sentia tinha ido embora.

    Quando chegamos ao colégio fomos andando enquanto Victória me contava sobre como ela havia esquecido o Brad. Não estava pensando em Jeremy até que nossos olhares se encontraram.