Cada Um Escolhe Sua Paixão escrita por Pseudonerd


Capítulo 2
Vida Nova


Notas iniciais do capítulo

Opa! Personagens do anime aparecem.



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Sons de passos que pareciam uma marcha desorganizada, haviam alguns usando uniformes brancos e azuis e outro, com roupas comuns, a cantoria alta e desafinada dominava:


Seigaku! Seigaku!~ CORRAM! Seigaku! Seigaku!~ VAMOS!


O jovem alto comandava. Cabelo espetado, preto e curto, carregando um pequeno livro de anotações na mão esquerda e com a mão direita alternava entre escrever e arrumar seus óculos de grossa armação preta.


– Quem chegar por último deverá provar meu novo suco! – E gargalhou malévolo, mostrando um líquido de forte cor azul turquesa.


Foi o coro geral, negando a degustação daquele líquido, que com certeza não poderia ser chamado de “suco”. Apenas um outro jovem, de estatura média, semblante calmo e cabelos médios e castanhos sorria, contente:


– Parece uma delícia! – Revelou com sinceridade.


Um outro rapaz, de cabelo preto todo penteado para cima, ao ver o tal “suco”, pareceu se desesperar e assim saiu na frente dos outros, puxando a gola da camiseta de um outro tenista que usava uma bandana verde na cabeça:


– Sai da frente “cobrinha”! – O primeiro rapaz grita.


– “COBRINHA”?! Sssssssss – O rapaz puxado pela gola da camiseta imitou o som de uma cobra.


– Não vou perder para esse cara! – Ambos rapazes resmungam a mesma frase, juntos, e saem correndo na frente de todos os outros tenistas.


Um garoto pequeno, usando um boné branco com a letra “R” no centro, corria ao lado de um outro rapaz, alto, de cabelos claros e com excêntricas costeletas. O garotinho então, pega uma raquete e a estica para o mais alto:


– Kawamura... A raquete. – Fala o garotinho, com muita calma.


Ao tocar na raquete, o rapaz das costeletas que parecia tão dócil, adquire fogo nos olhos e corre atropelando todos os outros atletas:


– BURNING! – Grita o rapaz com a raquete apontada para frente. E o garotinho do boné branco vai logo atrás dele, aproveitando o caminho aberto.

Um outro rapaz alto, de semblante extremamente doce e cabelo raspado apenas nas laterais, adverte os companheiros:


– Alguém vai acabar se machucando! – Ele fala alto, mas provavelmente ninguém havia escutado ou dado importância.


Um belo rapaz de óculos e cabelo castanho ultrapassa a todos, e novamente o coro geral:


– CAPITÃO!




A corrida de resistência já havia terminado e é claro, havia o perdedor. O rapaz de óculos que fazia anotações o chamou:


– Horio, venha beber o suco!


E o garoto, pequeno, cabelo castanho e de monocelha veio sem qualquer ânimo. Foi preciso um pequeno gole para ele ficar de cor púrpura e desmaiar. Todos os espectadores estremeceram ao ver a cena.



A aeromoça chacoalhava Miyuki que dormia como pedra, pelo fato de não ter conseguido dormir por dois dias, estava exausta.


– Acorde! Bom dia! Mocinha, acorde!


– Obrigada Senhora. – Miyuki parecia sonâmbula, pois simplesmente levantou e saiu andando, mas de olhos fechados.


– Senhora?! Olha, para sua informação, sou uma jovem mulher de vint... – Ela parou ao perceber que Miyuki não iria lhe dar atenção, pois continuou a andar de olhos fechados sem nem olhar para trás. – Ah! Ela vai me deixar falando sozinha!


A mãe de Miyuki avistou-a de longe e correu ao seu encontro, houve muitos abraços e beijos, um misto de felicidade e tristeza. Na volta para casa, mãe e filha conversaram sobre várias coisas, compartilharam a tristeza e chegaram no assunto sobre o esporte:


– Mas mamãe... Existe algum clube de tênis que me aceite? – Miyuki perguntou aflita, aliás, tênis era sua paixão.


– Eu já pensei nisso filha, sua escola Seishun Gakuen possui uma equipe, você já está matriculada, o resto é com você, para conseguir as informações necessárias. – Respondeu a mãe cheia de si.


A mãe de Miyuki era a típica oriental, baixa estatura, esbelta, de longas madeixas negras e lisas, olhos puxados e pele clara como a neve, lábios carnudos e possuidora de um espírito amável. Enquanto o pai era o ocidental alto de olhos claros e cabelos ondulados na mesma tonalidade dos olhos cor âmbar.

Já no dia seguinte, Miyuki precisa ir para a escola, apesar do Japão ser sua terra natal, viveu apenas até os 5 anos no lugar e já não lembrava como eram as coisas, sentia-se insegura e não queria enfrentar nada... Não naquele momento, sonhou todas as noites de sono relembrando os momentos com o pai, e queria continuar lá.


– Miyuki, querida, acorde. – A mãe acendeu a luz do quarto, deixando o novo uniforme sob a cama.


– Eu não quero. – Miyuki gemeu as palavras que foram difíceis de serem compreendidas.


– Querida, você não pode ficar assim para sempre. - Disse num tom sutil e acolhedor ao afagar a cabeça da filha.


Ela tinha razão, ela não poderia ficar o resto dos dias da sua vida pensando em seu pai, ele gostaria que ela fosse em frente. Mas é que era tão difícil.

Miyuki não disse nada, apenas se levantou e foi se banhar. Vestiu o uniforme, olhou-se no espelho, e achou esquisito e indecente, já que não estava acostumada pois as escolas do Brasil não adotavam a saia como uniforme feminino, apesar de ter caído muito bem em seu corpo, pois suas longas pernas torneadas pelo trabalho do esporte estavam muito bem a mostra. Ocorreu tudo muito bem, foi para a escola a pé, e conseguiu achar sua sala. As escolas no Japão eram bem diferentes das escolas do Brasil, eram maiores, gigantes. O clima e ar também eram diferentes, mas difíceis de serem explicados, parecia bem calmo, as pessoas eram muito mais formais também, aliás, ao chegar à sua sala, foi apresentada a classe.


– Essa é a nova aluna que vai se juntas a nós a partir de agora, por favor, apresente-se. – Pediu o professor a Miyuki.


Cochichos e sussurros, comentários bons e ruins eram feitos, Miyuki não era tímida, mas ainda assim se sentia desconfortável naquela situação, foi para a frente da sala e apresentou-se:


– Sou Miyuki Carvalho Az... – Gaguejou o último sobrenome, e por fim, resolveu não completá-lo, e continuou com o cumprimento - ...espero me dar muito bem com todos vocês. – E ela fez a reverência.


– Por favor, sente na frente de Echizen. – E apontou a mesa.


“Na frente de Echizen” pensou a moça, levou o olhar ao garoto, tinha cabelo escuro e um pouco despenteado, olhava para as quadras de tênis através da janela, com a cabeça apoiada na mão direita, como quem não está nem um pouco concentrado na aula. Miyuki caminhou com toda aquela elegância e fofura que naturalmente possui e sentou-se. E Echizen, que antes fitava as quadras, passou a encará-la, pois agora ela também observava as quadras de tênis com uma incrível ansiedade e brilho. Miyuki sentiu um desconforto, e, ao olhar para trás, encontrou os olhos antipáticos verde-acastanhados de Echizen, assim, percebeu-se certa antipatia por parte de ambos. O Prof. sem a menor intenção, acabou por interromper o embate:


– Srta. Nishimura, a Srta. Veio do Brasil não é? Por um acaso você estudava inglês lá? – O Prof. perguntava direto, porém muito formal e educado.


– Sim. – Foi uma resposta rápida e espantada, estava em meio a uma guerra de olhares.


– E a Srta considera o seu nível baixo, médio ou intermediário? – Perguntou o Prof. com indiferença.


– Acredito estar entre intermediário e avançado. – Respondeu em dúvida, olhando para o teto enquanto coçado o queixo.


O Prof. que antes agia com tanta formalidade, passou para espontâneo e extrovertido, e atuou com extremo exagero de movimentos:


– Great! Let’s go! – Falou alto e sorridente, dando um soco para cima no ar.


Uma gota de água aparece na cabeça de Miyuki, a mesma apresenta extremo temor, pois seu rosto se tornara inchado e de olhos bem pequenos, sua boca e nariz haviam desaparecido restando apenas as grandes bochechas e olhos de feijão, se transformando numa figura cômica.

A aula ocorreu no planejamento do professor, mas as coisas pioraram entre Echizen e Miyuki, a rivalidade era palpável.


– Nishimura, could you please answer number five at the board? (você poderia por favor, responder a número cinco no quadro?) – Pediu o Prof.


A garota se levantou e andou até o quadro, escreveu a resposta: “I see you in a hour”. O Prof. logo identificou o erro:


– Class, there is a mistake. – Ele passeou com os olhos pela sala e encontrou Echizen. – Echizen!


O garoto levantou da carteira, com ambas as mãos dentro dos bolsos da calça, andou vagarosamente até o quadro, todos o seguiam com os olhos, pois agia com tamanha magnificência que chegava a ser rude.

“I see you in an hour” (exceção no ingles em que AN deveria aparecer antes de palavras que se iniciam com vogal, mas no caso de HOUR, o H é mudo, então é considerado OUR para ficar AN HOUR.)

Apenas corrigiu a frase e voltou ao seu lugar, apoiando a cabeça em sua mão. Miyuki irritou-se, mas não pelo fato de ter errado, e sim com a tamanha presunção em todos os movimentos do garoto.


– Echizen, can you explain why it’s AN? (pode explicar porque é AN?) – O Prof. pediu sorridente e orgulhoso do aluno.


– Just an exception... (é apenas uma exceção) – suspirou o garoto, desinteressado.


– Well, it’s true, but there is na explanation for this... – Disse o professor, com certa timidez. Echizen causava isso nas pessoas, as intimidava, como de costume.



Echizen não respondeu, não sabia explicar, só sabia disso por ter a fluência, mas definir a regra, não... Miyuki, que ainda estava de pé perto do quadro, levantou a mão com timidez. O Prof. logo atendeu, acenando com a cabeça, e a garotinha começou:


– Sorry teacher, I forgot about this exception. The H has no sound, so, I think you need to consider like it was a vogal first. (Desculpe-me Prof., esqueci dessa exceção. O H não tem som, então, eu acho que você deve considerar como se fosse uma vogal primeiro) – Disse a garota, agora com mais convicção.


O Prof. sorriu e observou-se brilho em seus olhos, começou a saltitar e bater palmas. Novamente movimentos bruscos que assustaram Miyuki, enquanto os outros alunos pareciam já estar acostumados. Mas havia outro aluno assustado, ou melhor, desconfortado: Echizen, aliás, sempre foi o melhor em inglês, e de repente vem outra pessoa que consegue ser tão boa quanto ele mesmo. Não era inveja, e sim competitividade. Seu olhar se cruzou com o de Miyuki, e percebeu-se faíscas de rivalidade.

É, seria um longo, longo ano.


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