- Então quer dizer que você só tá me trazendo aqui pra fugir dos seus pais? - Falei meio indignada.

- Claro que não é só por isso. Eu quero passar um tempo com você. - ele respondeu sorrindo meio timido e eu reprimi um sorriso.

- Nathaniel, eu nunca entendi essa sua relação com o seu pai. Só sei que vocês não se dão muito bem, mas não sei o porque... - Nathaniel suspirou. Talvez ele não quisesse falar sobre isso mas eu sou muito curiosa.

- É só que... Nós nunca fomos muito apegados, elenunca tinha tempo. Nunca foi em nenhuma reunião escolar e nem nunca jogou bola comigo... Uma criança sente falta dessas coisas sabe? - eu o olhava atentamente enquanto ele dirigia e falava - Já vi várias vezes ele brigando com minha mãe por que ela quer que ele fique mais com a familia mas ele diz que tem "obrigações". Eu nem faço mais questão de ter ele em casa até porque não faz diferença nenhuma, mesmo em casa ele só vive "trabalhando".

-Sinto muito, Nathaniel. Eu sei como é isso. Quer dizer, eu vejo meu pai muito pouco também então... - ele me olhou e sorriu torto.

- Vamos parar de falar disso né?! - eu assenti sorrindo e ele aumentou o volume do radio que tocava "ignorance - paramore". Eu comecei a cantar como uma louca e ele me acompanhou, riamos como retardados. Talvez ele fosse mesmo retardado e a "retardadice" dele estava passando pra mim. Até porque eu sou uma pessoa completamente normal e a unica explicação de eu estar agindo como louca é porque a doença dele tá me afetando né. 

Depois começou a tocar "misery - the maine" e eu continuei a cantar, ja ele parou e ficou só tamborilando os dedos no volante. Senti meu celular vibrar, vi que chegou uma mensagem da Lucy e a abri.

"Vaca, vadia, ingrata! como assim vc vai sair com o Nate e não me conta? pqp, te odeio. Mentira, não odeio mas nesse momento eu quero te dar uns tapas, se não fosse pela Dani eu nunca iria saber desse seu rolo com ele. Quero relatorio completo quando vc chegar"

Ri e Nathaniel me olhou com curiosidade. Lucy sendo exagerada como always.

"Não te contei pq ultimamente vc não tem mais tempo pras amigas, só pro Paul. E que historia é essa de "rolo com o Nathaniel"? Nao tem rolo nenhum mina, ta louca? e eu tenho outra opção a não ser te contar tudo? não né, então rlx"

Guardei o celular e baixei o vidro do carro deixando o vento bagunçar mais ainda meu cabelo que já tava uma merda mas e dai.

- Meus avós estão lá. - ele disse e eu o olhei arregalando os olhos.

- Porque não me disse? Porra, que vergonha. - ele riu balançando a cabeça negativamente.

- Relaxa, meus avós são de boa. E se eu tivesse te dito isso você não teria vindo.

-Ah não teria mesmo.

- Só relaxa tá Lisa?! - suspirei. E eu tinha outra escolha a não ser ir e passar vergonha? Não né.

- every memory of walking out the front door I found the photo of the friend that I was looking for, it's hard to say it time to say it goodbye, goodbye - eu cantarolava "photography - nickelback" que era o que tocava agora no radio. Abri os olhos e virei-me para Nathaniel que me olhou e sorriu logo voltando sua atenção para a estrada. Continuei o observando e sorri involuntariamente. Mordi o labio e baixei a cabeça. Logo eu que achava que nunca iria me apaixonar e que também nunca acreditou nessas baboseiras todas, agora estou sorrindo pro vento sem motivo nenhum, toda boba.

- Chegamos. - ele disse e eu sorri, vendo a casa e lembrando do outro dia que viemos passar aqui. Desci do carro e ele fez o mesmo e começamos a caminhar em direção a casa. Ele se aproximou de mim e eu senti sua mão tocar a minha e logo ele ás juntou. Reprimi um sorriso.

- Dona Heloise! - ele gritou assim que passamos pela porta, e logo apareceu uma mulher de mais ou menos uns 60 anos, baixinha com um sorriso fofo no rosto.

- Nate! - ela veio o abraçar - Como está querido? Achei que tinha esquecido dessa velha aqui. - disse meio indignada e deu-lhe um tapa de leve na nuca. Ele apenas riu massageando o local.

- Ando ocupado vó, sabe como é né... - disse irônicamente e piscou, e a mulher apenas sorriu balançando a cabeça negativamente.

- Sei... Ocupado. - Ela percebeu que eu estava ali e sorriu pra mim - Quem é a mocinha?

- Essa é a Lisa, vó.

- Ah muito prazer, eu sou Heloise. - Sorri e estendi a mão mas ela se aproximou e me abraçou fortemente.

- O prazer é meu. - falei sorrindo.

- Cadê o vovô? - Nathaniel perguntou

- Ainda está no quart...

-Cheguei. - um homem, que eu deduzi ser o avô de Nathaniel, disse descendo as escadas. - Seu ingrato, até que enfim veio nos ver hein?

- Pois é vô, culpe a escola, só tenho tempo de fazer os trabalhos e olhe lá...

- Mentira. - falei fingindo uma tosse. Os avós dele riram.

- agradeceria se você me ajudasse e apoiasse minhas mentiras Lisa. - Nathaniel disse.

- Eu sei que é mentira desse vagabundo. - O avô de Nathaniel disse. - Eu sou Paulo, vô desse muleque. - Nathaniel bufou e Paulo estendeu sua mão em minha direção. Sorri e apertando sua mão.

- Sou Lisa.

- Então, querem comer alguma coisa? - Heloise perguntou.

- Eu não quero, você quer Lisa? - Nathaniel disse. Neguei com a cabeça. Ficamos mais um tempo conversando com eles e depois Nathaniel me chamou pra irmos dar uma volta.

- Vamos lá no lago.

- Aquele que você me jogou dentro? - Ele soltou uma gargalhada gostosa.

- Esse aí mesmo. Cara, aquilo foi engraçado.

- Engraçado o caralho. - falei meio raivosa. Ele passou o braço pelo meu ombro e beijou minha bochecha.

- Adoro ver você irritada.

***

Estavamos sentados no chão perto do lago, em silencio. Lembrei de algo que vinha me incomodando a algum tempo e mordi o labio decidindo se perguntava ou não e suspirei.

- Nathaniel... - ele me olhou sorrindo esperando que eu continuasse - er... sabe a tal de Jennifer? -ele assentiu, ficando serio

- O que tem ela? - disse calmo

- Você já namorou ela? - perguntei com receio. Ele franziu o cenho e suspirou. Depois sorriu de canto, cerrando os olhos.

- Você tem ciumes dela. - Aquilo não foi uma pergunta.

- Me poupe. - ele gargalhou e eu bufei. - Vai se fuder, você vai responder ou não? - ele foi parando de rir

- É complicado Lisa...

- Não é nada. É só responder sim ou não. - ele suspirou e mexeu no cabelo.

- Sim. - respondeu depois de um tempo. Acenti me sentindo incomodada. Ciumes é uma merda mesmo né. - Mas eu nunca gostei dela de verdade. O nosso namoro era meio que... de fachada, digamos assim.

- Como assim?

- Ah, meu pai, o pai dela, negocios... Entendeu?!

- Mais ou menos... - Falei confusa.

- Pois é, mas vamos mesmo ficar falando disso? - Nathaniel disse se aproximando. Sorriu de canto, e eu retribui ao sorriso. Fez um carinho no meu braço e continuou subindo sua mão até meu pescoço. Ah sacanagem, logo o pescoço mano? Aproximou seu rosto do meu, e passou os labios pela minha bochecha, fechei os olhos suspirando. Ele riu de leve, e beijou meu pescoço. Me arrepiei, mordendo os labios.

Resolvi brincar um pouquinho com ele também. Subi minhas mãos pelo seu abdomen até o seu peitoral e passei minhas unhas levemente. Depois levei minhas mãos ao seu cabelo e arranhei sua nuca. Ele apertou minha cintura, arfando. Aproximei meu rosto do seu e beijei o canto de sua boca, voltando minhas mãos até seu peito e o empurrei fortemente, fazendo-o cair na agua de costas. Soltei uma gargalhada alta, e ele me olhou com indignacão. Ri mais ainda.

- Porra Lisa! - Gritou bravo. Eu não consegui parar de rir.

- Devia saber que eu sou vingativa. - eu disse tentando controlar o riso.

- Ah agora eu sei. - disse ironicamente. Ele saiu da agua e tirou a camisa. Uh, mas que delicinha hein. Nossa mano eu tô muito safada ultimamente, ignorem. Torceu sua camisa tentando enxuga-la.

- Tampinha. - ele disse e eu gargalhei alto.

- Mas que apelido podre. Você é um idoso no corpo de um jovem, só pode. Ninguém mais fala isso.

- No corpo de um jovem bem gostoso, vamos combinar. - Fez pose, que convecido do caralho!

- Ah ok, modestia em pessoa. - ele passou a mão pelo cabelo, jogando agua pra todo lado e me molhando.

- Seu merda, para com isso você me molhou! - Ele sorriu maliciosamente e veio em minha direção. Arregalei os olhos quando entendi o que ele iria fazer e corri pro outro lado. Ele riu correndo atrás de mim. Acho que não deu nem dez passos e já estava cansada, sedentarismo é uma merda. Me lembrem de começar a fazer uns exercicios, tô precisando. Nathaniel logo me alcançou e me virou pra ele, me abraçando. Na verdade eu adorei a ideia de ele me abraçar sem camisa, e tal... Ai Lisa pervertida, para!

- Me larga Nathaniel!

- Deixa eu pensar... eeeer não. - Me debati mas ele (obvio) era mais forte que eu. Ele ria, enquanto eu bufei desistindo.

- O que acha de um outro banho?

- NÃO NATHANIEL, ISSO NÃO! Dessa vez eu não tenho roupas reservas aqui.

- Ah que peninha... - Disse fazendo bico.

- Agora me larga, por favor.

- Acho que não, tô adorando isso aqui. - eu sorri, mas me debati tentando mais uma vez me soltar. Suspirei desistindo denovo. - Eu não vou te soltar. Não enquanto não conseguir o que eu quero. - revirei os olhos.

- Chantagista.

- Na verdade eu sou um ótimo negociante. É diferente. - sorriu maroto

- tá, mas o que você quer então?

- O que você acha que é? - Reprimi um sorriso, fingindo pensar.

- Não sei cara. - Agora ele já segurava firme minha cintura.

- Você sabe sim. Mas eu te digo o que eu quero. Ou melhor, te mostro. - Então ele me beijou. e todas aquelas sensações passaram por todo o meu corpo denovo, enquanto ele mordia meu labio e fazia um carinho gostoso na minha cintura e rosto.

Afastei meus labios dos dele.

- Abusado. - Sussurrei.

- Um abusado que você adora. - ele respondeu

- Convencido.

- Um convencido que você ama. - Colou nossos labios novamente. A unica coisa que eu pude fazer foi sorrir em meio ao beijo, e levar minhas mãos envolvendo seu pescoço querendo que aquilo não acabasse nunca.