O nome dele não me era estranho, mas não conseguia me lembrar de onde eu ouvi. Por mais que eu forçasse a memória, nada vinha e a dor no ombro, e na minha cintura não estava ajudando em nada. Encolhi-me um pouco tentando achar uma posição confortável no banco do carro.

- Não ajudou muito Styles – Ele ainda me olhava surpreso, como se eu fosse de outro planeta pra ser mais exata.

- Pode me chamar só de Harry – Não pude deixar de notar que sua voz era bem bonita também. Ok, Chega.

- Hm.

Me virei para janela observando o transito insuportável. Iria demorar para chegar até o hospital e aquela dor estava me incomodado ao extremo. Dei uma rápida olhada para Harry que estava digitando sem parar no seu iphone. Eu fui atropelada por um carrinho de aeroporto por um famoso! Pensei me segurando para não dar risada. Às vezes o destino conseguia ser irônico. Pena que eu não o conhecia, não iria poder postar milhões de coisas no meu twitter, me orgulhando de um ombro quebrado. Pelo menos é gatinho. Observei meu relógio do pluto pela nona vez no dia, minha mãe deveria estar pirando essas horas. MINHA MÃE!

- Harry – Ele levantou os olhos do celular me encarando – Pega meu celular na minha bolsa, por favor.

Ele pegou minha bolsa e mexeu dentro dela. Um famoso mexendo na minha bolsa, na minha bolsa! Que é sempre terrivelmente desarrumada. Que vergonha! Ele entregou-me o celular, que também era um iphone, e eu o peguei com a mão do ombro esquerdo, que não estava machucado. Depois da dificuldade de digitar o número de mamãe com a mão esquerda, já que eu era destra, eu ouvi a única voz que podia me confortar no mundo.

- Alô – Pena que esta voz parecia estar insana.

- Oi mamãe!

- Onde você está Natalie Stansiere? Você se lembra que eu pedi para voltar antes das duas da tarde? VOCÊ SE LEMBRA DO CURSO QUE IRIAMOS VER HOJE? Pelo menos pegou a droga da mala?

Harry me olhou assustado ouvindo a gritaria vinda do meu celular. Virei a cara pra janela sentindo meu rosto queimar de vergonha.

- Calma mãe. Me deixe explicar.

- Cinco segundos!

- Eu fui no aeroporto...

- Cinco.

- E estava indo pegar sua mala...

- Quatro.

- E fui atropelada por um carrinho de bagagens de um cara...

- Três.

- E agora estou indo pro hospital...

- Dois.

- E eu machuquei meu ombro!

- Ai meu deus! Você esta bem, bebe? Pra que hospital você está indo? Com quem? Onde?

- Calma mãe. O Cara me ajudou, ele está me levando para o hospital próximo do aeroporto.

- Eu estou indo para lá agora!

- Não se preocupe mã...

Ela havia desligado na minha cara. Minha mãe sempre foi superprotetora. Não sei se pelo fato de ela ter sido meu pai e minha mãe, mas ela sempre estava preocupada comigo. Às vezes era sufocante ter alguém te controlando, principalmente quando se vai fazer 18 anos daqui a dois meses, mas eu a amava incondicionalmente para brigar por isso. Éramos além de mãe e filha, melhores amigas. 

- Chegamos – O motorista disse enquanto parava na entrada de emergência do hospital.

O Segurança-armário saiu primeiro do carro olhando em volta, franziu o cenho e colocou a cabeça pra dentro do carro.

- Senhor Styles, vamos sair em algumas revistas.

- Vou fazer o que Paul? Ajude a...-  Ele parou por um minutos lembrando que não sabia meu nome.

- Natalie.

- Ajude a Natalie. Que eu vou entrando já.

O armário deu a volta no carro e me ajudou a sair, enquanto Harry já saia do outro lado e entrava no hospital. Estava tudo muito calmo, o que era bom, principalmente por ser uma terça-feira. Demos entrada no hospital e logo fui encaminhada para sala de raio-x. Harry ficou o tempo todo lá com o armário me esperando. Enquanto esperávamos o raio-x ficar pronto, observei que Harry estava com as feições extremamente cansadas. Até pensei em mandá-lo embora, mas ele que havia me atropelado, devia ao menos ficar lá. Arg, tanto faz! O remédio para dor que eu havia tomado logo no começo estava me dando um sono incrível, e nem percebi que acabei cochilando.

- Natalie.

- Hmmmm... cinco minutos mãe.

- Natalie, o médico! – Me levantei em um pulo e dei de encontro com o Harry, que estava parado na minha frente.

- Porra! – A Dor foi como levar uma martelada no ombro. Aquela droga de remédio só serviu para me dar sono? 

Entramos na sala do médico. Sim! Eu, Harry e o armário. Sera que esse cara vai até no banheiro com ele? Eu e meus pensamentos poluídos em momentos inapropriados. Mas sério, até parece que alguém iria agarrar o Harry ou mata-lo, dentro de uma sala que tem um médio e uma garota impossibilitada de movimentos bruscos. E porque, PORQUE, ele precisava entrar comigo? Tudo bem, eu estava impossibilitada de andar direito, já que eu tinha um hematoma do tamanho de uma bola de basquete na cintura, mas era vergonhoso dois caras indo no médico comigo.

- Vamos ter que colocar seu ombro no lugar, isso vai doer – O médico sorriu e suspirei cansada - e vamos imobiliza-lo depois. Conforme pode ver aqui no raio-x – Ele apontou com a caneta que segurava na tela que iluminava a folha do raio-x. Pude ver o meu ombro meio torto – Ele saiu do lugar, quase foi fraturado, mas nada que não se resolva!

O que o cara tava levando na mala? Chumbo?

- Na verdade eram só roupas mesmo – Ouvi Harry falar nas minhas costas. Porra, não acredito que falei aquilo alto.

- Vou te dar também alguns analgésicos para quando sentir dor – Não sei o porque, mas senti que ele estava insinuando que eu ia sentir MUITA dor. Estava ficando cada vez mais trágico aquilo – Ok, agora, vou precisar que você tire sua camiseta e sutiã para poder colocar seu ombro no lugar e imobiliza-lo.

Cara.

Que vergonha!

Acho que virei um tomate, porque de repente todo mundo meio que tossiu junto, totalmente desconfortável, sabe. Olhei para Harry que estava sorrindo meio maroto e o segurança olhava meio assustado.

- Então galera, er, depois vocês voltam para me ajudar – Acho que eles entenderam o recado, porque em menos de 5 segundos eles já não estavam mais na minha frente.

Deu pra sentir Harry dando uma hesitada, mas obvio que ele saiu. Homens. Nunca perdem oportunidade de verem peitos. 

Sai da sala do médico me sentindo uma múmia. Todo meu ombro e meu colo estavam enfaixados e eu usava uma tipoia. Isso tudo por dois meses. Olhei pelo saguão de espera procurando por Harry, que estava com as minhas coisas, e encontro o segurança-armário sentado em um sofá de couro.

- Cadê o Harry? – Ele apontou para o outro lado da sala onde estava ele e uma garota de aparência de 14 anos. Estavam conversando e ele sorria o tempo todo para ela enquanto assinava um bloquinho de papel cor de rosa. Mordi a língua para não perguntar ao segurança o que o Harry fazia. Como eu não sabia quem ele era? COMO? Aquilo estava me agoniando.

Sentei-me ao lado do grandão e suspirei cansada. Minha mãe não havia chegado, e eu só queria minha casa e minha cama.

- Ei – Harry sentou-se do meu lado – Como está?

- Mumificada e cansada – Ouvi ele dar risada.

- Me desculpe por isso, mas você não estava olhando por onde estava indo – Me virei para encara-lo.

- Olha, não vamos discutir quem está certo agora. Os dois deveriam estar prestando atenção.

- É.

- NATALIE! – Só podia ser uma pessoa para gritar daquele jeito dentro de um hospital.

- Oi mãe.

- Nat, querida – Ela me abraçou e eu gemi de dor – Me desculpe.

- Só não me abrace novamente.

- Você é muito avoada querida. Tem que prestar atenção a onde anda e...

- Eu sei, eu sei! Sem sermões, ok? Quero ir para casa.

Levantei-me, e junto comigo Harry e o armário se levantaram também. Minha mãe agradeceu Harry, o abraçou, beijou, só faltou pedir autógrafo. Óbvio que ela não sabia que ele era famoso, mas para ela, ele era o anjo que salvou sua filhinha. Despedi-me de Harry que insistiu para que eu mandasse noticias. Sim! Ele me passou o número do seu celular! Eu tenho o número do celular de um famoso agora! Pena que vou ser obrigada a jogar o nome dele no Google, já que não me lembro de jeito nenhum.

- Ei mocinha – Me virei para o armário que me chamou antes que eu pudesse ir embora – O senhor Styles é muito ocupado e não vai ter tempo de ficar correndo atrás de outro número de celular, então, sugiro que não passe o numero dele a ninguém.

O olhei incrédula. Eu precisava saber quem era esse cara. Porque pelo jeito ele parecia ser mais importante que a rainha da Inglaterra.

- Pode deixar armário. Não tenho tempo pra isso também. A senhorita Stansiere é muito ocupada – Me virei e fui atrás de mamãe que já estava quase entrando no carro.

Não tive tempo de ver Harry uma ultima vez, já que ele estava no carro e já estava indo embora. Mas a única coisa que eu conseguia pensar era que um dia mais estranho que esse não poderia existir.