Duo Reality escrita por Warfighter


Capítulo 11
Capítulo 10- Divisão do Centro


Notas iniciais do capítulo

Oiee leitorees lindos :) Desculpa pela demora, mas as provas finais tão chegando, estou fazendo o possível! Mas fiquem tranquilos: as férias de verão estão chegando e vocês vão muuuitos capítulos :D Enfim, esse capítulo tá mais calmo, porque eu acho que exagerei muito na dose no capítulo anterior. Ah! queria agradecer a todos vocês mas principalmente a Gabriela que recomendou a minha fic! Sério, eu fiquei muito feliz, nunca achei que eu iria receber uma! De qualquer maneira, aproveitem a leitura!
PS: leitores garotos, me perdoem se eu estou fazendo o Daniel muito dramático



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Capítulo 10

Divisão do Centro


Aparecemos em uma grande floresta tropical. Era escura, úmida, linda.

E eu vomitei tudo o que eu havia comido em casa ali mesmo.

Então minha visão foi ficando embaçada, cada vez mais. Não aguentei, e minhas pálpebras se fecharam como um alívio.

Eu sonhei. O sonho não tinha sons, apenas algumas imagens intercaladas. Sarah. Pablo. Minha mãe. Robert... Robert! Acordei gritando seu nome.

Olhei para os lados. Estava em uma cama muito confortável. O quarto inteiro era decorado com desenhos dos mais variados tipos, mas tinha certeza de que era um quarto masculino. Arrisquei olhar para a minha perna. Havia uma gaze em volta do ferimento. Me vestiram com uma bermuda, que me parecia larga demais. Avistei minha calça em cima da mesa de cabeceira.

Coloquei os pés no chão de madeira.

Ai.

Pensei antecipadamente. Esperava uma dor lancinante, mas não senti nada, era como mágica.

Mágica.

De repente, eu soube onde estava: A divisão do centro, claro. Local dos melhores médicos e remédios. Minha mãe veio de lá.

Mas onde exatamente eu estava?

Andei devagar e abri a única janela que havia no quarto. O vento bateu de leve em meu rosto e senti o ar puro. Certamente era a divisão do centro.

Era o fim da tarde, o céu estava alaranjado. No sul já deveria ser noite. Os pássaros voavam em formação V em direção ao horizonte. Não muito distante, haviam árvores formando uma densa floresta.

A floresta.

Eu devia estar na casa de Millie. Se apurasse muito bem meus ouvidos, podia ouvir sua voz no andar de baixo.

Eu poderia esperar, mas como ela iria saber que eu já estava acordado? Resolvi que iria procurá-la, mas antes, coloquei meus típicos jeans, aquela bermuda certamente me atrapalharia. Terminado isso, passei pelo umbral.

Dei de cara com um corredor largo e relativamente pequeno no que se diz a comprimento. Havia uma escada no fundo. Mais ou menos como a minha casa.

Precisava começar por algum lugar. Abri a porta que estava na frente da qual eu saí, entrei no cômodo, e acendi a luz.

Aquilo ali era um balde de ilegalidade. Não era algo como instrumentos de tortura medievais ou metralhadoras a laser roubadas do governo. Era simplesmente um templo, um paraíso do rock n' roll. O Rock havia sido proibido há muito tempo. Alegavam que fazia mal, que desunia as pessoas, que destruíam o governo e causava rebeldia. Mas quando você o conhece, não consegue parar. É um vício, uma droga. Mas é daquelas que você não quer se curar. Por isso, um pedaço da população tinha um ou dois CDs que conseguíamos no mercado negro. Haviam também algumas bandas, as quais os shows se realizavam em aterros ou florestas longes do centro, onde ninguém ouviria e podíamos ter algum momento livre e que podíamos ser nós mesmos.

Nada disso se comparava ao lugar onde eu estava, Pôsteres, CDs, camisas, guitarras, palhetas, uma infinidade de objetos que eu nem sabia que ainda existiam. E o que mais me impressionou: um quadrinho, na parede acima da cama, com uma assinatura. Tentei imaginar a pequena fortuna que aquilo custara. Foi então que percebi a cor das paredes: roxo, roxo escuro, profundo, aquele que só pertencia a uma pessoa.

Millie.

Me senti mal por estar remexendo no quarto de uma garota, que, por incrível que parecesse, conhecia há dois dias. Apesar do tempo, ela havia se tornado minha amiga, e então, não vi problema em continuar mais um pouquinho ali.

Em cima da mesa de cabeceira, havia uma foto. Era uma menininha que me parecia de algum jeito, familiar, de cabelos loiro escuro, abraçada a um garoto mais velho com a mesma tonalidade dos cabelos. Prováveis irmãos. Mas quem seriam eles? De quem era o quarto no qual eu dormia? As perguntas iam se acumulando na minha cabeça, e eu não tinha resposta para nenhuma delas. Era frustrante.

Achei que estava lá há muito tempo e resolvi sair antes que mais perguntas quisessem surgir. Apaguei as luzes, fechei a porta, como se ninguém tivesse entrado.

A fome havia começado a bater, e então lembrei que tudo o que eu havia comido tinha sido em vão. Concluí então que só exploraria mais um cômodo. Abri uma porta aleatória.

Era só um banheiro. Parecido com o meu, parecido com o de todo mundo, na verdade. Resolvi lavar as mãos, já que depois desceria para encontrar Millicent e comer.

Fiquei olhando meu reflexo no espelho enquanto ensaboava minhas mãos. Meus olhos castanhos que já foram vivos e alegres um dia; agora estavam cansados, tristes, cheio de olheiras.

Sequei minhas mãos e me olhei de novo no espelho. Foi quando eu vi um potinho no armário atrás de mim. Me virei e peguei-o cuidadosamente.

Quase larguei-o no chão. Senti seu cheiro, sabia o que era.

Uma mistura de tinta com uma tipo de xampu que a faz agregar aos cabelos.

Resumindo: o cabelo de Millie não era roxo. Pelo menos, não natural.

E de repente eu percebi: a garotinha no porta-retratos era Millicent, e o garoto do seu lado, seu irmão, o provável dono do quarto em que eu dormia. Por que eu tinha a sensação de que ele não estava bem?

Minha surpresa inicial foi tomada por algo próximo de medo. Se ela mentira sobre o cabelo, sobre o que mais estava mentindo?

Não. Eu que havia pensado que seu cabelo era roxo natural, ela nunca havia me dito nada, sequer conversamos sobre isso. E por que o faríamos? Havia coisas mais importantes que cor de cabelo. Mesmo assim: ela não devia estar na fronteira só por causa de suas roupas. Havia algo mais, e eu iria descobrir.

Senti meu estômago roncar e percebi que minha língua estava seca e áspera. Tentei deixar tudo como estava e desci as escadas com cuidado. Minha perna já estava ferrada o suficiente.

Esse pensamento sobre a perna eu me lembrar de outra coisa: fora Sarah que a atingira. E o pior: a mesma que ela havia flechado antes. Por acaso ela tinha algo contra o meu andar ou a minha perna? Porque parecia que ela só tinha dado as caras para atirar em mim. “Talvez, seja tudo um plano deles, Daniel. Para te fazer sofrer e te mostrar que você continua sendo uma marionete ridícula e submissa, não pode fazer nada.” Eu falei para mim mesmo. Ainda bem que não fora em voz alta. Não se sabe onde o governo está escondido. Estamos sempre te observando. Era o lema do governo para afirmar que estávamos sempre seguros. Para mim, significava que estávamos sempre em apuros.

Cheguei no andar de baixo e ouvi vozes vindas da minha esquerda. Seguindo-as, cheguei rapidamente a cozinha, e quem estava lá?

Não, dessa vez não era Sarah.

Robert, o que fosse, talvez, até mais surpreendente.

–Como, quando...- balbuciei.

Só então, eles perceberam minha presença e pararam seu diálogo que por sinal, estava bem animado.

–Boa noite! - Millie sorriu.

Fiquei imaginando quanto tempo demoraria para Robert recuperar a consciência (ei! Eu achei que ele estava morto!) e chegar até lá. Muito tempo mesmo.

–Há quanto tempo eu estou dormindo? - perguntei em tom acusatório.

–Você está, hum, desmaiado há 2 dias. - me informou Robert.

2 dias? Não era de se surpreender que estava com fome, sede, e minha perna parecia boa demais. O governo do centro é bom com isso, mas não é milagroso.

–Como chegou aqui? - perguntei meio ressentido, como se tivesse sendo excluído de uma reuniãozinha secreta.

Millie me pediu para sentar, e eu o fiz, com um pouco de má vontade. E eles me contaram tudo: depois que eu desmaiei na floresta, ela me levou até o quarto e tratou meus ferimentos com alguns remédios que tinha. Esperou algumas horas e percebeu que eu não acordaria tão cedo. Decidiu procurar Robert porque estava muito preocupada e com medo. Quando voltou para a divisão sul, ele estava sentado tranquilamente em uma das carteiras, no fundo de uma sala.

Não pude deixar de soltar um “UAU.” E Robert novamente, escapa ileso (ou quase) de uma situação que poderia tê-lo matado. Vai ver ser filho do governante tinha vantagens, do tipo, ter um corpo geneticamente alterado ou algum fluido que era liberado instantaneamente quando se machucava, sei lá. Não podíamos dizer que era normal, mas devido aos últimos acontecimentos, eu não sabia muito bem diferenciar o normal do anormal. Havia uma coisa mais importante no momento:

–E minha mãe? - perguntei devagar e hesitante.

Os dois trocaram um rápido olhar, combinando quem iria dar a notícia.

–A enterramos na floresta- começou Robert.

–É que... - continuou Millie- não sabíamos quando você acordaria, e o corpo...- ela não precisava continuar. Já sabia. O corpo iria se decompor e seria pior eu o encarar. Minha mãe! Sendo comida por fungos! A visão me provocava náuseas e me aterrorizava. Meus olhos se encheram de água. Senti uma mão tocando a minha.

–Daniel, sinto muito- Millie falou, e parecia sincero.

–Você é forte, cara. - Era Robert, me incentivando.

Sorri para os dois. Viraram meus amigos em tão pouco tempo! Incrível o que terríveis condições fazem com as pessoas. Éramos tão diferentes, mas ao mesmo tempo, tão iguais.

Meus pensamentos sobre amor, amizade e humanidade foram interrompido por um enorme bocejo de Robert. Já devia ser hora de dormir no norte, ou a situação estava constrangedora demais e era melhor sair. Não importava. Era ótimo vê-lo de novo.

–Já sabe onde fica não é? -Millie lhe perguntou.

–Claro, claro...- confirmou ele, com a voz já bastante sonolenta.

Não sei bem o por quê, mas abri a porta dos fundos e saí. Dei de cara com uma varanda e me apoiei na sacada. Lá o céu era tão limpo! Podia contar as estrelas, se quisesse.

–Lindo, não é? - Millie me perguntou.

Apenas acenei a cabeça. Parecia o momento perfeito para lhe perguntar da tinta, do seu irmão, de tudo.

–Ei, Millie, posso te perguntar uma coisa?-comecei

–Claro.- respondeu ela.

–Promete que vai ser honesta?

–Por que não seria?- parecia nervosa.

–Então... eu estava no banheiro e eu vi uma coloração roxa e... não vou mentir: estive em seu quarto e vi sua foto na qual estava abraçada ao seu irmão. Onde está ele? - falei rápido e de uma vez só.

Ela suspirou e se sentou em uma cadeira. Fez sinal para que eu fizesse o mesmo.

E ela me explicou tudo. Seu irmão -Travis- fora capturado como combatente, e desde então, ela tinha se rebelado em pequenas doses: roupas, cabelos. Disse que quando nos viu na caverna, uma fagulha de esperança reacendeu o fogo que estava dentro dela. Uma esperança de rever seu irmão. Ela falou mais, sobre sua paixão por desenhar (o que explicava os desenhos, e foi por causa disso principalmente que ele fora capturado) Mas eu não prestei muito atenção. Minha cabeça girava em torno de uma só frase: “Quando encontrei vocês, encontrei novamente a esperança de rever meu irmão” Mais uma pessoa que contava comigo. A lista só crescia. Percebi, mais uma vez, que, se falhasse, seria terrível, pior do que o imaginável.

Ela olhou o relógio.

–Uau, está tarde! Temos que dormir! Amanhã tentaremos ir para o norte, tudo bem? Trate de limpar seu subconsciente! - ela brincou.

Sorri e disse que tentaria, mas perguntei-lhe se eu não podia ficar mais um pouco ali. Ela assentiu e me desejou boa noite.

E em meio há tantas estrelas, consegui ver uma cadente. E eu desejei com todo o meu coração, que tudo desse certo.





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Notas finais do capítulo

Mereço reviews? :33
PS: Voltem no início da história, acrescentei um prólogo e dividi o capítulo 1 em dois.