– Bom dia, querida - Ela diz, sorrindo.

Margareth está sentada na beirada da cama com um vestido rosa simples que deleniou seu corpo magro e esguio. O cabelo preso por grampos em um coque delicado com alguns fios loiros soltos.

A luminosidade da janela emanou raius de sol illuminando seu rosto.

 Seus olhos azuis penetrantes, seus lábios finos levemente roseados, o formato de seu rosto, sua pele branca pálida quase translucida....Sem dúvida uma imagem linda. Quase angelical. Quase a minha própria imagem.

Era como olhar para mim mesma, apenas alguns anos mais velha.

Tudo nela...sou eu. Desvio meu olhar de seu rosto, e olho ao redor.

O piso de madeira, as paredes com tinta rosa caindo seca, o antigo guarda roupa branco, o pequeno criado mudo ao lado da cama...Meu antigo quarto, reconheci imadiatamente. Eu deveria me levantar e correr o máximo que conseguisse, mas, como sempre em todos os sonhos, eu não tenho controle sobre mim mesma.

E embora, eu nunca estivesse estado nesse sonho, tudo continua sendo programado. Todas as minhas ações.

 E para meu maior espanto, eu lavanto meu rosto ,olho em seus olhos sorrio, e digo:

– Bom dia, mamãe - Margareth me olha com um brilho estranho nos olhos e sinto meu estomago se revirar.

– Achei que nunca iria acordar! - ela diz, divertida, sorrindo - Fiquei aqui te observando dormir, você parece um anjo quando dorme - Ela toca de leve em rosto - Lucy, meu anjo....- Ela sussurra docemente.

Continuo parada enquanto o quarto cai em silêncio.

Vejo flexes de emoções passar por seu rosto e, por alguns segundos, fecho meus olhos gostando do carinho que ela faz em meu rosto.

É, talves ela me ame, eu penso, me deixando iludir, mas uma onda de imagens invade minha mente após esse pensamento

 Faca, Sangue Gritos....Corpos!

Abro meus olhos...

 – Tudo bem, já chega de bajulação! - Margareth ri - Imagina se seus irmãos vê, vão achar que você é a minha preferida! - Ela diz, rindo, depois fica séria - Mas vamos, levante dessa cama e vá se vestir! Hoje é domingo, seu pai está de folga e nós vamos sair.  Vamos! Vamos!

Ela puxa o cabertor de cima de mim. Eu continuo calada. Margareth volta a sorrir. Mas, nunca chega a seus  gélidos olhos azuis.

 – Escute, - ela diz , me encarando sorridente - vou te esperar lá em baixo, está bem? Não demore! - É involútaria, dou apenas um aceno com a cabeça, ela se vira, anda até a porta, e sai me deixando sozinha.

 Suspiro e me levanto .

De repente um clarão ilumina o quarto quase me cegando e tudo desaparece. Agora o cenário muda: estou em um corredor escuro.

Vou andando pelo corredor. Há três portas, uma se abre e dois lindos garotinhos de 09 e 10 anos de cabelos loiros e lindos olhos azuis saiem correndo, rindo e esbarrando em mim.

– Lucy bobona! - Os dois gritam e correm, desaparecendo no escuro, deixando apenas o eco de suas vozes.

Continuo andando sem controle sobre minhas pernas

Chego até a escada, vou descendo, um pé em cada degrau, lentamente. Enfim chego até o último degrau da escada, com o pé direito dou meu último passo.

Mas algo sai da escuridão, consigo enxergar com muita dificuldade uma fina silhueta e logo ousso seus risos diabólicos ecoarem....