Fragmentos do diário de Uzumaki  Naruto.

Era torturante sonhar com Sakura todos os dias. Não poderia tê-la e isso é algo que deveria ter aceitado. Porém, meu coração cabeça dura e persistente, continuava insistindo nessa loucura de desejá-la cada dia mais. Desde pequenos eu via algo diferentes nos orbes tão verdes. Talvez fosse a alegria que me proporcionavam. Talvez fossem os sorrisos, mesmo que invisível ás vezes, não só para mim, mas, até para Sasuke. Eu sempre via. Tão perto de mim que nem posso ao menos tocá-la como quero. Ela para mim é mais do que minha amiga. Sakura é aquela que escolhi para amar. Apesar de não conseguir imaginar a possibilidade de algum dia poder olhar para esse garoto, que não parece ser bom o bastante. As horas pareciam passar mais rápido. Quando a via tão próxima de Sasuke, deitando a cabeça ao seu colo, dormindo como um anjo batia certa inveja. Comigo, ela não poderia imaginar tal cena. O que há de errado? Nos dois é algo tão ruim?

Pensei que não teria a experiência de poder experimentar dos lábios rosados da minha flor. Estava-se triste, fazia o papel de amigo, sempre disposto de tudo para ela e por ela. Porém, uma tarde em especial foi completamente diferente. Até inesperado. Deveria ser quase seis horas quando meu telefone havia tocado. Como havia acabado de acordar, ainda não estava conseguindo assimilar o comando de atender ao celular. O que poderia ter acontecido? Entre eles tudo parecia estar bem. Sasuke não havia me contado sobre nenhuma briga. Curiosa, deixei que ela se explicasse.

- Apenas saudades suas. – disse Sakura do outro lado da linha – Escute, por que não vem para cá me fazer companhia?

- Sasuke não está com você? – perguntei intrigado, até que lembrei que ele estava fora da cidade.

- Esqueceu de que tinha uma reunião com o irmão, Itachi? – disse Sakura.

- Parece que o Teme vai finalmente tomar a parte da herança que lhe cabe. – disse coçando a cabeça – Pensei que essas horas já estariam de volta...

- Poderia vir aqui? – disse Sakura – Se não quiser, eu entenderei perfeitamente…

- Pode esperar por mim – disse. Minhas mãos suavam – Preciso de um tempo para tomar um banho. Não demoro.

Esperei que ela desligasse. Meu coração parecia disparar. O que aquela mulher fazia comigo? Namorada do meu melhor amigo... Antes não a conhecesse. Parecia de essa forma trair a amizade que existe entre mim e Sasuke, mas, ele não precisa saber. Do jeito que sou ele já deve ter reparado. Apenas nos olhares que me lanço, eu vejo que ele não vai abrir mão da “nossa” flor tão fácil. Não só para mim, mas, para qualquer um que se atreva a atrapalhar a relação deles. Tomei uma ducha e me troquei. Estava frio e decidi pegar uma blusa de frio que estava em cima do sofá da sala. Vi se não estava deixando alguma coisa para trás e sai. Quando cheguei, bati na porta, apreensivo. Não demorou muito para que ouvisse a voz dela dizendo que já viria abrir. A casa sempre aconchegante e em ordem. Além de bela mulher, ótima esposa. Ela atendeu com os olhos vermelhos. Preocupei-me e levei minha mão à face de Sakura. Ela pareceu estremecer. Estava com uma calça de moletom e uma blusa de frio vinho.

- Abraça-me... – disse baixo, sorrindo da maneira que apenas ela sabia.

Pedaços do diário de Haruno Sakura.

As saudades de Naruto estavam me matando. Sasuke havia saído há horas e não havia voltado para casa. Perto dele, disfarçava toda a falta que o loiro fazia. Várias vezes quis que ele estivesse ao meu lado na cama. Apenas estar comigo e tudo parecia ser diferente. Naruto provocava sensações que a cada dia se tornavam mais intensas e indescritíveis. Minha mente parecia não querer distinguir um do outro. Por mais que lutasse para sufocar esse amor que sinto por Naruto, algo me impede. Vejo que é uma coisa sem cabimento. O amor dele faz parte de mim. Quando liguei e pedi que viesse, comecei a deixar que as lágrimas caíssem dos meus olhos. Ele estava mesmo vindo... Parecia voltar á época de sonhos. Não sei explicar o que Naruto faz com todo meu ser.  Quando o soltei, levei meus lábios até seu rosto, sentindo a textura daquela pele tão macia. Como era reconfortante e aconchegante aquele abraço. Poderiam ficar incontáveis dias nele.

- Vamos entrar Naruto? – perguntei encarando seus olhos azuis. Nossas mãos estavam juntas.

- Claro, está fazendo frio. – disse puxando-me para dentro, fazendo com que desse passos para trás.

Os risos vieram sem permissão alguma. Parecia uma situação nova. Não via que estávamos aos poucos próximos do sofá. Quando dei por mim, já estava por cima de mim. Uma das mãos estava na minha cintura e a outra em meu pescoço. Pareci estar nas nuvens. Como havíamos parado ali mesmo? Estávamos tão perto... Minhas mãos no pescoço de Naruto. Os lábios dele foram até minha testa. Daí desceu. Contornaram meu rosto. Pareciam analisar e brincar com minha paciência. Quando iriam tocar os meus, separaram-se. Olhou-me com a expressão assustada e me levantou. Soltou-se de mim e foi até á janela. Aquilo era errado. Cruzei meus braços e abaixei a cabeça. Respirei fundo e fui até Naruto. Estava com o olhar perdido em um ponto. Não gostava de vê-lo daquela maneira. Era estranho. Atrevi a tocar seus ombros, parando ao seu lado. Deitei minha cabeça e juntei nossas mãos. Elas estavam quentes. Ele virou o rosto e repousou a cabeça dele devagar sobre a minha. Ficamos em silêncio, ouvindo a respiração um do outro. A porta ainda estava aberta. Antes de me separar de Naruto e ir fechá-la, senti algo segurando meu pulso. Estava de costas para o loiro. Suspirei e no instante seguinte, autoritário, colou nossos corpos. Disse algo que não me lembro e audacioso, tocou minha boca. Adoçou minha língua com seu gosto. Tinham um sabor diferenciado. Talvez, seja por que não poderia ter começado. Pena que não consegui segurar meus instintos, deixando que me tomasse em movimentos precisos. O ar se fez necessário e logo após, sorri.

Fim dos diários de Haruno Sakura e Uzumaki Naruto.

A morena estava sentada na cama. Sasuke ainda não havia chegado do consultório. Kori estava no quarto, lendo um livro. A cumprimentou, como sempre. Sentia uma afeição pela menina. Ser mãe era uma dádiva, o maior presente que uma mulher poderia receber, pensava. O assunto de sua separação a incomodava. Faltava apenas Kiba querer assinar os papéis e estava livre de todo aquele “problema”. Porém, ele dizia ter direitos sobre Hinata. Ainda era sua esposa e não aceitaria aqueles modos atrevidos. Hinata já havia deixado bem claro, perante não só a Kiba, mas, a todos que conheciam de seu passado – Sasuke e sua família – Que não queria mais nada com o Inuzuka. Fora bom, enquanto durou. Mesmo vivendo em mentiras. Acreditava que Kiba poderia ceder e deixar sua rubrica, que representava a liberdade daquele primeiro matrimônio já inexistente. Estava plenamente feliz com Sasuke e assim lutaria para que permanecesse. Quando ouviu batida na porta, viu a garota de cabelo rosado se aproximar. Ela ficou á sua frente e segurou suas mãos.

- Tudo irá dar certo, Hinata-chan. – disse Kori meiga.

- Não seja tão otimista. – disse Hinata balançando a cabeça.

- Não desista das coisas que realmente deseja, Hinata. – disse Kori carinhosa – Sei que meu pai não irá abrir mão de você... Creio que fará o mesmo, não é?

 Aquela pergunta não precisava de resposta alguma. Por Sasuke, ela faria qualquer coisa. Bastava ver em seus olhos. O silêncio do quarto foi quebrado com o barulho de uma chave invadindo a fechadura. Sasuke finalmente estava em casa.