Got My Heart In Your Hands escrita por Julia


Capítulo 47
Escrita do sangue


Notas iniciais do capítulo

Capítulo gigante pra vocês. Boa leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/231096/chapter/47

Lembro das fotos, dos abraços, dos sorrisos, dos carinhos, dos beijinhos fora de hora. Simplesmente lembro-me de você, mas o que me marca mais são as fotos que me lembram dos momentos em que éramos felizes juntos. As recordações boas... Ótimas, pra falar a verdade. Será que você lembra? Será que você lembra-se de tudo isso? Ou será que eu só fui um brinquedinho passageiro que você usou e depois jogou fora? Às vezes fico me perguntando isso… Mas será que você tem ainda as nossas fotos? Tomara que você tenha guardado a única lembrança boa que nós tivemos, tomara que você tenha guardado o momento que nós éramos apaixonados, o nosso momento, aquele momento onde nós fazíamos promessas e juras de amor. Nossas fotos, nossas melhores lembranças, então… Não jogue fora tudo aquilo que te fez bem um dia, não jogue fora suas lembranças; que para você um dia foi bom. Eu guardo todas nossas fotos, pois pra mim, isso vale tudo, tudo! Eu ainda te amo, não sei como, mas você me faz muita falta. Sabe o que eu nunca vou conseguir entender ou aceitar? A mentira. Você pode me explicar e pedir desculpas pelo resto da tua vida que eu nunca vou entender. Você me conhece, sabe quais são os meus princípios, e qual é meu maior princípio, a maior qualidade que eu admiro nas pessoas: a honestidade. Capacidade de admitir o erro, de ser sincero. Isso pra mim é a base de qualquer relacionamento. Pra muitos a química, a beleza vem em primeiro lugar. Pra mim não. Pra mim, uma relação é construída em cima de admiração, respeito, confiança, e aí sim, desejo, química. Isso constrói o amor. Você sempre soube como eu era, sempre soube o que eu relevo e o quanto eu relevo quando eu amo, mas também sabia o que eu não perdoo, o que eu não tolero. Acredito que errar é humano sim, todos erram, mas o que difere as pessoas é a capacidade de consertar o erro, de tentar mudar. Traição é horrível pra quem é traído, pode ter certeza, mas o pior de tudo, o que mata de raiva, o que magoa de verdade pra mim é a mentira porque quando você trai, mas é honesto e conta, admite o erro e pede desculpas pra pessoa que você diz amar, é decisão desta pessoa perdoar ou não, é ela quem decide se aceita ser traída ou não. Mas quando você esconde, você tira esse direito da pessoa, tira o livre arbítrio que ela tem pra escolher entre perdoar ou não perdoar e seguir com a vida dela. Quando se conta uma mentira, ou se omite algo, que pra mim é o mesmo que mentira nesses casos, você está forçando alguém a estar com você enganada, traída. Isso é o pior. Porque traição, pra mim não é o fim do mundo, e ao mesmo tempo não é algo que eu faria com alguém que amo, mas se errou, se traiu, se você se arrependeu, seja homem ou mulher o suficiente pra dizer a verdade. Tenha pelo menos a coragem disso, e aceite as conseqüências dos seus atos. Não me deixe descobrir por terceiros, não me faça de idiota, não minta pra mim, e não tente inventar desculpas para não ter falado a verdade, porque isso não adianta. Isso eu não aceito. Eu acredito que as pessoas podem ser fracas e se deixarem levar, e se arrependerem de verdade depois. É como pôr a mão na chama do fogão quando criança. Queima, e você aprende a não fazer aquilo de novo. Mas não acredito que inventar uma mentira, uma desculpa para cobrir um erro é de verdade, não me soa sincero. Eu sou assim. Eu admito erros, o que não admito é falta de honestidade, de sinceridade... A falta de caráter para ser homem quando é preciso ser um.”

– Pierre.

– Sai daqui!

– Por favor, me escuta, não é o que você está pensando.

– Eu não estou pensando em nada, eu simplesmente vi.

– Você viu o que sua cabeça está dizendo. Foi ele que me agarrou.

– Acha mesmo que um professor faria isso?

– Foi ele. Você acha que eu iria te trair? Eu te amo, nunca lhe magoaria. Só não estou gostando desta desconfiança.

– Eu confiava em ti, David.

– E pode continuar confiando.

– David, eu não quero conversa. Retire-se daqui. Eu não quero mais saber de você, e não me procure mais. Eu não te amo como eu amei ontem. – Pierre foi empurrando David até a porta, e fechou.

I Don’t Love You – My Chemical Romance

Ele permaneceu parado na porta, encostado nela, e se abaixara lentamente. Sentou-se no chão e abaixou a cabeça. Em seu rosto existiam lágrimas, dor, sofrimento... Não esperava que David pudesse fazer aquilo com ele, já que desde o início ele dizia ser apaixonado por Pierre. Bouvier sofria de depressão, mas não era uma depressão qualquer de apenas trancar-se em seu quarto e chorar... Ele fazia greve de fome, se entregava às bebidas e cortava os pulsos, mas isso raramente acontecia. Mas com essa reviravolta da chegada desse novo professor que não agradara Pierre, e ao saber que David o traiu com o tal, ele foi até o banheiro. Lá avistou um caco de vidro na pia, provavelmente era de uma moradora antiga do apartamento, pois o caco era de espelho, podia ter quebrado de alguma maquiagem. Pierre apanhou o caco de vidro, e se olhou no espelho à sua frente. Seu rosto estava seco devido às lágrimas, seus olhos estavam vermelhos e inchados, mas nada era pior do que ele estava sentindo no coração, que segundo ele, estava caindo aos pedaços. Pedaços que não poderão ser colados novamente, assim como aquele caco de vidro, jamais se tornará um espelho inteiro outra vez. Começou a cortar a palma da sua mão com o vidro, que no mesmo instante, jorrava sangue pelo chão e pela sua roupa. Estava doendo, mas ele continuou, pois a dor no peito era maior do que a dor do corte. Ao finalizar, ele pegou uma caneta qualquer e pôs o sangue nela, como tinta. Rasgou uma folha de seu caderno e começara a escrever uma carta para David, com a caneta do sangue:

“Estou tentando te esquecer, mas me peguei pensando em você. É inevitável, pois quando eu penso em ti, eu me lembro das coisas boas que tivemos. Afinal, todo namoro tem seus altos e baixos. Lembra-se de quando costumávamos ser felizes? Infelizmente você jogou toda essa felicidade para o ar, deixando o vento soprar. Será que todo esse tempo em que estávamos juntos não significou nada para você? Tudo o que eu fiz não tem importância alguma? Você prefere ficar com um homem que nem te conhece, do que com uma pessoa que se entregou de corpo e alma a você, que te ama, que se sente bem ao seu lado, e que nunca, jamais iria te desapontar? Eu acreditava que não, mas você o fez. Só queria saber o motivo por ter feito isso comigo. Alguém que te ama, e confiou no seu amor. Engraçado, por que a vida é assim? Quando parece que encontramos a felicidade, vem um furacão e arrasta para longe tudo o que construímos com tanto esforço passando por cima de tudo... De repente tudo isso se torna pequeno, uma coisa banal... O amor? De um dia para o outro se torna brasa sem chances de se acender novamente. Um não liga para o que o outro está sentindo, não dá o braço a torcer. Eu te perdi, eu sei que te perdi. Está sendo doloroso para mim, minha alma está ferida, vivo numa avenida dos sonhos quebrados. Isso te lembra algo? É a sua música favorita do Green Day. E como eu sei disso? Porque eu te conheço e sei de cada passo que você dá, mas se você prefere alguém como o professor para lhe fazer feliz, eu só espero que realize. Não vou ficar me lamentando por isso, apesar de estar sofrendo muito. E por mais que negue, eu vi o que fez. Você pode dizer que está sozinho em casa, mas eu sinto que seu amor não passa de uma mentira. E eu, nada inteligente, acreditei nesse amor que você dizia ser verdadeiro. Nada faz sentido. Era isso que queria? Partir meu coração? Pois bem, está fazendo isso direitinho. E tem mais... Eu sei que a sua cor favorita é o vermelho, então eu estou escrevendo esta carta com caneta vermelha. Mas isso não é tinta de caneta qualquer, e sim o meu sangue. Agora reflita no que fez. Por sua causa, eu estou me cortando, fazendo greve de fome outra vez e chorando sem parar. Resultado: estou morrendo lentamente. Porém, pode ficar despreocupado, fica com o seu novo amor que eu vou viver a minha vida. Adeus. Pierre.”

Boulevard Of Broken Dreams – Green Day

Pierre colocou a carta no envelope junto com um selo, e conduziu-se até a porta para colocá-la no correio. Não demorou muito para chegar a carta até David, e quando o carteiro tocara a campainha da casa de David, Julie o atendeu, e viu que tinha uma carta anônima. Estranhou, mas entregou para o seu irmão, que abrira rapidamente.

– De quem será que é a carta?

– Eu não sei, leia.

“Estou tentando te esquecer, mas me peguei pensando em você. É inevitável, pois quando eu penso em ti, eu me lembro das coisas boas que tivemos. Afinal, todo namoro tem seus altos e baixos. Lembra-se de quando costumávamos ser felizes? Infelizmente você jogou toda essa felicidade para o ar, deixando o vento soprar. Será que todo esse tempo em que estávamos juntos não significou nada para você? Tudo o que eu fiz não tem importância alguma? Você prefere ficar com um homem que nem te conhece, do que com uma pessoa que se entregou de corpo e alma a você, que te ama, que se sente bem ao seu lado, e que nunca, jamais iria te desapontar? Eu acreditava que não, mas você o fez. Só queria saber o motivo por ter feito isso comigo. Alguém que te ama, e confiou no seu amor. Engraçado, por que a vida é assim? Quando parece que encontramos a felicidade, vem um furacão e arrasta para longe tudo o que construímos com tanto esforço passando por cima de tudo... De repente tudo isso se torna pequeno, uma coisa banal... O amor? De um dia para o outro se torna brasa sem chances de se acender novamente. Um não liga para o que o outro está sentindo, não dá o braço a torcer. Eu te perdi, eu sei que te perdi. Está sendo doloroso para mim, minha alma está ferida, vivo numa avenida dos sonhos quebrados. Isso te lembra algo? É a sua música favorita do Green Day. E como eu sei disso? Porque eu te conheço e sei de cada passo que você dá, mas se você prefere alguém como o professor para lhe fazer feliz, eu só espero que realize. Não vou ficar me lamentando por isso, apesar de estar sofrendo muito. E por mais que negue, eu vi o que fez. Você pode dizer que está sozinho em casa, mas eu sinto que seu amor não passa de uma mentira. E eu, nada inteligente, acreditei nesse amor que você dizia ser verdadeiro. Nada faz sentido. Era isso que queria? Partir meu coração? Pois bem, está fazendo isso direitinho. E tem mais... Eu sei que a sua cor favorita é o vermelho, então eu estou escrevendo esta carta com caneta vermelha. Mas isso não é tinta de caneta qualquer, e sim o meu sangue. Agora reflita no que fez. Por sua causa, eu estou me cortando, fazendo greve de fome outra vez e chorando sem parar. Resultado: estou morrendo lentamente. Porém, pode ficar despreocupado, fica com o seu novo amor que eu vou viver a minha vida. Adeus. Pierre.” – ele leu em voz alta, e pusera-se a chorar.

– Essa carta foi escrita com o sangue dele mesmo?

– Foi. Ai meu Deus, o que eu fiz?

– Mas David, o que aconteceu?

– Eu traí o Pierre.

– Você fez o quê?

– Não foi por querer. Entrou um professor novo que veio de Paris, ele é até bonito, mas se insinuou para mim e me beijou. Não consegui impedir, e o Pierre viu.

– Um professor? Mas o que é isso?

– No Canadá tem de tudo.

– Percebi.

– Julie, o que eu faço?

– Não foi culpa sua mesmo?

– É claro que não, Julie. Eu amo o Pierre.

– E por que não impediu o seu professor?

– Porque quando me dei conta, nossas línguas já haviam se encontrado.

– E por que você não fechou a boca? Teve que ir com a língua também? Francamente, David, assim você me decepciona.

– Você também está contra mim?

– Mas é que você não pensa. Podia ter empurrado, mas não... Agora você deu um jeito de perder o seu namorado, e quem sabe os seus amigos.

– Não tinha como impedir.

– Ok, acredito. Ah, quer saber? Vou para o meu quarto. Vocês que são namorados que se entendam.

Julie subiu para o seu quarto e David pegou uma caneta preta. Pensou em tirar o sangue, mas isso causaria fatalidade, já que podia correr risco de arrebentar alguma veia. Ele começara a pensar numa resposta:

“Eu fiquei muito preocupado por você escrever a carta usando o próprio sangue. Que loucura é essa, Pierre? Eu já te expliquei o que aconteceu. Você deveria usar o seu cérebro para outras coisas além de compor músicas, pois para isso, ele já é bom o bastante. E tem uma coisa que eu também não gostei: a sua atitude. Precisava confiar em mim, eu te amo muito, jamais faria isso por vontade própria. Quando eu disse que era apaixonado por você desde o primeiro dia em que te vi, eu estava sendo sincero. Nunca senti algo tão forte assim. Eu só queria que você me entendesse. Talvez você tenha ficado bravo por não ter impedido o professor de me beijar, mas eu tentei, juro que tentei. Infelizmente foi uma tentativa fracassada, pois ele era mais forte que eu, e não me dei por vencido. Desculpe-me se isto está te matando aos poucos, mas por favor, não se corte mais por minha causa e não faça greve de fome. Eu não quero vê-lo passando pelos mesmas problemas pela segunda vez, da primeira já foi horrível. Ter visto você naquela cama de hospital foi um grande sofrimento para mim, e eu não quero que isso aconteça novamente. Só peço que nunca duvide do meu amor por você, mas se você quer se afastar de mim, eu vou viver a minha vida assim como você. Te amo. David.”

David foi até a porta e caminhou até o correio. Através de suas andanças, cabisbaixo, ele encontrou uma foto dele com Pierre no chão, e do lado, um pacote de maconha. Desconfiado, ele continuou a sua caminhada, e avistou uma pessoa de costas, trazendo com ela o cheiro da droga. Parecia ser Pierre, pois David o reconhecia de longe. Ele acelerou os passos... Era mesmo Pierre entrando no mundo das drogas.

– Pierre, você está louco?

– Me deixa em paz!

– Não deixo. – ele tirou o cigarro de maconha da boca de Pierre e jogou no chão.

– Sai daqui, seu otário. Não se intrometa na minha vida.

– Eu me intrometo sim. O que adianta você ficar se acabando dessa maneira?

– E desde quando você se preocupa com isso?

– Desde sempre, eu te amo.

– Para de fazer essas juras de amor. Você é falso.

– Eu estou falando a verdade. – David tentou levar suas mãos até o rosto de Pierre, mas ele o retirou rapidamente.

– Tira essa mão imunda de mim. Vai saber onde enfiou essa mão depois de beijar o professorzinho francês.

– Eu só não quero que você se acabe dessa maneira.

– Já sou bem grandinho e sei me virar, não preciso de fiscal.

– Pierre..

– Cala a tua boca e para de meter o nariz onde não é chamado. Vai lá com o professor, vai. – ele se afastou.

“O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de identidade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome. O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos. O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais. O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos. Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto, mas que parecia uma usina. O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos. O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome. O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel. O amor comeu meu estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.” – João Cabral de Melo Neto

It’s My Life – Bon Jovi

A vida não iria ser fácil, nem para Pierre, nem para David. Ambos encontravam-se presos no mesmo pesadelo, onde as drogas viraram as novas companheiras. Pierre era um garoto que não sabia lidar com seus problemas, e tudo virava motivo de depressão, no qual ele se cortava, fazia greve de fome, e agora tentara induzir-se ao vício. David, que caminhava pelas ruas frias de Montreal, pegou-se pensando em Pierre.

– Eu não quero perdê-lo, eu não posso perdê-lo. – dizia ele em meio a um choro.

“Eu sou um pesadelo, um desastre. Isso é o que eles sempre dizem. Eu sou uma causa perdida, não um herói, mas eu farei isto do meu jeito. Eu tenho que provar que eles estão errados, eu contra o mundo. Sou eu contra o mundo...”

Me Against The World – Simple Plan

Pierre, cansado, voltou para a casa e foi direto para a sua cama descansar, pois o dia já havia sido bem desgastante.

TOC TOC TOC TOC

– Mas que barulho irritante. – reclamava ele.

Ele rolou na cama e cobriu o rosto com o travesseiro. Simplesmente odiava ser acordado a essa hora do dia. O relógio em seu criado-mudo indicara 3 da manhã.

TOC TOC TOC TOC TOC TOC

– Que inferno!

Ele levantou furioso, prestes a matar a pessoa que batia na porta com força. Ele girou a chave, puxou a maçaneta e lá estavam seus pais.

– O que estão fazendo aqui? E como descobriram onde eu moro?

– Isso é o de menos. Podemos falar com você?

– Foi o David que contou que eu estou aqui, não foi?

– A propósito, onde ele está?

– Ele... Ah, eu não preciso dar satisfações da minha vida.

– Meu filho, não seja rebelde.

– O que querem comigo?

– Te pedir para voltar pra casa.

– Não vou voltar, mãe.

– Seu irmão, Jay, está implorando pelo seu retorno.

– Eu vou buscá-lo para morar comigo, mas com vocês eu não moro nunca mais.

– Não diga isso, meu filho.

– Não me chama de filho.

– Pierre, eu sei que agimos mal e você está magoado, mas nós estamos aqui para nos redimir com você.

– Vocês me expulsaram de casa, impossível esquecer.

– Nos dê outra chance.

– Não! Agora por favor, saiam. Eu quero dormir. – ele foi empurrando seus pais para fora de casa.

Os efeitos da maconha estavam mexendo com o psicológico de Pierre. Ele se tornara bruto, se sentia o dono da verdade e não aceitava ser contrariado. Voltou a dormir, mas logo após fechar os olhos, o telefone tocou.

– Merda de telefone! Alô? – ele atendeu estressado.

Ninguém disse nada. Era apenas trote. Mas alguém havia deixado uma mensagem na secretária eletrônica. Pierre, ao ouvir, reconheceu a voz de David, e não quis ouvir o resto da mensagem, que dizia que tudo foi um equívoco, mas Pierre não quisera acreditar. Fechou os olhos e dessa vez conseguiu dormir. Aliás, ele não dormira totalmente, pois ele rolava na cama e sonhava com David. Pierre não conseguia tirá-lo da cabeça. Estava sofrendo, chorando, não queria comer e pensava uma, duas, três vezes antes de tomar banho. Seu coração não conseguira ficar imune diante da situação. “Como ele pôde fazer isso comigo?”- dizia ele em meio a um choro, e num tom de raiva. Ele atirava todas as coisas que estavam em seu criado-mudo, como porta retrato, perfume, e até mesmo o seu celular, que quando arremessado contra a parede, se espatifou no mesmo instante. Pierre quebrou tudo em seu quarto, pois quando entrava em depressão, agia sem pensar. E foi assim que ele teve a sua decepção amorosa. A dor da traição, a dor de saber que a pessoa que você mais ama te traiu de uma forma tão cruel, alguém que você daria a vida, que nunca esperaria que fizesse isso. Alguém que mexesse com seus sentimentos, que um dia mostrou-lhe o real valor da vida, e o significado do amor puro e sincero, correspondido desde então. E agora, vem a pergunta: por que sempre confiamos na pessoa errada? Existe algum manual? De certa forma, não.

“Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez sejam a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono. Pergunto-me às vezes o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor, não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença do “Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. Não é que a fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance... Para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência, porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Para os erros há perdão; para os fracassos, chance; para os amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando seus sonhos, fazendo o que planejou, vivendo o que esperou porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu. Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente. Viver uma verdadeira experiência amorosa é um dos maiores prazeres da vida. Gostar é sentir com a alma, mas expressar os sentimentos depende das idéias de cada um. Condicionamos o amor às nossas necessidades neuróticas e acabamos com ele. Vivemos uma vida tentando fazer com que os outros se responsabilizem pelas nossas necessidades enquanto nós nos abandonamos irresponsavelmente. Queremos ser amados e não nos amamos, queremos ser compreendidos e não nos compreendemos, queremos o apoio dos outros e damos o nosso a eles. Quando nos abandonamos, queremos achar alguém que venha a preencher o buraco que nós cavamos. A insatisfação, o vazio interior se transforma na busca contínua de novos relacionamentos, cujos resultados frustrantes se repetirão. Cada um é o único responsável pelas suas próprias necessidades. Só quem se ama pode encontrar em sua vida um amor de verdade. Hoje senti sentimentos bonitos, mas muito controversos. Alegria e raiva, amor e desilusão... Para variar fiz-me de forte para não magoar meu coração. Por mais que faça sinto sempre ser apenas mais um, que vai quando quiseres, que fica se quiseres, que não é diferente dos outros, que não tem valor... Quem me dera ser valorizado, sentir que queres que seja eu o homem da tua vida, e não apenas um momento. Ignoro, esqueço e passo à frente... Mas até quando? Até quando consigo esconder a dor que sinto? Só queria que trocasses comigo um dia, um único dia. Mergulharei fundo nesse imenso mar da desilusão para recuperar minhas riquezas, meu amor próprio, minha auto-estima, meu caminhar, meu agir, meu coração. Tudo aquilo que um dia eu perdi por amor. A grande lição das desilusões amorosas é que elas mostram o quão contraditórios somos capazes de amar cada vez mais intensamente e ilimitadamente do que declarávamos possível na relação anterior. Você só tem desilusões porque fica aí criando laços com o passado. Não adianta, se acabou o amor, acabou e nada mais se pode fazer. Segue teu caminho. A vida nos traz sabor, ilusão, amor e verdade. Mas também traz desilusão, mentira e falsidade.

Sabe aqueles momentos em que sentimos uma dor fina, lá dentro do peito, dor essa que nem se sabe como é, como vem, e tira a impressão de que estava tudo bem? Dá vontade de gritar aos quatro ventos numa voz bem alta, como se fosse sair um monstro de dentro de nós, a sensação de alguma coisa sem precedentes. Como se viesse um desejo de chorar e chorar, e nem saber a hora de parar, somente induzir para dentro de si, o que para fora nem veio se mostrar. Como mudança de rumo, e rumando para o deserto quente e seco da minha sensação de estar perto do nada; mas longe de você, um amor renegado, pensamento elevado. Sentimento com sonhos desmoronados e castelos de areia engolidos pelas ondas; sentimento de perda e dor, sabor do castigo, sentido sem amor. Seria como se espremesse o peito e lançasse longe a alegria, sentido de vida vazia, sorriso sem graça, sabor de rejeição, coração na contramão. Mesmo que se tenha idéia do que é sofrer... Mas ferida que se abre sem ferir dói, mas sem o sangue a sair. Sofrer assim não é justo, se foi um susto, nem custo da dor ou esperança do amor, dor essa que é fina no peito e desafina o embalo do coração e da emoção. Pois, como perfume de amor e flor, e despedida sem odor, se faz sofrido o rosto, com a expressão que dispensa comoção. Sim, com amor é fácil lidar, mas os sentimentos a parte que sem ressentimentos, se faz uma parte dessa dor, que à outra se veio juntar, selando a desculpa da lágrima rolar. Como saber que é hora de parar, sanar uma coisa dessas só com alguém que viveu tal sentimento, e sobreviveu pra contar, ou correu o risco e saiu da beira do abismo. Juro que se for para sentir essa dor, sem ter o que sentir, não fica mais em cima desse muro, me cede tua luz, e me tira desse escuro. O vestígio da esperança que molha o meu olhar se faz forte, e não sei como me vai a sorte sair assim, sem os riscos da morte a me rodear. Sei que dor fina e vazia faz sofrer, mas sem entender o que a dor te traria é sofrer duas vezes, uma por sofrer e outra sem saber. Seria uma troca justa, a troca da discórdia pela vaga soma da tua misericórdia, se me decifrasse essa dor. E chegando sempre pela metade e tomando o lugar da felicidade, essa dor me pega sem piedade, como é triste sofrer e ver padecer num sentido sem fim. Não tem como dizer não, essa dor que seca o coração, faz viver um momento sem razão, leva consigo uma paz que seria a única emoção, essa dor se chama desilusão.

Quando me perdi entre as trevas da desilusão sua mão foi meu escudo, teu amor minha salvação e sua companhia minha fortaleza. Você me fez prosperar e renascer das cinzas dolorosas do passado, me fez alçar vôo sem direção e me fez acreditar que ainda havia vida em mim. Não é neste momento que deves partir anjo meu, não me abandones crente que sua missão tenha chegado ao fim... A qualquer momento suas asas podem se ferir.

Se for para desafinar a melodia de minha vida, que não seja por uma desilusão de amor... Seja como uma luz que se apaga.

O amor é assim mesmo, pode acontecer ou não, mas é sempre acompanhado de firmeza e coragem. Desilusão? Faz parte… E às vezes entregamos o coração inteiro e recebemos de volta um bem machucado. Mas, como o amor transforma tudo em possibilidade, cuidamos dele e lá vamos nós, entregá-lo de novo… Isso sim é coragem! Além disso, o amor é um dos instrumentos da fé. Ter fé em algo ou em alguém é em si um ato de amor.

Morro não de amor, mas por amar que quando conjugado na terceira pessoa do singular em seu passado mais pleno, faz corroer dentro de minh’alma um ácido que não é comum, de nomenclatura formada por um prefixo unido ao que minha mente viu sozinha: desilusão, ele acomete a um apodrecimento no coração, que faz sangrar nos olhos um tourniquet constante e voraz; o mais límpido sentimento: o amor.

Quem pode dizer com exatidão o que a vida reserva a cada um? Amores, desilusões... Quando o tempo revela-se amplo demais os pensamentos tendem a evoluir cada vez mais. Os sentimentos tornam-se mais intensos, mais profundos... As noites tornam-se mais longas e os dias mais curtos mediante a longevidade do amor e a calada da noite tratam de juntar as distâncias. Foi tudo uma desilusão e o teu amor teatral me parecia tão real, e aquela sua cena Shakespeare me deu um final mortal.

Um dia te olhei nos olhos e disse que te amava. Sonhei e acreditei com uma vida ao seu lado... Imaginava nossas vidas sendo apenas uma. Planos... Eu tinha muito deles, e todos ao seu lado. A esperança era com você... Mas eu abri os olhos, acordei deste sonho. Você não era o conto de fadas e muito menos era a tal pessoa amada que esperei minha vida inteira para conhecer. Eu tinha sonhado demais, tinha tido esperança demais, estava ocupado demais fazendo planos, e não parei realmente para ver quem estava ao meu lado. Ou será que eu sabia de tudo isso o tempo todo, mas não queria ver? Como uma criança que brinca de esconde-esconde no escuro do quarto, querendo se esconder do que pode estar esperando por ela... Assim permaneci; com as mãos nos olhos, querendo impedir os meus olhos de verem a realidade. O engraçado é que meu coração nunca esteve cego, muito menos calado... Mas de certa forma, quem saiu machucado nesta história foi apenas uma pessoa: EU! E você? Não sei dizer... Você sabe o que é dor, amor ou paixão? Melhor; você tem um coração que pulsa dentro de você? Porque eu tenho... E ele pulsou durante muito tempo por você. Pulsou dizendo teu nome. Pulsou dizendo te amar.
E hoje ainda pulsa por você... Mas na esperança de te esquecer.

Cansado desse mundo de mentiras... As pessoas se fazem de amigas, mas no fundo, na hora de mostrar que são mesmo, são as que mais te decepcionam. Às vezes chegamos a acreditar nas palavras e achar que por serem ditas pelas pessoas que se dizem amigas, amigas que muitas vezes não passam de ‘falsas amigas’; tem um imenso valor. Depois de brigas e momentos ruins, descobrimos que no fundo, essas palavras eram só mentiras, as pessoas eram apenas pessoas sem o mínimo escrúpulo de ter caráter, mas isso a gente não compra e nem tenta ter, a gente cria e é desse caráter que somos feitos. Uns tem bom caráter e outros um caráter ruim, não estou aqui pra julgar ninguém, apenas para mostrar a minha total decepção com as pessoas, com esse povo, com esse mundo. Essas pessoas são leões que escondem as suas garras, e quando as suas presas menos os esperam atacam e machucam, ferem, magoam, e deixam feridas que às vezes nem o tempo apaga. Hoje em dia raramente se ama de verdade. Devemos com um coador coar as pessoas que estão ao nosso redor e selecionar quem devemos conviver, quem fará o nosso bem, quem será verdadeiro com a gente; é difícil isso, pois não somos videntes, ainda não temos a capacidade de nos proteger dessas pessoas que diante de apenas um erro, uma má seleção e essa pessoa poderá tornar um inferno a sua vida, te fazer sofrer, chorar e no final se perguntar como eu fiz tamanha burrada de acreditar naquelas palavras que pareciam tão verdadeiras, tão puras, mas que apenas me machucaram. Devemos parar para refletir em nossos atos, muitas vezes quem você diz amar talvez seja a pessoa na qual você mais faça sofrer, esse amor que você diz ter passa a ser no pensamento de quem você magoou apenas uma grande mentira. Pense milhões de vezes antes de fazer, dizer, agir de uma forma que atinja quem você ama, pois palavras muitas vezes doem muito mais que atos. Palavras machucam. Pense hoje, pois amanhã pode ser tarde demais. E no final? No final... A gente quebra a cara, sofre demais, chora muito, muito mesmo, e sabe o que acontece? Tentamos aprender mais e às vezes acabamos errando de novo, acreditando nas pessoas e assim vivemos e levamos a vida.

Quando depositamos confiança nas pessoas, o risco da decepção é grande, pois elas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, bem como não estamos aqui para satisfazer as delas. As pessoas não se precisam, mas sim, se completam; não por serem metades, mas por serem pessoas inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida. Com o tempo, percebemos que para ser feliz com outra pessoa, precisamos primeiramente não precisar dela. Percebemos também que aquela pessoa que amamos, que nada quer conosco, definitivamente não é o homem ou a mulher de nossas vidas. Temos que aprender a gostar e cuidar de nós mesmos e, principalmente, a gostar de quem gosta de nós. O mestre Mário Quintana estava certo: o segredo é não correr atrás das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até nós. No final das contas, vamos achar não quem estávamos procurando, mas quem estava procurando por nós.

A decepção dói por que ela destrói toda uma estrutura que construímos em torno de um sentimento. Está tudo em nossa cabeça, mas como todo sentimento forte ela também se reflete em nosso espírito. É preciso autocontrole para refletir, frieza para planejar e criar um novo projeto para substituir o que foi destruído pela decepção. Geralmente ela é mais forte quando nos atinge naquilo que mais confiamos. Mas, o que tenho a dizer sobre o resultado? Confiar nos propósitos de Deus é essencial, manter a boa conduta também. Não posso devolver uma agressão com outra pior. A decepção vai passar, mas a lembrança fica.

A vida é feita de gente boa e ruim. Alguns dias são bons e outros ruins. Existem sentimentos bons e ruins. Tudo é na base do bom e do ruim. O bem e o mal. A gente aprende isso desde cedo, tem o mocinho e o bandido. O ladrão e a polícia. E algumas pessoas valem o ruim, o estragado, o sem gosto. De vez em quando é pior não ter gosto de nada do que ter um gosto azedo. Algumas pessoas valem isso. Acho que esse é o ponto máximo do amor máximo. Não que ele precise ser medido ou explicado. O amor dispensa maiores definições. Ele se auto-explica. Só penso que quando a gente tem o coração cheio desse sentimento, tudo fica claro. E a gente não precisa ter medo de cruzar com alguém ruim no caminho. Elas nos fortalecem, ensinam. Algumas delas, inclusive, até valem o mundo (ainda que por um curto tempo). Quem nunca se decepcionou? Quem nunca pensou que aquele homem é o cara dos meus sonhos? Nessa hora, eles valem o mundo. Depois, tudo muda, valem nada. O que importa é o momento em que a pessoa efetivamente valeu o seu mundo.”

Predictable – Good Charlotte


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews? *-*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Got My Heart In Your Hands" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.