─ Pierre, você está me esmagando. - Murmurou David com dificuldades, deitado no chão sob o corpo de Pierre.

─ Eu não quero saber. - Pierre o provocou e começou a mexer o corpo (dando pulinhos) sobre David.

─ Para, Pierre! Me deixa sair, por favor. - David implorou.

─ Está bem, coisa chata... - Ele se levantou e David fez o mesmo logo em seguida, colocando a língua para fora, fingindo de morto.

─ Acorda menino! - Pierre deu um leve tapa na cara de David.

─ Você... Você me bateu.

─ Qual é, David, mal encostei na sua cara. Você faz um drama enorme por causa de pouca coisa.

É, realmente, David gostava de fazer dramas por qualquer coisa, seja lá o que for... Se uma mosca pousar em seu ombro, ele seria capaz de chorar e gritar para que alguém a retire de lá.

...

No dia seguinte, logo após acordarem, Pierre foi até a cozinha preparar o café da manhã, enquanto David foi limpar a casa, por causa da bagunça do dia anterior - apesar da diversão, há também os prejuízos - e então ele foi lustrando os móveis e limpando o chão.

Bouvier que até então trazia consigo uma bandeja com duas xícaras de café com leite e creme, torradas com Nutella, e alguns morangos em volta acabou tropeçando no piso que estava molhado, e a bandeja... Veio abaixo.

─ Pierre! Eu limpei o chão! - David exaltou.

─ Perdão.

─ Perdão o escambau! Vai limpar isso agora!

Pierre ficou de boquiaberta ao ouvir a voz autoritária de David... Desde quando ele dava ordens assim? Bem, se o Bouvier o chamava de mulherzinha da relação, ele tinha que mandar em alguma coisa.

Pierre esfregou o chão, cuidadosamente para não voltar a sujá-lo, e recolheu os cacos de vidro dos pratos e xícaras. Apanhou também os morangos que, por ironia do destino, acabaram espalhando-se por todo canto da casa.

Avril’s pov

Eu estava com o embrulho lilás em minhas mãos, esperando alguma ordem para abri-lo. De alguma forma, eu queria saber o que tinha lá dentro... Será que é algo íntimo que está aqui dentro? Bem, eu vou tentar parar de adivinhar e ver se Chuck decide me contar. Ele é muito misterioso, fica difícil descobrir algo sobre ele... Droga!

Enquanto eu estava sentada na cama, vestindo minha camisola vermelha, Chuck apareceu vestindo somente uma boxer de cor preta - que o deixava mais sexy, em meu ponto de vista -. Fitei-lhe por alguns instantes e ele foi se aproximando de mim, me dando um beijo ardente... Não pude ceder - e nem me atreveria a fazê-lo - e me entreguei a esse beijo. Seus lábios estavam com sabor de cereja... Hm, provavelmente ele teria passado o meu gloss. Gargalhadas.

Enquanto o beijo intensificava a cada segundo, minhas mãos tocavam a sua nuca, em uma leve carícia, chegando bem perto de seu cabelo. Seus braços contornavam a minha cintura e eu senti meu corpo estremecer quando percebi o calor do seu corpo... Eu estava com um pouco de frio, mas sabia o que me esperava assim que deitasse na cama: cobertores e Chuck Comeau.

Ele sugava o meu lábio inferior, e eu fazia o mesmo com o dele... Senti meu corpo estremecer por mais uma vez quando senti os movimentos de sua língua sobre a minha. Eu não sei por que, mas aquele beijo parecia o primeiro. Meus pés não tocavam mais o chão, as borboletas de meu estômago passaram a ficar agitadas, e os batimentos cardíacos aceleraram.

Sorri entre o beijo, e quando cessamos o mesmo, Chuck deitou sobre a cama e me puxou para mais perto de si, e eu deitei minha cabeça em seu tórax nu, espalmando uma de minhas mãos ali, acariciando de forma suave. Ele deu um beijo no topo da minha cabeça, e o embrulho lilás continuava em minhas mãos.

Ergui minimamente a minha cabeça, deixando o meu rosto de frente para o dele, e mostrei o tal embrulho. Curiosa, eu perguntei:

─ Amor, o que tem aqui dentro? Me permite abri-lo?

─ Você não ia gostar.

Fiquei surpresa quando ele disse isso... Deixei minhas sobrancelhas arqueadas, mirando meu olhar em seu rosto com a boca entreaberta.

─ Por que eu não iria gostar?

─ Porque é uma coisa íntima... - Chuck imediatamente tapou a boca com ambas as mãos, provavelmente arrependido de ter deixado escapar o que era o tal presente.

─ E qual o problema nisso? - Sussurrei de modo provocante, mordendo o meu lábio inferior com certa força.

─ Então abre... - Ele disse com uma voz rouca, por estar envergonhado.

Abri o pacote e lá havia uma lingerie preta... Uau, isso é esplêndido!

─ Você quer que eu use hoje? - Indaguei.

Chuck assentiu com a cabeça, e eu sorri maliciosamente. Ele correspondeu o meu sorriso, e logo em seguida, movimentei o meu dedo indicador, indicando para que ele se virasse.

─ Avril, eu já te vi... É... - Ele hesitou ao falar.

─ Nua? - Adicionei.

─ Sim.

─ Eu sei disso, mas agora eu quero que vire de costas... Afinal, eu quero fazer surpresa.

Chuck virou de costas, e eu rapidamente tirei a camisola que eu estava usando, colocando a lingerie que eu havia recebido. Dei um leve toque em seu ombro, e ele se virou.

─ Ficou lindo em você. - Ele disse encantado.

─ Chuck...

─ Que foi?

Ignorei a sua interrogação e espalmei ambas as mãos em seu peitoral, o empurrando com pouca força, fazendo-o cair sobre a cama. Deitei-me em cima de seu corpo, e comecei a beijá-lo, encostando minha língua na dele em uma lenta e intensa sincronia.

Depois ficamos nus, com a força do pensamento, e fizemos amor ali mesmo...

“É difícil para eu dizer as coisas que eu quero dizer, às vezes não há ninguém aqui exceto você e eu. Tudo o que eu tenho para te dar são essas cinco palavras: obrigado por me amar. Por ser meus olhos quando eu não podia ver e por abrir meus lábios quando eu não podia respirar. Eu nunca soube que tinha um sonho até o sonho ser você. Quando olho dentro de seus olhos o céu fica num azul diferente. Eu juro, eu não visto disfarces. Se eu tentasse, você faria de conta que acreditou em minhas mentiras... Você me ergue quando eu caio, você marca presença antes de eu ser posto de lado... Se eu estivesse me afogando você abriria o mar e arriscaria sua própria vida para me resgatar.”