Highway To Glory - Season 2 escrita por ThequeenL


Capítulo 8
Oito - Cato


Notas iniciais do capítulo

Olá leitoras e leitores. Não, vocês não estão tendo alucinações: eu realmente (finalmente) atualizei a fanfic! Atualizei por causa das cobranças externas (e das minhas próprias cobranças - pode parecer que não, mas eu fico me cobrando pra deixar de ser tão enrolada) por causa da nostalgia que senti nesses dias, relendo os livros (pra voltar a escrever), pela proximidade com o lançamento de catching fire (que nem tá tãão próximo assim, mas ok), pelo carinho que recebi de todo mundo que leu (SIM eu sou daquelas que relê reviews antigas) e, principalmente, pela recente recomendação da CamiMellarkLudwig na primeira temporada da história, que me deixou MUITO emocionada. Enfim gente, podem atirar as pedras.



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Muita informação foi dada em muito pouco tempo. E para mim foi ainda mais difícil de digerir, já que tinha começado bem levando uma joelhada no estômago. Quando consegui me levantar, Clove ainda olhava perplexa para Lyara, enquanto ela retirava a faca do ombro de Thorment sem a mínima cerimônia. Loivissa já tinha perdido metade da água do corpo em lágrimas devido ao estado de choque, e tinha tanto sangue de Thorm no chão que era difícil de acreditar que aquela mulher estava do nosso lado. Phia era a única que parecia calma, cantando uma canção de ninar para o gato, que ainda tremia de medo.

“Creio que alguns esclarecimentos devem ser dados, antes de prosseguirmos com a operação. Iremos até a base de comando instalada temporariamente aqui no distrito, onde já estão todos esperando por vocês.” Falou Lyara num tom calmo como se tivéssemos todos apertado as mãos e nos cumprimentado com tranqüilidade. Thorm estava atônito, e não hesitou em gritar com sua superiora

“VOCÊ PODERIA AO MENOS FAZER UM CURATIVO AQUI?” Perguntou furioso. Ela se virou pra ele com certo desdém

“-Você poderia ao menos fazer um curativo aqui, por favor, comandante?- Foi o que você quis dizer, tenho certeza, não é?” Lyra retrucou, ainda calma. Essa mulher poderia facilmente superar eu e Clove no quesito frieza.

Thorm resmungou, antes de repetir a frase sugerida por Lyara, que lhe estendeu um estojo com curativos que estava dentro de uma mochila, escondida atrás do balcão da estalagem. Como nenhum de nós fez menção de ajudar Thorm com o curativo, ela mesma revirou os olhos e foi dar assistência. Com rapidez impressionante, fez um curativo digno da equipe médica da Capital e prosseguiu com a marcha para a base de comando.

Durante o percurso, Clove me fitou com desconfiança, sem saber se deveria conversar comigo sobre a situação ou não. Optou por ficar calada, visto que Loivissa correu até mim em busca de consolo, e fui obrigado a ampará-la. Chegamos à base pouco antes do anoitecer, e fomos direto para uma sala miúda que só tinha uma mesa central com 13 cadeiras em torno. Loivissa foi levada junto com Phia e o gato para outro cômodo, onde seriam cuidados por alguém da equipe enquanto estivéssemos em reunião.

“Então... Alguma pergunta?” Nos perguntou Lyara, sentada na cabeceira da mesa.

“Só algumas centenas” Retrucou Thorment, mas foi Clove quem deu início à sabatina

“Como podemos ter certeza de que você é realmente a comandante, se está fardada como uma pertencente da guarda oficial do Presidente Snow? Thorment nunca viu a Lyara de verdade, podemos muito bem ter sido capturados e esta ser uma das concentrações dos pacificadores. Não há provas de que devemos confiar em você”

“Com certeza também seria a minha primeira pergunta”. Lyara levantou uma sobrancelha e deu um meio sorriso. Retirou de um dos bolsos um cartão e colocou-o a vista no centro da mesa. “Essa é a minha carteira oficial de identificação. O agente Thorm tem uma similar, saberá dizer se esta é ou não verdadeira. Sou uma das agentes duplas da operação e sim, estou infiltrada na guarda do Snow, assim como alguns outros participantes revolucionários. Temos os rostos menos conhecidos e conseguimos que nossas fichas não fossem levantadas pela central da guarda nacional, que foi o que nos rendeu tal posto. É por meio de nós que são descobertas as informações sigilosas referentes às questões militares da Capital, embora no momento Snow tenha deixado muita coisa sem ser compartilhada com os oficiais, mantendo as grandes decisões cientes apenas aos membros do grande conselho. Mesmo dentro da base sou obrigada a me manter com essa roupa por razões óbvias: caso eu venha a ser capturada ou identificada, posso alegar que fui raptada, coisa que seria impossível se eu estivesse vestindo algo similar aos demais comandantes da operação Tordo. Vocês verão também, aqui e no distrito 13, pessoas circulando com fardas parecidas e macacões de pacificadores, mas não se deixem enganar, estamos todos do mesmo lado.”

Embora ainda meio confuso, consegui compreender e aceitar a explicação, depois que Thorm confirmou a veracidade da carteira de Lyara. É meio complicado de acreditar em tudo, já que o próprio Thorm também é muito bom com mentiras, mas tentei afastar o sentimento de paranóia.

“Como anda a situação da operação? Estamos trinta horas atrasados com as atualizações” Perguntei sério. Muita coisa poderia ter mudado (pra pior) nesse meio tempo.

“Bem, o cenário está bem complicado, serei sincera. De alguma maneira a Capital conseguiu a informação de que vocês seriam movidos para esse distrito hoje, e segundo o que me foi passado já estavam no túnel pouco tempo antes de vocês chegarem, e não conseguimos entrar em contato com Thorment. Aliás, foi por conta desta informação que recebi vocês daquela maneira, e peço desculpas pela hostilidade. A presidente do Distrito 13, Coin, deu ordens explícitas para atacar o primeiro que saísse do túnel, julgando que eles já estariam na frente de vocês. Mas enfim, voltando ao boletim de notícias: muitos dos antigos vencedores dos jogos vorazes aderiram à revolução e foram levados para o D.13, onde estão sendo projetadas novas armas e é feito um treinamento para o exército. Um amigo de katniss do distrito 12, Gale, é quem tem coordenado os revoltosos e as confecções de armamento e estratégias, e ambos foram trazidos para cá a fim de ajudar nessa parte da operação. Peeta continua mantido preso por Snow, e até agora não recebemos notícias concretas, embora eu tenha conseguido descobrir onde é seu cativeiro.”

“Quando encontraremos com o resto da equipe?” Questionou Thorm. Eu também estava curioso para ver quais eram os outros vencedores dos jogos que estavam do nosso lado. Será que eles tinham conseguido convencer mais alguém do Dois? Enobaria é tão fechada que é quase impossível dizer, por sua personalidade, de qual lado ficaria numa hora dessas.

“Ainda hoje. Tenho que passar algumas orientações para a formação do plano de atuação no distrito, e Cato e Clove serão úteis por possuírem informações mais aprofundadas do território e da organização social daqui. Vocês terão um breve descanso antes de convocarmos a assembléia com o resto dos cérebros.”

“Bom, se é assim, acho que já podemos ir” Clove disse, se levantando. Thorm e eu não fizemos nenhuma objeção, não tínhamos mais questões a serem levantadas no momento.

Rumamos em direção à porta, e Lyara manteve-se na sala sozinha, sentada. Depois de sair, dei uma espiada pela pequena janela de vidro da porta e a vi ligando um projetor no centro da mesa, que traçou a imagem na parede, transformando-a em uma imensa tela repleta de dados ilegíveis à distância. Virei-me e segui um soldado junto com Thorm e Clove até outro cômodo apertado, similar a uma sala de jantar, com comida servida na mesa.

“Os outros que vieram com vocês estão na cozinha, no fim do corredor”, ele esclareceu, mas nenhum de nós tinha interesse em ir vê-los. Só quando olhei a refeição que pude perceber o quão faminto estava, e por algum tempo ficamos todos em silêncio, mastigando. Depois Thorment foi procurar outros agentes, deixando eu e Clove sozinhos.

Tive vontade de começar a conversa, mas me lembrei de toda a atuação que fiz no túnel, e do quanto a havia irritado. Foi muito difícil segurar a barra e dizer todas aquelas coisas como se eu não me importasse. Para facilitar, fiquei me lembrando do quanto ela e Thorment andam “amiguinhos”, o que conseguiu me deixar com raiva o suficiente. Ainda assim, o modo como ela respondeu às minhas provocações foi cortante, e me deixou com a dúvida sincera sobre seus sentimentos. Desde a saída do distrito 1, ela tem agido de forma bem similar ao comportamento antigo, cruel e distante.

De qualquer jeito, ela não vai dizer nada enquanto eu não falar alguma coisa, eu sei disso. Não importa o quão cheia de assuntos ela esteja, ela não vai dar o braço a torcer. Eu, na situação dela, também não daria. Dou um suspiro profundo e tento olhar Clove nos olhos, mas ela desvia o rosto, analisando a sala. Por fim, crio coragem para arriscar uma conversa


“Muita coisa pra absorver, não?”

“Coisa até demais.” Ela diz, ainda olhando em volta. “Parece que daqui pra frente seremos nós contra nosso próprio distrito. Talvez tenhamos que matar alguém conhecido”

Nossa. Talvez ela não tenha voltado totalmente a ser aquele ser desumano de antes que ela tanto busca de volta. Eu mesmo, por mais que tente, não sei se serei um dia capaz de voltar a não me importar, a matar por diversão sem fazer um debate interno com minha recém construída consciência.

“Não acho que ninguém que nos importa estará no meio do fogo cruzado” Tentei confortá-la. Ela se virou para mim.

“Não me importo se estiverem. Só comentei a possibilidade.” Ela disse, se levantando. Arregalei os olhos, atônito.

“Você não pode estar falando sério. Você jura que não sentiria nada, nada mesmo, se matassem um dos nossos treinadores bem do nosso lado, se tivesse que atirar uma faca na testa de algum ex colega de classe, alguém que conversava com você?”

“Foi pra isso que fomos treinados a vida inteira, se lembra? Matar sem discernimento. Na arena a regra era simples: todos são inimigos, é entre você e a outra pessoa. Aqui fora, nesses tempos, não tem sido muito diferente. E não, eu não sentiria nada se eles estivessem no nosso caminho. Não há luta sem baixas.”

“Então você me mataria se isso fizesse o plano funcionar melhor?” Disparei sem pensar

“No presente momento não precisaria nem de muito esforço para que eu fizesse isso.“ Clove retrucou. Tentei controlar a súbita onda de tristeza, mas não pude evitar a expressão de surpresa que subiu até minha face. Ela percebeu, então continuou falando

“Não se trata mais de nós, Cato. Estamos no meio de uma guerra de verdade, possivelmente ainda pior do que a dos Dias Escuros, e se ficarmos presos a essas particularidades vamos acabar todos nós mortos e a revolta será em vão. E se você ainda não entendeu que isso é muito maior do que eu e você, já está na hora de começar a perceber. Eu estava disposta a matar ou morrer pela honra do nosso distrito na arena, porque não estaria disposta ao mesmo por algo muito maior, tão maior quanto toda Panem?”

“Você não pode justificar tal frieza com um simples discurso nacionalista!” Falei já acima do tom natural. Estava realmente furioso com o posicionamento dela. “Isso não faz de você alguém altruísta.”

“E nem é o meu interesse ser. Mas eu já perdi muito tempo nessa merda vivendo pela causa errada, pra não investir todos os esforços agora que acredito estar lutando pela causa certa. E, você vai me desculpar, mas não esperava que eu respondesse que teria dificuldade em te matar, quando eu sei que você não se importaria nem um pouco, não é mesmo?” Clove falou vermelha, já gritando também. Me pus de pé e pensei em ir até ela, apertar seus braços e sacudi-la até que ela fizesse algum sentido, mas Clove foi mais rápida e se afastou ainda mais, por reflexo.

“Não é só porque eu não estou mais com você que seria fácil pra mim. Até Peeta e Katniss seriam no mínimo complicados de matar para mim agora, depois de tudo que já aconteceu.”

“Que bom pra você, Cato. Pode ir cultivando esses afetos inúteis, mas se por acaso a hora de agir chegar, não espere a mesma fraqueza de mim.” Ela disse antes de sair da sala batendo a porta.

Fraqueza? Ela chama todo um processo lógico de significação de fraqueza? Então talvez ela mereça toda a amargura que eu e Loivissa demos a ela. Se Clove pensa que eu sou fraco, vou mostrar que está errada. Ela nem imagina o quão forte eu tenho sido por nós dois, de aturar Loivissa, de agüentar calado os rasgos que suas palavras me proporcionam por dentro, de ter que lidar com toda essa situação sem poder me apoiar em nada nem ninguém, de ter que carregar essas drogas de sentimentos e “humanidades” que me são estranhas e difíceis de ignorar, como fazia antes quando era um ser puramente vazio de raciocínio. Vou mostrar a ela que sou capaz de fazer meu serviço bem feito, sem virar uma máquina outra vez.

Saio do cômodo, ainda nervoso, mas decidido a colocar as mãos à obra. Um dos soldados vai de encontro a mim para anunciar que já estão todos reunidos com Lyara, aguardando pela minha presença, e o sigo até a sala da assembléia.

Ao entrar, percebo a sala quase cheia. Katniss e Haymitch sentam-se ao lado de um cara que acredito ser o tal Gale, na sequência estão sentados Clove, Thorment e Enobária. Finnick Odair e Johanna Mason, antigos vencedores dos Jogos Vorazes também estão presentes. Lyara ocupa uma ponta da mesa, enquanto aquela que penso ser a Presidente Coin se senta do lado oposto. Me sento perto de Katniss sem cumprimentar ninguém, pois vejo que não há tempo para introduções. Assim que me acomodo, é passado no projetor o tour virtual ilustrativo pelo D.2 e uma curta recapitulação das tentativas anteriores (todas fracassadas) de tomá-lo. Em seguida, Coin dá início à conferência

“Estamos todos reunidos aqui para discutir a questão da tomada do Distrito 2, o único que falta a aderir à revolução. Antes de começarmos com as sugestões, peço que os moradores do distrito presentes exponham as informações que julgarem úteis sobre o local.”

Enobaria foi a primeira a se pronunciar, e sua voz parecia muito cansada. “Bom, o D.2 é conhecido como Lar das Pedreiras Nacionais, no entanto, o que mantém a economia girando é a industrialização de armas e o fornecimento de pacificadores, como alguns já sabem. Pessoas que cometeram alguma infração têm suas dívidas perdoadas ao servirem vinte anos, e é proibido aos pacificadores ter filhos ou se casar. Em relação à área, posso dizer que é extensa e possui muitas montanhas, e a central – Apelidada por Katniss de Noz – é virtualmente impenetrável, onde se encontra o centro do exército da Capital.”

“E dentro, ela é interligada pelo sistema ferroviário herdado do antigo transporte de minérios, que vai até a Praça do Edifício da Justiça, no centro da cidade principal” Completou Clove. Lembro que ela comentou que o pai dela trabalhava no Edifício, e usava a linha de trem para chegar em casa.

“Deve ser uma estrutura bem precária, no subsolo” Comentou Katniss

“Não se deixe enganar, as minas aqui não são como as do distrito 12. Conforme aumenta-se a profundidade, enormes pilares e paredões de pedra vão sustentando a estrutura. Visitei uma vez os últimos saguões, e é realmente a base militar da Capital” Esclareci “ Possui computadores e salas de reuniões, acampamentos de tropas e um arsenal assustador”

“Mas não é só de soldados que é feito o distrito. Muitos habitantes são mais simples e cortadores de pedra, e estes poderão ser convencidos com mais facilidade.”

“Bem, tendo em vista tudo que já foi dito, abro espaço para o grupo apresentar estratégias” Coin anunciou sem nenhum sentimento. Por sua expressão, posso dizer que só o que ela quer é acabar logo com isso.

“Poderíamos invadir os sistemas de computação internos.” Sugeriu Finnick “Já fizemos algo similar com os pontoprops de Peeta e Katniss, e mesmo estando ausente, creio que i não serão Beete seja capaz de nos ajudar nessa parte.”

“Seria inútil.” Contrastou Johanna “Essas pessoas daqui não serão convencidas com propagandas. O que temos que fazer é atacar as entradas.”

Um burburinho tomou conta da sala. Cada um resolveu expor sua opinião ao mesmo tempo, a favor ou contra a colocação de Johanna. Particularmente acho a idéia de chegar atacando diretamente as entradas puro suicídio, mas mesmo assim ainda ficamos um bom tempo discutindo o assunto, até que Haymitch perdeu a paciência e disse que quem aqueles a favor de atacar as entradas só deveriam se pronunciar se tivessem uma maneira realmente brilhante de fazê-lo.

Ficamos um tempo em silêncio até alguém sugerir que, ao invés de tomar a Noz, poderíamos apenas incapacitá-la. Isso poderia ser feito de duas maneiras: obrigar todos a sair de lá de dentro ou encurralá-los lá dentro.

“Poderíamos usar a montanha, ao longo das encostas, e provocar uma avalanche” Diz Gale, observando a planta do Distrito

“Seria muito complicado de controlar, e teríamos de ter extrema precisão quanto à sequência de detonação” Lembrou Enobária.

“Não vamos precisar controlar nada se abandonarmos a idéia de tomar posse da Noz, só vamos precisar fechar o local. Prendemos o inimigo lá dentro e impedimos a entrada de qualquer suprimento, além de impossibilitar a decolagem dos aerodeslizadores.” Gale respondeu, calmo. Ficamos todos digerindo a proposta por um tempo, até que Lyara, depois de avaliar os mapas, falou

“Embora a Noz seja uma construção consistente, seu sistema de ventilação é rudimentar, depende exclusivamente do bombeamento de ar das encostas das montanhas. Se bloquearmos esses dutos vai matar asfixiados todos que estiverem lá dentro.”

“Eles poderiam escapar através do túnel do trem até a praça” Sugeri

“Não se a gente explodir o túnel” Gale respondeu rápido. Eu tinha entendido direito? A intenção dele é mesmo criar uma armadilha mortal para quem estiver lá dentro?

Todos os cérebros ficaram hesitantes após a fala de Gale. Ninguém queria que a situação fosse levada dessa maneira, embora seja possível ler nos rostos de alguns que estão considerando a hipótese. Mas, quem tem costume de matar de maneira desenfreada é a Capital, e não os revoltosos.

“Gale, a maioria das pessoas lá dentro são cidadãos trabalhadores do 2” Alertou Katniss.

“E daí?” Ele respondeu “ Não é como se fôssemos voltar a confiar neles algum dia mesmo.”

Clove, eu e Enobária estávamos visivelmente muito ofendidos. Clove falou por todos nós

“E nós aqui, do Distrito 2, presentes nessa reunião, somos indignos de confiança também?” Ela perguntou, claramente brava

“Vocês mudaram de lado a tempo por conta própria.”

“É fácil julgar todos sem ao menos dar uma chance de rendição!” Enobária exclamou.

“Ah, claro. Como se esse direito tivesse sido dado ao meu distrito, antes dele ser bombardeado!” Gale também explodiu. Sua reação parece tocar Katniss, que fecha os olhos por um tempo, provavelmente relembrando as cenas da destruição do D.12. Ainda assim, ela toma uma posição contrária ao amigo

“Não sabemos como essas pessoas pararam lá dentro. Não poderemos separar os culpados de algo dos inocentes, daqueles como a gente.”

“Não há lutas sem baixas” Ele diz, e eu olho para Clove. Será que ela se lembrava de ter dito a mesma frase poucas horas atrás? Talvez seja mais fácil dizê-las do que realmente acreditar no que elas significam. Ela olha para mim de volta, e posso ver que ela sabe porquê estou olhando para ela.

“Ele está certo.” Clove diz, deixando todos da sala meio perplexos. Era de se esperar que ao menos os moradores do distrito o defendessem. Coin esboça um meio sorriso realmente cruel, que me faz antipatizar ainda mais com essa mulher. Finnick levanta uma sobrancelha, admirado com a coragem de Clove de ‘abraçar a causa’ e Johanna se diverte. Lyara deixa cair o queixo um pouco, mas fecha rápido a boca e reconstrói a expressão neutra de antes. Haymitch segura o riso.

“Essa aí foi bem treinada” Ele comenta, sarcástico. Clove lhe lança um olhar que, pela reação de Haymitch, soou como uma de suas adagas.

“Um minuto” eu digo. “Pensei que eu e Clove tínhamos sido chamados aqui para tentar convencer nosso distrito, e não para ajudar a encurralar e matar todo mundo nele!”

Coin me fita estreitando os olhos, que é como se me dissesse subliminarmente que eu sou uma pedra no seu sapato. Lyara percebe a tensão e tenta controlar o momento.

“Essa era, de fato, a nossa posição inicial. No entanto, Cato, após analisarmos com cuidado a situação, percebemos que não será possível levar uma intervenção pacífica como a que fizemos no 1 adiante aqui. Essas pessoas foram muito condicionadas, talvez as mais condicionadas depois daquelas que vivem na Capital. Um discurso de vinte minutos não será o suficiente para acionar um levante. Não acho que seja necessário criar uma emboscada, mas estaria mentindo se dissesse que há outra maneira que não a de tomar o distrito ao invés de convencê-lo a se juntar a nossa causa.”

“Poderíamos então fazer a avalanche sem destruir o túnel do trem, e encurralar todos na praça” Sugeriu Katniss. Coin torce o nariz, mas parece acatar a proposta. Johanna dá um soco de leve na mesa e sussurra para Finnick “é assim que ela quer que vençamos a guerra. Quando for a vez da Capital, será sugerido que a gente peça ‘com licença’ antes de atirar.” Mas tento ignorar minha vontade de torcer-lhe o pescoço.

A sugestão de Katniss é boa, mas Gale lembra que devemos estar bem armados, se vamos esperá-los do lado de fora, e todos entramos em acordo quanto a isso. Depois de combinarmos os detalhes da operação, todos se dispersaram e fui até a outra sala, onde a comida estava novamente servida e uma televisão exibia a antiga propaganda dos jogos vorazes, que já estava quase na metade.

“... Mas a liberdade tem um preço. Quando os traidores foram derrotados, juramos como uma nação que jamais permitiríamos tal traição novamente. Dessa forma, surgiu o Tratado de Traição, que foi escrito e assinado, provendo-nos novas leis que deveríamos seguir - leis que garantiriam a paz. Como um lembrete anual que os Dias Escuros jamais poderiam se repetirem ficou decretado que, no mesmo dia, a cada ano, os vários distritos ofereceriam, como tributo, um casal de jovens corajosos pra lutar numa cerimônia de honra e sacrifício - Os Jogos Vorazes. Os vinte e quatro tributos são conduzidos a uma arena externa, onde lutam para superar tanto o homem, quanto a natureza, e triunfar sobre as probabilidades. A cada ano, o Vencedor solitário serve de lembrete da generosidade e clemência da nação.
Essa é a honra de arrependimento e gratidão.
É assim que nos lembramos no nosso passado. Assim que protegemos o nosso futuro.”


Após o jantar fomos todos dormir, certos de que no dia seguinte teríamos que dar o passo para alcançar o penúltimo degrau até a vitória. Se tudo der certo, talvez só alguns saiam feridos, se der tudo errado, bem, dessa forma teremos muito provavelmente umas três edições anuais dos Jogos daqui em diante. Mas, como disse a própria Capital, a liberdade tem um preço. Só espero que não seja alto demais a se pagar.


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Notas finais do capítulo

E aí, perdi a mão na escrita? Estou enferrujada ou dá pra continuar lendo? Tentei manter uma certa lealdade ao A Esperança nesse capítulo, na questão das falas na reunião, mas a história já virou outra, então não tem como o rumo ser exatamente o mesmo. Espero não ter decepcionado ninguém (eu sei que o capítulo tá bem água pura -nem o açúcar não tem- mas ele é necessário pra fazer a linkagem entre o anterior e o próximo). Emfim, deem opiniões.
Até mais :)



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