Segredos Em Família escrita por Carol Bandeira


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde!

Como sempre esse capítulo acabou sendo cortado em dois, por 2 motivos: primeiro, eu tenho muita coisa para contar do encontro entre Gil-Sara-Angie, tanto que ia ficar muiito pesado sem parar onde parei. O que me leva ao segundo motivo. Eu tenho a proxima parte toda planejada, mas como são muitas ideias nao sei se teria tempo para postar o capitulo ainda essa semana. Então para vcs nao acharem que eu me esqueci, aqui está a primeira parte.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/231088/chapter/8

CAPITULO VIII

Colocando os planos em pratica

Gilbert pouco dormiu aquela noite. Em sua cabeça rondava vários pensamentos, nenhum deles agradável. Ingenuamente, ele havia acreditado que ao contar tudo para sua mulher e resolver qual a resposta daria a Ângela o nervosismo que sentia na boca do estomago passaria. Doce sonho. Outras dúvidas o afligiam com muito mais força: o que essa mudança traria para sua família?; como contar a sua mãe, uma católica fervorosa, que tivera um filho fora do sagrado laço do casamento?; O que seu suposto filho acharia dele? Noah tivera 15 anos para idealizar o pai perfeito. Qual não seria sua decepção ao ver que seu pai era um homem de quase meia idade que ainda gostava de brincar com insetos?

Como não conseguia dormir se levantou cedo e se pôs a preparar um café para suas meninas, que logo levantariam para começar o dia. Sabia que Sara não iria trabalhar, sabendo que o marido precisaria de todo apoio para lidar com os eventos que o dia traria.

O casal deixou a filha na escola e quando voltaram para casa se dividiram seus afazeres. Sara foi arrumar a casa enquanto Gil convidava Ângela para sua casa. A mulher falou que passaria por lá umas 10 hs. Enquanto esperava, resolveu procurar sua mulher e ver se poderia ajudar.

Sara estava correndo de um lado para o outro da casa, arrumando um lugar que já estava impecável. Seria engraçado caso Gil não soubesse que a razão para esse comportamento da mulher era nervosismo puro.

-Sara- como ela não respondeu, ele continuou- Querida!... SARA!

-Ai, Gil- o susto foi tal que Sara acabou derrubando os objetos da mesa a qual estava passando um pano.

-Querida- ele se aproximou e pegou as mãos dela- Chega disso. A casa está um brilho. Não há nada fora do lugar, e mesmo que estivesse tenho certeza de que Angie não ligaria.

Sara olhou para seu marido e respirou fundo.

-Você tem razão...- com a  ajuda do marido eles arrumaram a mesinha novamente e, dando mais uma olhada ao redor concluiu- e agora, o que fazemos?

-Amor, eu quem deveria estar nervoso por aqui. Voce deveria me ajudar, não é?-  Gil brincou um pouquinho enquanto puxava Sara pelas mãos na direção do sofá.

Gil puxou Sara para um abraço apertado e a morena se encaixou nos braços do marido. Gil suspirou e disse.

-Agora sim, é disso que eu preciso.

-Gil...

-Humm

-Como ela é?

-A Ângela? Ah, eu não sei como descreve-la... Ela é muito parecida com a Catherine, em temperamento.... ela é ruiva, por outro lado...

-E você confia nela?

-Confiava... ,mas isso a muito tempo atrás. Éramos bons amigos, por isso eu não acho que ela daria um golpe desses...

-Mas temos que admitir que essa história está muito estranha. Você deveria pedir no mínimo um teste de paternidade.

-Sara... eu não sei como...pedir isso a ela sem insultá-la.

-Não é um insulto Gil. Ela é uma cientista, não? Assim como nós? Então ela vai entender isso como o que realmente é...uma evidencia para corroborar uma teoria dela... afinal ela poderia simplesmente ter ido para cama com qualquer um depois de vocês terem...se relacionado.

Conforme ela falava sentia o coração do marido acelerar, não muito diferente do dela. Tanto que ela começou a fala encostada no peito dele e terminou sentada, olhando para ele com fogo nos olhos.

-Pensei que já havíamos discutido isso... que você aceitou que eu me aproximasse do menino.

-Não, nós não discutimos a possibilidade de ele ser seu filho...Gil, eu não tenho nada contra você conhecer seu filho...mas e se ele não for? Então, como fica?

Gil, muito nervoso passou as mãos no rosto e depois as fechou em concha em frente a seu rosto.

-Ok, ok... eu vou falar com ela sobre isso. Você tem razão.

O casal ficou em silêncio, não sabendo o que falar depois de uma discussão como esta. Sara já estava arrependida de ter tocado no assunto, vendo que deixara o marido muito desconfortável. Não era essa a sua intenção, ela só queria garantir que aquela mulher não o fizesse de trouxa. E só de pensar nela , a ruiva gostosa a qual saiu abraçando Grissom no laboratório... e o pior, o marido deixara. A mesma mulher a quem Gil chamara carinhosamente de Angie, quem ele se deixara entregar uma noite há uns anos atrás... a mulher de seu melhor amigo. Para um homem de moral tão rígida quanto Gil, dormir com a mulher de seu melhor amigo deveria ser tão ruim quanto levar uma subordinada para a cama. E Ângela conseguira isso só dando umas doses a mais de Uísque para Gil, enquanto nem o embebedando fizera Gil cair aos encantos dela enquanto ele não estivesse pronto.

Sara sabia que não era uma mulher bela no senso tradicional da palavra, o qual Grissom parecia se atrair. Sabia também que não dispunha daquele arsenal de sedução ou mesmo de feminilidade que muitas mulheres- provavelmente Ângela- portavam com tanta naturalidade. Provavelmente era isso que fizera Gil ir para cama facilmente com essa mulher e ter demorado uma eternidade somente para sair num encontro com ela. E logo agora que Sara estava finalmente apreciando os carinhos do homem, os prazeres de ter uma família, essa mulher aparece e se infiltra em seu território, somente com umas palavras bem escolhidas.

-Eu vou tomar um banho- ela precisava se recompor e mostrar para  a mulher que iria chegar quem era a dona do pedaço.

Gil, que havia se assustado com a mudança abrupta de Sara, ficou parado no sofá vendo a mulher subir como um foguete em direção ao quarto. Sacudindo a cabeça com a intenção de ficar mais atento, Gil se levantou e resolveu seguir os caminhos de sua mulher. Afinal, estava com roupas relaxadas demais, as quais ele só usava para os olhos de sua esposa e filha querida. Também porque não ficava bem receber visitas muito desleixado- a imagem de sua mãe ralhando com ele sobre sua escolha de vestimenta quando era pequeno veio a sua cabeça.  

Chegando no quarto viu a porta do banheiro aberta, e só de imaginar Sara lá dentro, toda molhada, o fez ter vontade de tirar toda a roupa e apreciar um banho em dupla. O problema do constrangimento do horário o fez, entretanto, só mudar de sua calça de moletom por um jeans claro e uma camisa polo cinza. Nos pés simples chinelos- quem usava tênis dentro de casa, afinal. Ainda cansado, resolveu deitar um pouco na cama e esperar sua mulher terminar o banho.

Quando Sara saiu trajando apenas uma toalha Gil não pode deixar de se levantar para aproveitar a vista. A seus olhos, Sara era um exemplar de beleza exótica, rara no mundo. Ele não sabia se parte dessa beleza vinha de seu amor por ela, ou se era algo intrínseco. Gil só sabia de uma coisa: não se cansava de admirar aquela formosura, ainda mais depois que a gravidez deu mais forma a um corpo esbelto.

- Para com isso, Gilbert. Diga-me, o que devo usar?

- Não sei... o que você quiser...não vamos receber a rainha da Inglaterra, Sara. É a nossa casa,querida, um jeans e camiseta está bom demais.

Sara ignorou o marido e foi ao armário em busca de algo que a deixasse mais feminina, mas sem deixar parecer que ela estava se esforçando demais. Gil viu a esposa nervosa olhando o guarda-roupa e então entendeu. Era a cara de sua esposa se diminuir quando se comparava a beleza de outras mulheres. Sara nunca se considerou bela mas isso nunca importou para ela, a não ser quando apareciam outras mulheres na vida dele. Gil nunca conseguiu diminuir aquela insegurança. Não importava quantas vezes ele falava que ela era linda.

-Sara...vem aqui- ele disse, chamando a esposa para junto dele.

Sara foi, embora relutante, e Gil a puxou para seu colo e a abraçou.

-Eu sei o que está acontecendo aqui- apontou para a cabeça de Sara- e aqui- encostando o dedo no lado esquerdo do peito dela- Você deve saber que não há nada com que se preocupar. Ângela, nem mulher nenhuma, me atraíram tanto quanto você.

Sara deu um beijo na testa do marido e o abraçou.

-Eu tenho tanto medo de te perder, Gil. Tanto...

-Nada vai me tirar de você, querida. Nada. És a única mulher que eu mais amei.

-Eu sei, mas meu coração...

-Fique tranquilo, coração- ele deu um beijo abaixo do seio esquerdo e depois subiu para a boca de Sara. Pensou que demonstraria todo o amor que sentia por ela em um beijo, a fim de acalma-la. Um beijo que começou sereno e logo evoluiu, fazendo com que Gil deitasse na cama, Sara por cima, as mãos começando a explorar, debaixo da camisa, retirando a toalha do caminho.

-Gil, Gil!- Sara se separou do marido com dificuldade- Não podemos!

Gil, com a respiração acelerada, descansou a cabeça no colchão.

-E é isso o que você faz comigo. Eu me esqueço do mundo, Sara- aquelas palavras levaram lágrimas aos olhos de Sara. Ela levou uma mão ao rosto do amado e acariciou sua bochecha peluda- Não deve se preocupar com outra mulher na minha vida.

-Gil, você é um anjo... acredito que os papeis estão inversos hoje...era eu quem devia estar te ajudando, não o contrário.

-Ah, meu amor. É aí que você se engana. Você me ajudou a tirar meus problemas da cabeça.

-Com outros problemas...

-Mais fáceis e gostosos de resolver.

Os dois se encararam e riram. Pela primeira vez no dia o clima estava calmo na casa. Sara tinha a certeza do amor de seu marido e assim poderia estar livre para ajuda-lo com seus próprios problemas. Até que a campainha soou lá em baixo.

-É hora do show. Vá atender a porta, eu preciso trocar de roupa- ao sorriso nervoso do marido ela disse- Eu não demoro Gil.

-Ok- Sara se levantou do colo do marido e foi trocar de roupa enquanto Gil suspirou e foi em direção à porta. 

   ~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Hank estava latindo incansavelmente para a porta. Gil chegou perto dele e, mandando-o se calar, o puxou pela coleira para longe da porta.

-Hank, senta!- o cão obedeceu e Gil finalmente pode abrir a porta.

Do lado de fora, sua amiga ruiva sorria para ele. Ela estava vestida elegantemente em um terno de cor coral.Gil imaginou que ela veio direto de um evento relacionado a convenção que participara.

-Gil, você não sabe como fiquei feliz de receber sua ligação. Sinceramente, pensei que não o faria.

-Eu por um momento pensei nisso. Vamos, entre- Gil ficou de lado e com o braço apontou para dentro da casa.

-Com licença. Ah, então esse é o motivo de tanto barulho quando toquei a campainha! Espero que não tenha acordado ninguém- ela disse assim que viu Hank, que embora sentado se mostrava inquieto e rosnando para a mulher.

-Este é o Hank- Gil disse, abaixando para fazer um cafuné no cachorro- E não. Sara já vai descer.

-Como ele é obediente, Gil. Que gracinha! Será que posso?- ela fez menção de se aproximar do boxer e ,ao aceno positivo de cabeça do dono, assim o fez. Ela permitiu que o cão cheirasse a sua mão e depois de um minuto, Hank lambeu Angie e se permitiu ganhar um carinho.

-Grande cão de guarda que eu tenho...- Gil reclamou baixinho, um sorriso no rosto

Quando Angie se levantou e olhou para Grissom, o homem ofereceu alguma coisa para ela beber.

-Estava mesmo indo passar um café para a gente, não vai ser um incomodo.

-Ah, o que me lembra!- Angie exclamou e abriu sua bolsa,tirando uma garrafa de vinho- Não poderia aparecer de mãos abanando em sua casa, não é mesmo?

Gil agradeceu e pegou o vinho, mas foi só quando viu o rótulo da embalagem que sentiu o valor do presente. Era da vinicultura dos pais de seu melhor amigo.

                -Eles me mandam todo ano umas garrafas... mas eu nunca desenvolvi um gosto para a coisa, não como vocês dois... então, como eu sabia que iria encontra-lo trouxe uma comigo.

                Os olhos de Gil encheram de lágrimas. Ele tinha ótimas lembranças de seu grande amigo compartilhado nessas garrafas de vinho. Ângela fazia parte de alguma dessas e quando os olhos dele encontraram os dela e viu as lágrimas umedecerem, foi inevitável o abraço que se seguiu, um abraço de luto compartilhado. E foi nessa hora que Sara desceu. 

                A perita desceu as escadas tentando manter um sorriso no rosto, embora não considerasse Ângela como alguém que merecesse seu sorriso. Ao ver seu marido nos braços dela seu sorriso murchou e o nervosismo que sentia fez embrulhar seu estomago. Controlando-se para não voar em cima dela, abriu de novo um sorriso e falou, esperando dispersar aquela cena nauseante.

                -Vejo que Gilbert está sendo um grande anfitrião em minha ausência!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Segredos Em Família" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.