Além do Crepúsculo - VERSÃO ANTIGA escrita por Maiah Oliveira


Capítulo 5
Capitulo 4 - Despedidas Parte II




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 POV Edward

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Apesar de ter sido Alice a nos meter nessa história e nessa cidadezinha irritantemente chuvosa, eu tinha que dar um crédito a ela e agradecê-la por ter tido uma visão sobre um assassino em série que estava atacando em Seattle. Pelo menos isso nos manteria afastados de Forks ao menos esse fim de semana. O que apesar de ser menos tempo do que eu gostaria era melhor do que nada. 

Jasper e eu estávamos de campana perto da casa de Jordan Simpson, o nosso serial killer, só esperando ele sair da toca e agir novamente para pegarmos. Simpson era um homem muito rico e respeitado na comunidade e apenas a palavra de um detetive e seu assistente que lia mentes não seria o suficiente para prendê-lo, por isso resolvemos esperar até que ele desse o primeiro passo.

— Você devia ir caçar, Simpson não vai sair de casa tão cedo. E você está há muito tempo sem se alimentar, pode ser perigoso – disse a Jasper.

— Mas se ele sair...

— Eu te ligo – encerrei o assunto, ele estava há muito tempo sem se alimentar e isso já estava me deixando inquieto. Lhe dei um olhar significativo e Jasper logo saiu do carro com um assentimento de cabeça.

Não que Jasper, não fosse capaz de controlar a própria sede, mas era bom não arriscar. Pelo menos não tendo que lidar com um homem asqueroso como Simpson, esse tipo de gente sempre despertava os piores instintos tanto de mim, quanto em Jasper, mas eu já estava mais do que alimentado. Ler os pensamentos sujos de um tipo como Simpson da forma que eu podia fazer ou sentir a indiferença com a qual ele matava suas vitimas como Jasper fazia, era sempre algo que nos colocava muito a beira, muito no limite de nossa própria natureza predadora.

Afinal que mal faria tirar alguém como ele do mundo?

E era aí que estava o perigo, era assim que vampiros descontrolados começavam. Primeiro tratando um humano com displicência, para depois começar a tratar todos da mesma forma e logo não seria muito melhor do que o primeiro que tinha matado.

Tirar a vida de um humano enquanto se alimentava era o ultimo passo de um vampiro, para abrir as portas da escuridão que habitava a essência de todo vampiro. Eu tinha dado esse passo e nunca me perdoei por isso, tinha aberto as portas para o meu monstro interno, quando ainda era muito jovem pra entender e respeitar as regras do jogo, agora nunca mais poderia confiar totalmente em mim mesmo quando se tratava de um humano. Foi por isso que nunca mais ousei morder outro humano e passei a me alimentar apenas de bancos de sangue. É claro que nem de longe era tão bom quanto me alimentar de sangue fresco, mas era definitivamente mais seguro.

Vampiros podiam se alimentar de humanos, sem grandes consequências, podíamos manipular a mente humana com certa facilidade e embotar qualquer memória de um interlúdio conosco. Era muito difícil para os humanos resistirem a beleza perfeita, ao som puro das nossas vozes, a tudo o que fazia um vampiro ser o que é, afinal tudo em nós era com o único intuito de atrair nossa presa e depois que ficávamos perto o suficiente era fácil demais atraí-los a nós com a mente. Alguns de nós tinham mais habilidade que outros em ludibriar a mente humana, contudo todo vampiro era capaz disso, era um dos nossos mecanismos de defesa e preservação natural, para manter nosso segredo seguro.

Os poucos humanos que conseguiam se lembrar de qualquer coisa, preferiam simplesmente ignorar, racionalizar algo que simplesmente não tinha explicação, esse era o mecanismo de defesa deles. Principalmente quando não havia marcas que provassem qualquer coisa que suas mentes tenham conseguido captar, porque diferente do que aparece nos filmes de Hollywood, vampiros não deixam marcas, nossas presas liberam uma substância que cicatrizava instantaneamente qualquer marca de perfuração, a única coisa que sobra é um leve hematoma, muito parecido com uma “mordida de amor”, para eles realmente se incomodarem.

Apesar disso nunca deixei de me assombrar com a capacidade que os humanos tinham de proteger suas mentes de tudo que não fosse estritamente normal e que pudesse alterar de algum modo seu perfeito mundo ordenado. Parecia quase um pacto entre nós e os humanos, nós fazíamos de tudo para enganar suas mentes e eles faziam de tudo para se deixarem enganar e se tornarem ignorantes ao nosso mundo. Graças as minhas habilidades como um leitor de mentes eu tinha muito mais habilidade de manipular a mente humana e iludi-la do que a maioria dos vampiros, não que eu usasse essa habilidade de qualquer forma.

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Já estava quase amanhecendo quando Jasper voltou, não foi preciso ler sua mente para saber porque ele demorou tanto, ele tinha ido visitar Alice em Forks. Apesar de não serem tão explícitos em relação aos seus sentimentos, quanto Rosalie e Emmet, os dois não podiam ficar muito tempo longe um do outro... e como poderiam eles eram os companheiros ideais um do outro, o escolhido, predestinado um do outro. Aliás, todos os membros da minha família tinham encontrado seu predestinado e eu os invejava por isso.

Os humanos chamam de alma gêmea, os vampiros de escolhido, predestinado. Todo vampiro está em busca do seu predestinado, seu escolhido, seu companheiro eterno, seu companheiro de sangue, aquele ou aquela que é a única pessoa no mundo capaz de iluminar a escuridão que permeia a existência de todo vampiro, o único com a capacidade de aplacar a solidão que espera todo imortal.

Solidão era algo muito perigoso. Muito mais perigoso do que um mortal poderia supor.

Havia duas maneiras de um vampiro perder o controle. A primeira era matando um humano ao se alimentar, liberando o monstro dentro de nós. Essa era a forma rápida, contudo ainda assim a mais fácil de se controlar. A outra era permanecer só por muito tempo. Era muito mais lenta, mas indiscutivelmente mais perigosa e praticamente impossível de se impedir ou controlar.

A solidão trazia, a loucura imortal, era como todos chamavam, podíamos dizer que essa era uma das únicas doenças que podia destruir um imortal de um jeito ou de outro. Nenhum humano conseguiria compreender em sua totalidade o que era viver dia após dia, ano após ano, década após década em completa solidão, vendo humanos morrerem e nascerem, vendo o mundo mudar e continuar intacto, imutável. Até que chegava o momento em que nada, absolutamente nada tinha qualquer importância ou valor tudo e todos se tornavam indiferentes e monótonos. E por fim o vampiro se tornava incapaz de sentir e é nesse momento que qualquer sentido de honra ou respeito pela vida humana se volatilizava como éter. E tudo o que importava era a breve emoção de matar, de sentir o poder de ser um vampiro.

Era isso o que me esperava, era isso que esperava todo vampiro sem um predestinado. Eu estava muito perto de perder o controle, apesar de ainda ser considerado um vampiro jovem, ter matado um humano há décadas atrás me empurrou muito a frente, me deixou muito mais suscetível à loucura imortal. Carlisle sempre achou que a minha rígida disciplina em relação a mim mesmo tinha conseguido me garantir muito mais tempo, do que outro poderia ter conseguido na mesma situação que eu. Isso é claro não diminuía a preocupação de todos em relação a mim, eles tentavam não pensar ou não olhar para mim com pena, algo que me frustrava e irritava profundamente, mas que eles não podiam evitar.

Era muito difícil conviver com três casais de companheiros perfeitos como eles, vendo como eram tão dramaticamente apaixonados um pelo outro, sendo tão felizes por terem encontrado seu companheiro ideal e saber que eu nunca teria a mesma sorte.

Apesar de ser quase torturante conviver com eles, algumas vezes mais do que outras, sabia que se não fosse por eles eu teria sucumbido a loucura há muito tempo. Eles tinham sido a minha pequena e única ancora de lucidez nesses últimos anos. Mas sabia que algum dia nem mesmo a presença deles seria suficiente para me salvar, também sabia, ou melhor, sentia que esse dia estava muito próximo, mais próximo do que eles podiam imaginar. A única que talvez tivesse uma pista dessa verdade fosse Alice, ela sempre enxergou muito mais a frente, mesmo sem seus poderes. E tinha sido por esse motivo que eu os tinha feito prometer que se um dia eu sucumbisse à loucura, seriam eles que dariam fim a minha vida.

Senti uma onda de tranquilidade e alegria me inundar de repente me afastando de meus sombrios pensamentos e olhei para Jasper. Ele sempre fazia isso, sempre me monitorando, nunca me deixando ir muito longe ou navegar muito profundamente no mar sombrio e escuro que existia dentro de mim. Dei um olhar agradecido a ele, mesmo sabendo que essas emoções eram falsas e que não me pertenciam.

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Olhei para a janela vendo que o dia estava amanhecendo e o sol surgia para mais um novo dia. Mais algumas horas e nós teríamos que dormir num hotel. Apesar do que as lendas falavam sobre a alergia letal dos vampiros pelo sol, as coisas não eram exatamente como os humanos imaginavam. O sol não nos matava, pelo menos não do jeito que Hollywood mostrava. Ele nos incomodava levemente de manhã e nos drenava, a tarde quando ele era mais forte, nos deixando fracos e lentos, quase como humanos. Era como acontecia com os humanos quando ficavam expostos a um sol muito forte, por muito tempo, ficavam fracos, desidratados. A única diferença era que ao invés de água precisávamos de sangue para nos restabelecermos. Por isso vampiros que escolhiam viver a luz do dia como humanos, precisavam de mais sangue do que um vampiro noturno.

Esse também tinha sido um dos grandes motivos por termos escolhido Forks como morada em mais de uma ocasião. Lá o sol só aparecia realmente pouquíssimas vezes ao ano e sempre havia espessas nuvens no céu o bloqueando na maior parte do tempo, por isso quase não era incomodo ficar exposto às manhãs de Forks e se não fosse o inevitável sono que sentíamos a tarde, não teríamos tampouco problemas de ficarmos expostos a essas horas.

Outra coisa na qual, os humanos se equivocam totalmente a respeito de nós era sobre o fato de não respirarmos. Vampiros respiravam, menos do que os humanos, mas ainda sim respirávamos, apesar de podermos prender o ar por muito mais tempo que eles.

E muito diferente do que se imagina vampiros tinham coração e eles realmente batiam, não tão forte ou vigoroso como o dos humanos, mas realmente batiam. Vampiros também tinham sangue, eles só não eram capazes de produzir como os humanos, mas quando se feriam era notável o sangue que escoria dos ferimentos. E diferente do que reza a lenda, vampiros não estão mortos.

Na verdade, toda essa história de morte, é a nossa piada pessoal, afinal todo vampiro quando se transformava, morre para a vida mortal para sempre. E a transição de humano para vampiro é tão profunda que é referida como a morte em vida e nossa existência como vampiros, é chamada de renascimento. Mas isso não queria dizer que um vampiro morria no processo da transformação e mesmo aqueles que se convertiam a beira da morte, como tinha sido o meu caso, não morriam realmente, não da forma como os humanos definiam a morte pelo menos. Essa morte ao que nos referíamos era o fim da mortalidade, o fim da humanidade e uma queda livre no profundo e escuro abismo infinito que era a vida imortal, se isso não era morte, então eu não sabia de mais nada...

Um pequeno raio de sol incidiu sobre a janela do carro tentando encontrar lugar entre as pesadas nuvens escuras que já cobriam o céu, enquanto eu observava a pequena nuvem de poeira que dançava no feixe de luz, a lembrança dela surgiu na minha mente tão inevitável como o nascer daquele novo dia. A lembrança da garota misteriosa, como eu a tinha denominado, há um mês invadia minha mente nos momentos mais inesperados do dia e em todas as horas do meu sono como se ela tivesse o direito de fazê-lo. A lembrança vinha de forma lenta e clara, fazendo eu reparar nos menores detalhes, em cada detalhe dela. E de uma forma estranha essa lembrança, fazia com que meu peito se aliviasse um pouco do exaustivo esforço e peso que era manter, a escuridão, o monstro que existia dentro de mim, sob meu rígido controle e que as vezes parecia me sufocar.

E isso me assustava.

Não era apenas o fato de aliviar, mesmo que por um breve momento, o peso que a minha resistência me obrigava a carregar, algo que era incrivelmente reconfortante, como nenhuma emoção que Jasper tinha me incutido fez alguma vez, mas o fato desse alívio vir da simples lembrança de uma humana, uma humana que eu nem ao menos conhecia e que tinha essa capacidade de fazer isso por mim.

Afinal o que eu conhecia dela? Só sabia que ela tinha cabelos castanhos, naquele momento mais escuros pela chuva, que vestia uma roupa que mal cobria seu corpo deixando aqueles longos e delicados braços a mostra e um pescoço sinuoso e definitivamente feminino tão exposto quanto os braços. Parecia pequena, ainda mais encolhida do jeito que estava, também parecia triste, quase desamparada, havia algo de muito frágil na posição e na forma como ela se apertava ao próprio corpo, que eu suspeitava não tivesse muito a ver com o frio e mais com a forma que seu corpo as vezes sacudia tentando conter um soluço. Ela inspirava tanta vulnerabilidade, quer fosse por estar tão encolhida, quer fosse por estar chorando ou simplesmente por ser humana, que tudo o que eu sentia sempre que aquela lembrança inundava minha mente era um poderoso instinto de proteção em relação a ela. Uma vontade tão grande de simplesmente rodeá-la em meus braços e abraçá-la tentando afastar qualquer coisa que pudesse fazer mal a ela, que a fizesse chorar, que as vezes esse sentimento parecia me sufocar.

Não fazia sentido, pensar em uma humana nesses termos, aliás, não fazia sentido eu pensar em qualquer pessoa que não fosse membro da minha família nesse sentido, ainda mais em alguém que eu sequer conhecia. O que a simples lembrança dela estava fazendo comigo era desconcertante e frustrante, porque eu simplesmente não sabia de onde vinham esses sentimentos. Uma parte de mim simplesmente queria que a imagem dela desaparecesse da minha mente de uma vez por todas e acabasse com aquela confusão que se instalava sempre que isso acontecia... Outra parte de mim e eu temia que fosse a maior parte de mim, ansiava a cada dia por essa lembrança, que parecia um pequeno feixe de luz no meio da escuridão que descansava dentro de mim.

Se uma simples lembrança dela era capaz de causar essa reviravolta dentro de mim, eu nem conseguia imaginar o que a presença dessa, garota misteriosa, seria capaz de fazer comigo.

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Notas finais do capítulo

N/A: Oi, girls!!!! Tudo bem com vocês? Eu fiquei realmente feliz pela aceitação da fic por partes de vocês, principalmente porque esse é um projeto diferente do que eu já vi, por isso tinha ficado com um pouco de receio de postá-lo, mas a ideia era e é tão forte que eu não pude fazer outra coisa se não postar. Essa história me veio depois que eu escolhi Crepúsculo como o meu objeto de estudo para a minha monografia, mas acabou se frutificando pelo meu gosto pelo sobrenatural e por vampiros, por isso essa fic vai englobar um variado universo de histórias sobrenaturais e de vampiros. Por isso se você achar nessa fic algo que te lembre outra história, não é mera coincidência eu provavelmente me inspirei nela, mas são tantas as referências que tenho, que fica difícil para mim apontá-las corretamente. Também tenho que dizer que o grande encontro não acontecerá ainda, espero que não se incomodem muito de esperar um pouco... E como ainda estou enrolada com a faculdade não responderei os comentários maravilhosos que vocês me mandaram, mas irei em breve. E continuem me dando a opinião de vocês eu quero saber o que vocês estão achando!!!! Bom, é isso vou terminar essa nota, antes que vire um cap. também, rsrsrsrsrs... Espero que tenham gostado desse cap. também!!!! Beijos a todos e até a próxima att que dependendo de vocês sairá bem rápido!!!!