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Quando Louis chegou a mesa para tomar seu café, sentiu a falta de algumas pessoas.

- Niall, Julie e a princesa já tomaram seu café? – Ele perguntou a uma das empregadas.

- Sim, senhor. Eles acordaram cedo e disseram que tinham algumas coisas para resolver.  – Respondeu a jovem.

Tudo isso só fazia a curiosidade de Louis crescer. Ele terminou o café sem trocar mais de quatro palavras com o Rei e a Rainha. Foi até o quarto de Claire, bateu na porta, mas não foi atendido. Andou por todos os andares do castelo e nada da jovem princesa, do príncipe ou de sua convidada.

Decidiu deixar de procurá-los e esperar até que eles aparecessem.

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O treino da manhã acabara e agora os homens tinham a missão de montar o acampamento. Isso era fácil para Kate. Ela fora obrigada a dormir em barracas até que conseguissem construir as casas no meio da floresta. Terminou de esticar seu pano, abaixo de uma árvore frondosa, e seguiu para a floresta, pra buscar lenha.  A noite seria fria e não queria esperar escurecer para procurar.

Saindo no campo aberto onde era treinada, Kate passou a andar pela floresta densa que circulava o castelo. Sentiu-se em casa, em contato com a terra. Atrás de uma série de arbustos menores encontrou um rio que corria calmo e convidativo. Certificou-se de que não havia ninguém por perto e se deixou lavar o rosto. A água levou a sujeira do rosto e dos dentes, deixando só os traços de uma mulher jovem e bonita.

- Quer dizer que a guarda real está aceitando mulheres...

Com um salto Kate se colocou de pé e ainda mais rápido, encostou a ponto da faca no pescoço de Julie.

- Ei, calma! Não vou contar nada a ninguém! – Julie tratou logo de dizer.

- Quem é você? – Kate disse com os olhos tão afiados quanto à espada.

- Meu nome é Julie. Sou uma convidada do palácio. – Julie mostrava as palmas da mão em sinal de paz.

- Sinto muito, mas vou ter que te matar.

- NÃO! Eu te dou minha palavra de que não contarei a ninguém!

- E do que me adianta a palavra de alguém que não conheço? – Kate apertou os dedos em torno do punho da espada.

- Um segredo por outro. – Julie disse já com os olhos fechados.

- Hã?

- Se souber meu segredo, não poderei jamais contar o seu.  – Julie abriu os olhos.

- Está certo. Conte – me. – Kate não havia baixado a espada.

Então Julie contou a garota toda a sua história.

Julie era de um Reino inimigo, o Reino de Powys. Seu pai sempre fora aliado ao grupo opositor ao Rei atual. Fora capturado pelo Rei e restara a sua família à tarefa de trocar a liberdade de seu pai, pela entrega dos planos de guerra do Rei de Mércia, desta forma, a grande Mércia teria seus segredos de defesa desvendados e ficaria mil vezes mais indefesa.

Mas os leais à família de Julie pouco se importaram com a prisão de seu pai. Desde então, Julie assumiu para si, toda a responsabilidade. Escrevera para o Rei de Powys e o convencera de que, como mulher, seria muito mais fácil entrar no castelo.

- Uau. – Kate abaixou a espada ao mesmo tempo de Julie deixou escapar suas lágrimas – Uma espiã.

- Só faço isso porque tenho que salvar meu pai. – Julie desabafou.

- E vem se delatar a um futuro leal soldado da guarda real? Não é muito esperto da sua parte. – Kate se apoiou sobre a espada no chão.

- Talvez você possa me ajudar... Não quero mais fazer isso. E além do mais, você não é um soldado comum. – Julie sorriu.

- Isso é evidente. – Kate também sorriu – E por que desistiu?

- As pessoas daqui são boas.

- Pelo visto, uma pessoa deve ser ainda melhor... – Kate sugeriu.

- Ah, por favor. Não vamos entrar nestes méritos.

- E como acha que eu posso te ajudar? – Kate disse

- Ainda não sei... Acho que o ideal seria sair daqui.

- Não seja por isso. Tenho o lugar perfeito.

- Só me dê mais esta noite e então, vou para onde me levar, soldado.

- Estamos combinados. – Kate fez a voz de Kaio – Esteja aqui amanhã. Antes mesmo de o sol nascer.

- Vou estar. – Julie sorriu e ofereceu a mão – Amigas?

- Amigas. – Kate apertou a mão de sua nova amiga.

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Lili estava no centro do palco. O sol de meio da tarde invadia o salão e preenchia o espaço com cor. Lili repetia passos, falava sozinha, se corrigia, suava. Estava se dedicando aquela que seria a maior chance de sua vida.

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Harry fora até a sala onde o Rei costumava ficar sozinho.

- Tem um minuto, meu Rei.

O tio olhou seu sobrinho e sorriu por debaixo da barba bem aparada.

- Claro, Harry. Entre.

- Eu vim dizer que consegui fazer com que a dançarina que havia lhe dito aceitasse o convite.  – Harry disse caminhando até a frente da mesa onde o tio estava.

- Ah sim. Isso é ótimo. Precisaremos de muitas delas para a festa de noivado e todas as festividades que serão sediadas em seguida.  Mas sabe que não posso dar nenhum privilégio a ela, não é? Não seria certo com todas as outras.

- Eu sei meu Rei. – Harry sorriu confiante – Quando vir Lili dançando saberá que não há necessidade de privilégios.

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Mas uma tarde chegava ao fim e finalmente Louis ouviu o barulho de uma porta se abrindo. Correu até a porta de seu quarto e por alguns segundos viu Claire entrando em seu próprio quarto.

Estava mais suja que o normal. “Aquilo era calda de bolo?” pensou Louis. Sim. Definitivamente era calda de bolo. Isso porque combinava com a farinha na testa e o lenço de cozinhar no cabelo.

Decidiu esperar até o jantar para rever a moça e então, quem sabe, ter alguma de suas perguntas respondidas.

Quando o tempo de jantar chegou, Louis foi o primeiro a compor a mesa. Logo vieram o Rei e a Rainha, Liam, Harry, Niall, Julie e Claire, nessa ordem. O jantar, seguido por uma conversa descontraída e casual passou rápido.  Harry foi o primeiro a sair da mesa e logo foi a vez de Liam. E então, Louis pode perceber que Niall, Julie e Claire se entreolharam e quase pediram com licença ao mesmo tempo. Tudo com a mesma desculpa de que iriam se recolher mais cedo. O Rei e a Rainha não desconfiaram de nada. Tudo o que o Rei disse foi:

- Nossa juventude já foi mais bem-disposta.

Mas Louis decidiu seguir Claire. Ela voltou até seu quarto, não sem antes sorrir para Niall e Julie, que também foram cada um para seus aposentos. Havia algo de estranho ali.

Já se passava em muito na hora de dormir quando Louis, de guarda atrás da porta de seu quarto, escutou o barulho da porta do quarto ao lado se abrindo. Rapidamente ele se levantou e pulou para o lado de fora.

- Aonde vai? – Perguntou para Claire que saía sozinha no quarto.

- Está me vigiado? – Claire sorriu com a ideia.

- Não, claro que não. – Louis passou a mão pelo cabelo – Só me preocupo que ande sozinha pelo castelo.

- Ah. Claro. Não estava me vigiando. – Claire disse segurando o riso – Então não preciso lhe dizer para onde vou. Boa noite!

- Espere. – Louis colocou as mãos na cintura e encarou o chão por um tempo – Eu estava te vigiando.

Claire cruzou os braços e sorriu.

- Agora, creio que deve querer saber para onde vou...

- Sim. – Louis levou o olhar até ela.

- Por que não vem comigo? – Ela sorriu. Louis fez o mesmo e a seguiu.

 Quando Louis e Claire chegaram a cozinha, uma festinha de criança acontecia ali. Cerca de dez crianças estavam brincando. A grande mesa de madeira havia sido encostada na parede e servia para suportar um grande bolo de chocolate, com doces de todos os tamanhos e cores. No meio da cozinha Niall e Julie estavam conversando alegremente com duas empregadas. O lugar respirava alegria e diversão.

Assim que viu a jovem, Maria veio correndo abraçar Claire.

- Feliz aniversário pequena! – Claire sorriu abraçando a garota, e Louis não evitou o sorriso.

- Eu nunca tive uma festa assim! – Maria dizia entre lágrimas de alegria – Muito obrigada!

- Não há de que... Maria, esse é o Louis.

- Feliz aniversário Maria. – Louis disse a garotinha.

- Ah, o príncipe mais velho! – Maria sorriu – Seja bem-vindo a minha festa!

 Claire riu.

- Vem aqui conversar com a minha mãe... – Maria puxou Claire para dentro da festa.

Niall viu o irmão e foi logo conversar com ele.

- Olha só quem temos aqui!

- Porque não me contaram? – Louis perguntou ainda olhando para a direção que Claire havia seguido.

- As empregadas ainda tem medo que papai ache que estão muito próximas de nós. Decidimos respeitar a escolha delas. – Niall disse e viu para quem o irmão olhava – Ela tem o melhor coração que eu já conheci.

- Quem? – Louis olhou para o irmão.

- Não ignore a minha inteligência irmão! – Niall sorriu.

Maria levou Claire até o banco, onde a moça sentou entre as crianças. Maria então sumiu por um tempo e voltou com um livro. Claire pegou o livro e todas as crianças aplaudiram animadas.

- Você tem que ver isso. – Niall pegou o irmão pela mão e o levou até as crianças. Os dois se sentaram no chão ao lado de Julie.

Louis manteve os olhos em Claire. Ela olhou para ele, sorriu e começou a contar a história. Se anjos contassem histórias, eles fariam exatamente daquele jeito.