Paranoia escrita por Julieta


Capítulo 1
Capítulo único - Paranóia


Notas iniciais do capítulo

Enjoy...



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Paranoia

Passos longos se mexendo freneticamente um a frente do outro, respiração pesadas indo e voltando e o relógio continuava correndo girando e girando com seus ponteiros nunca dando uma pausa. A garota já estava ofegante e cansada, a visão embaçada com as lágrimas que continuava a queimar seus olhos.

– Tic tac, tic tac... Alice o tempo esta correndo.

(Bum bum be-dum bum bum be-dum bum)

O que há de errado comigo?

(Bum bum be-dum bum bum be-dum bum)

Por que me sinto assim?

(Bum bum be-dum bum bum be-dum bum)

Estou enlouquecendo agora

(Bum bum be-dum bum bum be-dum bum)

Seu peito doía, estava confusa e perdida naquela floresta escura. Não importa para onde ia parecia tudo igual, a floresta azul e sombria com as mesmas folhas, mesmas arvores. Tudo era tão similar umas as outras, piscava, girava, não importa. Eram as mesmas coisas e Mary Alice sabia disso. Já tinha vindo para cá quando criança, mas nada mais era como antes.

– O relógio esta correndo, tic tac tic tac, corre,corre, gira,gira...

Não há mais gasolina, no tanque

Não consigo nem dar a partida

Nada ouvido, nada dito.

Não se pode falar sobre isso.

Toda a minha vida está passando na minha cabeça

Não quero pensar sobre isso

Sinto como se estivesse ficando louca

Yeah!

Podia ouvir o gato rindo novamente, sua risada entrava gritando nos seus ouvidos. Não parava, girava junto com o relógio. Sua cabeça também girava e seus olhos reviravam em sua orbita. Podia sentir suas bochechas quentes e coloridas. Já mais tirando o sorriso do rosto. O gato risonho a enfeitiçara.

– O tempo não para, continua girando, hehehehe, gira e gira...

É um ladrão na noite,

Que vem e te agarra

Pode se movimentar dentro de você

E te consumir

Uma doença da mente

Que pode te controlar

É perto demais conforto

Tropeçou em um galho que podia jurar que não deveria estar ali, estava a direita. Caiu em cima de fungos, ou cogumelos igualmente azuis. Eles soltaram uma fumaça intoxicante que entrou pelas narinas de Mary Alice invadindo e chegando ao seu cérebro. Começou a tossir novamente lutando juntos de seus pulmões pelo ar que lhe faltava.

Seus olhos queimaram ainda mais, ardiam com as lágrimas que saiam sem motivo algum. A garota lutou para conseguir forças suficientes nas suas pernas e conseguir levantar. Tapou o nariz com um pedaço de seu vestido sujo para não respirar aquele ar novamente. Conseguiu levantar se apoiando em uma árvore próxima, não estava mais azul. Há essa hora havia se tornando negra como a noite, aliás... Toda floresta estava.

Ascenda suas luzes de freio

Estamos na cidade maravilhosa

Não vou jogar limpo

Cuidado ou vai se dar mal

É melhor pensar duas vezes

Sua linha de pensamento será alterada

Então se for vacilar seja esperto.

Continuou tossindo como louca se apoiando mais na árvore. Deitou a cabeça no tronco sentindo cócegas na testa, abriu os olhos pra ver a causa. Quando conseguiu enxergar gritou e viu o motivo para correr de costas. A árvore estava cheia de besouros. Correr para tras não estava adiantando. Aonde ia tinha uma árvore, cheia de besouros.

–Alice... Esta atrasada. O relógio esta correndo, venha. Tic tac tic tac...

As árvores começaram a fechar a visão do céu. Seu peito continuava com a dor, ela estava quase entrando na loucura.

– O que você quer?! – gritou.

[Dentro da sua mente]

Está paranoica

É como se a escuridão fosse a luz

Paranoia!

Estou assustando você essa noite?

[Dentro da sua mente]

Paranoia

Eu não estou acostumada ao que você gosta

Paranoia! Paranoia!

Pegou um galho grosso no chão e bateu nele com toda sua força na árvore. Ele quebrou em dois se transformando em duas estacas.

– O que você quer de mim?! – gritou mais alto.

Ouviu uma risada do gato novamente.

A- li- ce, olha o relógio, ele esta correndo, o tempo corre, você corre mas não sai do lugar.

Retratos desbotados na parede

É como se eles falassem comigo

Desligar as chamadas telefônicas

O telefone sequer toca

Eu tenho que sair

Ou solucionar essa merda

É perto demais para conforto

As árvores começaram a aparecer rostos monstruosos. Tudo estava lhe assustando. Aqui não é o pais das maravilhas, isso não é maravilhoso. A dor em seu peito era avassaladora, tanto que a fez gritar. Assustada a menina tentou bater em tudo pensando em acabar esse tormento.

– Quem é você?! O que quer de mim?! – gritou com todas suas forças.

É um ladrão na noite

Que vem e te agarra

Pode se movimentar dentro de você

E te consumir

Uma doença da mente

Que pode te controlar

Eu me sinto como um monstro!

Tentou voltar, tentou avançar, mas tudo era igual. Até que em um ato de loucura correu começou a se atirar na árvore repetidas vezes. Fechou os olhos e continuou gritando para expandir sua força. Até que em uma das vezes não sentiu a árvore chocando contra seu corpo.

Não sentiu nada ao abrir os olhos, a árvore não estava mais lá. Os risos não estavam mais lá. Não tinha nada, só o vento batendo contra seu corpo. Quando pode ver direito percebeu que estava caindo. Com uma força sobre-humana virou seu corpo e percebeu que era um penhasco. Nunca em todas as voltas que deu havia o percebido ali.

Acenda suas luzes de freio

Estamos na cidade maravilhosa

Não vou jogar limpo

Cuidado ou vai se dar mal

É melhor pensar duas vezes

Sua linha de pensamento será alterada

Então se for vacilar seja esperto

Aquilo foi como um choque em sua cabeça. Ela estava caindo de um abismo de onde não podia ver o chão. Mas continuava caindo.

– Está caindo Alice, esse é o jeito mais rápido de chegar. Não se esqueça do relógio, vamos lá tic tac tic tac... –o gato risonho disse mais uma vez.

– Chegar onde?

Não teve sua resposta, não a que queria.

– Já está chegando...Se prepares. Tic tac tic tac… o relógio esta correndo.

– Chegar onde?! – gritou.

[Dentro da sua mente]

Está paranoica

A escuridão é a luz

Paranoia!

Estou assustando você?

[Dentro da sua mente]

Paranoia

Eu não estou acostumada ao que você gosta

Paranoia! Paranoia!

Em um ato surpreendente ela sentiu algo. Havia chegado ao chão disso tinha certeza. De repente sentiu uma dor enorme atravessar seu estomago, rasgando, abrindo e invadindo. Colocou a mão onde doía, ando tirou pode ver que havia algo nela. Algo pegajoso, um liquido escarlate.

– Sa-sangue? – gaguejou.

Olhou para baixo se assustando. Ela havia atravessado suas próprias estacas. Os besouros começaram a subir pela sua perna, comendo a pele como piranhas em um lago. Ela sabia que gritar não adiantaria.

Libere-me desta praga

Estou tentando continuar controlada

Mas estou lutando por dentro

Você não pode ir

Eu acho que estou indo

– Você chegou Alice. Mas está atrasada.

De traz da densa nevoa apareceu um gato azul andando sobre duas patas com um cachecol rosa listrado e uma xícara de chá na mão. E é claro, um sorriso no rosto.

– Gatos não sorriem, eles não andam sobre duas patas, eles não usam cachecol.

Uma risada escapou por baixo de seus bigodes.

– Mas você consegue me ver – sua voz era desafinada.

Alice não conseguia pensar direito, o ferimento doía de mais. Isso não é um sonho, sonhos não doem.

– Pura loucura Alice... –o gato disse em quanto derramava o chá na xícara que já transbordará.

Alice arregalou os olhos.

– Você acha que eu sou louca?

Acenda suas luzes

Estamos na cidade misteriosa

Não vou jogar limpo

Cuidado ou vai se dar mal

Melhor pensar duas vezes

Sua linha de pensamento será alterada

Então se for vacilar seja esperto.

Ela temia a resposta. O gato começou a rir novamente.

– Doce Alice o pais das maravilhas chama seu doce nome, Alice. Vai se atrasar para o chá no país das maravilhas. – Alice pode perceber ser uma canção de ninar.

A canção era tão ingênua, mas piorava sua dor. A estaca continua a entrar em seu corpo. Seus olhos reviravam nas orbitas, seus pulmões gritavam e esperneavam por ar.

– Sabe Alice, eu te acho louca, doidinha, pirada. Mas vou te contar um segredo, as melhores pessoas são assim.

[Dentro da sua mente]

Está paranoica

A escuridão é a luz

Paranoia!

Estou assustando você?

[Dentro da sua mente]

Paranoia

Eu não estou acostumada ao que você gosta

Paranoia! Paranoia!

Foi uma pena que Alice não pode ouvir. O país das maravilhas que tanto amava e a encantava quando criança a matou. A loucura tirou sua vida, a confusão a fez dormir para sempre.

– Se atrasou de mais Alice. O chá já esfriou.

Em um piscas de olhos, o gato risonho tombou a mão derrubando a xícara e o bule no chão, os mesmos se partiram deixando o chá já frio se espalhar e tocar os pés de Alice.

Bum bum be-dum (bum bum be-dum bum)

Bum bum be-dum (bum bum be-dum bum)

(Ohhhhh...)


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Notas finais do capítulo

Nota: os cogumelos eram um tipo de droga.
O que acharam? Comentem por favor. Só assim eu vou saber se gostaram e ficou bom. Comentem mesmo se ficou uma droga.



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