Anete fala

Pela primeira vez Peter me levou para fora daquele quarto que, apesar de aconchegante, me fazia sentir presa.

Ele me conduziu até uma sala no interior do castelo onde nos reunimos com seu irmão, Edmund e muitos outros animais falantes.

Me apresentou para seu irmão que, assim como ele, se ajoelhou e beijou minha mão. Parecia que eu estava em épocas antigas como as que eu lia nos livros de história. Cheio de cavaleiros e damas, alguns guardas que eram humanos que haviam passado para o lado de Nárnia há alguns anos. A única novidade eram os animais falantes.

É um sonho!!

Fiquei num canto do salão enquanto Peter conversava com seu irmão sobre como iriam resgatar sua irmã Susan. 

Não me meti na conversa, pois não sabia como ajudar e ao mesmo tempo ficava hipnotizada pelas palavras de Peter... pelo próprio Peter.

Todos os presentes rodeavam uma mesa onde estava estendido um grande mapa de Nárnia. Discutiam as melhores e mais rápidas rotas, a quantidade de suprimentos de acordo com a duração do resgate. Enfim, passaram-se horas e a conversa continuava. Mas não estava irritada ou impaciente. Era a irmã deles que corria perigo. Sei bem como eles se sentiam.

Estava perdida nesses pensamentos quando Peter pergunta:

- Você deve estar cansada. Quer que chame alguém para acompanha-la ao seu quarto?

- Não, por favor, deixe-me aqui. Espero ser útil em alguma coisa e, além do mais, não estou com sono – respondi. 

- Tudo bem – responder Peter dando um sorriso que me deixou encantada.

E voltando-se para os presentes:

- Bom, então está decidido. Partiremos em dois dias. Enquanto isso, prepararemos tudo e, se necessário, fabricaremos mais armas e buscaremos mais comida. A reunião está encerrada.

Todos esperaram o Grande Rei deixar o aposento antes de saírem. Peter me acompanhou até meu quarto e não saiu até que eu dormisse.

Acordei antes do Sol no dia seguinte e como já não tinha mais sono, resolvi sentar-me numa poltrona que ficava de frente para a janela do quarto. Percebi que em poucos minutos o Sol nasceria.

Enfim, o primeiro raio de Sol. Fiquei cego por uns minutos devido seu brilho intenso, mas isso não me impediu de continuar olhando e quando minha vista se acostumou à claridade eu pude ver, radiante mais até que o Sol, parado em minha frente, ele, o Grande Leão...

...Aslan.