Ponto de vista de Anete sobre os acontecimentos, desde seu embarque para Portugal até seu encontro com Peter.

Durante a viagem até Portugal, só consegui pensar em Peter acenando com o sorriso mais puro de todos, enquanto meu avião partia. Apesar de eu ter passado somente alguns minutos com ele, a ideia de ir a Roma e não para Grécia, só me parecia mais tentadora. É incrível e engraçado como alguns poucos minutos podem me fazer querer mudar planos que eu já possuía a mais de 1 ano.

O avião posou, terminando com meus devaneios. Logo eu estava em um taxi, a caminho da casa de meus pais. Sentia muita falta deles e resolvi finalmente aceitar o estágio que minha tia tinha me oferecido em uma revista local que duraria cinco meses, nesse tempo eu poderia calmamente decidir para onde ir.

Durante esses cinco meses, apesar de estar trabalhando pesadamente na revista, a lembrança de Peter continuava viva em minha mente. Na verdade eu agora me sentia muito idiota em relação a ele. Não conseguia entender como em apenas um encontro eu tivesse me apaixonado por ele. E além de tudo eu não sabia nada em relação a sua vida, somente que ele tinha uma irmã chamada Susan e também tinha me escondido algo naquele dia. Não que ele me devesse alguma explicação, mas e se ele tivesse alguém, tipo uma namorada ou noiva, e por isso ele estava com tanta pressa de ir até essa tal Narni? Essa pergunta principalmente, me afligiu por todas as noites que passei aqui. E agora, faltando só uma última noite aqui, eu ainda não tinha decido para onde ir, Grécia ou Roma, a dúvida permanecia.

Nesta última noite em Portugal, uma coisa diferente aconteceu logo que adormeci. A primeira coisa que vi, foi uma juba dourada, e olhos amáveis olhando para mim. Logo, percebi que era um Leão que me fitava. Ele abriu sua boca e a voz mais doce de todas penetrou em meus ouvidos. Aos poucos as Suas palavras começaram a fazer sentido e eu pude entendê-lo. ‘Filha, estou te esperando, venha até mim’, dizia Ele. Por mais que eu tentasse responde-lo, não saiu palavra alguma de meus lábios.
Então, quando eu acordei já sabia para onde ir.

Arrumei minhas malas, me despedi de meus pais e quando cheguei ao aeroporto, comprei minha passagem com destino a Roma. Era estranho, mas eu senti depois daquele sonho que era para onde tinha que ir. Aquele Leão estava me esperando e eu ansiava descobrir o que aquilo significava.
No avião até Roma, minha cabeça estava tão cheia de dúvidas e mistérios, que a única coisa lógica que fiz foi despir-me deles. Desembarquei em Roma e peguei o trem e logo estava na famosa Narni.

Hospedei-me em um hotel chamado “Il sole d'Itália” ou O sol da Itália. Troquei-me, e fiz em meu notebook uma pequena pesquisa sobre as belezas naturais deste lugar, achei uma cachoeira aqui perto que me fez, não sei o porquê, me lembrar Daquele Leão. Resolvi descer até o restaurante, a viagem realmente aumentou meu apetite.
Sentei em uma pequena mesa e pedi o cardápio. Depois de comer uma bela macarronada, ia saindo do restaurante quando fui interrompida por uma voz.

- Com licença
Me virei muito assustada e disse:
-Peter?!
Era incrível, eu não esperava encontra-lo.
-Anete?!O que faz aqui?
-Disse que podia ser interessante estudar aqui- sorri.
-Você adora história, não é?!
-É.
-Bem. Está hospedada aqui?
-Sim e você?
-Claro.

Olhei para ele e todas as minhas suspeitas estavam confirmadas, meu coração estava batendo mais forte por ele. Nessa hora, ele me olhou da mesma forma que tinha olhado enquanto acenava para mim há cinco meses.

-O que foi?-perguntei-Esqueceu de mim?
- N-NÃO! Não teria nem como!- ri.
-Encontrei uma cachoeira linda quer ir lá?
-Claro!- rapidamente ele respondeu. Deu um terno beijo em minhas mãos e eu o conduzi até o táxi. Nesta hora ele pareceu um pouco constrangido. Deixei isso de lado, e quando estávamos chegando lá disse:
-Feche os olhos!
-O que? – respondeu surpreso.
-Isso mesmo Peter feche os olhos!

Quando chegamos tirei a mão de seus olhos e deparei com a vista mais linda de minha vida. Mas Peter estava misterioso, assustado. Andamos até o tronco que repartia as duas partes da cachoeira.

-O que acha?- perguntei.
-A brecha! – Peter quase gritou.
-O que?- Eu realmente não entendia nada.
-Entre os dois mundos!
-Por favor, explique. – Definitivamente eu não estava entendendo nada. Do que ele estava falando? Que raios significa uma brecha entre dois mundos?
-Nárnia.- Disse e segurou minhas mãos. -Lembra quando eu disse que eu não conhecia este tempo muito bem?
-É claro.
-O tempo lá é muito confuso, e você me ajudou!
-Como? – Será que ele é um maluco, está falando nada com nada para mim.
-Você me trouxe a brecha que separa este mundo de Nárnia!
-Sabia que você não era normal! – Eu estava assustada naquele momento.
-Eu posso voltar aqui quando quiser e ir para meu mundo.
-Sente o mesmo?- ele mudou rapidamente de assunto.
-Sim. – Mesmo ele sendo maluco, eu não consigo mais negar que estou sentindo algo por Peter.

Quando eu olhei nos olhos azuis dele, para a minha surpresa, Peter falou ao mesmo tempo em que eu :
-Amor. – Nossos rostos foram se aproximando, e aos poucos eu pude sentir seus lábios nos meus. E os lábios dele, se movimentavam suavemente, tornando aquele momento único com um beijo extremamente romântico.
Enquanto eu estava envolvida em seus braços só pude perceber que nos dois estávamos caindo dentro da água cristalina.