Haruma escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 11
Capítulo 11 - A força que vem da voz do coração




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Capítulo 11 - A força que vem da voz do coração


          O nobre estava andando pela casa. Não conseguia acreditar que aquilo era verdade, precisava ver. Enquanto caminhava passou pelo quarto da irmã, entreabriu a porta e viu o quarto espaçoso e bem organizado, nas cores branco e azul claro, com um coelhinho de pelúcia lilás, que certa vez a tenente ganhara do Kurosaki, encostado no travesseiro. Tentava, mas não conseguia deixar de sentir certa raiva do garoto. Como alguém que se dedicava tanto a proteger sua irmã a deixara morrer bem na sua frente, nos próprios braços? Observou novamente o quarto. Encontrou o caderno de desenhos aberto em cima do criado mudo, com os traços habituais, coelhos. A dor se tornou mais profunda e as lágrimas se libertaram de seus olhos. Unohana não mentiria a respeito de uma coisa daquelas, ainda mais sem ter certeza. Chorou por longos minutos, trancado em seu quarto. Quando controlou-se, saiu sem ser visto pelos criados e logo chegou ao esquadrão.

          - Capitão... – Isane o atendeu.

          Achou que ele não viria tão cedo. Não disse mais nada. Guiou o Kuchiki até o quarto e se afastou. Renji estava sentado numa das cadeiras do corredor com os braços apoiados nas pernas, as mãos escondendo os olhos. Aquilo doeu, a cada minuto aquele pesadelo se tornava mais real. O tenente não pareceu percebê-lo. Girou a maçaneta e entrou. O garoto ruivo não estava presente. Sua irmã se encontrava inerte numa das camas. Caminhou até ela e sentou-se ao seu lado. Não queria desconfiar das palavras da capitã, mas precisa ele mesmo comprovar para acreditar naquilo. Segurou o pulso delicado e o apertou levemente, não sentindo nada, e só então se atentando para o real estado dela. Estava pálida, fria, não respirava. Através das roupas sujas de sangue podia ver o ferimento que a matara, realmente impossível de ser estancado sem um kidou. Próximo ao local, a marca ensanguentada de uma mão, com certeza maior que as mãos de Rukia. As marcas deixavam visível o desespero do momento em que seu dono tentara parar o sangue.

          - Rukia... – olhou atentamente seu rosto e quase chorou mais uma vez.

          Agora acreditava, havia perdido Rukia também. Perdera as duas. Aquela mansão solitária que aquela pequena estrela havia iluminado com sua alegria após a morte de Hisana, voltaria a mergulhar na escuridão. Como pode ser tão frio com ela por tanto tempo? Mesmo sabendo que ela entendia sua forma de mostrar que se orgulhava de tê-la como irmã? Por que uma única vez não fora mais carinhoso com aquela pequena que já carregava tantos sofrimentos? Talvez fosse por isso que ela amasse tanto o garoto ruivo, ele nunca se recusara a protegê-la, cuidar dela e até mesmo dar-lhe carinho. Por mais que não gostasse dele, tinha que admitir...

          Chorar ou lamentar-se não traria conforto para seu coração. Continuou fitando o rosto dela, tentando imaginar como seria a vida de agora em diante. Foi tirado de seus pensamentos ao ouvir a porta se abrir devagar. Levantou-se e olhou para o Kurosaki que acabava de fechar a porta e agora o encarava. Os olhos castanhos não tinham nenhum traço de confiança ou brilho, estavam ainda vermelhos e o garoto tinha olheiras. Olhou para o nobre, que parecia indiferente à morte da irmã.

          - Ela confiou em mim pra dar o golpe final em Iruma enquanto segurava o selo, mas eu hesitei!

          - Culpar a você mesmo não trará uma shinigami orgulhosa como Rukia de volta à vida.

          - Eu traí a confiança dela! – Desesperou-se, segurando um dos braços do nobre.

          - Você não pode escutar a voz de Rukia em seu coração? – Disse, olhando para o rosto da irmã, e se retirou do quarto.

          Sozinho, pensou no que a garota lhe diria... Com certeza, iria iniciar com uma bela voadora e lhe mandaria seguir em frente. Afinal, fora a última coisa que ela lhe pedira antes de morrer, para continuar e acabar com aquilo. Lembrou-se do dia em que dera um coelhinho de pelúcia lilás a ela e recordou perfeitamente a voz da shinigami rindo e lhe agradecendo várias vezes. Quase conseguiu dar luz a um pequeno sorriso, mas não havia força para isso. Não sentia nenhuma alegria em seu coração, nenhuma esperança, mas se era aquele o último desejo dela, ele o faria. Andou até a cama e aproximou o rosto do dela, beijando suavemente sua testa, não se importando nem um pouco da pele dela estar tão fria. Provavelmente não a veria mais, nunca mais. O corpo dela não poderia ficar ali para sempre. Sentou-se ao lado dela e a abraçou, muito forte, quando finalmente parou para pensar. Nunca mais estaria com ela, já doía demais nunca ter dito o que sentia enquanto ela estava viva... Respirou fundo e chegou mais perto. Como ela reagiria se pudesse sentir? Não tinha tanta relevância, aquela seria a primeira e última vez que faria aquilo. Encobriu os delicados lábios da shinigami com os seus, rapidamente. Se pudesse, corresponderia? Nunca saberia a resposta.

          - Adeus, minha baixinha... Eu amo você, minha querida Rukia – sussurrou, lutando para não chorar.

          Levantou e se direcionou à porta.

          - Por você Rukia... Eu juro que eu vou colocar um fim nisso! – Abriu a porta e se dirigiu à saída do esquadrão, ignorando Renji que permanecia sentado e inconsolável enquanto Isane falava com ele.

          “Eu amo você”. Tentou, mas não conseguiu. Ao lembrar-se das próprias palavras, dirigiu-se ao mundo humano com os olhos cheios de lágrimas.

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          - Quem pode ser? Será outra vítima? – O louro se dirigiu para a entrada da loja – Kurosaki-san?! – Surpreendeu-se ao ver o garoto, ainda abatido e com os olhos úmidos e vermelhos, mas parecia disposto.

          - Eu vou pôr um fim nisso!

          - Fico feliz em saber que está determinado apesar de tudo que tem acontecido... Mas em que posso ser útil?

          - A zampautou da Rukia... Deve ter ficado aqui.

          O louro ficou pensativo.

          - Sim! Vocês a deixaram! – Ausentou-se por uns instantes, voltando com a espada nas mãos e entregando-a a Ichigo.

          - Obrigado...

          Não pode deixar de sentir uma pontada de dor pelo garoto, seu rosto se contorcera em tristeza ao ver a espada.

          - Tenha cuidado...

          - Não se preocupe – deixou a loja e foi pra casa.

          Entrou no seu quarto, pela janela. Deixou Sode no Shirayuki dentro do armário, era o lugar dela, sempre. Sua cabeça doeu quando viu o interior do armário, o caderno de desenhos, o cobertor, o pijama, o travesseiro. Fechou-o e teria ido embora, mas voltou ao ouvir barulhos do lado oposto da porta. O quarto de Ishiin ficava próximo e pode ouvir as duas irmãs chorando. Não ouvia a voz do pai, provavelmente estava abraçando as duas garotas, sem saber o que fazer. Isso Ichigo nunca poderia curar, mas não deixaria que eles chorassem por mais pessoas. Abriu a janela e pulou. Encontraria Iruma.

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          Estava sentado entre as ruínas do orfanato. Observara de longe o desespero do shinigami. Lembrou daquele momento terrível em que já não podia senti-la respirar. Sentiu-se mal pelo sofrimento que causara ao garoto matando sua companheira. Mas sofrera demais, já começara sua vida sozinho, fora transferido junto com todas as outras crianças do primeiro orfanato, que destruído por um hollow, que ninguém mais podia ver, mesmo com todos vivos e bem, foi fechado, as crianças tinham medo dele, vivia solitário, e tudo que havia conseguido, o que tinha de mais precioso, havia sido levado pelo fogo. Já chegara longe demais e não iria parar agora.


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