Um Mau Acordar escrita por BouvierDesrosiers


Capítulo 8
Capítulo 8 - O Perdão?


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo... Mas eu postarei outra fic que estou a escrever em breve :)



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Dois dias depois da detenção de Cândida, David e Magda estavam no departamento da PJ. A mulher do médico já estava recuperada fisicamente, embora o seu psicológico ainda estivesse afectado pelo que a irmã tinha sido capaz de fazer. A sua querida irmã, a sua confidente, a sua protectora. Ainda não entendia como é que Cândida pôde ir tão longe por causa de um amor não correspondido. Sentia-se culpada, por um lado. Nunca tinha reparado que a irmã tinha ficado tão mal com a separação de David. Ela também nunca deu sinais disso. Por outro, Magda não conseguia perdoar tais atitudes. David não a amava mais, não podia fazer nada. Não era culpa deles, pois não se escolhe quem se ama. Porquê que ela não entendia isso?

Pierre quis falar com Magda e, apesar de David não achar muita piada à situação, concordou. David ficou no gabinete de Chuck, com o mesmo, com Sebastien e com Jeff.

- Se alguma vez alguém me tivesse dito que a Cândida era capaz de fazer uma coisa destas eu não tinha acreditado. – Desabafou David, ainda abalado.

- Ela parecia tão equilibrada… – Disse Chuck.

- Sempre! – Concordou David. – E olhem que eu já trabalho com ela há três anos e já a conhecia antes disso.

- As pessoas enganam. – Soou Jeff, com o seu habitual ar sério.

- E como… – Disse Sebastien, aparvalhado.

- Que loucura… Mas que disparate! – Queixou-se David, desagradado. – Estes anos todos, a alimentar este ódio todo pela Magda, por mim…

- Pelo mundo, provavelmente. – Anuiu Chuck.

- E a planear o crime perfeito. – Concluiu David, abanando as mãos como se estivesse a fazer os passos. – Sim, porque ela sabia que a Magda sofria de doença cardíaca congénita, que corria riscos de enfarte.

- Por isso a escolha da droga. – Concluiu Jeff.

- Exactamente. A morte da Magda não levantaria qualquer suspeita. – Concordou David.

- Mas como se vê, não há crimes perfeitos e há sempre uma coisa ou outra que falha. – Disse Sebastien, encolhendo os ombros e levantando as mãos.

- Pois é, e ainda bem. – Respondeu David, aliviado. – Vocês sabem uma coisa? Eu por um lado tenho um ódio de morte ao Pierre Bouvier… Eu sei que ele não queria fazer mal à Magda, mas por outr…

- Mas não poderia ter feito o que fez. – Interrompeu Jeff.

- Ele pôs em perigo a vida dela. – Relembrou Sebastien.

- Sim, mas e se ele não a tivesse raptado? – Sugeriu David.

- Está a tentar dizer que a Cândida poderia ter tentado novamente?  – Perguntou Chuck.

- Sim! – Respondeu o médico.

- Talvez… Nunca saberemos. – Soou Jeff, encolhendo os ombros.

- O que o Pierre fez foi muito grave. Ele atentou contra a liberdade de uma pessoa. – Disse Sebastien.

- Não é uma pessoa qualquer! É a minha mulher! – Respondeu David. – É isso que eu não perdoo ao Pierre Bouvier.

Na sala de interrogatórios, Magda estava com Pierre. Esta estava um pouco de pé atrás, não sabendo bem como reagir. Estavam sentados de frente um para o outro e Magda olhava-o com ar desconfiado.

- Eu ainda não percebi o quê que queria falar comigo. – Disse Magda, olhando o Detective.

- Pois… É difícil explicar. – Começou Pierre, cruzando as mãos em cima da mesa.

- Tente… – Pediu Magda.

- Eu… Eu so queria dizer-lhe que… Nunca foi meu objectivo fazer-lhe mal.

- Mas fez. – Disse Magda inclinando-se sob a mesa.

- Mas não queria…

- Eu podia ter morrido sozinha, naquele seu escritório, sabia?

- Isso é o que me custa… – Soou Pierre, olhando as suas mãos, erguendo depois o olhar para Magda. – Saber… Que a deixei ficar mal… Só queria salvá-la…

- Mas não é assim que se salvam pessoas, Pierre… – Repreendeu Magda, calmamente.

- Desculpe… – Pediu Pierre, com lágrimas formando-se. – Eu provavelmente vou ser preso… É importante que me desculpe.

- Não acha que está a pedir demais? – Perguntou Magda, contraindo as sobrancelhas.

- Acho… – Suspirou Pierre. – Mas peço na mesma.

- A minha irmã também está presa, sabia? – Perguntou Magda, já com lágrimas nos olhos.

- Sabia…

- Foi a Cândida que me tentou dar aquela droga… – Disse Magda, baixando a cabeça.

- Eu sei… – Respondeu Pierre, com um suspiro pesaroso.

- Ela odeia-me… Queria que eu estivesse morta… – Desabafou Magda, deixando cair uma lágrima.

- Mas eu nunca quis isso… – Confessou Pierre, olhando-a nos olhos. – É muito importante que me desculpe… Eu não quero ficar com a sensação que a Magda me odeia… Não quero! Não posso! Não quero! Desculpe!

Magda olhou-o durante uns segundos, sem saber o que sentir, levantando-se depois e caminhando para a porta, esbaforida. Pierre levantou-se e continuou a pedir desculpa.

- Desculpe! – Pediu ele. – Desculpe!

A mulher do médico parou em frente à porta. Fechou os olhos e inspirou enchendo totalmente os pulmões de ar, esvaziando-os vagarosamente. No fundo, sentia pena de Pierre e sentia que o que ele dissera era verdade. Não sabia porquê, mas sentia. Ele não tinha intenção de a matar ou de lhe fazer mal. Na maneira de ele ver as coisas, ele estava apenas a tentar salvá-la. Lentamente voltou-se, olhando novamente o Detective, que estava em pé com ar atormentado e os olhos lacrimejando. Pierre estendeu a mão e Magda aproximou-se dele, alternando o olhar entre os olhos e a mão do rapaz. Mostrando um pequeno e discreto sorriso, apertaram as mãos.

À porta do departamento, Magda e David despediram-se dos inspectores, agradecendo uma vez mais a sua preciosa ajuda e o seu maravilhoso empenho e competência. Sebastien esboçava um enorme sorriso. Adorava que reconhecessem o seu mérito. Chuck dizia sempre que não faziam mais do que a sua obrigação e que era a função deles e Jeff, de mãos nos bolsos, permanecia calado. O casal afastou-se. Queriam voltar para casa, para o seu lar. David parou e olhou Magda.

- Ainda estás chateada comigo?

- Porquê? Por teres posto um Detective atrás de mim? Por não controlares esses teus ciúmes loucos? – Perguntou a rapariga.

- Sim… Eu sei, eu não devia… – Admitiu David. – Mas eu já te prometi que isso vai mudar.

- Espero que sim. Eu não tenho nem quero mais ninguém.

- Eu sei… Eu confio em ti.

Magda fez um sorriso de lado e começou a caminhar de novo. David seguiu-a e começou a murmurar qualquer coisa.

- O quê? – Perguntou ela, não percebendo o que David dissera.

- Mas… – Começou David, parando os dois. – Aquele Inspector… o Bonitinho…

- O Sebastien?

- Esse… Eu bem vi os olhares.

- David! – Rezingou Magda.

- Estou a brincar! – Riu-se ele, abraçando-a.

Magda abanou a cabeça e riu também, dando-lhe uma palmada no braço. Caminharam pela rua até chegarem ao carro. David tinha finalmente aprendido a lição. Aprendeu a confiar e percebeu que caso contrário, perderia o que mais tinha de valioso na sua vida. E não tinha gostado da sensação.

No gabinete, Jeff arrumava as pastas de mais um caso resolvido. Finalmente podia ir para casa descansar que bem estava a precisar. Bem, descansar pelo menos até aparecer mais um caso que lhe tirasse a paz, o que nunca demorava muito. Não havia paz. De repente, assustou-se com o berro entusiasmado de Sebastien, que tinha saltado da cadeira, que tombou com o impulso.

- Consegui, consegui! – Cantarolou Sebastien, aproximando-se da secretária de Jeff, mostrando o cubo.

- Oh meu Deus! – Disse Jeff, tapando a cara com as mãos. – Mas tu ainda andas a brincar com o cubo mágico?

Sebastien encolheu os ombros e sorriu, feliz com o seu feito.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :)



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