Um Mau Acordar escrita por BouvierDesrosiers


Capítulo 7
Capítulo 7 - A vingança


Notas iniciais do capítulo

penúltimo capítulo :)



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Sebastien e Jeff tinham levado Pierre para a sala de interrogatórios. Jeff estava, como sempre, em frente a Pierre, com ar sério. Sebastien estava ao lado, sentado ao contrário na cadeira e de mãos apoiadas nas costas da mesma.

- O bilhete anónimo… Era meu, sim. – Confessou Pierre. – Mas eu não tentei matar a Magda! Eu não tenho nada a ver com a história do funeral. Eu só tentei levá-la daqui para fora.

- E achou que o rapto era a melhor solução… – Soou Sebastien, em tom cómico.

- Eu só decidi levá-la depois do que aconteceu. Queria protegê-la de quem estava a tentar fazer-lhe mal. – Defendeu-se Pierre. – Foi por amor.

- Amor estranho, o seu… – Ironizou Jeff.

- Posso fazer-lhe uma pergunta, Inspector?

- Sim. – Consentiu Jeff.

- É casado?

- Já fui.

- Então imagine que quando era casado, quando estava absolutamente apaixonado pela sua mulher, alguém tentava matá-la, mas não conseguia. E o Inspector percebia que só conseguia salvá-la, se a levasse para outro sítio. Se lhe dissesse, ela com certeza não ia querer…

- Então não a levava. – Respondeu Jeff, notavelmente mais frio.

- E se ela corresse perigo de vida? Se a vida dela dependesse da sua acção? – Questionou Pierre, calmamente. – Quais são os limites? Diga-me, quais são os limites, quando se trata de salvar a pessoa de quem se gosta?

Sebastien olhava Pierre com ar nostálgico, quando se lembrou de Jeff e direccionou o seu olhar para o amigo. Jeff estava sério, parecendo estar com o pensamento noutra coisa. De repente levantou-se e saiu da sala de interrogatórios. Sebastien saiu, seguindo-o.

- Estás bem?

Tudo lhe tinha voltado à memória. Todo aquele dia, todo aquele pesadelo. Jeff tinha sido casado, mas não teve muito tempo para aproveitar o casamento. Num dos mais complicados casos que lhes passaram pelas mãos, ditou o seu novo estado civil. O criminoso que ele prendeu há uns anos, tinha fugido da prisão e tinha jurado vingança. Os dias de Jeff tornaram-se um caos. Antes que alguém o pudesse apanhar, invadiu a casa de Jeff, onde só estava a mulher dele, nessa noite. O criminoso atraiu Jeff a casa, para que assistisse à sua vingança. Jeff, após alguma hesitação, disparou dois tiros sobre o homem, mas não foi a tempo de evitar que este baleasse a sua esposa com um tiro na cabeça.

- Estou. – Respondeu Jeff, forçando um sorriso.

Dirigiram-se para o seu gabinete, onde já estava Chuck, esperando-os. Jeff sentou-se na sua secretária e Sebastien pegou no seu cubo, continuando a tentar resolvê-lo. Chuck contou a cena a que tinha assistido entre Cândida e David.

- E foi muito estranho. – Continuou Chuck, rondando levemente na cadeira da secretária. – Ela começou a bater-lhe e a gritar com ele…

-E ele? – Perguntou Sebastien, não tirando os olhos do cubo.

- Ele conseguiu travá-la e foi-se embora.

- A Cândida é apaixonada pelo David. – Relembrou Jeff.

- Será? Mas eles já se conhecem há tanto tempo… – Disse Sebastien.

- E depois? – Perguntou Jeff.

- Se é apaixonada, não sei… O que eu sei é que ela veio cá buscar o cunhado e teve um ataque de nervos.

- Mais uma vez esta história não está acabada! – Insistiu Jeff, levantando as mãos.

- Não me digas que acreditaste nas tangas do Pierre… – Soou Sebastien, olhando finalmente Jeff, de sobrancelha erguida.

- Não, não não! – Respondeu Jeff, abanando negativamente o dedo indicador. – Eu não acredito em tangas, acredito em provas!

- Ai é? Conta lá então… – Pediu Sebastien, focando novamente a sua atenção na resolução do cubo.

- Eu acredito que ele não teve acesso ao veneno. Acredito que ele não a tentou matar, apesar de ter tido hipóteses para isso e também acredito que ele a quisesse levar para fora de Portugal, mas não para a matar… Porque não compensa, agarrar numa pessoa…

- Já percebi, já percebi! – Disse Sebastien, sorrindo para o cubo, metade resolvido.

- Bom, vamos à clínica! Ainda há qualquer coisa aqui que não está a bater certo! – Informou Jeff.

Sebastien levantou a cabeça e olhou Jeff com ar confuso. Chuck levantou-se e seguiu Jeff, que saía do gabinete. Sebastien ergueu as sobrancelhas e bufou. Pousou o cubo na sua secretária e saiu a correr atrás dos amigos.

Na clínica, Magda estava deitada na cama, agarrada à almofada. David entrou disparado no quarto e parou em frente à cama, sorrindo ao ver a mulher. Magda apercebeu-se da sua presença e virou-se, sorrindo ao ver David. Este aproximou-se rapidamente da cama e sentou-se na beira da mesma, abraçando Magda.

- Oh meu amor! – Chamou David, acariciando-lhe o cabelo. – Eu achei que te ia perder!

- Eu tive tanto medo… – Desabafou Magda, agarrando-se a David.

- Shh…Está tudo bem, está tudo bem! – Acalmou David, dando-lhe um beijo no rosto. – Eu estou aqui e não te vou deixar!

- Desculpa... Eu achei que tu…

David encostou o seu dedo nos lábios da rapariga, beijando-os depois.

- Não digas mais nada. Nós vamos esquecer isto tudo, está bem?

Magda acenou com a cabeça e o casal voltou a beijar-se. Cândida entrou no quarto lentamente e aproximou-se da cama, de arma em punho.

- Oh, tão bonitos… – Disse Cândida, em tom irónico.

- Câ-Cândida… – Gaguejou Magda, olhando a arma.

- Mas… O quê que tu tens? – Perguntou David.

- Não percebes? – Questionou Cândida, apontando-lhes a arma. – Eu vou explicar. Numa mão tem uma pistola carregada, na outra tenho uma droga muito simpática e difícil de arranjar que vos vai matar aos dois.

- Mas essa droga…

- É! – Interrompeu Cândida. – Precisamente a mesma da outra vez, eu sei, minha querida… E peço imensa desculpa pela falta de imaginação!

- Foste tu qu… – Pasmou-se David, levantando-se.

- Tsh, tsh, tsh! – Interrompeu Cândida novamente, apontando a arma a David para que ele se sentasse. – Que tentei enterrar a Magda viva? Sim, mas não era essa a minha intenção. Infelizmente enganei-me na dose. Era muito fraca.

- Quer dizer que não foi o Detective? – Perguntou Magda, assustada.

- Ai, coitadinho… Esse era tão estúpido! – Disse Cândida, fazendo uma cara de superior. – Eu nem sei porquê que ele te tentou raptar! Se bem que foi óptimo, foi uma manobra de diversão. Agora, a polícia deve estar a interrogá-lo para perceber como é que ele te conseguiu enfiar num caixão.

- Eu não acredito… – Disse Magda, chocada. – Tu és minha irmã!

- Então… Não pensaste nisso quando me roubaste o David, pois não? – Exaltou-se Cândida.

- Quê?! – Soou Magda.

- Mas Cândida, isso foi há mais de quatro anos! – Disse David.

- Então imaginem o tamanho do meu ódio!

- Eu não acredito… – Choramingou Magda. – Tu não podes ter feito uma coisa destas… Tu és a minha irmã…!

- Oh, coitadinha, tão melodramática! – Ironizou Cândida. – Pára!

- Eu quis o David… Ele não me quis por tua causa! Eu quis que tu desaparecesses e tu não desapareceste! Agora morrem os dois e eu não me vou enganar na dose!

Jeff e Sebastien chegaram à clínica e encaminhavam-se para a entrada, encontrando Patrick, que estava a chegar para visitar Magda.

- Então rapazes, também vão ver a Magda? – Perguntou Patrick.

- Mais ou menos. – Respondeu Jeff.

- Viemos ver o quê que se passa aqui. – Informou Seb.

- Mas então o Pierre Bouvier não tinha ficado detido? Foi o que tu me disseste, Jeff.

- E não te menti.

- Então?

- O Pierre Bouvier não tentou matar a Magda. – Revelou Sebastien.

- Não?!

- Não. Tentou raptá-la, mas não a quis matar. – Disse Jeff, entrando na clínica, seguido pelos outros dois.

No quarto, Cândida continuava a ameaçar o casal com a arma. David abraçava Magda, tentando protegê-la o mais que pudesse e Magda agarrava-se à camisa de David, chorando.

- De pé! Vamos! – Exigiu Cândida.

David levantou-se e Cândida obrigou-o a afastar-se, aproximando-se ela de Magda. Deu-lhe o frasquinho com a droga para a mão e David ficou a olhar para ele.

- Eu vou contar até três e ou bebes essa droga… – Ameaçou Cândida, virando a arma para Magda. – Ou eu disparo!

- Eu bebo, eu bebo!

- Não! – Gritou Magda.

- Eu amo-te muito, meu amor… – Disse David, olhando Magda e abrindo o frasquinho.

- Oh, tão queridos…! – Enfatizou Cândida.

David levou o frasquinho à boca e estava prestes a beber quando Jeff, Sebastien e Patrick entraram no quarto. Jeff apontou a arma a Cândida e Sebastien impediu David de beber. David tapou o frasco e encostou-se à parede.

- Largue essa arma! – Exigiu Jeff, apontando-lhe a dele.

- Não! – Disse Cândida, agarrando Magda e encostando-lhe a arma à cabeça.

- É melhor par si, Cândida. Nós estamos aqui e você não vai conseguir safar-se! – Avisou Sebastien, também apontando-lhe a arma.

- Eu não me quero safar! – Disse Cândida, com um sorriso doentio no rosto. – O que vai acontecer a seguir não me interessa, eu quero é que ela morra!

- Baixe a arma! – Exigiu novamente Sebastien.

- Tu não devias ter feito o que fizeste! – Gritou Cândida, afastando-se de Magda e estendendo os braços, apontando-lhe a arma. – Tu acabaste com a minha vida!

Patrick apareceu por trás de Cândida e agarrou-lhe os braços, lutando os dois pela posse da arma. Na confusão, com medo, Magda inclinou-se para a frente, tentando afastar-se da arma, e ouviu-se um disparo. Cândida tinha disparado, acertado no colchão exactamente no sítio onde Magda estava, antes de se mover. Era notável a raiva nos olhos de Cândida, ao ver que falhou o alvo. Sebastien correu em auxílio de Patrick, algemando Cândida.

- Foi por pouco, Patrick! – Disse Jeff, vendo o amigo a suspirar e a passar a mão pela testa.

- Não pensem que eu me arrependo daquilo que fiz! – Admitiu Cândida.

David abraçou Magda, tentando acalmá-la. Esta tremia, agarrada ao marido.

- Leva-a, Sebastien. – Pediu Jeff.

Sebastien saiu do quarto com Cândida algemada e seguido de Patrick. Jeff pousou a mão no ombro de David, antes de sair, em tom de incentivo. David acenou com a cabeça enquanto fazia festinhas no cabelo de Magda, que ainda soltava algumas lágrimas de aflição.

- Está tudo bem… Está tudo bem. – Disse David.


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Notas finais do capítulo

reviews? :s



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