O Arco De Apolo escrita por Ju Stylinson


Capítulo 1
Meu diretor era um homem de um olho só


Notas iniciais do capítulo

Oi gente :)
Tudo bem?
Espero que gostem da fic.



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Mais um dia chato, pelo menos o último antes das férias, e o último naquela escola infernal. Crianças e adolescentes esperavam ansiosamente para que o sinal tocasse e anunciasse o final da aula, mas eu, na última carteira no canto direito da sala, atrás de Melany Vansrill, a patricinha da sala, escrevia uma poesia sobre minha vida miserável.

A última aula do dia, por sorte, era do Sr. Portner. Ele era alto de cabelos e olhos castanhos. O melhor professor do mundo! Sempre fazia brincadeiras em suas aulas e às vezes trazia filmes, livros e fantasias da qual ele gostava. E o melhor de tudo é que ele era professor da minha segunda matéria favorita: redação. A primeira favorita era a aula da Sra. Grekler, a aula de música.

Continuava a escrever a minha poesia na maior tranquilidade, pensando na última música que ouvira, quando a idiota da Melany disse.

– Professor! – disse ela e depois me olhou como se quisesse dizer “você vai se dar muito mal”. – A Holly não está prestando atenção na sua aula outra vez!

Todos olharam para mim como se eu fosse uma aberração e eu me encolhi na cadeira. Eu era tímida demais, por isso sentava na última cadeira perto da parede, bem no fundo da sala onde ninguém prestava atenção.

– O que foi dessa vez Srta. Streker? – disse o Sr. Portner se aproximando da minha carteira.

– Hãn... é... – antes de terminar a frase, ele pegou meu caderno. Tentei apanhá-lo de volta, mas foi uma tentativa em vão.

– Estava escrevendo? – ele direcionou um olhar esperançoso para mim. – Se importaria de eu ler?

– Bem...eu .... bem eu me importo si...

– Castigo que é a vida – ele disse me interrompendo. - Por que comigo? / A vida já é um castigo / Mas para mim não era preciso / Por que para mim? / Uma vida sem rumo / Uma vida de descuidos / Uma vida que a cada hora / A cada minuto / A cada segundo / Parece que só piora / Oh vida / O que fiz a merecer / Esse castigo que é a vida / A vida sem meus pais / A vida sem uma vida / O que fiz para merecer essa vida?

– Muito profundo Srta. Streker. – disse ele colocando meu caderno de volta na minha mesa. Seu olhar dizia algo como “é ela, tenho certeza que é ela”. – Quero ver o que mais você esconde de mim.

– Deixa eu ver isso! - disse Melany apanhando meu caderno. - Mas, o que? Que lingua é essa?

– É inglês sua idiota. - respondi com um tom agressivo. Já estava cansada de Melany me humilhar.

O nerd da sala que sentava do lado de Melany, Vicente, pegou o caderno dela.

– Essa lingua não é inglês. - disse ele. Como assim não é inglês? - pensei. - De acordo com os meus estudos isso é grego antigo.

– Mas eu não sei falar grego sabe tudo. - disse a ele.

– Você sempre escreveu em grego antigo Srta. Streker. - disse o Sr. Portner me abrindo um sorriso. - Não sabia disso? Por isso eu sempre te dou um ponto a mais, por saber uma lingua basicamente extinta. Melhor prosseguirmos com a aula.

Todos da sala me olhavam boquiabertos como se eu tivesse descoberto a cura para o câncer. Me encolhi ainda mais na cadeira querendo sumir. Então deve ser por isso que em todas as matérias eu ganhava zero. Sim, zero bem redondo.

– Mas... – disse Melany querendo estragar tudo. Ela não me suportava ver ganhando alguma atenção nem que fosse do maior nerd da escola. – Ela estava fazendo isso na hora errada, tem de mandar ela pra diretoria!

– Srta. Vansrill...

– Ou quer que eu mesma avise o diretor sobre isso e ele te demita?

Todos ficaram em silêncio por um bom tempo. Pronto pensei - agora que estou ferrada.

Resumindo, o Sr. Comcum (sim, o sobrenome dele era Comcum) me odiava. Ele era alto, bem alto, de cabelos pretos e olhos cinza como tempestade, mas, às vezes, parecia que ele tinha apenas um olho. Enfim, ele me odiava, e muito. E a queridinha dele que estava certa em qualquer circunstância era Melany. Mas o que eu podia fazer? Melany era sobrinha dele.

– Sinto muito Srta. Streker, - disse o Sr. Portner. – mas preciso que você vá para a diretoria imediatamente.

Porcaria.

Levantei-me e, do jeito que sou desastrada, deixei cair meu caderno. A classe inteira riu de mim.

Enquanto andava até a porta comentários ofensivos eram direcionados a mim como “espero que você se ferre” ou “a diretora vai te matar Streker, você já era”, mas o mais ofensivo foi o de Melany que disse “que bom que você vai sair dessa escola e ir pra outra mais uma vez adotadinha. Mas, você sabe, eu nunca deixo alguém ir embora sem um presentinho de despedida. Curta seu castigo.”

Quando sai de sala acidentalmente esbarrei em um garoto. Típico meu.

– Desculpa. – disse a ele.

– Tudo bem. – ele respondeu e abriu um sorriso. – Meu nome é Marcelo Polivore.

– Prazer. – o cumprimentei. Ele era alto de cabelos ruivos e usava um capuz. Seus olhos eram verdes tão vivos que se olhasse diretamente à eles você poderia acreditar estar em uma floresta. – Meu nome é Holly Streker. Se me der licença, tenho um encontro marcado com o diretor.

– Boa sorte pra você. – disse ele. Ele me olhava atentamente como se estivesse analisando um rótulo de um remédio, o que me deu medo. – Te encontro algum dia?

– Claro, sem dúvida. – respondi e fui pra sala do diretor.

Quando cheguei bati na porta fazendo um som tipo “Tan, tanhanhanha, tantan”.

– Entre Holly. – Como ele sabia que era eu?! Mesmo estando muito espantada entrei.

– Senhor, eu posso explicar...

– Então explique Srta. Streker. – ele me interrompeu.

– Bem, eu estava escrevendo na aula do Sr. Portner e...

– Acha que está aqui por isso? – ele perguntou e deu uma gargalhada amedrontadora. – Melany fez um bom trabalho a trazendo aqui, agora que temos certeza.

– Certeza de que? – perguntei incrédula.

– Você não vai viver tempo o suficiente para descobrir. – ele disse e depois começou a crescer mais e seus olhos se tornaram em um só. Eu já lera isso em algum lugar. Ah, outro fato sobre mim, eu sou devoradora de livros.

Lembrei-me de todos os livros que lera: Viagem ao Redor da Lua, Moby Dick, diário de Anne Frank, A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça... Finalmente lembrei de um livro que não me recordava bem o nome, só me lembrava de que ele se tratava de mitologia grega.

– Você é um ciclope. – disse.

– Sim minha cara, - disse ele e abriu um sorriso. Queria que ele nunca tivesse feito isso. – agora fique quieta para eu te devorar.

– M-me d-devorar? – perguntei gaguejando.

Ótimo. Mal vivi metade da minha vida e iria morrer. Nunca encontraria meus pais biológicos, nunca me tornaria uma cantora e compositora de sucesso, nunca. Comecei a suar, sem saber por quê.

– O que? – o diretor ciclope perguntou confuso.

Olhei para o meu cordão que, alguns anos antes na Califórnia eu ganhara dos meus pais adotivos dizendo que, quando apareci na porta deles, esse cordão estava comigo e eles resolveram guardar para me dar naquele aniversário. Nunca me acostumara de que eu fora deixada num cesto na frente da casa de Melissa e Robert. Parecia história de filme. O cordão era simplesmente um sol de bronze escrito “a luz sempre estará contigo”.

Quando olhei, ele estava com uma claridade imensa que quase me deixou cega. O toquei e, em um passe de mágica, o cordão meio que se desdobrou se transformando em um arco que em cada uma das extremidades tinha um sol.

– Mas... Isso é impossível! – disse o diretor Comcum. – A profecia...

Mexi na corda do arco e uma luz se formou nele, em forma de flecha. Mal pensei e atirei a flecha reluzente no monstro acertando-o no olho e instantaneamente se transformou em um pó dourado que se espalhou pela sala.

A profecia. Mas que profecia? De que profecia ele se referia? Só sabia que nunca mais saberia sobre o que ele estava falando. Apertei nas duas extremidades de sol do arco e ele voltou a ser um cordão "normal" de bronze e coloquei-o no pescoço outra vez.

Ouvi uma batida na porta.

– Holly, - disse alguém. Eu reconhecia essa voz... – você, bem, está viva?

– Estou. – disse. – Entre.

Quando ele entrou o reconheci de imediato. Era Marcelo. Só que, o que era aquilo na cabeça dele? Chifres? Ele estava sendo acompanhado pelo Sr. Portner.

– Você está bem? – perguntou ele. – Estávamos preocupados de que morresse.

– Quem eu sou? – perguntei.

– Bem, vou tentar resumir tudo Srta. Streker. – introduziu o Sr. Portner. – Mitologia grega, os deuses, monstros, tudo existe até hoje, você é uma semideusa, você matou um ciclope, o Marcelo aqui é um sátiro e eu sou um mortal que vê através da névoa, algo que impede os mortais de verem o que realmente acontece e os faz ver algo que está ao alcance da sua compreensão, que vem te protegendo esses meses que estudou aqui e você precisa ir ao Acampamento Meio-Sangue agora, que é um acampamento especial para semideuses.

– Eu sou uma semideusa? – perguntei. Era muita coisa para processar naquele momento. Para alguém que tem TDAH mais ainda. Na sala de aula eu tinha de fazer muito esforço para prestar atenção e ficar quieta. Até pra ler os livros eu tinha muita dificuldade, e, a maioria das vezes, era Melissa quem lia pra mim. Se não era ela era Robert. Constrangedor, não?

– Você sabe. – interveio Marcelo. – Quando um deus se apaixona por um mortal e tem um filho com ele.

– Sei, mas eu?

– Sim você. – ele disse e me pegou pelo braço. – Agora precisamos te levar ao acampamento meio sangue. Sem mais explicações.



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Notas finais do capítulo

Achei que ficou ruim, mas se gostaram nada contra.
A gente se fala ai embaixo.
Beijo e até o próximo capítulo!



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