Quarter Quell escrita por BruxoBrunao


Capítulo 6
Gale's


Notas iniciais do capítulo

Este foi um capitulo que eu adorei escrever como Gale. Realmente. Bom, sim, é agora que a história vai realmente começar, assim como a SC demorou, rs. Aproveitem e critiquem (elogiar também é criticar, tá gente?).



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Capitulo 6

Gale’s


Estou dando saltos até a Aldeia dos Vitoriosos e vejo os vultos da mãe de Katniss abrir a porta para ela e Peeta. Meu coração está dando cambalhotas angustiantes e minha respiração é desregular. Sinto meu corpo quente ser coberto a cada segundo por mais gotículas de suor. Estou encharcado. A camiseta está pregada ao peito e os sapatos estão revestidos por uma grossa camada de lama e neve. Agora também estou congelando.

Arfo deliberadamente com as mãos apoiadas na coxa até que ela finalmente fecha a porta. Olho para os lados e para cima. Se o presidente está na casa dela, então ele deve ter vindo em um aerodeslizador. Ou será que pegou o trem e depois uma daquelas carroças? Duvido. Com este pensamento volto a andar calmamente, pois se alguém estiver me vigiando lá de cima devo aparentar normalidade, mesmo que já seja meio tarde para isso.

O instinto de dar passos mais largos é constante, mas tento me reter ao máximo, mesmo que seja desgastante saber que Katniss está na presença daquele sujeito e eu estou aqui, parecendo dar um passeio pela Aldeia dos Vitoriosos. Patético. E desta vez, eu não estava falando do Peeta.

Dou duas batucadas na porta e quem abre é Haymitch. Seus olhos caídos e preocupados encontram os meus e arrepio. Se ele está aqui, - e com essa cara – a coisa não é das melhores. Adentro aquele ambiente aquecido pela lareira farta de carvões e sinto um alivio imediato. A Sra. Everdeen vem logo me receber.

- Oh, Gale. Que ótimo que está aqui. – Ela me abraça e depois se afasta desajeitadamente. – Veio se juntar a nós? Estamos jantando carneiro com molho de laranja e aspargo.

- Eu agradeço, Sra. Everdeen, mas vim falar com Katniss. – Dois pacificadores estão em pé, atrás do sofá, escondendo suas armas. Eles me olham de cima a baixo e depois voltam a olhar para frente, como estátuas. Katniss, Katniss... Você não consegue ficar longe de problemas, não é mesmo?

- Eu insisto, querido. Além do mais, Katniss e Peeta estão no escritório conversando com o presidente. – Assim que ela diz isso, seu corpo trava e ela observa de soslaio a reação dos Pacificadores. Suas caras não são das melhores – e quando são, ultimamente? – mas não parecem muito afetados.

Aceito e me sento à mesa ao lado de Haymitch que cheira a bebida. Não consigo aceitar ainda que deixaram a vida de Katniss nas mãos desse cínico. Eu claramente o detesto, e ele sabe disso. A mãe de Katniss põe um prato e talheres de prata na minha frente, servindo-me em seguida. Destroço calmamente o jantar, enquanto fico reparando em todos na sala. Haymitch está agarrado a sua garrafa e aparentemente não comeu nada. A Sra. Everdeen anda pra lá e para cá na cozinha ajeitando isto ou aquilo nervosamente. Apesar da situação ruim, ela parece mais viva do que nunca, talvez porque tenha mais coisas com o que se preocupar que apenas a morte de seu marido.

Finalmente Primrose chega com um saco cheio de doces e os remédios. Ela nos cumprimenta e deixa o pacote maior na mesa. A mãe dela o pega. Ela se senta no sofá e mostra a língua pra mim. Não consigo deixar de sorrir.

Ouço o barulho da porta sendo destravada e vejo o presidente entrando na sala. A presença dele carrega um cheiro de cemiterio e é como se uma névoa com peso considerado pousasse nos nossos ombros e nos deixasse lentos. Toda sua fisionomia e seus movimentos corporais são pavorosos. Mesmo assim, sinto-me em alerta da mesma maneira como quando estou na floresta caçando. Mas desta vez nós todos somos as presas. Ou talvez sempre fôssemos. Ele só está aqui para nos lembrar disso.

Ele me olha nos olhos e acabo por abaixar a cabeça, encarando o prato. Não acredito que estou com medo dele. E pior, não acredito que estou cedendo ao medo por sua presença.

- Obrigado pelo chá novamente, Sra. Everdeen. Ele está sempre em perfeita temperatura. – diz, com um sorriso petulante.

- Eu que agradeço, Sr. Snow. Volte quando quiser, sim? – Ela vai até a porta. Ah, não, não volte. Não volte mesmo. Faça um favor a todos e engasgue-se com seu próprio veneno, sim?É isso que desejamos dizer.

Ainda há tempo para que o presidente veja Peeta entrar na sala.  Ele o ignora e já se dirige a Prim.

- Espera. Isto aí são doces? – Ele sorri.

- São meus! – Ela grita.

- É mesmo? – retruca, com um olhar insinuador e Prim dá um salto, correndo para dentro da casa com Peeta em seu encalço.

- Vejo vocês em breve. – o Sr. Snow diz, olhando para todos, até para Haymitch e me preocupo com o que ele está tramando. Os Pacificadores o seguem, fechando a porta, deixando para trás nossos olhares amedrontados. Por longos segundos ficamos em silêncio, apenas ouvindo o ruído dos insetos do lado de fora.

Mellark finalmente volta com Prim no colo e a coloca sentada sob a mesa de jantar. Volta os olhos para a Sra. Everdeen e ela o segue. Não tenho tempo para levantar e acompanhá-los, pois ele já está voltando com Katniss no colo e a levando para cima. Largue-a é, sem duvidas, a primeira coisa que me vem à cabeça. Vê-los assim me deixa irritado em demasia, e de tão atônito com toda aquela agitação demoro pra ter consciência do que está ao meu redor. Como posso não me preocupar com Katniss, e só com Peeta?  Sou um babaca.

- Não suba. – Diz Haymitch, assim que ponho o pé no primeiro degrau.

- O que?

- Não suba. – repete, bebendo um gole de um liquido transparente. – Isso não é da sua conta.

Não respondo, mas o encaro de uma maneira que poderia explodi-lo. Acho que nunca trocamos uma palavra, na verdade. Talvez um limitado oi ou bom dia, mas eu não teria assuntos para tratar com ele, pelo menos até agora.

Ele joga um olhar de desprezo de soslaio e se volta para a bebida. Cravo as unhas na palma da mão. Estou pegando fogo por dentro, enquanto as palavras dele se reviram em meu cérebro. Sequer me dou conta, mas já estou a centímetros dele e arranco-lhe a garrafa, lançando-a na parede e espatifando-a.

- É da minha conta sim, idiota. Você mal a conhece, não como eu. – berro.

Ele retira uma faca da bota e me ataca, mas seguro seu pulso e o prenso contra a parede. Parecemos dois cachorros rangendo os dentes um para o outro e ele finalmente larga a arma.

- Apenas fique longe de mim. – Digo, soltando-me dele e indo para a escadaria.

- Não teria motivos para querer o contrário, queridinho.

Ponho a cabeça no lugar e parto rumo ao alto da escada, pulando alguns degraus. O arrependimento me consome tão rápido quanto a subida ao entrar no quarto e me deparar com aquela imagem. A mãe de Katniss está de costas, arrumando algumas roupas no armário e Katniss está deitada na cama. Peeta está ajoelhado ao seu lado, agarrado as suas mãos. Eles estão se beijando. Paro de respirar e dou a volta, batendo a porta do quarto quando saio e tendo a certeza de que minha presença foi notada. Estou explodindo de ciúmes agora.

 

Dia anterior à colheita.

Somos mandados permanecer em casa e ficar esperando o programa da capital. Na verdade, você poderia ir para a praça também assistir as notificações pelo telão, mas poucos quiseram fazer isso, talvez todos sentissem o clima frio que permaneceu em nosso distrito mesmo depois que a última parte de neve no chão derreteu.

Fiquei fora das vistas de Katniss nestes últimos tempos. Evitava transitar por onde ela passava e se a via mudava de caminho. Pode parecer um tanto infantil, mas isso me continha de ter um acesso de raiva e ficar mais furioso ainda com ela se nos falássemos. Não que eu tenha esse direito, obviamente, no entanto não controlo muito bem essas emoções dentro de mim. Então resolvi manter distância mesmo.

Ela, por sua vez, desistiu de me procurar com facilidade até, e logo sequer saía da aldeia dos vitoriosos. Eu ficava vigiando a cerca em busca dela, mas acho que nem se ela quisesse voltaria para lá, pelo menos com a eletricidade passando a toda velocidade pelos fios e talvez também tivesse haver com a visita do presidente Snow. Dos dias que a Sra. Everdeen chamou minha mãe para lhe arranjar algum serviço ou lhe entregar algum donativo, ela me disse que nunca viu Katniss, que ela passava as tardes na casa de Haymitch ou de Peeta. Isso devia querer dizer que não sentia muito minha falta.

- Gale? – minha mãe entra no quarto, com Posy agarrada a sua perna. – Vai começar. Você vem?

Balanço a cabeça afirmativamente e olho para minhas mãos. Ela sai.

Embora tenha me afastado de Catnip, não paro de pensar nela. Ela é minha distração durante o trabalho na mina. Fora, também, pensar em novas maneiras de arranjar comida para minha família, claro. Por este motivo, resolvi fazer algo para ela. Sou bom com nós e por isso concentrei meu projeto em algo que utilizasse cordas. Já está quase finalizado e é um projeto muito simples, devo dizer. Consiste em um emaranhado de nós em uma corda fina de palha que minha mãe me deu, trançando o fio em várias pequenas porcas que no fim se tornará um bracelete. Parece-me bonito. Quem sabe ela goste? Ou será que ela se consumiu pela nobreza da Capital e dos confortos de ser uma vitoriosa? Cruel. Crueldade pura este tipo de pensamento, porque eu a conheço bem para saber que ela nunca sucumbiria a esses luxos por mais que sejam tentadores, imagino.

Guardo a pulseira na gaveta. O presidente Snow já está falando alguma coisa na TV quando chego à sala. Este é o ano do Massacre, e tudo pode ser feito. Seu rosto está em foco, e ele fala vagarosamente. Diz sobre as regras e o motivo pelo qual os jogos foram criados. Nego-me a ouvir isso pela 19ª vez. Só então, quando ele faz uma leve pausa e pega a caixa que contém os cartões eu passo a prestar atenção.

- No terceiro aniversário de 25 anos dos Jogos, - começa, – para que os rebeldes não se esqueçam de que a Capital tudo sabe, mas que também é generosa com os que se arrependem, 11 distritos serão poupados, mas um será castigado duplamente, com dois tributos de cada sexo, inclusive os vitoriosos. Este distrito deve ser escolhido por meio de um sorteio. – Ele olha firmemente para a câmera e finaliza: - E que a sorte esteja sempre do seu lado.

Estou em choque. Ninguém na sala se move, e todo o distrito está em silêncio. Ainda não absorvi estas informações, quando vejo o presidente mexendo em uma pequena bola transparente e tirando de lá um pequeno papel.

- Distrito 12. - Ele lê. – O Distrito 12 fornecerá, amanhã, quatro tributos para o Massacre deste ano.

Não consigo me mexer.



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Notas finais do capítulo

DAN DAN DAAAAAAAN!!!
kkkk E ai? O que acharam? Tosco, né? Mas eu amei.