Amanhecer Com Os Volturi escrita por bella cullen


Capítulo 13
parto (parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora
comentem pois deu muito trabalho ta?
eu me esforçei para deixar o capi bem grande entao é o minimo que mereço,beijos!!!



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 “-oi jake - eu voltei a ver o filme e percebi que Edward e Jacob estavam discutindo – chega os dois – eles pararam o copo de sangue caiu da minha Mao e com a força que eu fiz para pegar acabei quebrando uma costela e caindo-HAAAA”

POV.EDWARD

Quando eu vi a Bella caindo corri para não a deixar cair

-ela vai ter o bebe – foi a única coisa que consegui falar – Rosálie veio ao meu lado – Rose ligue para o Carlisle – peguei a Bella no colo e a levei para o escritório que Carlisle tinha colocado alguns aparelhos médicos. E a coloquei na maca.

“pai eu... estou... ficando sufocada... salve-me” Renesme gritava mentalmente.

-ela esta sufocando, Edward salve-a – Bella falou, na hora estranhei o fato dela saber, mais eu tenho que pensar em algo, eu queria esperar o Carlisle já que ele era o medico, mais não dava Bella gritava de dor.

-Rosálie – falei mais ela logo recusou dizendo que não iria aguentar.

Jacob estava do meu lado mais tenso do que eu.

-faça alguma coisa – ele gritava mais eu tinha medo de machucar a Bella.

-Edward ela vai morrer se você não a tirar – Bella falou.

Eu mordi a barriga dela e a rasguei para tirar a menina

-HAAAA – ela gritava e eu ficava cada vez mais nervoso,quando terminei de tirar a criança,rimos de alegria, eu fiquei com ela no colo a analisando.

-Bella... Bella... fala comigo...Bella – Jacob falava tentando faze-la ficar acordada,quando a vi daquele jeito fiquei nervoso novamente.

-Rosálie – ela veio e levou Renesme.

Eu tentei fazer igual o cachorro e a chamar mais ela fechou os olhos sorrindo.

-NÃO... –eu estava com medo de perdê-la, então apliquei o veneno do coração, mais não adiantou ela não se moveu e não teve nenhuma reação.

-se ela morrer a culpa é sua, sanguessuga – Jacob falou e saiu do escritório.

Eu tinha medo por saber que era verdade, mais agora eu tenho mais um motivo para viver. Pensei em Renesme, mais Rosálie nunca a machucaria, os pensamentos de Jacob eram confusos e tristes todos eles me julgando. Com o medo me tomando resolvi a morder,a mordi por todo o corpo e mesmo assim nada adiantou.

POV.JACOB

Quando vi que Bella não estava resistindo, meu peito ardia pelo medo de está-la perdendo, eu tentava pensar em Liah para ver se minha dor sumia, e ia desaparecendo aos poucos, agora eu estava la chorando por uma mulher que é casada, mais eu nunca fingi ou menti que a amava. E era tudo por culpa DELA (Renesme). A minha vontade era de mata-la,aquele monstro Nessi,mais como é uma menina.Nessie.

POV.BELLA

Quando vi minha filha foi uma das melhores sensações do mundo. Mais eu vi que não ia aguentar mais ficar com os olhos fechados nem o coração batendo.

-Bella... Bella... fala comigo...Bella – ouvi Jake gritando mais eu não conseguia responder ao seu chamado.

Eu ouvi o que acontecia mais eu não estava presente. Segundos depois eu sinto uma fincada no peito, como se uma agulha tivesse me perfurando, e mordidas em torno de mim.

EU SENTI OS DENTES DE EDWARD ROMPEREM A PELE E A CARNE DE MEU PESCOÇO. Embora ele não possuísse presas como os vampiros tradicionalmente mostravam em todos aqueles livros e filmes sobre o assunto, os dentes dele eram mais afiados que os dentes de um ser humano normal.

A dor do corte não me incomodou, eu já havia sido vítima de ferimentos muito mais sofridos e profundos, a começar por aqueles causados pelo encontro com James, passando pelo acidente com a mesa de vidro em meu aniversário, o tombo da moto ou o corte que me auto-infligi tentando chamar a atenção de Victoria quando estivemos lutando contra o exército de recém nascidos dela.

Em outras palavras, todos os machucados que sofri no decorrer de minha vida, muito bem antes de conhecer Edward, me tornaram uma pessoa particularmente tolerante à dor, o que me fez imaginar que eu estaria preparada para suportar o suplício da transformação.

Eu conseguia sentir o fluxo do meu sangue escoando pela boca de Edward, enquanto o veneno que havia em sua saliva abria caminho para dentro do meu corpo. Senti o lugar da mordida começar a queimar, uma dor muito semelhante àquela que sentira em minha mão quando James me atacou.

Inconscientemente eu apertei as costas de Edward, espremendo entre meus dedos o tecido da camisa que ele usava. A experiência prévia com James realmente me havia preparado, ainda que minimamente, para aquele primeiro estágio da transformação. A familiaridade daquele fogo em minhas veias me impediu de gritar. Eu já sabia o que me esperava, portanto, conseguia ter um pouco mais de controle sobre as minhas reações.

Eu prometera a mim mesma que suportaria o máximo que conseguisse sem reclamar. Depois de todas as nossas conversas e discussões, eu sabia que estava sendo muito difícil para Edward passar por tudo aquilo. Meu pensamento constante era que quando tudo finalmente acabasse eu teria toda uma eternidade de felicidade ao lado do amor de minha existência e minha filha.

Edward se desvencilhou de mim suavemente, embora eu debilmente tentasse manter seu corpo de pedra próximo ao meu, como uma muralha a me proteger.

- Eu não vou embora, Bella – ele murmurou com sua voz de anjo. – Eu nunca mais vou embora.

Apesar de sentir a dor começar a ampliar-se do pescoço até a base de minha cabeça a ponto de eu não conseguir nem ao menos assentir às palavras de Edward, me senti reconfortada e aliviada ao escutar o que ele dissera.

Poucos segundos depois, eu sentia novamente os seus dentes em meu corpo. Uma mordida em cada pulso e logo havia fogo queimando e correndo por minha veia a ponto de eu me encolher em mim mesma, como um bebezinho prestes a nascer. Edward deitou ao meu lado na cama, abraçando-me pela cintura, seus lábios aveludados roçando em curtos beijos minhas costas e meu pescoço.

- Vai ficar tudo bem... – Ele dizia, embora a voz dele começasse a parecer um pouco distante e incompreensível.

Começou como as ondas do mar, um espasmo de dor lancinante e outro de paz, mas agora era simplesmente agonia pura, era pesada, como se tivessem jogado toneladas em cima do meu corpo. A dor do veneno começava quente, fina e aguda, passando das veias para os músculos e desses para os ossos se ampliando até tomar conta de todos os meus sentidos. Pensar estava começando a se tornar uma tarefa quase impossível. Minha mente estava se tornando turva e desconexa, eu simplesmente não conseguia mais manter meus olhos abertos. Tamanha era a agonia a que meu corpo estava sendo exposto que eu não conseguia mais perceber o mundo ao redor de mim. Nem mesmo Edward, e aquilo me desesperou.

Cada célula do meu corpo ardia de uma maneira excruciante e eu praticamente sentia a morte reclamando o meu corpo, mas, eu precisava viver – de qualquer forma. Eu precisava saber que veria o rosto do amor da minha vida e minha filha mais uma vez.

Respirei fundo, tentando me concentrar ao menos por um segundo em qualquer outra coisa que não fosse a dor. Neste momento eu consegui escutar o burburinho doce e contínuo de Edward, ele estava murmurando a minha canção de ninar. Aquilo pareceu um bálsamo para o suplício pelo que eu estava passando, me deu forças para continuar.

Se havia algo que nossa terrível separação havia me ensinado era que a minha vida e a dele estavam interligadas por um único fio do destino. Se a minha metade – minha fraca e frágil metade – fosse cortada, a dele também o seria. Se ele cessasse de existir, eu não sobreviveria. Se eu não sobrevivesse, ele não mais existiria. E um mundo sem Edward era insuportável demais para sequer ser concebido em meus pensamentos. Edward tinha que existir e, para isso, eu teria que me agarrar a qualquer coisa que fosse capaz de me manter inteira pelas intermináveis horas de tortura que acompanhariam a minha transformação.

Meu corpo parecia estar se acostumando àquele sofrimento, pois eu chegara a um ponto em que me sentia praticamente anestesiada. Eu podia sentir as gotas de suor empapar meus cabelos, roupas e os lençóis. O fogo que estava em minhas veias já alcançara a minha pele, não fosse o corpo gelado de Edward a amenizar o calor, eu certamente me sentiria como se estivesse sendo queimada viva em uma fogueira.

Aos poucos, o calor foi sendo substituído pelo frio. A temperatura de meu corpo começava a cair, exceto por minhas entranhas, que continuavam queimando incessantemente. O estômago revirava e parecia estar em brasa. Eu sentia como se algo estivesse sendo arrancado à força de dentro de mim.

A porta se abriu e eu escutei passos cruzarem o quarto como batidas de um martelo em uma bigorna de metal, sabendo que se eu ainda fosse humana dificilmente teria notado sua aproximação.

Eu não sentia mais nada, a primeira e única coisa que consegui fazer foi abrir os olhos. A primeira coisa que eu vi foi a mão de Edward pousada sobre a minha, com delicadeza. Apesar da expressão dele ser suave e prestativa talvez para não me assustar, eu podia ver a preocupação no fundo de seus olhos dourados, que naquele instante estavam menos brilhantes que o usual. vi toda a família na pequena sala me olhando com curiosidade e alegria,principalmente Edward e Jake.

Comecei a tremer, cada vez mais e mais, incapaz de evitar as convulsões que tomavam todas as fibras do meu ser. A dor voltou com mais intensidade. Meu coração batia enraivecido dentro do meu peito, bombardeando a agonia para todos os pontos do meu corpo. O fogo havia tomado conta de mim como uma mortalha de tortura. Eu não podia mais respirar. Eu havia me afogado uma vez, mas aquilo era diferente. Eu preferiria mil vezes sentir a água congelando rasgando as minhas entranhas, aquilo seria um alívio bem vindo. Tudo o que eu podia sentir era o calor de mil sóis me queimando.

Queria gritar... Mas me contive, eu não quebraria a minha promessa. Além disso, eu duvidava que tivesse controle o suficiente sobre meus músculos para conseguir sequer abrir a minha boca. Eu pude sentir as lágrimas que ainda me restavam descerem, abundantes, pelo meu rosto sem que eu pudesse impedi-las.

Minhas forças estavam se esvaindo completamente. Uma dormência que começou a surgir nas pontas dos dedos, passando para as mãos e pés, depois tomando conta dos braços e pernas até cobrir todo o meu corpo. Eu não conseguia mais me mexer... Tudo parecia estar desaparecendo ao meu redor... Apenas uma única coisa parecia prender minha atenção, e, para a minha surpresa, não era a presença de Edward ao meu lado, mas as batidas de meu coração... Cada vez mais espaçadas... E mais baixas... Mais baixas... Mais baixas... Até que o último som pulsou solitariamente.

Eu tentei sentir o meu coração, tentei encontrá-lo dentro de mim, mas eu não conseguia mais senti-lo. Eu não conseguia sentir parte nenhuma do meu corpo, nada parecia estar no lugar onde deveria. A escuridão começou a empurrar minha mente para um recanto escondida dentro de mim mesma. Instintivamente, eu tentei resistir, eu estava com medo demais de ceder à escuridão, ao desconhecido, com medo de não conseguir encontrar meu caminho de volta.

Embora eu não pudesse mais sentir Edward eu sabia, em algum lugar de mim, que ele ainda estava ali ao meu lado. Se eu cedesse à escuridão, não poderia mais contar com aquele conforto. Eu estaria completamente sozinha. Apenas eu e minha dor. Mas aquela era uma força sólida demais para eu poder resistir com minha débil perseverança humana.

Aquela parecia ser a história da minha vida – eu nunca havia sido forte o bastante para lidar com as coisas que estavam fora do meu controle. Eu nunca havia conseguido encarar meus inimigos de igual para igual, atacá-los, vencê-los, escapar da dor. A dor e a impotência que vinham junto com ser humana sempre me perseguiram. Sempre fraca, inútil, indefesa e dependente. Tudo o que eu sempre pude fazer foi tentar não ser completamente obliterada por aquelas forças que estavam tão além da minha compreensão. Sobreviver. Resistir. Era tudo o que estava dentro da minha capacidade.

Eu havia resistido a James e seus jogos sádicos.

Ao buraco negro que o abandono de Edward deixou dentro de mim.

À Victoria e sua obsessão por uma vingança sangrenta.

À dor de quebrar o coração de Jacob com minhas próprias mãos, por tantas e tantas vezes.

Mas não desta vez. Desta vez, era demais. Por aqueles últimos e contados minutos, eu ainda era humana e minha resistência não era nem de longe o suficiente. Assim, finalmente, minha consciência se perdeu na escuridão.

Quando abri novamente meus olhos, um novo amanhecer já havia ocorrido. Eu levantei as minhas mãos para me proteger da luz do sol, que me incomodava. Neste instante, eu vi minha pele brilhar. Era como se eu estivesse diante de centenas de milhares de diamantes reluzindo como prismas e refletindo pequenos arco-íris.

Apesar de minha mente estar confusa e embotada, eu soube que aquele brilho era meu. Eu havia me tornado uma vampira. De alguma maneira inexplicável, eu havia sido forte o suficiente. Eu havia sobrevivido ao suplício do parto e da transformação. E agora ali estava eu, vampira. Imortal. Igual a Edward.

Ainda me deixei ficar por alguns segundos fascinada com a beleza de minha própria pele. Pisquei os olhos, notando que as cores ao meu redor, não apenas a minha pele luminosa, pareciam mais claras, mais brilhantes, como se a realidade houvesse sido pintada com pinceladas fortes e quase berrantes. Senti como se aquelas cores fossem se desprender dos objetos e me inundar completamente a ponto de me afogar.

Meu impulso foi me levantar rapidamente apesar da dor eu senti minha cabeça girar, e minha visão não conseguia distinguir nada além de borrões. Fechei meus olhos novamente, balançando um pouco a cabeça para tentar ganhar melhor controle sobre meus sentidos antes de abrir novamente as pálpebras. Embora eu quisesse dizer tantas e tantas coisas a eles,só consegui balbuciar uma única coisa em meio ao mal estar.

- Preciso vomitar – falei tão baixo que até mesmo imaginei que havia apenas pensado aquilo.

Muito mais rápido do que eu pude perceber, Edward havia saído do meu lado e voltado com uma jarra onde eu podia expulsar todos os alimentos e resíduos que meu corpo imortal não precisaria e começava a rejeitar.

Edward segurou minha cabeça, afastando meus cabelos ainda molhados pelo suor. Ele não me parecia tão mais frio do que eu naquele momento. Aquele processo se repetira mais algumas vezes, até que eu me sentisse completamente vazia por dentro.

A noção de tempo me havia desaparecido quase por completo desde que aconteceu o parto, contudo, pelas paredes de vidro do escritório eu conseguia perceber que a noite já havia chegado; entretanto, meus sentidos me diziam que ainda demoraria um pouco para que tudo acabasse. Apesar de que não me sentia mais plenamente capaz de confiar nos resquícios de sentidos humanos que ainda me restavam.

Minha família toda me olhava deslumbrante com certeza pelo fato de eu ter sobrevivido então eu comecei a notar o odor que me rodeava, uma mistura indecifrável de cheiros, alguns agradáveis que me faziam desejá-los ter em mim mesma, outros tão aversivos que me tornava enojada. Contudo, tão amalgamados que não sabia distinguir exatamente onde começavam aqueles que me davam prazer daqueles que me causavam ânsias.

Finalmente veio o som. Alto, muito alto, cada vez mais alto. Passos... Animais trotando... Batidas em algum lugar indistinto... Água correndo... Talvez... Ou não... Era uma cacofonia incompreensível... Eu sentia como se o mundo inteiro estivesse berrando a plenos pulmões dentro de minha cabeça.

Eram tantas as sensações novas que me atingiam graças aos meus sentidos extremamente ampliados que eu me via incapaz de discernir tudo. Eu estava tão preenchida por todas aquelas impressões do mundo ao meu redor que quase me senti incapaz de perceber a mim mesma em meio a todo aquele turbilhão.

Fechei os olhos, apertando-os com força; com a mesma intensidade, tampei meus ouvidos, e inconscientemente cessei de respirar, já que não mais precisava daquilo para sobreviver. Tudo com o propósito de bloquear aquela enxurrada de estímulos que a realidade bombardeava para dentro de mim.

Senti, então, duas mãos pousarem em meus ombros. Elas me pareceram macias e suaves. Confusa, me perguntei quem poderia estar ali, além de Edward; foi apenas quando eu escutei a voz de querubim de meu amor que compreendi que as mãos pertenciam a ele. Não havia mais diferença entre nossos corpos, agora eu também tinha a pele e o corpo semelhantes ao mármore.

- Bella – Edward sussurrou, não sabia dizer se alto ou baixo, dado o modo como o mundo gritava ao meu redor.

Apesar da voz aveludada dele ser o som mais beatífico que meus ouvidos humanos já captaram, a perfeição de seu tom angelical parecia ter se ampliado inexplicavelmente. Como se durante todo o tempo desde que havíamos nos conhecido eu estivesse ouvindo a voz de Edward através de um rádio velho e alquebrado, e, de repente, agora ele estivesse falando através de um aparelho de som digital de última geração. Mas por mais belo que o som fosse, ele fazia meus ouvidos vibrarem em agonia. Era alto demais.

- Faça parar – eu consegui pedir. – Está muito alto... Muito confuso...

- Shhh... – Ele me aninhou junto ao peito dele, me embalando.

Abri um pouco os olhos, e, se meu coração ainda batesse dentro de mim, tenho certeza que o que eu vi naquele instante teria feito com que ele disparasse em um frenesi enlouquecedor que me deixaria sem fala e sem ar.

Edward tinha seu rosto curvado sobre o meu, estudando-me com uma expressão ansiosa em suas feições de mármore. Era como se eu o visse de verdade pela primeira vez.

Quantas infinitas vezes minha mente humana havia se perdido em devaneios acerca da perfeição do rosto daquele anjo? Quantas infinitas vezes eu havia me surpreendido e me deslumbrado com sua beleza? O rosto de Edward era a única coisa da qual eu tinha a mais absoluta certeza de que poderia me lembrar com perfeição mesmo depois que minha vida humana tivesse terminado a única coisa que eu rezava para que me mantivesse sã em minha existência como uma neófita sanguinária.

Agora eu percebia que poderia ter sido cega por todo aquele tempo e não ter ideia de como Edward se parecia. Não teria feito diferença alguma.

Porque pela primeira vez eu era capaz de vê-lo. De realmente enxergá-lo. Eu era como um daltônico que via cores pela primeira vez. Como um míope que finalmente conseguia enxergar mais do que um borrão. Agora que eu estava livre da limitação dos meus olhos humanos, eu podia ver o rosto de Edward em sua plenitude. Eu não tinha palavras para descrever a beleza dele, nenhum adjetivo que eu conhecia nenhum adjetivo inventado por humanos, era o suficiente para defini-lo. Eu precisava de algo melhor... Algo que expressasse verdadeiramente a divindade de sua face.

Edward piscou seus olhos de ouro líquido por uma vez e então quebrou seu olhar do meu para fitar alguém que estava parado ao lado da cama. Pela minha visão periférica eu notei quem era. Carlisle. Os dois trocaram um diálogo silencioso.

Meu estupor de deslumbre foi quebrado quando notei a onda de ansiedade que perpassou entre eles. Imediatamente minha mente pessimista chegou às piores conclusões. Será que havia dado algo errado?Com o parto, ou com a transformação? Será que eu me tornara uma aberração ao invés da vampira perfeita e maravilhosa que Edward merecia ter ao seu lado?

Carlisle se aproximou, tocando a minha fronte, enquanto eu me mantinha encolhida nos braços de Edward, angustiada com aquele silêncio que eu sabia não ser real, com a conversa entre pai e filho que eu era incapaz de escutar. Ele examinou meus olhos, puxando as pálpebras inferiores e eu me senti muda por um minuto enquanto meus novos olhos absorviam a face de Carlisle. Minhas lembranças humanas e embaçadas também não lhe faziam jus.

Eu me perguntava se aconteceria o mesmo quando eu visse o restante da minha família novamente... Se todos eles seriam ainda mais indescritivelmente perfeitos. Eu pensei em Rosálie e em como ela provavelmente seria mais insuportavelmente bela aos meus olhos agora e senti uma nova onda de terror tomar o meu corpo.

Talvez a transformação tivesse tido o efeito inverso em mim e ao invés de ampliar meus poucos pontos positivos ela tivesse destacado os negativos. Talvez a ansiedade que vi nos olhos de Edward na verdade fosse arrependimento. Eu era imortal agora, se eu tivesse me tornado a vampira mais feia da história ele estaria preso a mim pela eternidade.

A expressão de Carlisle me pareceu um sorriso tranquilizador para Edward, e, creio, que também para mim. Contudo, a forma estranhamente nova como eu percebia o mundo me fez duvidar do que eu via.

- Bella – Edward me chamou novamente. Em meio àquela torrente de sensações, a voz dele era a única coisa verdadeiramente nítida e ele parecia já ter percebido isso. – você esta linda, você apenas precisa se acostumar com seus novos sentidos. Como um bebê que está aprendendo a conhecer o mundo.

Eu continuei parada, envolta e protegida por seus braços, perdida na enxurrada de estímulos, no terror de descobrir qual seria minha nova aparência, resgatada apenas pelo som da voz dele, a ponto de nem ao menos perceber se Carlisle ainda estava no nosso quarto.

- Tente se concentrar em uma coisa de cada vez. – Ele falou exatamente como se estivesse ensinando uma criança a andar, um passo de cada vez, mas, no meu caso, um sentido de cada vez.

Eu mordi meus lábios de leve, tentando me concentrar na presença de Edward, a única coisa que me parecia mais clara e completa naquele vendaval sensorial e emocional. Pelo menos ele estava ao meu lado, ao menos eu conseguia me lembrar de quem eu era... Quem ele era... Quem era a nossa família... Carlisle... Alice... Esme... Rosálie... Emmett... Jasper... Renesme. Que estavam em algum lugar que não estava mais la. Charlie... Renée... Phil... O bebê deles... Havia um bebê, não havia? Eu tinha a impressão de que havia. E Jacob. Jacob, meu melhor amigo... Um lobo grande, castanho-dourado... Eles eram lembranças distantes, como um sonho que se teve pouco antes de acordar. Alguns detalhes pareciam imersos em brumas densas, mas eu tinha esperança que os recuperaria aos poucos.

Foquei-me com todo o meu empenho em Edward, bloqueando gradativamente todas as demais sensações. À medida que a realidade foi diminuindo em mim, eu comecei a perceber que outro sentimento me consumia. Algo que estava lá desde quando eu acordei, mas que ficara misturado a tudo mais. Agora que eu começava a controlar o que o mundo externo me impunha, meu mundo interno clamava com muito mais avidez por outra coisa. Uma necessidade muito maior do que eu havia concebido em todas as vezes que me imaginei.

A garganta ardia como se eu houvesse ficado sem beber água há muitas horas, talvez dias. Queimava a ponto de eu buscar alívio no ar que me cercava, embora soubesse que não mais respirava. Meu estômago se comprimia de fome, dando pontadas tão fortes que me faziam imaginar que alguém enfiava lentamente uma chave de fenda em minha barriga.

Quando eu era humana, acreditava que vampiros não pudessem sentir dor. Ao menos, não uma dor tão forte e abrasadora. Obviamente, eu sabia o que era aquela sensação, o que ela significava. Era a coisa que eu mais havia temido acerca de me tornar uma vampira.

- Tenho sede – eu murmurei, tentando me desvencilhar dos braços de Edward. – Tenho fome.

Edward me apertou com um pouco mais de força, tentando, com dificuldade, me conter. Eu era uma recém-nascida, e, em algum lugar das minhas memórias caóticas, eu podia me lembrar de pequenos fragmentos das explicações de Carlisle e Jasper. Eu era mais forte do que Edward, possivelmente era a mais forte entre todos os Cullen agora. Talvez, com um pouco mais de esforço, eu pudesse escapar da prisão dos braços do meu marido para procurar algo que saciasse aquela necessidade. Contudo, o que eu sentia por Edward ainda me impedia de usar completamente minha força contra ele. Eu consegui, ainda que infimamente, me conter. Entretanto, não tinha certeza de quanto tempo eu poderia suportar.

Milésimos de segundos se passaram quando Carlisle cruzou novamente a porta. Eles haviam nos deixado a sós antes, eu finalmente percebi quando ele retornou. Enquanto Edward me abraçava, como o meu anjo protetor que ele sempre fora, Carlisle derramava, de uma grande garrafa, o sangue rubro e ferroso por minha boca. Era um gosto salgado e simultaneamente doce que não lembrava em absolutamente nada que eu provara anteriormente. O cheiro era bem diferente daquele que eu me lembrava, e que, ainda pouco depois de conhecer Edward, me fazia enjoar e perder os sentidos.

Aos poucos a ardência na garganta foi diminuindo e a dor no estômago se amenizou, mas eu não conseguia me sentir saciada ou satisfeita.

- Eu quero mais – murmurei, passando de leve a língua pelos lábios umedecidos pelo sangue.

Edward me trouxe ainda mais para junto dele, exatamente como se estivesse segurando uma criança em seu colo. Eu me encolhi um pouco mais, me aconchegando junto do amor de minha existência.

- Nós vamos arrumar mais, vamos cuidar de você até que possa se cuidar sozinha – ele respondeu, beijando carinhosamente por cima dos meus cabelos – Eu vou cuidar de você, Bella, eu prometo.

Eu assenti minimante, compreendendo o peso do significado das palavras dele. Entretanto, no fundo de minha mente, meus pensamentos gritavam exigentes que não havia sido o suficiente. Eu precisava de mais, mais sangue para aplacar totalmente a minha sede.

Eu realmente havia me transformado em uma vampira.


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