Untitled escrita por Fun Ghoul


Capítulo 15
Capítulo 14 - Untitled




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Eu estava buscando por algo que me marcasse e me destacasse naquela vida. Minha mãe era do tipo que resistia a todas as minhas ideias e era contra tudo que eu gostava. Não é uma coisa de todo adolescente, é uma coisa que a minha mãe tinha contra mim. Eu não sei mais me sentia sempre vazio e em busca de algo que nunca me satisfazia.

Era uma busca pela minha própria personalidade, pela minha identidade e marca no mundo e eu queria que isso me livrasse de uma infernal dor e angustia por ser um ninguém.

Escorreguei meus dedos pela maçaneta da porta de casa e saí. Enchi meus pulmões com o ar da rua e escutei uma voz atrás de mim.

– Onde você vai?

Bufei. Era obvio que eu não sairia de casa sem antes um relatório completo, revirei meus olhos em busca do que dizer a ela

– Vou na casa do Mich jogar um game novo que ele ganhou...

Ela estava falando alguma coisa sobre horários quando eu fechei a porta atras de mim e sai rapidamente pra que ela não me amolasse com nada.

Enfiei minhas mãos no bolso do meu moletom azul marinho e apertei minha carteira enquanto seguia para o centro da cidade com passos firmes e seguros. Eu estava mais do que decidido no que iria fazer!

Cheguei no estúdio de tattoo um pouco nervoso e cansado da caminhada. Lá dentro eu me senti levemente menos tenso o que me deixou seguro do que eu ia fazer. O cara que trabalhava ali tinha bastante tattoos pelo braço, pescoço e mãos e seu corpo grande e de feições zangadas parecia ser o tipo de pessoa que você não gostaria de enfrentar. Ele é o tipo de cara que meus pais odiariam que eu me tornasse.

A imagem daquele homem não me intimidava e me aproximei dele falando com segurança que queria por um alargador em cada orelha. Ele me encarou por um momento e depois sorriu me dizendo pra escolher. Não demorei muito e escolhi um alargador de rosca preto de 3mm. Era um começo pra mim.

Me sentei na cadeira e vi ele vir com uma espécie de agulha grossa na mão. Senti ele passar o algodão em minha orelha e em seguida começou a perfurá- la. Era uma dor suportável no começo mais depois de finalmente atravessar o outro lado da minha orelha aquela coisa parecia que estava me rasgando e eu me segurei firme pra não gritar. Prendi a respiração e esperei enquanto ele apertava minha orelha e enfiava aquele treco e minha orelha que parecia ferver.

Me senti o cara mais forte do mundo depois de resistir a toda dor e finalmente estar de alargador mais dai eu me lembrei que eu queria por nas duas orelhas e eu teria que aguentar a dor novamente. Engoli seco mais não pensei em desistir.

Quando saí do estúdio o orgulho era bem maior que a dor e a ardência. Eu estava metido pra andar? Ah que se dane eu estava me sentindo foda e isso é o que importava.

Eu caminhei de volta pra casa e pensando no que a minha mãe iria fazer a mim e isso me fez rir de imaginar cada coisa que ela iria me dizer. Mexi os cabelos de lado e deixei minhas orelhas mais a mostra. Meu cabelo estava grande e caindo nos olhos e isso me incomodava um pouco.

Cada passo que eu dava eu me satisfazia por estar na rua e foi lá longe que avistei o Ger caminhando com algumas sacolas na mão.

Assobiei pra chamar a atenção dele e ele se virou rápido para me encarar.

– Hey, que sorriso grande é esse na sua cara? - Ele me perguntou enquanto sua voz se harmonizava com o riso. Virei meu rosto de lado e mostrei os alargadores. Recebi um puta abraço inesperadamente e só pude sorrir e abraça-lo também.

– Sua orelha está vermelha! - ele disse ainda abraçado a mim na calçada.

– Acabei de coloca- los...- eu disse e um leve pensamento me passou pela cabeça. Afastei -os rapidamente por que eu não queria estragar a minha felicidade.

– Poxa cara, alargadores? ...Diz ae, doeu muito? - Ele se afastou um pouco e me perguntou com curiosidade enquanto seus olhos encaravam minhas orelhas com olhares faiscantes. Ele estava tão satisfeito quanto eu.

– Não, não. Foi tranquilo até... - Eu menti sobre a grande dor que senti, eu havia aguentado firme então não havia por que ficar falando sobre a dor, era desnecessário demais.

Voltei do centro da cidade com Gerard me falando sobre o quanto ele estava animado pra quando os outros garotos soubessem da novidade e eu fiquei mais animado ainda com aquilo. Mais claro isso só durou até o momento de parar frente a frente com o portão da minha casa. A porta de ferro me encarou com um ar cruel que me fez estremecer. Deixei aquele medo bobo sair de mim com o pensamento "A orelha é minha e eu faço o que quiser... ". Entrei.

– Frank, onde você estava? Sai e me deixa .... - Ela deu uma pausa quando eu passei do seu lado e seus olhos castanhos pousaram em minha orelha. O pensamento "Fodeu" me veio a cabeça mais me mantive com um sorriso no rosto e sustentei o olhar da minha mãe. Com uma cara furiosa ela despejou tudo que ela pensava sobre piercings e o fato de eu estar ridículo. Ela não entendia que eu já havia feito e que nada do que ela falasse mudaria meus pensamentos. Não era engraçado a cena mais eu não conseguia ficar sério com ela mesmo depois de sentir seu tapa em meu rosto fazer minha bochecha arder.

Não me dando chances de escapar ela me agarrou pela camisa e começou a me bater. Eu poderia empurra-la mais eu não fiz. Recebi a surra que ela tanto prometia e me alertar sobre meu pai.

Na certa eu apanharia dele também mais isso não me abalou. A ardência das mãos pesadas da minha mãe percorriam meu corpo e me deixavam inquieto mais isso era o de menos.

Meu pai quando chegou em casa apenas me deu um sermão chato sobre eu parecer um marginal com aquelas "argolas" na orelha.

TRIMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM

Aquele barulho chato do novo despertador do meu pai cortou o silencio da manhã e me fez dar um pulo na cama. Ouvi minha mãe reclamar sobre o fato do barulho ser muito alto e que ela queria dormir.

Começaram uma briga ridícula logo as 6 da manhã por causa de um despertador. Rolei na cama e puxei as cobertas pra minha cabeça tentando não ouvi-los mais não adiantava de nada.

Já havia se passado uma semana desde que coloquei os alargadores e eu ainda sentia um incomodo com eles. Eu era desleixado e agora era obrigado a cuidar das orelhas pra que não desse merda mais elas estavam incomodando um pouco mais não me fazia arrepender do que havia feito.

Voltei a dormir e só acordei as onze da manhã com minha mãe esmurrando a porta do quarto e berrando pra que eu me levantasse.

Muito de vagar eu fui até o banheiro me trocar e lavar meu rosto e quando me olhei no espelho eu vi minha orelha.

– MERDA - Eu berrei e comecei a me olhar mais atentamente. Minha orelha estava começando a inflamar.

Que droga! Era tudo que eu precisava agora, mais um motivo pra receber comentários chatos dos meus pais. Xinguei todos em pensamento amaldiçoando todas as pessoas que eu podia lembrar naquela hora.

Como meu cabelo estava grande deixei que eles cobrissem minha orelha enquanto eu procurava por algo que pudesse me ajudar com aquilo.

Sai de casa sem comer nada e todo apressado com meu celular na mão e liguei pro Mich que na certa poderia me ajudar, eu não queria que ninguém me visse com as orelhas fodidas.

Quando cheguei no Mich ele logo me disse que tinha um remédio que a mãe dele usava porque a orelha dela sempre inflamavam e foi essa a minha salvação, entupi minha orelha com aquela pomada.

Passei a tarde na casa do meu salvador e herói, o Grande Michell ,certo de que a pomada me ajudaria eu levei um pouco da mesma pra casa tomando o cuidado de não ser pego por minha mãe.

Uma orelha inflamada é o inferno, coça e dói sem contar que fica escorrendo uma coisa nojenta e você nem pode tocar porque esta tudo sensível. Sofri com a inflamação e torcendo pra que não tivesse que tirar meu alargador. Minhas preses pareciam que não eram ouvidas porque ela continuava da mesma maneira...

É claro que o segredo não ficou oculto por muito tempo e a minha mãe veio a saber o que tava rolando. Não apanhei mais eu bem que preferia isso a escutar falações tediosas.

Me senti mal, tão desnecessário, sem propósito e sem sentido na vida que até uma bostinha na orelha me detestava e queria se ver longe de mim.

– Por que você sumiu cara? Faz tempo que a gente não se vê...- Era o Gee no telefone com uma voz de preocupado.

Respirei fundo e disse a ele o que eu estava sentindo não que eu quisesse despejar nele meus problemas é que eu precisava falar com alguém.

– Estou putiado de ver minha orelha apodrecendo e tudo que eu faço não resolve.

– Cicatrização leva tempo cara.. o jeito é esperar e cuidar melhor disso - Eu sabia que ele estava certo mais eu queria me sentir melhor e não ouvir verdades que eu já sabia.


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