O Único Que Não Posso Esquecer escrita por Machene


Capítulo 2
Talvez me Falte Amor




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Cap. 2

Talvez me Falte Amor


Pra mim é difícil acordar cedo, já que eu não consigo dormir cedo. Desta vez, entretanto, eu resolvi fazer uma exceção. Levantei as nove e me arrumei para chegar logo na casa da Elie, que também é da amiga dela, mas eu não levo isso muito em questão. O que me importa é que finalmente encontrei uma garota que além de linda é divertida e carinhosa! ^^

Já liguei pra ela pelo celular e estou no meio do caminho, ansioso como nunca antes estive para sair pra algum canto. Faz tempo desde a última vez que o Música me convenceu a sair com uma garota, e, pra variar, era outra que só tinha roupas na cabeça e controlava a vontade de comer pra não engordar. Elie é diferente... Elie é alegre, gosta de animais tanto quanto eu...


– Elie... Nossa!... “Que loucura! Eu mal cheguei à porta da casa dela, nem a vi ainda e já comecei a sorrir feito um idiota!”


Resolvo tocar a campainha. Do outro lado escuto alguém gritar alguma coisa do tipo “Ah, ele chegou!” e segundos depois a porta abre num vulto.


– Oi. – é a Elie. Atrás dela a Melodia está sentada no sofá com uma xícara nas mãos: ao que tudo indica, estavam tomando chá pelo cheiro.

– Oi, bom dia Elie! Você está bem disposta. ^^

– ¬¬ É que ela ficou esperando por você faz tempo!

– õõ Melodia! – ela a fuzila com um olhar.

– Tudo bem, tudo bem, eu fico quieta! ^^ - começo a rir.

– Vamos sair logo daqui, por favor! xx


Notando que ela está nervosa, resolvo aceitar a súplica e descemos os degraus pra começar a caminhar. Sorrio e a observo de vez em quando, vendo o quanto tá vermelha. É a hora de mostrar meu plano de encontro! ^^


– Sabe... Eu pensei em irmos naquela mesma lanchonete de ontem...

– Ah, é ótimo! Estava pensando mesmo nela! ^^’ Você gosta de café?

– Gosto, mas você não me deixou terminar... ^^’

– Ah, você ainda ia falar? Desculpe... Olhe, eu vou ficar calada.

– Não, tudo bem. Eu gosto da sua voz; é tranqüila.

– Mesmo? ** - ela sorri e faz uma pausa – Mas... E então, o que ia falar?

– Ah sim...! É que eu ia te levar naquela lanchonete, mas tive uma idéia melhor. Você sabia que um circo veio pra cidade?

– Um circo? Mesmo? Eu adoro circos!

– Ah, eu achei que gostaria! Por isso eu resolvi comprar ontem dois ingressos pra vermos o espetáculo. – mostro os papéis tirados do bolso.

– Que ótimo! – desfaz o sorriso – Mas... Haru...

– O que foi? – começo a me preocupar com sua expressão.

– Bom, é que... Eu já tive muitos problemas com as pessoas por causa da minha doença, então eu... – meche as mãos. uu

– Você é doente? “Estranho, ela me parece normal.”

– Não é uma doença grave, então não precisa sair correndo! uu É só que eu costumo esquecer das coisas as vezes por causa de um acidente de avião que eu sofri faz uns anos, então eu achei que seria melhor se você soubesse logo pra não se assustar depois.

– Você se consultou com algum médico antes da morte dos seus pais? ‘ ‘

– Eles morreram no mesmo acidente...

– Ah, sei... – coço a cabeça – “Droga, é horrível não saber como consolá-la!” Mas Elie, você não se lembra é das pessoas que você conheceu depois do acidente ou de alguma coisa determinada?... Como é? õO

– O nome da doença é Amtésia. Ela faz com que eu desmaie todas as vezes que tiver uma emoção forte. Logo quando acordo eu não lembro mais do que houve antes de ter o ataque.

– Então me diz uma coisa... Por que você achou que eu ia sair correndo? – ela parece se espantar com a minha pergunta. - -

– Não, é só que eu... Eu acho melhor que você não fique tão próximo de mim. Quer dizer, é pro seu próprio bem.

– Para meu próprio bem? – rio – Elie, você não pensa em você? Se afastar os outros ficará sozinha!

– Eu tenho a Melodia, então está tudo bem. A parte que perco da minha memória toda vez que eu desmaio é o motivo que me fez desmaiar. Se for uma pessoa, ela é apagada completamente da minha mente, assim como se fosse considerada uma ameaça ao meu organismo, mas como ela sempre toma o devido cuidado não tem problema. – fico na frente dela e nós dois paramos.

– Elie, eu não quero me afastar de você! – ela não responde de imediato, só fica me encarando – Não posso ficar ao seu lado?

– Mas e se eu, um dia, te esquecer Haru?

– Isso só aconteceria se eu provocasse sua recaída. Eu não farei isso!

– Eu te disse antes, no aquário, que não achava possível que você me suportasse por muito tempo, não disse?...

– E eu disse que isso seria impossível! – consigo fazer com que ela se cale outra vez – Eu gosto da sua companhia Elie. ^^

– Verdade? oo – confirmo com a cabeça.

– Eu prometo que vou te proteger de tudo que possa te fazer mal.

– Mas... Por que você faria isso? Nós mal nos conhecemos.

– É, mas eu sinto como se já tivesse te conhecido muito antes.

– Eu também sinto... – ela admite – Um pouco.

– Então? Eu posso tomar conta de você?

– Eu gostaria de ter um protetor! ^^ Você virá sempre que eu chamar?

– Claro! A qualquer hora de todos os dias dos meses do ano!

– oo’ Me convenceu...! E o que você diria se, por acaso, começássemos um namoro deste tipo de relacionamento... Hipoteticamente... uu

– Como assim? Se isso acontecesse eu te protegeria ainda mais!

– Quero dizer, nós dois ficaríamos muito mais unidos. Como resolveria o problema se quisesse me dar um fora?

– oo Vem cá, isso é algum tipo de charada? Eu não sou muito bom!

– Ah, esquece Haru! ^^ - rimos.


Um tempinho depois e chegamos ao parque da cidade, aonde depois de umas barracas de vendedores ambulantes chegamos ao circo. Basta entregar os ingressos e conseguimos entrar. Deixo a Elie um instante, sentada nos nossos lugares, e saio pra buscar algumas coisas pra comer... ** Algo do estilo a bomboniere toda! Chego carregado de comida e ela começa a rir.


– Vai de chocolate ou amendoim? – ela me ajuda a segurar tudo e me espera sentar e botar o resto das coisas no chão ao nosso lado pra tirar um pacote de pipoca das minhas mãos – Eu acho que deve estar começando. ^^

– Haru, eu posso te fazer uma pergunta? ^^

– Claro. O que você quer saber? ^^

– Música e você já saíram com quantas garotas? – acabo engasgando com o refrigerante e dou uma tossida.

– Mas por que você está perguntando isso? oo

– Ué, se eu vou ganhar um protetor eu tenho que conhecê-lo bem, não é?

– É, mas... Pra quê você quer saber isso? õõ

– Como assim? Já imaginou se vocês forem dois gângsters tarados! uu

– Não somos gângsters tarados! – ela apóia o queixo na mão e me encara sorrindo – Tá bom, eu já entendi!... O Música, vez ou outra, gosta de sair com algumas garotas, mas ele diz já vem algum tempo que quer sossegar. Eu não tenho esse tipo de programa faz um bom tempo! - -

– Então quer dizer que você não sai com ninguém faz tempo? ‘ ‘

– Não. Pra falar a verdade, eu não saio com ninguém nunca! uu

– Nunca? – ela se endireita na cadeira – O que quer dizer com nunca? oo

– Eu não gosto de sair com qualquer garota.

– Haru... – olho pra ela enquanto bebo o refrigerante – Você é gay? – eu recomeço a tossir e ela bate a mão nas minhas costas algumas vezes.

– O quê? “Será que eu não me expliquei direito?” oo

– Foi você quem disse que não gosta de sair com garotas. ¬¬

– Não, o que eu quis dizer foi que não gosto de sair com QUALQUER garota! “É, eu não me expliquei direito...!”

– Ah... Então qual é o seu tipo de garota? uu

– Lá vem... Pra quê você quer saber isso agora? ¬¬

– Porque sim, ué. Vai que eu te arranjo uma. ¬¬

– õO Desde quando eu virei uma pessoa tão triste assim?

– ^^ Ah, esquece! O show vai começar.


Assim que a apresentação termina estou quase surdo. É divertido ficar com a Elie, mas ela talvez seja ainda mais animada do que eu e o pique dela não diminuiu nem um pouco na hora do espetáculo! ^^’ Teve horas em que eu precisei controlá-la pra não chamar a atenção da platéia que já estava batendo palmas na mudança de uma cena. Saímos da tenda e ela se vira.


– Ah Haru, obrigada! Há tempos eu queria vir a um circo de novo e não tinha oportunidade. Eu me diverti muito! ^^

– Que bom. Deu pra notar como você estava animada, mas me pareceu que você ficou um pouco nervosa em ter que subir no palco quando um dos dançarinos profissionais te chamou.

– Ah, pra falar a verdade eu fiquei mesmo!

– Mas você dança muito bem. Alguém te ensinou?

– Eu observava como os meus pais dançavam. Eles adoravam fazer isso! Foi assim que se conheceram inclusive, numa pista de dança.

– Legal. – olho pro lado – Você quer um sorvete? – ela olha na mesma direção um homem vendendo sorvetes em um carrinho.

– Eu quero. Pode ser de morango, o meu favorito.

– Sério? Eu também gosto de morango! – tiro o dinheiro da carteira.

– Viu? Estamos descobrindo mais coisas que temos em comum! – rimos.

– Eu vou buscar os sorvetes. Espera aqui.

– Sim senhor, capitão! – faz continência, ainda sorrindo.


Vou me afastando correndo e rindo. Não tem muita gente na fila, então dá pra chegar rápido. Espero o homem achar os sorvetes, que devem estar no fundo do carrinho, e aí escuto um grito: é a Elie! Viro de uma vez e vejo dois caras importunando ela, um segurando seu pulso esquerdo.


– O senhor pode esperar um pouco aqui que eu já volto.


Sem nem esperar pela resposta do homem, saio correndo em disparada na direção dos marginais e da Elie. Pela aparente conversa, ainda estão tentando convencê-la a sair com eles por bem...


– Ei, dêem o fora idiotas! – eles se virão e Elie abre um sorriso.

– Haru... – de início ela sussurra, mas logo se recupera do susto – Eles estão querendo me levar à força, me ajuda!

– Não se preocupe Elie, fique calma.

– Ah é, e o que você pretende fazer pra nos deter seu otário?


Sem nem pensar duas vezes, resolvo aplicar meus golpes de luta bem melhorados com anos de prática. Dou um murro em um deles e quando o outro vem pra cima de mim salto e acerto suas costas com um chute. O primeiro tenta me acertar outra vez, mas consigo me esquivar e aplico uma rasteira nele. Ao mesmo tempo, o amigo me segura por trás, só que me livro.

Viro de um jeito que ele vai parar de cara em um muro e deixa um rastro de sangue antes de cair no chão com o nariz quebrado. Ambos levantam e me encaram, já a poucos centímetros de distância ao lado da Elie.


– E aí? Ainda querem brigar? òó – estralo os dedos. Eles se entreolham e saem correndo bem rápido.

– Haru! – Elie pula no meu pescoço, empolgada – Você foi incrível! Mas como foi que aprendeu todos aqueles golpes?

– Eu fiquei órfão bastante cedo, lembra? ^^

– Ah, eu nunca mais duvido de você nesse caso! Você me ajudou mesmo.

– Eu disse que ia te proteger. – sorrio. Ela cora visivelmente.

– Espera aí, cadê os sorvetes? oo

– ^^ Ah, eu pedi para aquele senhor esperar ali e... – olhamos pra trás – Hé... Ele fugiu!... oo’

– Provavelmente tenha ficado assustado. Você o pagou? ‘ ‘

– Não. Ele tava demorando pra achar os sorvetes. - -

– Então não tem problema, podemos ir numa sorveteria que eu vi do outro lado da esquina. ^^

– Certo. Mas você está bem; não se machucou, não é?

– Não Haru, eu estou bem. Vamos!


Puxando a minha mão, vamos assim até chegar à sorveteria. Fazemos o pedido e vamos chupando os sorvetes até a porta da casa dela. Tá escurecendo e a Melodia ainda não deve ter voltado do encontro com o Música, já que o que ele me disse foi que iriam chegar bem tarde. ‘ ‘


– Nossa, o tempo passa tão rápido quando a gente se diverte. uu

– É verdade, mas nós podemos nos ver de novo amanhã. ^^

– Tudo bem. Desta vez eu escolho o lugar. ^^

– Fechado. – subimos os degraus e ela segura a chave.

– ¬¬ Aquela safada da Melodia. Ainda deve estar curtindo noite afora.

– ‘ ‘ O que me lembra... Você não vai ficar sozinha em casa?

– É. Não sei quando ela volta, acho que o jeito é esperar. - -‘

– Se quiser eu posso te fazer companhia. O Música vai chegar na mesma hora que ela também. ¬¬

– Mesmo? Obrigada Haru! ç ç – rio.


Entramos na casa e resolvemos assistir um filme qualquer que vai passar na televisão. Pedimos uma pizza e quando está tudo pronto o filme começa. Nenhum de nós dois sabia, mas o filme é de suspense. Mais da metade dele tem cenas que dão medo, então a Elie trata de se encolher perto de mim no sofá sem nem se preocupar se eu vou atacá-la ou não. E eu quero!

Numa hora um homem vê uma alma do outro lado de um espelho e ela grita junto com ele, escondendo a cabeça no meu ombro. ^^’ Levo um susto tão grande quanto é a vontade de rir que me atinge. Termina o filme e os dois balaieiros não voltaram. De repente começa a chover.


– Tá ficando tarde. – comento, olhando pela janela.

– Haru... – encaro-a – Você não vai embora, vai? **

– Que cara manhosa é essa, Elie? “Uma incrivelmente fofa! ”

– É que eu... – antes que diga mais alguma coisa, um clarão entra na sala e é seguido pelo estrondo de um trovão. Elie esconde a cabeça no meu peito e segura minha blusa com força, tremendo.

– Ei, Elie... – seguro seus ombros – Está tremendo. Você está bem? – ela nega com a cabeça – Tem medo de trovões? – desta vez confirma com a mesma – Então sem problema, eu posso tomar conta de você até a Melodia voltar.

– Verdade? – ela levanta os olhos. Estão embaçados, mas ao mesmo tempo isto dá a ela um ar incrivelmente desamparado e lindo. **

– Sim, eu prometo. – abraço-a. Outro relâmpago e mais um trovão fazem com que ela me aperte mais forte – Venha. Ficar aqui não é uma boa ideia... – levanto, ainda a abraçando – Onde é o seu quarto? – ela aponta com um dedo e seguimos até ele. Quando entramos fecho as janelas e as cortinas – Pronto. Agora deite, se dormir vai se sentir melhor. – ela obedece e eu a cubro.

– Sabe Haru... Tivemos três encontros, contando com esse. E o primeiro não foi na lanchonete.

– Então qual foi? – sorrio – “É inevitável não querer estar perto dela. É tão fácil se aproximar da Elie...”

– Foi no cassino. Eu acho que aquilo conta como encontro. – sorri.

– É sim, talvez!... – sorrio de volta – “Mimá-la, protegê-la... Amá-la...”

– Então, já que esse foi nosso terceiro encontro, eu posso pedir uma coisa.

– E o que você quer? – aproximo meu rosto quando ela puxa meus braços.

– Pode passar a noite comigo? – outra seqüência de relâmpago e trovão toma conta do quarto. A única coisa que eu consigo fazer é confirmar com a cabeça e, seja lá o que for que se apossa de mim, me leva a deitar ao seu lado.

– Elie... – abraço-a. Ela alisa meu rosto e me observa – Eu te amo...!

Continua...


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