POV Bella

Graças a Deus o meu dia escolar tinha chegado ao fim, nunca imaginaria que no meu primeiro dia de aula eu iria brigar com Edward, enquanto dirigia para minha casa, tentava lembrar porque de eu ter discutido com ele, tudo bem que ele tinha sido grosso comigo, mas eu também não iria gostar se alguém "roubasse" meu lugar, eu não o conhecia, vai que ele não estivesse num bom dia? Problemas em casa? Tinha brigado com a namorada? Esse pensamento, não sei por que, embrulhou meu estômago.

Acredito que Edward seja um homem bom, talvez bipolar, mas nunca uma pessoa agressiva. Se eu não tivesse manchado minha imagem frente a ele, possivelmente ele seria uma pessoa que eu gostaria de conversar, mas logo tirei essa ideia de mim, isso seria impossível, eu devo ser repulsiva para ele, apesar de que eu também o achava um tanto quanto repulsivo, Edward tinha vícios, e isso não me agradava, não tinha nojo dele, nem medo, mas tinha medo uma provável rejeição.

Nem percebi que já tinha chegado a casa, assim que estacionei, peguei minhas coisas e fui para dentro de casa, queria ver Renée, ver o que Emm tinha aprontado. Ao passar pela sala vi Jazz em seu notebook.

“Hei Bella!” Ele disse sem tirar os olhos da tela.

“Acho que bem” Respondi não querendo entrar nos detalhe da minha fatídica manhã.

Jazz, de nós três, era o irmão mais inteligente, que tinha as melhores idéias, e isso não passou despercebido por minha mãe, ainda sã, o levou num especialista, onde foi diagnosticado que ele tinha um Q.I elevado, e com isso ele não precisava freqüentar escolar, Jazz era autodidata em qualquer disciplina.

“Cadê Emm e Renée, Jazz?” Perguntei quando percebi que não ouvia nenhum barulho no andar de cima.

“Cozinha, Emm cismou de cozinhar.” Por Deus, eu não merecia mais confusão.

Fui para a cozinha preparada para ver bagunça, sujeira... Mas para minha surpresa vi um Emmett cuidadoso, preparando nosso almoço.

“Bella, nem te vi chegando.” Minha mãe falou com a voz fraca.

“Oi mãe, como você passou o dia?” Perguntei realmente querendo saber a resposta.

“Muito bem, só as dores me incomodaram, inclusive, minha consulta esta já foi marcada aqui no hospital de Forks.”

“Que ótimo mãe, espero que esse novo médico cuide bem de você.”

“Bella, pronta para comer meu frango xadrez?” Emm me perguntou com uma estranha animação.

“Claro, claro Emm.”

O almoço passou calmamente, e eu tinha que admitir, Emmet cozinhava muito bem, talvez o melhor frango que eu já tenha comido. Eu gostava de ficar com meus irmãos e minha mãe, eles me transmitiam confiança, e eu gostava dessa sensação.

Subi para o meu quarto, fiz meus deveres do colégio, e como eu não tinha nada para fazer, comecei a escutar musica no meu ipod e logo dormi.

Eu estava na sala com Emm, éramos crianças, não entendíamos nada, mas quando o telefone tocou, e vi nossa mãe o desligando com lágrimas nos olhos, sabíamos que alguma coisa tinha acontecido, nosso pai, Charlie, tinha sido morto por uma gangue de narcotraficantes, ele perdeu sua vida ao exercer sua profissão, agente policial.

Aquele dia foi o pior de nossas vidas, minha mãe estava acabada, Jazz era um bebê de colo, e eu e Emm só sabíamos que nosso pai não estaria mais conosco.

Me virei na cama, tentando sair daquela lembrança, de nada adiantou.

Minha mãe já tinha superado a perda de meu pai, como toda mulher, ela queria um novo companheiro, foi assim que Phil entrou em nossas vidas, de início, ele era atencioso comigo e com meus irmãos, e muito carinhoso com minha mãe, mas toda essa atenção se esvaiu quando ele começou a chegar bêbedo em casa, tarde da noite. Minha mãe não sabia o que estava acontecendo.

Foram muitas as vezes que ele nem dormia em casa, chegava em casa pela manha cheirando à bebidas e perfumes baratos. Nessa altura minha mãe já estava sendo traída e ainda estava mantendo um alcoólatra em casa. A situação só piorou quando aquele monstro começou a fumar maconha e outras drogas, nossa casa vivia com aquele cheiro, minha mãe fazia de tudo para tirá-lo de nossa casa, mas em resposta ela era espancada na frente de meus irmãos. Até eu e Jazz temos marcas só que Phil nos fez, ele tem um queimado na perna, feito com pontas de cigarros, e eu tinha uma enorme cicatriz em minhas minha barriga, na altura do meu estomago causada por uma tentativa de esfaqueamento, eu lembrava perfeitamente da dor.

Acordei desesperada, suando frio e gritando por minha família, logo Renée e Emm já estavam ao meu lado me acalmando, me dizendo que ele estava morto, e que nada de ruim poderia nos acontecer. Isso era que sempre acontecia toda vez que eu acordava, uma vez que eu sempre tinha o mesmo "sonho".

Ao despertar daquele sonho lembrei-me de Edward, de seu cheiro, mas não fiquei com medo como eu tinha de Phil, na verdade, curiosa para saber o motivo para ele ter entrado para o mundo dos vícios, se eu conseguisse formalizar meus pedidos de desculpas à ele, talvez eu pudesse até perguntá-lo o motivo, mas primeiro eu precisava arrumar um jeito dele me desculpar pela "briga" no colégio.

POV Edward

Não queria pensar na Isabella, mas era difícil não pensar nela quando me lembrava dela no colégio, tão misteriosa, tão forte enquanto gritava comigo, mas ao mesmo tempo tão delicada e tímida com suas bochechas coradas. Ah! Suas bochechas, nada mais encantador.

Eu sabia que para tirá-la de meus pensamentos eu poderia fumar, beber, sair e fazer qualquer merda na rua, mas preferi pensar numa maneira de tentar me desculpar com ela, pois ela não é obrigada à agüentar meus surtos.

Passei a tarde inteira pensando numa maneira decente de me desculpar com a Swan, mas nenhuma ideia me surgiu.

Talvez se eu perguntasse à Alice como pedir desculpas à uma garota, ela me ajudasse, então assim fiz.

Entrei em seu quarto, perfeitamente arrumado, bem diferente do meu; a procurei por todo espaço, mas não a encontrei, decidi chamá-la.

“Alice, onde você se enfiou?”

“No closet, Edward.” Ela respondeu com certo receio na voz.

É, minha irmã tinha medo de mim, típico, quem não teria?

“Lice.” Eu tentei com a minha melhor voz. “Será que você poderia me ajudar?”

“Depende Ed, não vou te ajudar a livrar sua cara, não.” Ela falou com a voz dura.

“Não é isso Alice.” Nem sabia por onde começar, isso era tão constrangedor. “Na verdade, eu preciso saber como pedir desculpas a uma pessoa ai.”

“Quem seria esta pessoa especificamente? Também não vou te ajudar com nenhuma puta, não.”

Uma vadia nem chegava aos pés da Isabella.

Porque mesmo eu tinha pedido ajuda à Alice? “É uma menina do colégio, a novata, eu fui grosso com ela, e com ela não merecia esse meu comportamento quero me desculpar.” Soltei de uma só vez

Minha irmã me lançou um olhar divertido. “Edward Cullen pedindo desculpas?Essa eu quero ver!”

“Alice, se você não quer ajudar, não precisa, ok?” Perguntei, começando a ficar irritado.

“Claro que vou te ajudar, mas primeiro preciso pensar, pelo menos você sabe se ela gostar de algum chocolate, alguma flor?”

Caralho, eu não sabia nada sobre ela.  “Alice, nós brigamos, não ficamos discutindo nossos gostos.”

Nem tinha percebido que o chão do closet estava cheio de roupas, mas logo lembrei que a quermesse do hospital já estava chegando, e Alice sempre separava roupas para o brechó.

“Quer ajuda, Alice?” Ela me olhou assustada enquanto eu dobrava algumas peças, eu nunca ajudava minha família nessas coisas beneficentes. “Você me ajuda e eu te ajudo.” Completei.

A tarde passou rapidamente, dobrei pilhas e pilhas de roupas enquanto ouvia Alice falando pra eu ser educado e sincero com a novata, não achei necessário falar o nome da Isabella, mas isso eu já ia fazer, eu quero pedir sinceramente desculpas, e vou fazer de tudo para ser menos ogro possível.

Alice não era a melhor pessoa para pedir ajuda, mas não posso negar que me faz bem passar a tarde ao seu lado, rindo de roupas que ela nem sabia que ainda existiam, lembrando de quando íamos às quermesses com nossos pais. Essa lembrança me fez puxar o ar com mais dificuldade, eu queria voltar a ser aquele Edward. Não deixei esse pensamento acabar com a minha felicidade momentânea, voltei minha atenção para Alice e suas roupas ultrapassadas.

“Edward, Alice; chegamos!” Ouvimos Carlisle dizer no andar debaixo.

Enquanto esperávamos Esme terminar o jantar, eu e Alice resolvemos descansar um pouco em sua cama, eu estava tão cansado que logo me joguei em sua cama, ela fez o mesmo.

Estávamos em silêncio, mas este foi quebrado quando minha irmã começou a falar.

“Edward, queria tanto que fosse assim, legal, todos os dias comigo e com nossos pais.” Alice falava com os olhos marejados. “Queria que você voltasse a ser o que era, meu irmão que me protegia ... O filho que nossos pais se orgulhavam.” Eu não sabia o que fazer, queria falar que eu não era forte o suficiente para lagar meus vícios, mas eu não ia admitir isso. “Edward, você é o meu irmão, eu quero te ver bem, me fala como eu posso te ajudar, eu quero te ajudar.” Alice praticamente suplicou.

Eu não agüentava ver minha irmã chorando, a única coisa que respondi foi o que fazia mais sentido naquele momento:

“Alice, às vezes eu não demonstro, mas eu te amo muito, você sempre vai ser minha irmãzinha, vou te proteger, e eu realmente não sei como você pode me ajudar nesse momento, mas eu só preciso que você esteja sempre comigo, eu preciso de você perto de mim.” Falei a abraçando o mais forte possível.

O jantar foi normal, mesmo eu tento uma vontade louca de pedir à Esme e Carlisle para de ajudarem a sair dessa situação, via no olhar de Alice um traço de esperança, eu gostava daquilo.

Eu estava feliz, consegui passar uma tarde inteira sem querer fumar e beber, tinha passado um tempo de qualidade com minha irmã, só não tinha parado de pensar na Isabella, em seu olhar de chocolate.

Chocolate! Será que ela gostava? Um pedido de desculpas acompanhado de chocolate ficaria bem melhor. Então foi com essa ideia que saltei de minha cama, no meio da noite, e fui para a cozinha fazer a única coisa que saia bem feita. Cookies de chocolate.