Capitulo 02

Meu dia foi muito cansativo : Depois de escovar os dentes, a Ana começou a gritar comigo e o Toni pareceu ficar com medo. Aah, o Toni passou o dia todo comigo, menos quando Ana brigava com ele para ir trabalhar.

O Pedro também é muito legal , a primeira lição ( como ele chamava ) era tirar leite da vaca porque já era dia de venderem – eles vendem a cada dois dias – para ganhar dinheiro.

Sabe, é bem estranho fazer isso. Tem que puxar e apertar ao mesmo tempo os peitos da vaca ( beleza, eu não sei o nome daquilo e nem quero saber ). Eu achei o peito dela muito mole e é morninho.

O Pedro pegou um copo com açúcar na cozinha pra mim, e derramou o leite que tinha no peito da vaca dentro dele e me mandou beber. Para quem nunca bebeu leite assim, imagina aquele leite que sua mãe faz com todo carinho, aquele leite que ela esquenta com açúcar e que dá uma sensação de conforto e carinho, e chega até dar sono ( coisa que minha mãe só fez uma vez para mim , e era porque era dia de folga da empregada e eu estava com insonia ), pois é, é parecido com aquilo .

Foi ótimo quando ele fez isso mas logo essa '' lição '' acabou .

A segunda foi cuidar da horta com a Ana . Essa menina me irrita , alias, é tudo inveja. Todo mundo quer ser igual a mim : olhos azuis com o cabelo castanho-mel , corpo de dar inveja a qualquer um, alta , com pouco bronzeado e RICA .

É inveja sim, eu tenho certeza .

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Que '' lição '' chata . '' Jenny pega isso, Jenny pega aquilo '' , que menina Chata .

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– Jenny pega o adubo para mim, tenho que adubar para dar as coisas né , temos que vender isso, ou quer morrer de fome enquanto estiver aqui ?

– Ta bom Ana,já to indo – falei me levantando .

Enquanto eu ia no deposito ( que eu nem sei onde é ), me dei de cara com o Toni chorando perto dos estábulos .

– Toni, oque você está fazend.. Toni, porque você está assim ? - falei com uma voz preocupada

– Nada não Jen, eu to bem – disse ele limpando as lagrimas dos olhos

– Toni, pode me falar, confia em mim, alias, você é meu amigo né ? - eu disse em uma voz que gentil

– Posso mesmo ? - disse fungando

– Pode me falar o que quiser na hora que quiser – falei conseguindo soltar um risinho dele

– É que bem, hoje , é o meu aniversario , ninguém me deu os parabéns ou um bom dia que seja, só a Ana gritando comigo sem parar , eu não aguento mais, sei que pareço um mariquinha falando mas você nem sabe o que eu passo aqui todo dia, e adivinhe : a Ana só está trabalhando hoje porque você está aqui. Ela sempre manda eu e nunca diz obrigado, eu sou muito infeliz e ninguém percebe isso. Eu sou sempre culpado por tudo que acontece de ruim aqui. O cavalo se machucou ? Eu sou o culpado. O alface ficou muito no sol ? Eu sou o culpado . O sol vai explodir daqui 5 bilhões de anos ? Eu sou o culpado . É sempre assim , eu não aguento mais .

– Não se preocupe – disse abraçando ele – eu não te culpo de nada , sei que deve ser difícil ainda mais com a Ana, ela é muito insuportável , mas não se preocupe e parabéns , desculpe não falar antes, eu nem sabia, mas vamos fazer esse dia ficar bom ?

– Como ? - ele perguntou no que eu posso chamar que, com uma pontinha de esperança

– Vamos para a cozinha , vai ser uma surpresa – disse levantando – vamos correr ? Quem chegar por ultimo é a mulher do padre .

Saímos correndo igual doidos para a cozinha.