Na nossa frente, nos guiando tinha um menino nervoso, de provavelmente 17 anos, ruivo, (muito lindo o cabelo dele) olhando-nos sempre de soslaio. Não me admira, sou uma garota no meio de uma escola de garotos, onde fui me meter?

Lion também estava apreensivo, passou os braços por cima de meu ombro e verificava tudo ao seu redor.

A academia era grande, de arquitetura antiga, bonita e refinada. As paredes eram grossas, de pedra, e tapeçarias cheias de detalhes, que só de ver já dava pra saber que foram feitas minuciosamente. Vim a descobrir que essa era somente a parte principal, onde as aulas são dadas, depois de um pequeno tour pelas salas de aula, o menino (Joshua) falou que iria nos levar aos nossos quartos.

Atravessando os grandes corredores vazios (provavelmente todos estavam aproveitando seus últimos dias de férias), atravessamos uma pequena ponte e nos deparamos com uma rede de pequenas cabanas.

– Posso olhar os números de seus quartos? – Ele perguntou nervoso. Entregamos nossos formulários e nossas chaves. Ele observou atentamente. – É uma pena, vocês estão longe... As cabanas estão divididas em 3 setores, você (apontou pra mim) é do 1 e você (apontou Lion) é do 3. Que má sorte...

– É uma pena – Lamentou-se Lion. – Vamos à cabana de Lorene primeiro para eu ficar mais seguro. – Sim, esse é o Lion, fala tudo que pensa na cara dura, não que isso seja um defeito, claro.

Joshua deu um leve sorriso e com um aceno para que seguíssemos-lo, foi indicando o caminho, por cima de um lago e no meio de uma floresta – o que me deixou impressionada, nunca pensaria que uma grande academia como essa prezasse o meio ambiente. Depois de 5 minutos agradáveis de caminhada – que eu tenho certeza de que não seriam nada agradáveis se eu acordasse atrasada pra aula – Chegamos no conjunto de cabanas. Na frente pintado um grande “1”.

Fomos até o meu quarto, o 27, batemos na porta, e como não teve resposta, abrimos. A aparência exterior de que a cabana era feita de madeira era puro charme, pois por dentro era um quarto moderno e espaçoso, com dois beliches, uma grande escrivaninha e armários (pelos regulamentos da escola, poderíamos acrescentar o que quiséssemos, só não poderíamos tirar). Em cima das camas de um beliche estavam largadas grandes malas, mas nenhum sinal de vida além disso. No banheiro também não havia ninguém.

Dava pra perceber direitinho que Lion não sabia se ficava feliz ou receoso pelo fato do quarto estar mais vazio que loja chique em coleção nova, mas no final deu de ombros, um beijo no meu rosto e um “qualquer coisa me liga”. Joshua deixou um pequeno mapa da academia na cabeceira (Graças ao bom Deus, que meu senso de direção é pior do que o de uma galinha bêbada degolada- só pra sua curiosidade, galinhas degoladas tem boa direção, sempre correm atrás de você, por isso a necessidade de estar bêbada.) e os dois saíram.

Sempre é estranho se deparar em um lugar novo e vazio, com um suspiro deitei no beliche vazio e nem me dei o trabalho de desfazer as malas. Eu tinha o dia todo. Pelo menos era isso que eu pensava.