Atashi To Tenshi To Akuma escrita por Mel Devas


Capítulo 23
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Bem, me desculpem a demora para postar o capítulo, desculpem MESMO, eu viajei e acabei por não conseguir escrever. DEsculpe mesmo T^T Bem, como sempre, boa leitura!! ~le insegura



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Dizem que tem uma coisa que nos guia chamada destino, nunca acreditei, mas nesse momento achei muito provável (até descobrir que o verdadeiro nome do destino era Jim e Mitsra.)

Era como se meu cérebro pulsasse, tentando descobrir desesperadamente algo importante, sentia meu coração batendo na minha cabeça num ritmo alucinado, quase que frustrado por não conseguir bancar uma de Google.

Ela familiarmente doloroso, a voz de Lô ainda ecoava em meu interior, o que era?! Raios!! O que era?!

Era o maior dejaouvi* que tive na vida, e num susto, memórias jorraram pela minha mente, imagens apareciam em turbilhão, como se fossem filmes revelados, conseguia ouvir diferentes vozes de longe, que não conseguia compreender, por mais que tentasse. Caí de joelhos, era muita informação pra minha cabecinha de lacinho rosa.

Todas essas as informações me davam vertigem, mas também sentia preencherem meu peito com memórias felizes, que me deram até mesmo certa tristeza. Uma “foto” estacou no minha mente, uma pequena menina de cabelos brancos curtos e rosto redondo fazia biquinho, de braços cruzados, usando um vestido rosa bordado e com as perninhas roliças sujas de terra.

“Torta”

--x—

- Olha, temos que treinar o nosso jeito solidário de ser, certo crianças? – Mitsra começou seu discurso básico de “líder” de ONG’s. - Pequenos passos para mudar o mundo que sofre de fo-

- A TORTA É MINHAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!!!!!!!!!!! – Uma pequena criança de cabelos negros proclamou, brandindo um galho triunfante e pegando o último pedaço de torta rapidamente, correndo para as montanhas. Quando achou que estava seguramente longe mostrou a língua.

Mitsra pensou em fazer algo, mas se deteve ao ver o maior olhar de ódio que tinha visto na vida no rosto de sua filha, à essa altura um pimentão. A mãe sabiamente resignou-se. Eu ensino sobre solidariedade mais tarde, vai ficar mais fácil.

- Sua melequenta sem-torta deprimida!!! – Provocou Sam com seus criativos xingamentos infantis.

Eu acho, com um suspiro Mitsra entrou em casa, um apetite para irritar o marido tinha se instalado nela.

No jardim, Lorene, abraçada com sua lesma de pelúcia (provavelmente, já que o material era não-identificado), lançava um olhar frio para seu irmão, que se divertia batendo no próprio traseiro, num gesto de desafio.

Aproveitando a deixa, a albina largou a sua lesma (que misteriosamente fugiu sumiu depois desse episódio) e correu enfurecida para o menininho petulante à sua frente.

- THIS IS SPALTAAAAAAAAAAAA!!!!!! – Rugiu com sua voz fina e pronúncias infantis.

Uma expressão de desespero se apoderou do rosto de Sam, que, com os olhos esbugalhados, sentia como se seu quadril tivesse deslocado (esses jovens de hoje em dia, na MINHA época...) e não conseguia se mover (na verdade era macumba de Mitsra, que já tinha terminado de encher Jim e resolveu meter o nariz mesmo assim. Tal mãe, tal filha...). Observou pasmo sua irmã se aproximar cada vez mais rápido, correndo com todas as forças.

- Pera, que eu não consigo me mo- Depois de observar sua irmã tentar frear, de olhos esbugalhados, fechou seus próprios e esperou o impacto.

Os dois saíram rolando morro abaixo (sim, sim, sei que disse que era uma montanha, mas era só um morro, não me culpe ~dá de ombros~). Foi uma mistura de “Ais”, “Eis”, “Is”, “Ois” e “Sai de cima de mim, bobão!!”.

No final o traseiro de Sam ficou decorado de torta e terra, Lorene escapou da torta, mas mesmo assim ainda estava muito nervosa.

Tinham que ser filhos do Jim, Mitsra olhava pela janela como se não fosse responsável pela genética dos gêmeos.

- É por sua causa, maninho malvado. – Ela cruzou os braços e fez bico. A imagem martelou lentamente como um gongo, reverberando na cabeça do Sam de 15 anos.

Tum...

Tum...

Tum...

-x—

Usando toda a força que tinha sobrado da minha fase de transe, levantei com dificuldade, tentando enxergar o Sr. Capetão com a minha visão embaçada. Com um pouco de dúvida saí correndo pra frente, achando ter visto duas luzes vermelhas – os olhos seduzentes do Sr. Capetão -, apesar de sentir que eu mal saía do mesmo lugar. Uma ladeira se estendia na minha frente, com seu gramado verde claro orvalhando zombeteiramente pra mim. Beleza, não bastava eu estar grogue, tinha que bancar o Rocky e sair subindo um morro. Era o quê? Uma provação divina? Sim, acredite no que suas tias ficam falando quando você xinga seu coleguinha, Deus castiga.

Subindo a encosta pesadamente, pensei nas minhas memórias, já era, eu não podia voltar atrás, já tinha ferrado com tudo, agora o melhor é continuar atrás da minha liberdade. Liberdade. Já nem soava tão bem quanto antes. Ela realmente existe? Bela liberdade a minha, refleti irônico, abandonando o começo de uma família, uma escola só pra se sentir protegido! Só pra poder sair por aí!

Não, não!! Cérebro maldito! Trate de ficar calado, ouviu? Está rebelde? Nunca foi de pensar e começou agora? Puta falta de sacanagem, ouviu? Eu teria minha família e escola no mesmo momento em que vou conseguir minha liberdade, ok? Com liberdade eu posso tudo, tu-

Uma coisa leve, mas persistente caiu em cima de mim, deve ser algo genético essa coisa de ficar interrompendo a crise existencial dos outros, porque né... Saímos rolando barranco abaixo de forma bem nostálgica, mas pelo menos não tinha nenhuma torta pra grudar no meu traseiro.

No fim do barranco me apressei a me apoiar nos cotovelos, pra não matar de vez minha irmã esmagada. Ela não se mexia, estava enrodilhada e quieta, as costas só zuniam o suficiente para confirmar sua respiração, uma coisa realmente inédita e mais ainda preocupante. Com cuidado encostei em seu ombro.

- Eu, psiu, Lô, você está bem?

Ela resmungou alguma coisa baixinho e se virou pra mim. Os cabelos estavam sujos de terra, o rosto vermelho e irritado, quase que em choro, era praticamente uma releitura dela na infância.

- Bobo. – Ela declarou, orgulhosa, assoando o nariz na minha camisa. Maldita intimidade.

Comecei a rir enquanto ela me olhava interrogativa, não importava quanto tempo tinha se passado, ela ainda era minha irmãzinha. Que merda, meus planos lindos e maravilhosos foram todos abaixo por causa dessa criatura! Deus, meu castigo divino foi essa irmã, só pode. Ela olhou pro meu rosto e sorriu, enxugando as lágrimas.

- O que foi? – Levantei uma sobrancelha.

- Nada, é que parece que foi a primeira vez que você realmente riu para mim... – Ela me encarou com ternura. Ela tinha percebido. Sorri de volta, sim, eu tinha certeza agora de que minha liberdade não significava mais nada. Puxei-a pro meu colo e apertei ela contra meu peito. Ela encostou a cabeça no meu ombro e fechou os olhos.

- Promete que nunca mais vai fazer isso de novo? – Ela se virou repentinamente e me encarou com seus olhos cinzas, séria.

- Eu...

- Prometa.

- Eu prometo. – Cedi, num suspiro, ela, satisfeita passou os braços pela minha barriguinha sarada de incrível Hulk e entrelaçou  os dedos nas minhas costas, fechando os olhos de novo.

- Foi tão difícil? – Perguntou, vitoriosa.

- Sim, MUITO. – Retruquei. Tinha sido, ué! Olhei por cima da cabeça dela e percebi o Sr. Capetão  (é, eu realmente tinha acertado a direção, Dig din, dig din) me encarando com ódio profundo, os olhos vermelhos brilhando sobrenaturalmente com frieza, (não me pergunte como). Ele passou a mão em frente ao seu pescoço, como um gesto de morte. Ah, eu estava tão fodi...

- Olha, o papai e a mamãe!! – Apontou a pequena me interrompendo de novo nas minhas crises. Será que é tão difícil deixar alguém com neurose em paz?

Olhei atento, afinal, aquilo me interessava, sempre alimentei o sonho que tinha nascido por meio de mitose e a missão da minha vida era achar meu primeiro-eu, mas subindo a colina em nossa direção, o diretor Chrow arfava abaixando a cabeça para uma pequena bonequinha no seu ombro que tinha um braço estendido, furiosa. Legal. Meus pais são um velho tarado e uma boneca voodo, palmas para mim. Na verdade, nem me importei muito, já tinha acostumado com uma vida bizarra, mas tudo bem.

Com o rosto afogueado o diretor chegando cada vez mais perto. Lô acenou para eles, que, em puro êxtase, apressaram o passo como num daqueles filmes em que o pessoal se encontra num campo florido em câmera lenta. O Diretor tropeçou no desmaiado Dan e caiu de cara no chão.

- Querido, cuidado, por favor!! Eu sou de porcelana tailandesa!! – Reclamou a boneca.

- Eu sei, amor, fui eu que te comprei. – Murmurou Chrow com resignada insatisfação. A boneca pulou de seus ombros e se aproximou da gente.

- Você... – A bonequinha apontou pra mim, séria.

- E-e-eu...? – Gaguejei.

- É tãããão lindo!!! Tinha que ser meu filho!! – Começou me escalar e puxou meus cabelos.

- Mitsra, nós não viemos aqui pra fazer isso, você sabe... – O diretor chegou tentando parecer severo Snape, mas não conseguiu, já que ainda estava todo sujo de terra.

- Querida – continuou – macumbe o Dan lá pro escritório. Nós vamos ter uma longa conversinha, filho. – Declarou, enquanto olhava desafiador para o Sr. Capetão, afugentando-o.

*dejaouvi = uma palavra que eu inventei derivada de Dèja vu (lê-se Deja vi), que significa lembrar de já ter visto algo, no meu caso, seria ter ouvido algo


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Notas finais do capítulo

Só pra avisar, sim, sei que "seduzente" não existe, mas essa palavra me seduz tanto que eu sempre uso kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Então desculpa aí...
Ah, eu não esqueci do Taus, ok? Ele ainda vai voltar!!!
Bem, enfim, escrevi 10.000 coisas aqui.
Espero que não tenha ficado muito cansativo ou chato, e mais uma vez desculpem. Qualquer crítica é só falar.



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