A Fênix escrita por potterlovegood


Capítulo 18
Câmara dos Segredos


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas, trouxe mais um capítulo de presente de Natal para vocês!
Vou mesmo escrever uma segunda temporada, então fiquem atentos!
Boa leitura!



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Harry, Rony e Cindy correram o mais rápido que puderam, e por muita sorte, não foram vistos por nenhum professor. Quando chegaram à porta da sala de Lockhart, ouviram barulhos de móveis sendo arrastados, de coisas sendo fechada e jogadas, alguma bagunça muito grande estava acontecendo lá. Harry bateu na porta e o professor apareceu, por uma pequena fresta da porta, alguns segundos depois, não deixando o garoto olhar para dentro da sala.

  - Ah, é você Potter... – disse o professor, parecia que pensara que fosse outra pessoa – O que você quer, Sr. Potter? Eu sinto muito, mas agora eu estou muito ocupado...

  - Mas nós só queremos ajudá-lo!- exclamou Rony, aproximando-se da porta. O professor ainda não tinha percebido que Cindy também estava junto com o grupo – Descobrimos algumas coisas sobre a Câmara dos Segredos.

  - Bem... – disse Lockhart, pensativo – Tudo bem, entrem – e abriu a porta, mostrando a bagunça da sala. Malas estavam abertas no chão, cheias de roupas que pareciam ter sido jogadas as pressas, outras cheias de livros e outras com os milhares retratos que o professor tinha de si mesmo.

  Eles entraram na sala, deixando Cindy por último. Quando o professor a viu, ficou vermelho, como se a raiva fluísse de sua pele.

  - O que ela está fazendo aqui? – perguntou rispidamente, apontando para Cindy – Vocês não me disseram que esse “nós” incluía ela!

  - Inclui sim, algum problema? – perguntou Cindy. Harry sabia que a garota estava ficando irritada, pois sentiu a ironia em suas palavras, que normalmente aparecia quando ela estava zangada.

  - Acalmem-se vocês dois! – disse Harry, sério – Não temos tempo a perder. Gina precisa de nós- e encarou o professor- Sem ela, não teríamos descoberto nem a metade dessas coisas e mal estaríamos vivos, então, ela fica.

  Lockhart olhou com uma cara de “tá...” aborrecido e revirou os olhos.   Cindy somente agora estava observando a bagunça da sala.

  - O senhor vai fugir, é? – perguntou a garota, ainda irônica.

  - Bem... – disse Lockhart, parecendo nervoso e enrolado– Eu recebi um chamado... muito importante e...

  - Um chamado muito importante? – perguntou Rony, chocado – E a minha irmã?

  - Ninguém lamenta mais do que eu... – disse Prof. .Lockhart, fechando uma mala.

  - Mentira! – exclamou Cindy, enfurecida com a cara de pau do professor – Você nem se preocupa com ela, você não se preocupa com ninguém! Você é uma fraude! Um aproveitador! Um burro! – e virou-se para os dois garotos, chocados com a ousadia dela - Vamos embora, ele não vai prestar para nada...

  - Então você é mesmo uma fraude, não é? – disse Harry - Você toma créditos por coisa que outros bruxos fazem! Além de burro, engana todos os seus fãs, eles acreditam que você realmente fez aquelas coisas, sabia?!

  - Meu caro rapaz, - disse o professor, calmamente - eles não comprariam meus livros se não pensassem que eu fizera aquilo...

  - E tem alguma coisa que o senhor ao menos consiga fazer? – perguntou Rony, com nojo.

  - Bem, já que você perguntou, tenho que dizer que sou muito com feitiços de Memória. Se não alguém já teria descoberto meu segredo. E é isso que eu vou fazer com vocês... – e virou-se para pegar a sua varinha, mas Cindy foi mais rápida.

  Quando o professor voltou a olhar para os três alunos, Cindy, com a varinha já apontada para ele, disse:

  - Expelliarmus! – fazendo Lockhart ser jogado contra a parede, com muita força. Sua varinha foi jogada para longe, Rony a pegou e jogou-a para a janela.

  - O que vocês querem? – perguntou Lockhart, jogado no chão, amedrontado, com a varinha de Cindy apontada para a cara dele – Eu não sei de nada sobre a Câmara, era tudo mentira.

  - Sorte que nós sabemos. – disse Harry, sério. E fez um sinal e saiu da sala, Rony e Cindy foram atrás. Lockhart também foi, forçado e ameaçado pela varinha da garota.

  A escola estava silenciosa. Os professores deveriam estar perto das salas comunais e outros, ajudando os alunos. O corredor do segundo andar estava vazio, por isso ninguém vira eles entrarem no banheiro feminino.

  O banheiro, por milagre, estava seco. Só podia-se ouvir os gemidos e choramingos da Murta. Quando Harry, Rony, Cindy e Lockhart entraram, a Murta parou, surpresa com a vista.

  - Ah, olá Harry – disse a fantasma, sorrindo para o garoto, que parecia sem jeito.

  - Será que você poderia contar para nós como você morreu? – perguntou Harry. Murta que Geme choramingou um pouco e encarou os garotos, como se fosse uma coisa difícil de falar, algo que a fazia sofrer.

  - Eu sei que pode parecer uma pergunta indelicada, mas precisamos checar umas coisas... – disse Cindy, com uma voz calma e generosa.

  - Tudo bem, tudo bem... – disse a fantasma, depois de um profundo suspiro – Foi horrível... Aconteceu bem ali, naquele boxe... - e apontou para o último boxe do banheiro, o mesmo em que ela passava todos os dias gemendo – Eu tinha vindo para cá chorar porque a Olívia Hornby estava caçoando dos meus óculos. Eu estava aqui, chorando, quando ouvi a voz de um menino, dizendo umas coisas estranhas, uma língua diferente... Mas ai, eu sai irritada do boxe para mandá-lo embora, para mandá-lo usar o banheiro dos garotos, então... morri.... – e continuou a choramingar.

  - Como assim “morri”? Ninguém pode morrer do nada, garota! – exclamou Cindy, indignada.

  - Morrendo, ué! – disse Murta, com petulância.

  - Mas você não sabe quem era o garoto? – perguntou Harry

  - Não, eu não sei, EU ESTAVA CHORANDO... – lamentou a menina fantasma, com a voz já alterada.

  - Garota, quando é que você vê uma coisa? – perguntou Cindy, irônica.

  - Ai, ta... – disse Murta, irritadinha - Eu só me lembro de ver dois olhos bem grandes e amarelos, bem ali, perto da pia – e apontou para as torneiras, que faziam um circulo em volta de um largo pilar, especificamente para uma pia defeituosa, que nunca havia funcionado. Harry aproximou-se da torneira e começou a examiná-la.

  Na lateral da torneira, havia um desenho de cobra extremamente pequeno, por isso nunca percebido.

  - É aqui. – disse Harry, sério e ao mesmo tempo nervoso. Rony estremeceu, nervoso. Lockhart tremia por inteiro. Cindy estava mais séria que Harry, apertava forte a varinha, ainda apontada para o professor.

  - Vai, Harry, diz algo em língua de cobra. – disse Rony.

  - Abra. – murmurou Harry  numa língua que trazia arrepios a quem ouvia.

  E com um pequeno tremor, a pia defeituosa vai abaixando e entrando para um buraco que apareceu no chão. O pilar foi se desmanchando, abrindo para os lados, como se fosse apenas uma casca, deixando um enorme e largo cano exposto no chão. Um buraco, aparentemente, muito fundo e escuro no chão do banheiro feminino fez com que o medo bate-se em todos, pois automaticamente todos deram um largo passo para trás.

  - Eu vou primeiro. – disse Cindy, séria. E se aproximou do buraco.

  - Não, você não pode pular ai, é suicídio! – exclamou Rony – Harry, diz para ela...

  - Eu sei, mas alguém tem que ir... – explicava-se Cindy.

  - Não, Cindy. Rony tem razão, você não. – disse Harry, sério – Vai primeiro alguém que a vida não tenha muita importância – e virou-se para o Prof. Lockhart, que estava quieto em um canto, com as pernas bambas.

  - E-eu? – gaguejou o professor, se encolhendo mais no seu canto.

  - É, você mesmo. – disse Harry, sério. Cindy começou a sorrir, tivera uma ideia e voltou a apontar a varinha para Lockhart.

  - Anda, anda, professor. – disse a garota, com um sorriso no rosto. O professor se aproximou do buraco, lentamente. Se tentasse fugir, sofria com os feitiços da aluna, se pulasse, poderia morrer. Ele estava sem saída.

  - Não, por favor, não... tenham piedade... – choramingava ele, não borda do buraco.

  - Isso é pelas detenções que o senhor me deu! – exclamou Cindy e empurrou o professor para dentro do cano. Os três garotos ouviram ele berrar, e os poucos, os gritos irem diminuindo, como se ele tivesse se afastando cada vez mais da superfície. Harry e Cindy riam, para descontrair o clima nervoso, mas Rony tremia. Ouviu-se o barulho por longos e frustrantes minutos até que, com um solavanco, Lockhart pareceu parar e disse:

  - É bem escuro aqui.

  Eles tiveram que rir, o professor sempre conseguia surpreende-los com sua genialidade.

  - Vamos? – perguntou Harry, olhando para Cindy e Rony, que concordaram. Harry pulou na frente, seguido por Cindy e logo atrás, Rony.

  Ao pular, Cindy relembrou um brinquedo trouxa que ela tanto gostava quando era menor, o escorregador. O cano era íngreme para baixo, fazendo os três escorregarem perfeitamente. Além disso, era escuro e viscoso, parecia não ter fim. Ela viu outros canos saindo de todas as direções, mas nenhum tão largo quanto aquele, e talvez, nenhum tão longo quanto aquele, pois ele a levava para cada vez fundo sob a escola, além das masmorras.

  Rony tinha surtado no momento em que pulou, gritava sem parar, ao passar um tempo, sua voz foi diminuindo, mas não que tivesse se acalmado. Harry seguia silencioso, porém podia ver seu corpo tremendo. Já Cindy tentava ficar séria, sabia que iria ficar cada vez pior.

  Aos poucos o cano começou a nivelar e com um baque, ouviu-se Harry parar de escorregar. Seguido pelos baques de Cindy e Rony. Eles estavam numa superfície mais plana, feita de pedra. O lugar era escuro, coberto de limo e úmido.

  - Nossa, é mesmo bem escuro aqui. Lumus! –disse Cindy, fazendo a sua varinha ascender, Harry fizera o mesmo.

  A garota apontou a sua varinha para todas as direções, mas não conseguiu ver muito além de sua varinha.

  - Olha só o chão! – exclamou Harry, apontando sua varinha para o chão do túnel, fazendo os outros olharem também.

  O chão era coberto por ossos e restos de pequenos animais. Pela primeira vez, a morena pareceu assustada. Ela olhou para os lados, nervosa, deixando os outros assustados.

  - Eu já tive aqui... – sussurrou a garota.

  - Como assim?- perguntou Rony.

  - Foi nos meus sonhos. Eu sonho todos os dias com esse lugar. – disse Cindy, começando a tremer – Nele eu sigo aquela voz, a voz do basilisco... é horrível..

  - Calma, Cindy. – disse Harry, se aproximando da garota. Ele segurou a sua mão e apertou forte.

  Eles começaram a caminhar, Harry e Cindy de mãos dadas na frente, com as varinhas acesas, e Rony e Lockhart atrás. “Igual ao sonho...” pensava a menina, nervosa por saber que o seu pesadelo era realidade e por temer o que aconteceria depois.

  - Lembrem-se, a qualquer sinal de movimento, fechem os olhos... – alertou Harry baixinho, enquanto andavam com cautela.

 Só que nada se movimentou ou fez barulho. O túnel era talvez mais silencioso que um túmulo, a não ser pelo constante ruído de ossos sendo esmagados pelos quatro enquanto caminhavam. Cindy levava um susto a cada ruído desses, por mais baixinho que fosse. Tentava parecer forte, tentava resistir, mas o medo estava mais forte. Ela não aguentaria perder mais ninguém aquela noite. Foi com esses pensamentos que virou uma curva escura do túnel.

 - Gente... te-tem alguma coisa ali... – murmurou Rony, apontando para uma coisa enorme e cheia de curvas, deitada no meio do túnel. Ela parecia imóvel.

  - Talvez ela esteja dormindo... – sussurrou a garota, saindo de seus pensamentos. Harry olhava para ela, como se tentasse parecer calmo, e Lockhart tapava os olhos com a mão, tremendo.

 Cindy largou a mão do menino e começou a se aproximar cautelosamente da coisa deitada, em meio aos gemidos de Rony, “Péssima ideia, péssima ideia...”, e aos tremores de Lockhart. A sua luz de sua varinha bateu na coisa só quando ela estava a menos de um metro desta, que se revelou. Era uma enorme e colorida pele de cobra, que ofuscava a luz da varinha, oca sobre o chão. Cindy pode ouvir o suspiro dos meninos a suas costas. “O animal que largou isso deve ter mais de seis metros!” pensava ela, ajoelhando-se no chão duro para examinar melhor a pela da cobra, largando a varinha iluminada no chão, ao seu lado.

  - Santo Merlin... – disse Rony, chocado com o tamanho da pele a sua frente.

  - Nossa... – disse Harry, caminhando em direção à garota ajoelhada, escorregando sua mão pela pele áspera e dura da cobra.

   Um barulho ecoou no túnel, fazendo os três levarem um susto e se virarem para trás. Lockhart havia caído no chão, aparentemente desmaiado.

  - Nossa, que corajoso. – disse a menina irônica, revirando os olhos e voltando a olhar para a pele da cobra.

  - Levante-se, seu idiota! – exclamou Rony, apontando a sua varinha para o professor.

  E com um movimento rápido, Lockhart se levantou e jogou Rony no chão. Cindy se levantou rápido, esquecendo sua varinha no chão. Lockhart pegou a varinha de Rony e apontou-a para Harry e Cindy, antes os dois reagissem.

  - Acabou a brincadeira, garotos. – disse o professor, sério – Mas não se preocupem, todos saberão da nossa história. De como eu cheguei tarde para salvar a garota, de como vocês enlouqueceram ao ver o corpo mutilado dela e de como eu matei a cobra para sempre. – e abriu um sorriso maléfico, apontando a sua varinha agora exclusivamente para Cindy – Você será a primeira, Srta. Collins. A garota que tanto foi importuna comigo, talvez esquecendo de suas memórias você se torne uma pessoa mais educada, não é? – aquele sorriso maléfico agora passara a ser irônico.

  Os músculos da garota se contraíram de raiva, uma suave brisa apareceu do nada, fazendo seus cabelos flutuarem suavemente, mesmo estando em um túnel quase completamente fechado. E no meio da escuridão Harry percebeu que os olhos geralmente negros de Cindy estavam vermelho-sangue e brilhavam como duas pérolas.

  - Diga adeus a suas memórias, Srta. Collins. – disse o professor e murmurou: - Obliviate!

   Uma luz brilhou forte seguida de um forte estrondo que invadiu o silencioso e escuro túnel. De repente o chão começou tremer, derrubando os dois garotos perto da cobra. Eles não conseguiam ver o que havia acontecido, pois só enxergavam um palmo a sua frente. O tremor continuava, agora podiam ouvir o barulho de grandes pedras caindo do teto. A garota se levantou rapidamente a puxou o moreno para o mais longe possível.

  Depois de alguns minutos, o tremor cessou e ela tateou o chão atrás de sua varinha. “Lumus.” sussurrou a garota, agora podendo ver a grande parede de pedra que se formara no meio do túnel. Era praticamente impossível ultrapassá-la por magia, pois o teto estava totalmente danificado, e tirando pedra por pedra demoraria horas. Gina não podia esperar, tinham que salvá-la imediatamente.

  - Rony, você está bem? – perguntou Harry, aproximando de Cindy e encarando a parede de pedra. 

  - Sim. – disse a voz oca de Rony, do outro lado da parede, parecia assustado – O que vamos fazer?

  - Olá! – exclamou uma voz abobada do outro lado da parede. Parecia a voz do Lockhart. – Quem é você?

  - Rony Weasley, é claro. – disse Rony, não entendendo o que o professor estava fazendo.

  - A ta... – disse Lockhart, vagamente – E... quem sou eu?

 - Harry! – berrou Rony – O feitiço virou contra o feiticeiro, o Lockhart perdeu a memória!

  - É um idiota mesmo... – disse Cindy, rindo. Sua raiva havia sumido mais rápido que nuvem em dia de ventania.

  - Então meu nome é Harry? – perguntou Lockhart, Cindy não conseguia parar de rir.

  - Não. – disse Rony, um pouco estressado com Lockhart. Pegou uma pedra que tinha no chão e bateu na cabeça do professor, fazendo-o desmaiar.- Pronto. Agora, vamos nos preocupar com coisas mais urgentes. O que a gente vai fazer?

  - Vamos seguir em frente. – disse Cindy, parando de rir e voltando a ficar séria.

  - Isso mesmo.  – continuou Harry, também estava sério – Rony, se nós não voltarmos em uma hora...

  Harry sentiu Rony estremecer do outro lado da parede.

  - Bem, vou tentando tirar as pedras do caminho, para... para... Para quando vocês voltarem. – disse o ruivo, nervoso - Boa sorte.

  Harry pegou a mão de Cindy e juntos, voltaram a caminhar.  Eles chegaram até uma enorme e redonda porta, onde havia duas cobras, grandes e de pedra, cruzadas, como se fossem a tranca dela. Os seus olhos eram de uma pedra brilhante verde, o que fazia parecerem de verdade. Os dois nem precisaram pensar muito no que fazer, Harry apenas murmurou:

  - Abra. – e as cobras se afastaram letamente. Depois a porta deslizou para dentro da parede, parecendo que nunca houvesse existido. Harry deu um passo para trás, nervoso. Cindy encarou aqueles olhos verdes assustados e sorriu. Ele voltou a se sentir seguro. E juntos, entraram.

  Eles se viram no fim de uma Câmara muito comprida e mal iluminada. Havia vários pilares com cobras em relevo que seguravam teto. Elas pareciam abrir um caminho até alguma coisa distante, escondida pela escuridão.

  Cada passo dos dois ecoava alto por toda a Câmara. Harry estava com os olhos entreabertos para, a qualquer sinal de movimento, fechá-los. Olhava para os lados, nervoso, com medo de encontrar o basilisco escondido no meio da escuridão. Cindy estava com os olhos bem abertos, que rodeavam atrás do corpo ruivo que vira em sua visão. Ela temia pelo o que iria encontrar, seus olhos já estavam carregados de lágrimas, prontas para caírem no instante que ela visse o corpo.

  Quando chegaram a ultima dupla de colunas, a garota sentiu o amigo estremecer ao seu lado e parar. Havia uma enorme e antiga estátua de um velho, provavelmente um bruxo, que se estendia até o teto escuro. Ela não entendia por que Harry parecia estar com medo da estátua. Se segurando para não rir do amigo, a menina seguiu com o olhar a barba do velho, e como era comprida! Ela ia até o fim de suas vestes, depois ela viu que os pés do homem eram grudados no chão, ou seja, a estátua tinha a altura da Câmara. “ Nossa que engraçado” pensou “ Ele está sem sapatos!”.

   Cindy estremeceu também, e olhou para Harry, com as lágrimas saindo lentamente de seus olhos de novo negros. Á frente da estátua, ao nível de seus pés, havia nada mais que um corpo deitado, de cabelos ruivos, assim como ela tinha visto antes.

  A menina largou a mão do moreno e saiu correndo, desesperada. Jogou-se no chão, largou a varinha e abraçou Gina. Ela não estava dura, ou seja, ela não estava petrificada. As lágrimas começaram a cair mais rapidamente de seus olhos. Gina estava mais pálida e gelada do que nunca. Ela soltou a amiga, tão chorosa que nem viu Harry se sentar do seu lado, só sentiu quando ele abraçou-a. Depois que largou-a e foi examinar Gina.

  - Acho que ela está sem pulso, olhe – disse Harry, com a garganta seca, segurando o pulso da ruiva.

  Cindy tocou no pulso e nada sentiu. Começou a tremer e deitou sua cabeça em cima do peito de Gina, agarrada na ruiva enquanto ela talvez nem ao menos sentisse. Então, ali deitada em cima da ruiva, ela sentiu uma sensação estranha, uma sensação feliz, alguma coisa dentro de si dizia que não era o fim, que ainda tinham tempo. Que Gina não estava morta.

  - E-eu acho que... – disse Cindy, levantando-se e secando as lágrimas – não está morta...

  - Como assim? Cindy, ela não tem ao menos pulso! – disse Harry, nervoso, não gostava quando  ela falava esse tipo de coisa.

  - Ela está certa! – exclamou uma voz de dentro da escuridão, fazendo os dois levar um susto. Um garoto alto apareceu, ele tinha cabelos negros, vestia o traje da escola, e era muito bonito. E quanto mais se aproximava, Cindy podia ver que seus traços não eram muito nítidos, pareciam estranhamente borrados.

  - Tom? – perguntou Harry em um tom inaudível, chocado. – Você é um fantasma?

  - Não, apenas uma lembrança... – respondeu o garoto.

  - Quem? – perguntou Cindy, confusa.

  - Ah, que falta de educação minha. – disse o garoto, sorrindo – Meu nome é Tom Riddle, e quem é a senhorita?

  - Cindy Collins. – disse ela, séria. – Harry, não é esse o fofoqueiro que você conheceu por aquele diário maldito? – e apontou para um diário de capa de couro, surrado jogado no chão, perto de Gina. Harry confirmou com a cabeça. – Se nos der licença, Riddle, nós temos mais coisa para fazer do que ficar na sua presença. - mudando seu tom para cínico com seus olhos fixados nos de Riddle– Vamos! – e olhou para Harry.

  Os dois olharam para Gina e depois tatearam o chão a procura de suas varinhas, mas nada encontraram.

  - Procuram isto? – perguntou Riddle, cínico, tirando do bolso duas varinhas, a de Cindy e a de Harry.

A menina levantou-se furiosa e se aproximou de Riddle, encarando-o, mesmo tendo a metade da altura dele.

  - Devolva. A. Minha. Varinha. Agora. – disse ela, num tom ameaçador e depois mudou para o seu tom irônico de sempre que ela ficava zangada: – Não quero saber o que você quer, mas eu se você não reparou, eu estou com pressa, minha amiga precisa de ajuda médica. E EU ODEIO QUANDO ALGUÉM ME ATRASA!

  - Curioso... – sussurrou Riddle, olhando ainda para Cindy, parecendo não reparar no seu escândalo - Das muitas vezes que Gina contou-me de você, não me lembro nenhuma vez ela ter mencionado essa estranha mudança da cor dos seus olhos. Há poucos minutos negros, e agora, vermelho-sangue...

  - Como assim? – perguntou Cindy, ainda irritada – Você falou com Gina?

  - Sim, várias vezes, Srta. Collins. – disse Riddle, o seu tom calmo deixava Cindy muito irritada – Com ajuda disto – e virou-se bruscamente, apontando para o diário preto ainda jogado no chão. – Pobre Gina, tão inocente... tão ingênua... Ela tem escrito nele há meses, contado sobre os irmãos que implicam com ela, sobre a sua melhor amiga que a trocou pelos seus irmãos, e é claro, sobre a sua paixão pelo famoso Harry Potter.

 A garota estava paralisada, em choque, como se estivesse sido petrificada. Harry, sentado ao lado de Gina, também estava surpreso e imóvel. Mas Riddle circulava entre os dois, alegre.

  - E quando mais ela se abria para mim, mais forte eu ficava, pois ela me revelava a sua alma. Até que chegou ao ponto que estava tão forte que eu contei meus segredos a ela, abri a minha alma para ela... – continuou Riddle, com um tom misterioso.

  - Como assim? – perguntou Harry, ainda sentado no chão.

  - Foi Gina, Harry. – disse Riddle, encarando Harry – Gina que abriu a Câmara dos Segredos. Gina que matou aqueles galos. Gina que escreveu os bilhetes na parede. Gina açulou a serpente de Slytherin contra aqueles trouxas. Tudo, por que eu mandei. Tolinha, não? Ela estava enfeitiçada e não se lembrava de nada, essa era a parte mais... divertida.. – e riu sarcástico.

  - Não fale assim! – exclamou Cindy, saindo do estado de choque e serrando os punhos de tão zangada que estava. Mas não podia negar que tudo se encaixava, perfeitamente.

  - E você, - disse Riddle, se virando para Cindy- foi o meu maior problema no início. Deixava Gina confusa perguntando onde ela estava, fazendo ela perceber que não se lembrava. Claro que eu dei um jeito, virei à pobrezinha contra você. Mas, ela acabou ficando com medo do diário e até tentou se livrar dele, no banheiro feminino e então a pessoa que eu mais queria conhecer achou-o. O famoso Harry Potter.

  - E ai você mostrou aquela mentira para o Harry, não é? – disse a morena, irônica, estava cansada da conversa com Riddle – Eu nunca confiei em você, nunca. Você não tem vergonha do que você fez com o pobre Hagrid?

  - Além de curiosa é esperta... Que mais qualidades Gina se esqueceu de mencionar sobre você, Srta. Collins? – perguntou Riddle – Quando Gina percebeu que Harry Potter estava na posse do diário, ela tentou recuperá-lo imediatamente. “Imagina se ela descobre como se usa ou imagina se você conta os meus segredos para ele, Tom?” – imitando uma voz aguda e feminina. – E para atrair você, Harry Potter, eu a mandei deixar a mensagem na parede e vir para cá. Fiquei tão forte que sai do diário, e agora, quanto mais fraca ela fica, mais forte e real eu fico!

  A cacheada encarou Riddle, irritada. Era verdade, os detalhes que antes pareciam borrados estavam cada vez mais nítidos, ela tinha que ir embora imediatamente ou seria tarde demais.

  - Dumbledore nunca confiou em você, não é? – disse Cindy, zangada, Riddle a olhou com uma cara de “o quê?” – Ele era mais esperto do que o ex-diretor de Hogwarts e os outros professores. Por isso que você não ousou mais abrir a Câmara, por isso que você guardou as suas memórias em um diário. Porque Dumbledore estava seguindo você!

  - Mais um ponto para a Srta. Collins... – disse Riddle, com um sorriso cheio de ironia. Porém, o que ele não sabia é que Cindy tinha apenas lido a sua mente, e  soltou um sorriso sarcástico ao ouvir isso.

  - Mas por que você queria me conhecer, Tom? – perguntou Harry, levantando-se e pondo-se ao lado da amiga.

  - Eu queria perguntar ao famoso Harry Potter “Como?” – disse Riddle, deixando Harry confuso – Como um bebê pequeno e magricela conseguiu resistir aos feitiços de Lord Voldemort? Como ele conseguiu sobreviver com apenas uma cicatriz? Como?

  - Mas o que isso importa você? Voldemort é depois do seu tempo! – disse Harry, ainda mais confuso.

  - Harry, até eu já percebi! – exclamou Cindy, irritada – Ele é Voldemort! Ele é Voldemort quando jovem!

  - Cada vez me surpreendo mais com você, Senhorita – admitiu Riddle, se aproximando dela – Quantas perguntas me vem à cabeça somente por olhá-la... – ia se aproximando cada fez mais – Curioso... Você transmite uma sensação estranha... Seria isso... calor? – franziu as sobrancelhas, já estava a menos de trinta centímetros da menina. Ele foi estendendo a mão, lentamente.

  - Não toque nela! – exclamou Harry, se posicionando entre os dois.

  - Como sempre, o famoso Harry Potter tem que se meter, não? – disse Riddle, botando muita ironia na expressão “o famoso Harry Potter”, e se afastou deles – Vamos continuar a história... Ah, sim... Eu sou o Lord Voldemort quando jovem. Você acha que eu iria usar o nome idiota do meu pai trouxa? Não, não... Eu criei um nome novo, um nome poderoso, um nome que os bruxos teriam medo de pronunciar quando eu me tornasse o bruxo mais poderoso de todos os tempos!

  - Mentira! – gritaram Harry e Cindy juntos

  – Alvo Dumbledore é o bruxo mais poderoso de todos os tempos! – continuou o menino.

 - Mas Alvo Dumbledore foi afastado daqui, por minha simples lembrança! – exclamou Riddle, rindo.

  - Ele nunca deixará Hogwarts! – exclamou Cindy – Não quando ainda houver pessoas fieis a ele!

  Então uma música estranha começou a tocar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, comentem comigo!
(P.S: Tem uma parte que eu achei muito tensa, mas né... Porém tudo é literal, nada de segundas inteções, ok?! kkkk)
Feliz Natal!