A aula terminou, mas eu não queria parar de conversar com Malfoy. Continuamos rindo muito. O que era muito estranho, já que eu sou uma Grifinória, e ele um Sonserino. Basicamente, deveríamos nos odiar apenas por ouvir a respiração do outro. Nosso próximo tempo era vago, sim, da casa dele e da minha também. O que resultava em mais tempo para conversarmos. Ele parecia uma criança que acabara de ganhar o melhor presente de todos os tempos. O que era, hum, diferente, já que, bem, sou um tanto suja. Mas nada disso importava enquanto eu conversava com ele. Nós fazíamos piadas, e ríamos das expressões das pessoas quando nos viam andando juntos.

Claro que me doía o coração ver o rosto de Rony, me acusando de traição, quando passávamos por ele. Mas a pior parte foi quando passamos pelos gêmeos Weasley. George encarou aquilo como uma piada, uma brincadeira. Já Fred...

- Hermione? Vo-você... – Ele estava gaguejando? – Mas que... Como assim?

O rosto dele transparecia o desespero, o pânico.

- Fred, ele é meu amigo.

- Amigo? Amigo? – Ele me matava com o olhar. – Ele te humilhou por todo esse tempo. Ele sempre lhe chamou de sangue-ruim. Ele te acha suja. Ela sempre te odiou. Se você dormisse e não abrisse mais os olhos, ele nem sequer se importaria. Hermione, eu sei que você está sob algum efeito de uma poção, ou feitiço. Não vou discutir com você agora, OK?

- Não fale assim, Fred – Pedi em tom de súplica. – Ele mudou, ele...

- Não, não quero ouvir – Ele berrou, chamando a atenção de alguns alunos do primeiro ano que passavam por ali.

- Ei, não fale como se eu não estivesse aqui – Malfoy finalmente entrou na conversa.

- Não, não quero ouvir você falar – Fred foi chegando ameaçadoramente para mais perto do Malfoy. – Seu cara de fuinha, filhote de comensal, babaca estúpido, infantil.

-Nã...

- Não defende ele, Hermione – Fred estava sério, como eu nunca havia o visto antes – O que você quer, Malfoy? Ela não é como uma dessas suas amiguinhas, que você brinca com os sentimentos delas e depois as esnoba, sabendo que elas vão correr atrás de você.

- Eu não... – Draco tentou falar.

- Não a machuque, Malfoy, único aviso.

A tal ponto da conversa, George já havia ido embora, e Fred estava tão vermelho de raiva como seus cabelos. Ele andava tentando mostrar sua raiva, mas seus ombros estavam caídos e ele passava os dedos pelo cabelo compulsivamente. Observei-o virar no primeiro corredor. E meu coração pesava.

- Malfoy, faz um favor para mim?

- Claro, diga.

- Vá para o salão principal, OK? Coma alguma coisa, e não precisa me esperar. Vou resolver algumas coisas – Vi que ele ia me interromper, e eu logo me apressei em dizer. – Não é sua culpa, entende? Não precisa se desculpar. Isso é resultado de uma rivalidade muito forte. Vá e coma algo muito gostoso.

Ri, mas ele não me acompanhou. Entretanto, ele me deu um sorriso e se virou para o salão principal.

Dei um suspiro pesado, tinha que procurar Fred, e me justificar. Caminhei e caminhei, e não o encontrei. Já estava ficando preocupada. Criando tantas especulações, que eu sentia minha cabeça latejar. Até que eu ouvi algumas vozes conhecidas vindas de uma sala.

- Coloquei Amortentia na droga do bombom, para que ela comesse. Mesmo que a poção era para que ela se apaixonasse por mim, eu ficaria feliz se ela se apaixonasse pelo Rony. Não o suficiente, mas mesmo assim, ficaria feliz por tê-la a salvo.

- Relaxa, cara. Ela não vai simplesmente deixar de ser amiga de gente.

- Eu não sei o que fazer, George. Quero dizer, porque? O que ela viu nele?

- Nada, a não ser que ela esteja apaixonada pelo lado dos comensais.

- Nem brinque com isso, cara.

Não poderia continuar com isso. Não mais. Suspirei e entrei na sala. Fred me olhou com pesar, como se estivesse tentando me ver como inimiga. Aqui me doeu muito.

- George, posso dar uma palavra com o seu irmão? – Pedi.

 - Claro, Mione.

Assim que ele saiu, me virei para o Fred. Ele não me olhava. Parecia que os sapatos dele eram mais interessantes.

- Eu não sei como você está se sentindo – Vi que ele estava prestes a me cortar. – Não, você tem que me ouvir. Eu sinto muito se te magoei, mas ele merece uma segunda chance.

- Mione, eu pensava que você era inteligente.

Me senti ofendida, mas continuei.

- Por favor, não fique mal comigo. É a primeira vez que eu te vejo sério. E isso me dói mais do que tudo. Me desculpe, mas eu tenho que dar uma segunda chance para ele.

- Hermione, tudo bem, mas não esquece de que lado você está. Sei que ele merece uma segunda chance. Mas não confio nele totalmente.

Me senti mais ofendida ainda. E as lágrimas insistiam em cair.

- Me desculpe – Murmurei.

E saí.