A Organização escrita por carmpuff


Capítulo 5
Air


Notas iniciais do capítulo

eu resolvi partir o cap em dois, pq Daldegan disse que o NY tava confuso; acho que era porque tinha muita coisa condensada num mesmo espaço, sei lá.
E também é a minha primeira vez escrevendo ação guys, gimme a break -qqqq



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            Não conseguiu parar de se culpar.

            Entraram em outro avião, só que esse era comercial. Primeira classe era outro nível, mas mesmo assim December não conseguiu descontrair.

            Puseram uma bandagem no braço de Brittany, a qual ela escondia debaixo de um casaco grande. Simon sentou à sua frente.

            Harwood estava tão inquieto quanto ela. Olhava para fora a cada sete segundos, e suspirava a cada trinta. Passou as mãos pelos cabelos múltiplas vezes, o tirando do estilo empresário de antes.

            Os outros dois estavam rindo, até. Simon tentava bater seu recorde em Temple Runner, com Brittany enfiando o dedo na tela em momentos cruciais.

            Foi só quando os dois estavam tão concentrados em si mesmos que ela ergueu os olhos e viu Harwood a encarando.

            - Não sei o que fazer de você, Bennet. - anunciou. - Você é a heroína ou a vilã?

            Ela achou a questão engraçada. - Eu não sei. Diga-me você, Harwood.

            - Por que você não me chama de Chefe? - perguntou com uma sobrancelha levantada.

            - Porque você não é meu chefe. Ninguém é meu chefe.

            - Então você é uma nômade?

            - Eu faço o que quero. - ela respondeu depois de hesitar. - Estou ajudando vocês porque vocês me ajudaram. Não quero dever nada pra vocês. Mas posso me esconder por mais alguns anos.

            - Não duvido. - Harwood disse. - Mas porque você não se junta a nós?

            - Eu tenho uma pergunta pra você, agora, Harwood. - December se inclinou para frente. - Por que o dinheiro é tão importante pra você? Vi que tem um diploma de Oxford. Administração e uma minor em Relações Internacionais. Não precisa da Organização para ser rico.

            Agora foi a vez dele de coletar seus pensamentos. Coçou a barba para fazer e pôs os cotovelos na mesa entre eles. - Porque ninguém cuida dos nossos.

            - Como assim?

            - O “bem” quer os mutantes mortos. - ele falou sem compaixão. - O “mal” nos quer mortos também. Quem vai cuidar de nós? A coisa é, Bennet, que existem crianças que nasceram com seu dom acordado. Conheço várias pessoas que foram abandonadas por seus pais humanos quando fizeram pratos levitarem, ou acordaram com o cabelo rosa, ou espirraram e parte de suas coisas voaram pela janela. Estou do lado de quem paga mais porque esse é o lado que me deixa cuidar de milhares de crianças que ninguém quer.

            December esfregou o dedo sobre o triskel em seu pulso. Tinha recebido o lado bom do negócio, no final. Mesmo debilitada mentalmente por muito tempo, ela conseguia se alimentar e conseguir emprego. Aquelas crianças não.

            Tornou a olhar para Harwood. Ele checou os outros dois, amedrontado; provavelmente jamais dissera pra ninguém porque se tornara líder da Organização.

            Sorriu para ele, então. Faltavam-lhe palavras.

-x-

            - Você acredita em amor, December?

            Ela piscou, grogue. Já estavam em Londres, tentando agregar informação em Hugo antes de ele aparecer por lá. Seriam inúteis em NY, principalmente pela localização do apartamento dele.

            Brittany olhava para o teto com uma expressão sonhadora. Transferiu seus olhos para December, que tentava não voltar a dormir.

            - Sim. - ela respondeu.

            - Já se apaixonou por alguém?

            - Não - December se ergueu um pouco na cama do hotel. - Amor só traz problema. Deixa a mente turva.

            - Nossa, que papo de cigana. - Brittany riu no travesseiro. December cansou de tentar enxergar no escuro e ligou o abajur do quarto que dividiam. - Eu já.

            - Se apaixonou? Pois é, eu sei.

            - Você sabe? - ela quase ganiu. - Como?

            - Está na cara. - foi a vez da outra de rir. - Vocês passam o dia inteiro se olhando.

            Elas se calaram novamente, e justo quando December ia voltar a dormir, Brittany abriu a boca.

            - Você acha que um dia vai se apaixonar pelo Chefe?

            December a encarou como se ela fosse louca. - Hã? Brittany, são três da manhã e você me vem com essa conversa de drogada?

            - Você acha? - insistiu.

            - É muito cedo pra isso. - December reclamou. - Vai dormir. Daqui quatro horas vamos levantar e ir pro HQ e fingir que isso nunca aconteceu.

            - Vocês teriam filhos lindos.

            - Vai dormir!

-x-

            A situação estava tão ruim que December não conseguia olhar para Harwood até o almoço. Cada vez que via Brittany, ela balançava as sobrancelhas e fazia um rubor desconhecido subir o rosto da ruiva inexperiente.

            Afundou-se em documentos até às três da tarde. O salão/escritório do hotel estava cheio de americanos invadindo o lugar, mas tiveram que sair para o horário do chá.

            Tinha uma lanchonete alguns quarteirões pro norte. December sempre quisera ir para Londres, só que não atrás de um magnata sociopata com a máfia russa na ligação rápida.

            Ele deve ser daqui, pensou. Harwood. Faz sentido. O sotaque. O chá na mesa dele. Oxford. O incrível mau-humor que ele tem.

            O próprio atendeu seu telefone, andando um pouco mais devagar para poupar Simon e Brittany das notícias. Devia achar December fatalista ou racional o suficiente, porque permaneceu do lado dela enquanto a cor drenava de seu rosto.

            Ela franziu as sobrancelhas na sua direção. Harwood massageou a testa antes de falar. - Hugo não tinha a info. Foi mandada para Londres duas horas antes do baile começar. Está num hangar no Aeroporto Privado Aurivalle, esperando um caça vir busca-la e levar para a máfia.

            - Então vamos pra esse hangar. - ela rebateu.

            - O problema é que é mais fácil entrar na Casa Branca do que entrar no Aurivalle.

            - Ué, vocês não tem poderes? - December disse. - Deem um jeito.

            Os olhos de Harwood brilharam com sutil humor. - Como?

            - Não sei. - ela lhe lançou um olhar provocante. - Você quem é o Chefe.


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