Hoje já era o dia do desfile.

Wennie me deixou cheio de brilho e...

Penas.

Não era bonito, nem luxuoso, apenas um bando de penas com alguns brilhos, coisas cintilantes, para chamar atenção. Acho que quem estivesse na lua conseguiria me ver.

Poltrie gostou. Eu não ligo se ela gosta ou não e ela estava realmente ofendida com meu comportamento, até me disse que não é um comportamento adequado e que se eu desrespeitasse alguém na entrevista eu não iria conseguir Patrocinadores. Eu vou conseguir, não preciso da ajuda de nenhuma critatura original da Capital.

Enquanto estou sentado no sofá fitando o vaso, ouço passos e reclamações de uma voz aguda que parece estar miando. Viro a cabeça e vejo Glimmer. Como umpavão!

-Isso é muito estranho, deixa eu pelo menos tirar esse treco da cabeça! - disse ela sendo seguida pela sua equipe de maquiagem.

-Não pode tirar, está bonita assim!

-Eu tô parecendo uma ave! Eu queria algo muito brilhoso e não muito cheio de penas.

-Glim, melhor não questionar... - ela se virou e me viu, sua expressão ficou séria e não de uma garota irritada.

-Não me aconselhe nem me digue o que fazer!

-Bom, queridos, vamos logo que se chegarmos antes poderemos enfeitar a carruagem! - disse Poltrie exaltada.

Descemos no elevador, sérios, quietos. Ao abrir as portas demos de cara com quem eu menos queria.

Os tributos do distrito 2.

Eles pareciam "mensageiros" das mitologias, tinham um capacete dourado que parecia ter asas, pelo menos estava melhor que minha roupa. 

Os dois pareciam muito sanguinários, estavam sérios mas dava pra ver, tentei ficar ameaçador ou pelo menos a vontade. Glimmer saiu andando mais rápido que eu e chegou perto deles.

-Oi, prazer eu sou a Glimmer, vocês devem ser os tributos do distrito 2. - disse ela com um sorriso. Fiquei logo atrás dela de braços cruzados como a garota pequena ao lado do garoto alto e loiro, Cato.

-Prazer Glimmer, sou Cato. - ele esforçou um sorriso.

-Clove. - apresentou-se a garota.

Ela parecia ser tão fácil de matar, mas olhava ameaçadora, era pequena mas ameaçadora. Devia ter uma habilidade muito boa com alguma coisa.

Percebi que ela e Cato estavam muito próximos um do outro, logo se afastaram quando perceberam meu olhar.

-Adorei a roupa de vocês. - disse Glimmer se aproximando dos músculos de Cato. - Ficaram ótimos.

-A de vocês ficou bem diferente. - interrompeu Clove. Glimmer a lançou um olhar sério.

-Pois é, nossa estilista não é uma das melhores. - disse eu.

-Vocês estão horríveis. - confessou Clove.

-Também percebi isso. - concordei. Clove não me olhou mais ameaçador.

Glimmer parecia falar alguma coisa baixinha para Cato, ele não parecia dar muita importância.

-Melhor subirmos logo na carruagem. - disse Clove puxando o braço dele.

Fomos para a nossa e percebemos que os outros tributos já estavam se ajeitando.

Acho que de Carreiristas que valem a pena são só os do 1 e os do 2, claro por que só nós aparentamos ser mais fortes do que os outros. Os do 4 eram muito baixos, a garota parecia manter muita distância do garoto, ela parecia mais determinada que ele.

Subimos na carruagem e Glimmer não conteve o comentário.

-Odiei aquela garota do 2.

-Clove.

-É. Ela é muito intrometida.

-Ela parece gostar do Cato. - Glimmer ficou irritada.

-Esse é o problema.

-Glim, esquece romance por um minuto? 

-Ah, tá! - ela bufou. - Pelo menos eles parecem ser fortes aliados.

-Reparei isso. Só que só eles. Se os do 12 fossem Carreiristas adicionarias eles na lista, aquele garoto do 11 também.

Glimmer olhou por cima do ombro pra ver os outros.

-É. Eles parecem fortes, só que o garoto do 12 não dá pra entender muito se é ou não.

-Pois é. Olhe agora vamos entrar.

-Ah, queridos, fiquem com sorrisos lindos! - disse Poltrie. - Infelizmente o sorriso de vocês vão ser a única atração chamativa de vocês, não pude pôr brilhos na carruagem.

"Chamativa"? Já não basta ser um pombo rosa?

A carruagem começou a andar, eu e Glimmer erguemos um sorriso e começamos a acenar para o público que vibrava muito.

Todos estavam muito animados, perto do final eles pareceram ficar mais agitados. Quando descemos da carruagem vi que os tributos do 12 tiraram a atração deles...

ESTAVAM PEGANDO FOGO!

Como assim? Isso pode? Se pode o estilista deles fizeram um trabalho muito melhor... e o que é isso? Mãos dadas? Que porcaria é essa? Provavelmente serão aliados na arena. Dane-se, ninguém precisa deles como aliados, devem ser uma droga. Retiro o que eu disse de querer eles como aliados.

Glimmer ficou conversando com Cato e só depois que era pra voltar para os quartos que eles se afastaram.

Não falei nada com a Glimmer, não falei nada no jantar, apenas comi e fui pro quarto, não consegui dormir. Todos viam o reprise da entrada dos tributos mas eu não vi, não estava afim.

Foi bom conversar com a Glim ontem a noite, até um momento, já depois eu não gostei mais. Eu queria me desculpar com ela mas eu ficaria mais fraco do que eu já sou e ela iria continuar achando que estou sempre fazendo o que ela quer. Eu não quero que ela pense isso. Eu não quero fazer isso.

Não consigo dormir mesmo entoa saio do quarto devagar, vejo que a porta do quarto da Glimmer está aberta mas não há ninguém. Caminho devagar pelo corredor e vejo que ela está encolhida no sofá com as mãos escondendo o rosto, infelizmente não consigo ver se ela está chorando por causa da escuridão. Não posso acender as luzes, os outros poderiam perceber se acordassem e ainda estou com a visão cansada.

Aproximo devagar e ouço soluços e fungadas, ela está segurando um pedaço de papel. Eu sussurro:

-Hey... Glimmer? – ela vira o rosto e consigo enxergar um pouco, seu rosto parece estar um pouco molhado e sua maquiagem borrada.

-Sai daqui, vá dormir! – ela falou chorosa.

-Não... o que houve?

-Nada, não é da sua conta!

-É sim, se eu to perguntando...

-Vai embora!

-Não! O que houve, eu quero saber!

-Ah agora você procura saber.

Hã?

-Não entendi.

-Você nunca entende, como todo mundo!

-Dá pra parar de fazer enigmas e me dizer o que aconteceu?

-Marvel você quer tudo de bandeja né? Procure descobrir o motivo de eu estar chorando!

-Eu to procurando saber! Só você pode me responder isso. – falei irritado.

Aquilo já estava ficando chato.

-Olha – ela se levantou e ficou cara a cara comigo. – você devia reconhecer os sentimentos de uma garota, se eu estou triste, ou amando, ou feliz, ou nervosa por estar prestes a ter que matar pessoas que, por enquanto, não me fizeram nada!

Ela saiu batendo pé e entrou no quarto.

Então tá... ela tá nervosa com a arena... ou está amando.