Acordei com o despertador e pulei da cama na hora.. ou uns cinco minutos depois por causa do sol na minha cara.

Tomo meu banho e quando vou passo pela sala meu pai me chama.

-Marvel. - ele diz, eu me viro e dou de cara com um cara robusto e alto vestido de branco. Um Pacificador.

-O que tá acontecendo? - ando devagar até eles e não me sento, prefiro ficar de pé.

-As câmeras de vigilância o flagraram depois das 22 hrs na praça. - disse o Pacificador. - Sabe o que isso significa?

-Não, senhor.- franzi o cenho.

-Significa que será punido, é menor de idade e não pode andar nas ruas assim. Decidi que sua punição será bem razoável já que estamos no distrito 1.

-Qual será a punição? - disse minha mãe chorosa.

-Ele será automaticamente selecionado aos Jogos Vorazes. A pessoa que será sorteada será trocada, o papel dos homens estará apenas o seu nome.

E por acaso isso é ruim? Eu sempre pratiquei aos sábados pra ganhar esses Jogos.

-Tá bom.

-Muito bem, terminamos por aqui. - o Pacificador saiu da minha casa.

-Que orgulho, filho! Que bom que estará lá pra vencer. - diz meu pai esperançoso.

-É claro que eu vou vencer.

-Não gostei que tenha saído sem minha permissão. - disse minha mãe.

-Tá, tá, agora preciso me arrumar pra colheita.

Tomei meu café rapidamente.

-Que que é isso, Rapidinho? - disse meu irmão.

-Hoje é um dia muito especial.

-E por que?

-É o dia da colheita. - disse entusiasmado.

-Eu que vou ser escolhido.

-Não, seu irmão vai mesmo. - disse minha mãe.

-Ha!

-Duvido.

-Vai sim, o Pacificador o puniu com isso. Bela punição. - zombou meu pai.

-Não é uma punição. - disse meu irmão. - Que raiva! O que você fez pra conseguir isso?

-Beijei uma garota. - disse o zoando.

-Mavel! - disse minha irmãzinha enquanto tacava sua comida pela mesa.

Na hora de sortear os tributos, fizemos o regulamento de sempre e todos nós entramos numa fila. Eu e meu irmão ficamos a poucos metros de distância.

Uma mulher com uma roupa muito horrorosa, a moda na Capital, subiu ao palco e endireitou sua peruca.

-Bem-vindos, bem-vindos! - disse a mulher que aparentava querer ser dândi. - Hoje será um grande dia para o distrito 1! Será escolhido um corajoso homem e uma corajosa mulher para honrar o seu distrito nos magníficos Jogos Vorazes!

Somos Carreiristas. Gostamos disso. Todos aplaudiram até começar um alarido e ela pedir silêncio.

-Primeiro nossas queridas damas. - ela sorriu e pegou um papel no meio de muitos outros.

"Quem será a sortuda que vai me acompanhar nos Jogos?" penso.

-Glimmer... - o sobrenome de Glimmer é muito difícil de pronunciar, até ela pronunciar eu já estou pasmo.

Ver a Glim morrendo? Como isso pode ser possível?! Agora eu queria me voluntariar no lugar dela mas eu já serei escolhido e só uma mulher poderia fazer aquilo por ela.

Ela subiu ao palco com um sorriso arroubo e se posicionou ao lado da mulher.

-Muito bem querida, agora os cavalheiros! - ela pegou o pote  enorme e quando ela aproximou os lábios ao microfone eu pronunciei ao mesmo tempo que ela.

-Marvel! - sorrio para o público que aplaude e subo ao palco.

Dou um aperto de mão com a Glimmer e logo a mulher que nos sorteou volta ao palco.

-Perfeito! Feliz Jogos Vorazes e que a sorte esteja sempre a seu favor! 

Os Pacificadores nos levaram para uma sala onde iríamos nos despedir de nossas famílias.

Meus pais entraram e me abraçaram e dizendo o quanto me amam e quanto sabem que eu serei o vencedor.

-Eu seria um vencedor melhor que você. - disse meu irmão.

-Duvido. – zombei dele. Ele sempre quis ser sorteado mas não teve essa mesma oportunidade que eu tive.

Logo depois das despedidas, fomos levados a um trem que nos levaria em poucos minutos para a Capital. No mínimo uns 30, no máximo 50.

Tudo era muito luxuoso, só deu tempo de conhecer nosso mentor, Gloss. Ele e sua irmã já haviam ganho os Jogos mas escolheram ele para ser nosso mentor.

-Muito bem! Aqui estão os campeões! - disse ele apertando minha mão e a da Glimmer. - Muito prazer, sou o Gloss, o mentor de vocês.

-Prazer. - disse Glimmer agradável.

-Oi.

-Bom, se quiserem fazer um lanchinho antes de chegarmos, dá tempo. - disse a mulher. - Ah crianças, me desculpe eu não me apresentei, sou a Poltrie.

Nós fomos para o vagão-restaurante e eu comi um pouco, depois eu me sentei num canto do trem onde não pudessem me encontrar, um lugar vazio com apenas um sofá e uma janela, mas a Glimmer encontrou. Não sei como, mas ela me achou.

-Oi. - disse ela. Dei um pequeno sorriso e olhei para a janela. -Então... acho que é isso não é?

-Isso o que?

-Estamos um contra o outro.

-É.

Ela ficou calada por um tempo.

-Olha, Marvel, eu quero te dizer uma coisa. - ela pegou minha mão e eu me virei pra ela.

-Fala.

-Eu... eu sempre gostei de você, sabe... você foi um grande amigo e eu nunca vou me esquecer de você, por mais que eu não mostre isso mas você é como um irmão pra mim.

Ótimo, umirmão. Apenas um irmão. Se ela tivesse um irmão eu teria pena porquê o jeito que ela me trata me considerando um irmão, é horrível, ela quer que eu sempre faça tudo por ela.

-Você também é como uma irmã pra mim. - ela sorriu, vi seus olhos lacrimejarem e então ela se atirou em meu pescoço me dando um abraço.

-Melhor eu ir.

"Não, não vai!" não consegui pronunciar.

-Tudo bem. - ela se afastou e se levantou.

-Você não vem?

-Daqui a pouco eu vou.

-Ok. - ela saiu.

Um irmão, que beleza... será que ela não percebeu que eu gosto dela ou eu não demonstro isso mesmo?