The Monster Inside Me... escrita por Lolli Anne


Capítulo 1
O que é isso?!


Notas iniciais do capítulo

Olá, primeiro capítulo! Fic ainda sendo editada e eu com sono, me perdoem!



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Tóquio, Japão.

Acordei naquela manhã e respirei fundo o ar frio da manhã. Desci alegre e encontrei minha mãe acordada preparando o café da manhã, ela sorriu para mim e serviu a refeição.

- Bom dia, querida...- disse minha mãe docemente dando -me um beijo.- Coma direitinho e se apresse.

- Obrigada mãe.- sorri e comecei a comer.

Terminando de comer lembrei que precisava ir mais cedo para a escola, então minha mãe entregou- me uma fruta para comer no caminho.

Vestida com o uniforme da escola notei alguns me observando admirados, eu era parte de uma das melhores instituições escolares da cidade. Tornou-se normal ver olhares invejosos de outros estudantes e adultos usando-me de exemplo nas ruas.

Entrei no grande prédio dizendo "Olá" para todos os conhecidos e para alguns professores. Não demorou e o sinal tocou para a primeira aula. Hoje seria apenas preparações para o festival esportivo da escola, então todos estavam no pátio arrumando, limpando e decorando.

O dia estava cansativo e fiquei feliz quando chegou o fim da tarde e a hora de ir para casa.

Abri o portão da casa e entrei anunciando minha chegada como sempre, geralmente teria sido recebida pela voz da minha mãe, mas ela não disse nada.

- Mãe?- chamei e comecei a vasculhar a casa.- Mãe!

Ela não podia ter ido até o mercado ou teria um recado.

Olhei nos quartos, na sala, na cozinha e em todos os lugares, mas não havia sinal dela. Corri para os fundos e encontrei a porta completamente escancarada, surpresa fui até a porta e encontrei algumas gotas vermelhas no chão. Sangue.

- Mamãe...- sussurrei desesperada. Seguindo a trilha parei próxima a porta da estufa que tínhamos no fundo do quintal. O sangue parava ali e a porta estava entreaberta.

Empurrei a porta e adentrei o local. Olhando rapidamente não havia nada, mas então localizei atrás de algumas plantas um alçapão e mais sangue.

Não iria aguentar, peguei o celular e liguei para a policia desesperada. Fiquei assustada e não sabia mais o que fazer.

O alçapão foi investigado, ele dava na rua e não sabiam para onde poderiam ter levado minha mãe daquele ponto. As perguntas giravam na minha mente. Conversei com os policiais e depois ele disseram para esperar, deixar que eles cuidassem de tudo e que eu devia me preocupar em avisar os parentes.

Eu estava chocada com tudo isso. Quando sai ela estava cantando e fazendo o café, quando voltei tinha sangue no chão. Um rastro, disseram que ela devia ter tentado resistir e foi ferida por seus raptores, talvez uma forma de pará-la e sair rápido.

- Sua mãe foi levada não deve fazer muito.- disse o policial.- O sangue ainda está fresco, vamos procurar por toda a área e falar com seus vizinhos. Não saia e qualquer problema use o celular.- disse ele retirando-se. Não conseguia acreditar que ela tinha desaparecido.

Meu  celular estava tocando próximo a mim no sofá. Atendi após três tentativas da pessoa e, também, por quê estava ficando irritada.

- Alô?- falei desanimada.

- Anne?- ouvi uma voz masculina.- Você está bem? Machucaram você?

- Quem é?- perguntei sem vida. Reconhecia a voz de algum lugar, mas minha mãe dominava meus pensamentos.

- Sou eu, Anne! Seu pai!- disse o homem ao telefone e acordei. Como ele podia ter a coragem de ligar?!

- Me deixe em paz!- gritei.- Não quero ouvir nada vindo de você!

- Anne não desligue, filha. Só me escute dessa vez...- ele implorou. Esperei ouvindo.- Sua avó não vai permitir que viva sozinha, então quero que venha morar comigo...

- Como se eu fosse!- exclamei interrompendo. Fiquei indignada com aquilo, como ele podia fazer uma proposta dessas depois de tantos anos e pior... Depois daquele dia?

Ele me ignorou e continuou.

- Eu passo muito tempo fora e tenho muitas viagens marcadas, então teria a casa para você.- ele explicou.- Achei que fosse preferir, nós sabemos o que vai acontecer se for morar com sua avó.

- Eu sei...- sussurrei tentando acalmar o coração e ponderando as opções. Precisa ver os pros e contras de tudo.- Não quero morar com minha avó e muito menos com você, ambos me irritam pelo que fizeram! Mamãe foi ferida pelos dois!

Ouvi um suspiro e o silêncio tomou conta de ambos. Ele devia estar pensando, assim como eu. Odiava aceitar o fato, mas eu precisava da ajuda dele.

- Mas...- comecei quebrando o gelo.- Eu não pretendo ficar perto daquela velha. Você disse que fica pouco em casa, então se estiver não fale ou olhe para mim.

- Isso é um "sim"?- ele perguntou.

- Se quiser colocar dessa forma, então isso é um sim.- falei. Ouvi outro suspiro, mas esse parecia de alivio.

- Já comprei sua passagem, o avião parte amanhã bem cedo.- ele explicou.- Nos vemos amanhã, filha...

- Não espere que eu fique feliz e o chame de "pai", não tenho intenção de virar sua filhinha.- falei desligando.

Suspirei e joguei o telefone na mesa. Deitei no sofá assustada e procurei dormir um pouco.

Laboratório de estudos moleculares; Seoul, Coreia.

Desligando o celular o homem de jaleco voltou para perto do vidro e continuou o que estava fazendo. Ele não disse nada, mas seu assistente assustou-se quando me aproximei do vidro e avisou que levaria um choque caso tocasse a grossa camada.

- Você tem uma filha...- sussurrei com um sorriso maldoso. O homem ergueu seus olhos da prancheta e fitou-me.- Que surpresa agradável, doutor Kim.

- Sim, eu tenho.- respondeu.

- Eu adoraria conhecê-la...- sussurrei com minha voz mais perturbadora.- O sangue dela deve ser delicioso... A sensação da garganta rasgando e o sangue vermelho fluindo... Os gritos e seus lamentos doutor por ter criado o monstro que a destruiu!

- Calado!- berrou o homem perdendo o controle como eu queria. O doutor dirigiu-se a seu assistente.- Mande levarem 9ae-7331 para sua cela particular, vamos começar os testes nele.

- Sim, senhor.- respondeu o assistente e correu para fora da sala.

- Isso é culpa sua...- sussurrei.- A vontade incontrolável... Você destruiu minha alma e colocou um animal no lugar.

- Vocês cinco sobreviveram, Ji Yong.- disse o homem.- Nós resgatamos vocês.

- De que?!- gritei.- Vamos mataram milhares com seus experimentos, tiraram a infância de muitas crianças! Se orgulham disso?!

- Não me orgulho disso, você não sabe que queriam matar todos os sobreviventes?- perguntou o doutor Kim.- Vocês cinco estariam mortos, mas eu e o senhor Han conseguimos salvá-los.

- Eu queria estar morto...- sussurrei com ódio.

- Um grande desperdício...- disse um homem alto com vestimenta militar. Ele entrou no laboratório e parou ao lado do doutor Kim.- Doutor, poderíamos conversar?

- Claro, senhor Han.- respondeu Kim e afastou-se com o cientista.

Eles sabiam que eu poderia ouvir, aquilo estava sendo proposital.

- Meus superiores disseram que suas pesquisas com os sobreviventes não estão rendendo resultados.- disse Han.- Eles estão pensando em matar os meninos. Acham que representam um perigo muito grande e incontrolável, eles não podem voltar para a sociedade ou desastres poderiam acontecer.

- Mas...- doutor Kim tentou interromper, mas não obteve sucesso.

- Anos atrás foram recolhidas crianças de cidades do interior para uma experiência molecular não autorizada. Muitas morreram antes de obterem sucesso em alterar as moléculas e conseguir resultados.- disse o senhor Han.- O objetivo era alcançar um fera, transformar crianças em mutantes.

- Como naquele filme?- perguntou o doutor Kim rindo.

- Bem por ai, doutor.- afirmou Han e prosseguiu.- Mas os sobreviventes começaram a ficar fora de controle. As alterações geraram uma fera dentro deles, algo que é ativado pelas emoções.

- Mas pensei que tivessem perdidos suas emoções!- exclamou o doutor fitando-me surpreso.

- Bom, eles precisam de algo para ativar a fera que abrigam.- explicou Han.- Eu também não fazia ideia, mas Kim... Essas alterações buscam o animal existente no homem e isso torna essas crianças predadores. Não predadores comuns, eles tem instintos, força e talvez até mesmo poderes que desconhecemos. Eles trazem um risco muito grande para esse mundo e muitos concordam que manter esses cinco vivos, agora depois de tantos testes e com eles começando a ter consciência do que são capazes... Muitos concordam que devemos nos livrar dos meninos e esquecer tudo ligado ao Projeto Gartame.

- Entendo.- ouvi o doutor Kim dizer e dei alguns passos afastando-me.- Por que não fomos informados na época?

- Acharam que poderiam controlar os garotos.- respondeu Han.- Isso se mostrou impossível agora e querem o processo de exterminação realizado até o fim do mês. E doutor, eles decidiram nos calar também.

Meus olhos se arregalaram. Eu já sabia do que se tratava o processo de exterminação, ele estava sendo realizado no dia que o doutor Kim e o senhor Han pediram para poupar nossas vidas. O governo decidiu terminar com tudo, ou seja, destruir todas as provas de alteração genética e qualquer coisa representando risco.

- Nós somos as coisas...- sussurrei. Ambos os homem viraram-se para mim.

- Você ouviu, não é?- perguntou Han e eu assenti.- Avise os outros e aproveitem seus últimos momentos unidos.

- O que está fazendo?- perguntou o doutor chocado.

- Não podemos ir contra o governo, sua pesquisa falhou e esse é o fim, Kim.- afirmou o homem e começou a retirar-se.- Eles virão buscá-los antes do fim do dia, talvez amanhã se eu conseguir um tempo.

Senhor Han retirou-se da sala.

- Vou falar com os outros...- sussurrei e me afastei pensativo. Eu já sabia que um dia o fim chegaria para nós e agora precisávamos iniciar o nosso "processo de escape".

Aeroporto; Seoul, Coreia.

Peguei um táxi e o motorista me levou até uma grande casa bege com telhas escuras. Um homem estava parado na frente e ele sorriu quando desci do carro.

- Anne!- ele exclamou e tentou me abraçar.

- Não me toque...- falei ignorando meu pai e entrando na casa.

- Tudo bem.- ele respondeu com um sorriso triste no rosto.- Eu preciso ir trabalhar, pode se virar?

- Onde você trabalha?- perguntei lembrando-me que ele nunca tinha falado do trabalho. Meu pai pareceu surpreso e sentou-se para conversar.

- Sou um cientista e faço pesquisas muito importantes.- ele começou e parecia avaliar o que falava.- Como é minha filha pode saber que trabalho para o governo, então sou importante para eles na área de pesquisa e principalmente na área restrita. Sou o chefão nessa área!- ele tentou brincar na última frase, mas eu não ri e comecei a duvidar dele.

- Como se fosse possível, você é um idiota...- sussurrei levantando da cadeira onde tinha sentado.

- Acha que estou mentindo?!- exclamou levantando.- Seu próprio pai?! Ótimo, vou levar você!

- É mesmo?- perguntei rindo da raiva estúpida dele.- Quando?

- Amanhã, hoje será um dia difícil e você precisa organizar suas coisas.- ele sorriu.- Mas amanhã vai conhecer um pouco do seu velho!

Deu um sorriso falso e ele saiu deixando-me sozinha na casa.

Depois de ver todos os quartos do lugar e ter me perdido um pouco, finalmente encontrei meu quarto e comecei a desfazer minhas malas. A casa era grande e meu quarto espaçoso com paredes azul médio, armário, penteadeira e algumas outras coisas, mas me chamou muita atenção a cama de casal perfumada e macia.

Depois de colocar tudo no lugar me joguei nela e dormi até ouvir meu pai chamando para jantar.

Eu tinha sonhado com minha mãe e fiquei um pouco perturbada, digamos apenas que no jantar não fui a melhor companhia do mundo. Combinamos sobre eu ir junto com ele, mas não ficar perambulando pelo lugar ou algo ruim poderia acontecer. Também combinamos que eu não devia entrar na área restrita com ele, apenas no laboratório particular.

- Não tenho escolha, se eu sair do seu laboratório não vou saber para onde ir.- falei encerrando a discussão. Meu pai parecia preocupado e perturbado, ele não me disse muito. Aconteceria uma coisa importante amanhã e que eu não deveria ver.

Depois de comer voltei para meu quarto e meu pai foi trabalhar, eu devia imaginar que ficaria sozinha. Não queria falar com ele, mas me sentia sozinha sem a mamãe e não tinha amigos. Na Coreia os alunos estavam de férias e só voltariam às aulas em dois meses, simplificando... Eu estava sozinha e sem nada para fazer. Logo eu dependeria das conversas com meu pai.

- Mamãe...- sussurrei com lágrimas nos olhos.- Você prometeu que eu não teria que ficar sozinha de novo...- rolaram as primeiras lágrimas.- Você prometeu...

Abracei uma almofada e chorei até cair no sono. Eu só queria ter minha família ali comigo, minha mãe era minha família e ela estava muito longe, talvez ainda no Japão.

- Acorde Anne!- ouvi meu pai gritar.- Temos que sair cedo, então se apresse!

Levantei de má vontade e ainda triste. Fiz minha higiene e tomei um banho para sentar na frente da penteadeira e encontrar meus olhos levemente inchados, logo estariam melhor. Passei corretivo e pó - apesar de não precisar e saber que, se minha mãe estivesse ali, ela iria me repreender-,  cobrindo um pouco o inchaço, logo passei um pouco de rímel incolor e gloss rosa claro. Arrumei os cabelos castanhos mel em uma trança e arrumei a franja feita com navalha de uma forma fofa. Ela cobria minha testa e parava um pouco antes dos olhos.

Observei a menina pálida com olhos castanhos no espelho e ri de mim mesma por parecer tão patética. Meu olhos enchiam de água e eu queria ficar chorando o dia todo, que tipo de atitude era essa? Parecia que eu estava aceitando que nunca mais veria minha mãe, eu estava me torturando com isso.

- Vão achá-la...- ouvi uma voz vinda da porta. Meu pai sorriu compreensivo.- Sua mãe vai ficar bem, Anne.

- Eu sei...- sussurrei e fui até meu armário.- Frio ou calor?

- Nem um, nem outro.- respondeu meu pai saindo.- Espero que me aceite um dia...

Ele fechou a porta deixando a frase no ar. Fechei meus olhos e respirei fundo pegando meus jeans escuros.

O que eu amava naquela calça era o detalhe no calcanhar, tinha um fecho aberto e deixava o calcanhar a mostra. Coloquei uma camiseta preta com algumas frases escritas em branco e por cima um moletom rosa confortável.

Calcei o tênis preto e desci as escadas. Meu pai mandou eu levar uma mochila com o que eu precisaria e eu a deixei no andar de baixo na sala. Passei a alça pelo ombro e saímos no carro dele.

De acordo com meu pai o lugar para onde estávamos indo ficava fora e afastado da cidade, por isso ele saia cedo todas as manhãs. Acabei percebendo que ele não mentiu sobre ser longe, nós demoramos para sair da cidade e então ficamos mais ou menos uma hora no carro até chegarmos em um tipo de sede. Havia militares e vários carros, meu pai me guiou até outro veículo e um dos militares dirigiu durante o resto do percurso que levou em torno de quarenta minutos.

- Estamos chegando.- finalmente anunciou o motorista e parou na entrada de uma grande fortaleza com pardes altas e homens armados no topo. O nosso motorista se identificou, assim como anunciou seus passageiros e então fomos autorizados a entrar.

Paramos no meio de um grande campo e no meio havia uma base similar a outra só que maior. Desci do carro e o homem foi estacionar. Segui de perto meu pai assustada com os homens armados na entrada do lugar que foi feito para ser discreto, quase misturando-se com o ambiente.

- Não saia de perto de mim...- meu pai sussurrou e assenti assustada.

Ele simplesmente passava por todos e cumprimentava algumas pessoas. Pegamos um elevador e levei um susto quando ao invés de subir nós começamos a descer. Agarrei uma barra de metal que havia no cubículo com medo de cair e ouvi uma risadinha sair dos lábios do meu pai, mas ele voltou a ficar sério quando as portas se abriram para um corredor. Ali tinha uma placa ao lado do elevador dizendo: Andar 8.

- O que é aqui?- perguntei e meu pai seguiu pelo corredor, abrindo uma das portas. Ela revelou um laboratório de linha, cheio de aparelhos sofisticados e tudo o que se pode precisar.

- Onde eu trabalho...- respondeu meu pai acenando para que eu entrasse primeiro.

Dei alguns passos rápidos e entrei no local. Era mais quente, talvez por estarmos no meio do solo?

O tempo passou devagar enquanto meu pai fazia suas experiências e trabalhos, sempre explicando-me tudo o que eu perguntava da forma mais fácil e detalhada possível. Minha curiosidade era notada de longe, eu estava adorando aquilo. Odiava admitir, mas aquele dia com meu pai me lembrava do nosso pouco tempo quando eu era menor, do nossos dias que ele estava livre para cuidar de mim. Ao mesmo tempo que lembrava da alegria, também lembrei da tristeza e lembrava que ele sempre tinha algo mais importante quando eu precisava que ele estivesse comigo.

Comecei a rir quando ele abriu uma caixa com bolo de chocolate e acabou derrubando seu pedaço no jaleco. Ele estava lavando e rindo comigo quando um homem com roupas militares entrou.

- Doutor Kim, precisamos da sua ajuda e presença.- disse o homem.- Foi decidido que será hoje.

- Hoje...- sussurrou meu pai tristemente. Ele voltou-se para mim e me encarou com tristeza.- Minha filha hoje é o dia que meu motivo para ter deixado você desaparece.

- O que?- perguntei. Ele sorriu e olhou para o homem.

- Han quero que conheça minha filha Anne, ela tem dezessete anos.- disse meu pai e então olhou o calendário.- Não... dezoito. Sinto muito ter esquecido, querida.

Dei de ombros.

- Eu esqueci também com tudo isso...- sussurrei ainda preocupada com o que ele disse antes.- Vá, eu não vou sair daqui...

- Precisamos ir.- disse o homem e sorriu para mim.- Sua filha é linda como a mãe, desculpe conhecê-la assim Anne.

- Sem problemas.- respondi sorrindo educadamente.

- Lembro bem por quê sua mãe escolher esse nome...- começou o homem, mas foi levado por meu pai e só vi a porta batendo depois que saíram.

Fiquei vagando pelo laboratório depois de limpar a mancha no jaleco do meu pai. Ele teria menos trabalho quando voltasse.

Sorri ao ver meu pedaço de bolo e senti meu estomago revirando, implorando por comida. Me rendendo sentei e comi com vontade o pedaço.

Andar 13, Laboratório de Estudos Moleculares; Seoul, Coreia.

Sentei próximo ao vidro, mas sem tocá-lo e imaginei como seria estar livre do outro lado. Eu não conhecia a sensação de liberdade, nenhum de nós conhecia. Não via o céu desde os nove anos, assim como Taeyang; Seung Hyun foi pego aos oito e Daesung aos sete, SeungRi era o mais novo e não tinha o gostinho de liberdade desde os seis. Crescemos em laboratórios e fomos torturados, sobrevivemos por termos ficado unidos.

- Ji Yong...- SeungRi sentou-se ao meu lado. Baguncei os cabelos do menino.

- O que foi?- perguntei.

- É hoje, não é?- perguntou o garoto. Fitei triste o chão e suspirei ouvindo passos.

- Sim...- sussurrei levantando.- Vamos começar.

A porta se abriu e homens entraram nos observando como se fossemos répteis no zoológico. Todos levantaram e aproximaram-se do fundo. Vi o doutor Kim entrar na sala e seus olhos encontraram os meus, ele parecia triste, realmente triste.

- Levem.- disse um homem vestido com um terno preto. Ele parecia ser quem comandava tudo.

A porta do nosso lado foi aberta e ela dava no quarto onde ficávamos. Entramos no cômodo e esperamos.

- Deixem os cinco ali até segunda ordem.- disse o homem e houve um estalo na porta. Trancados novamente, só que dessa vez em um quarto branco e sem janelas.

Fiquei com os ouvidos atentos e quando tive certeza que todos tinham saído nos reunimos e começamos a planejar nossa fuga. Não iríamos morrer assim.

Começamos a correr pelo corredor, todos sabíamos o exato e único local que poderíamos usar para sair. Nos separamos para tentar confundir e ganhar tempo, dessa forma fui com Daesung e SeungRi.

Alarmes começaram a tocar anunciando que todos deviam deixar o prédio. O incêndio causado por mim estava se espalhando rápido pelos quartos do Andar 13. Não havia escadas naquele andar, nossa chance era o elevador.

- Podia ter causado o incêndio depois de termos saído desse andar!- reclamou o mais novo. Daesung congelou.

- Tem alguém descendo...- sussurrou, seus olhos mudando de cor.- O cheiro é interessante...

- Controle!- exclamei balançando o garoto loiro. Ele voltou ao normal e respirou fundo algumas vezes.- Se espalhem, devem ser eles...

Andar 8; Seoul, Coreia.

Meu pai estava demorando e eu comecei a ficar entediada. Não havia sinal para usar internet e eu estava desesperada por alguma coisa para fazer.

Abri uma fresta da porta do laboratório e espiei, não havia ninguém. Sabia que estava quebrando minha promessa, mas queria alguma coisa para fazer e dar uma volta pelo corredor não seria crime.

Havia muitas portas, porém todas estavam fechadas e tinham só um número escrito. A minha sala era a número seis, ri e sai andando pelo corredor. Ali tudo era da mesma cor, um branco doente e que deixava você tonto.

Parei na frente do elevador e olhei os números parados ali. Senti uma enorme vontade de apertar o botão e chamá-lo, não resisti por muito tempo e apertei o botão chamando o elevador. Ele veio direto para meu andar bem rápido e logo as portas do cubículo estavam abertas para mim.

- Devíamos ir até lá?- ouvi uma voz vinda do meu corredor. Olhei assustada para o fundo e vi dois homens saindo por uma porta. " Essa não...", pensei e sem saber onde me esconder entrei no elevador escondendo-me no canto. Para minha sorte eles usaram as escadas.

Eu teria saído e voltado imediatamente para a sala do meu pai, mas o corredor branco começou a brilhar em vermelho com uma sirene gritando e uma voz feminina pedindo que todos deixassem o lugar. Eu tentei sair, entretanto as portas se fecharam e cai sentada quando o elevador começou a descer.

- Ah!- gritei e olhei o número do Andar 13 brilhando. Sob seu botão estava a palavra 'restrito', será que meu pai estava lá?

As portas se abriram e dei alguns passos para fora gritando ao ver o fogo vindo. Entrei no elevador novamente e tentei apertar o botão, mas alguém me segurou cobrindo a boca e puxando os pulsos para trás.

- Entrem...- disse a pessoa que me segurava.

- Ela...- sussurrou um garoto loiro que surgiu na porta do elevador. Ele tinha olhos escuros e vestia um macacão branco. Ao lado do loiro surgiu um menino com as laterais da cabeça raspadas deixando um pouco do cabelo raso no topo.- Foi dela o cheiro que senti.

- O que...?- comecei a perguntar e acabei me arrependendo.

- Quieta...- disse uma voz no meu ouvido.- Como saímos desse lugar?

- Eu não sei...- sussurrei.

- Ela realmente não parece ser uma deles.- disse o menino moreno.

- Não importa, ela nos viu.- disse o loiro.- Vamos levá-la e decidimos o que fazer com ela depois, sinto a fera mencionada pelo senhor Han se agitando para conhecer essa menina...

Engoli em seco.

- Eu não sei muito bem, mas acho que devem ir para o primeiro andar e escapar passando pelo campo...- sussurrei com uma mão apertando meu pescoço.

- Dragon afrouxe essas mãos!- disse o moreno. Eu não conseguia passar o ar.- Ele não parece normal!

Fui virada na direção da pessoa que me segurava. Cabelos vermelhos e os olhos tornando-se da mesma cor aos poucos, um garoto me erguia com apenas uma mão e me sufocava.

Eu já estava sentindo-me tonta.

- P-por favor...- foi a última coisa que consegui dizer antes de desistir. Meus olhos lutavam para ficar abertos e os pulmões gritavam por oxigênio. Uma lágrima rolou do meu olho direito e a senti descer até parar na mão do garoto, pensei que seria meu fim com a visão ficando escura, porém fui solta e cai no chão.

- Aperte o botão!- exclamou o loiro. Ele segurava o garoto de cabelos vermelhos, enquanto o moreno entrava e apertava o botão com número um. As portas se fecharam.


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Notas finais do capítulo

E ai?!



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