LIAM’S POV

Encarei a TV sem conseguir absorver nenhuma informação do que se passava ali.

Você precisa de alguma coisa mais tediosa do que uma tarde de domingo, com aqueles programas inúteis de fofoca? Bem, eu acho que não.

Algumas coisas estavam boas, mas outras nem tanto. Eu e Danielle estávamos juntos ainda, mas eu sentia que poderia não ser por muito tempo. Não era a mesma coisa de antes, não sei explicar.

- Eu cansei, tá legal? Cansei disso Liam!

Franzi a testa, surpreso pelo seu tom de voz, e fui obrigado a voltar a Terra para entender o que acontecia.

- O que foi?

- Você! – Danielle apontou pra mim. – A gente!

- Danielle. – Falei devagar. – Você não está falando coisa com coisa.

- Você não vê? Não existe mais “nós”. Só existe eu e você. Eu aqui e você ai.

- Por que você está dizendo isso? – Perguntei, ofendido com as suas acusações.

- Porque eu sinto falta de quem você era!

- Eu ainda sou a mesma pessoa de antes.

- Então por que você não fica mais comigo?

Não respondi. Ao invés disso, abaixei a cabeça.

- Está vendo? – Danielle suspirou, resignada. – Eu vou embora.

Levantei meu olhar e a encarei, sentindo que todo o meu medo estava estampado no rosto.

- Não! – Pedi. – Não Danielle. Por favor, não vai.

- Liam, desde quando nós estamos assim?  Nesse vai e vem que nunca acaba?

Doía ver ela desse jeito, com os olhos cheios de lágrimas. Sua boca tremia um pouco, devido ao nervosismo. Suspirei e dei dois passos pra frente, passando as costas da minha mão na sua bochecha molhada. Danielle fechou os olhos, sentindo meu carinho, e em seguida passei minha mão pelo seu cabelo.

- Me desculpa.

- Não vai dar mais certo Liam.

- Você prometeu que não ia desistir de nós.

Danielle voltou a chorar e eu a puxei para mais perto do meu corpo, e ela aceitou o abraço de bom grado. Seu corpo se encaixava tão perfeitamente ao meu que machucava só de imaginar outro corpo no seu lugar. Era ela, e pra sempre seria ela.

- Você desistiu de nós.

- Não. Eu não desisti. E é por isso que eu estou pedindo pra você ficar.

- Eu não quero ir, mas não quero sofrer.

Franzi a testa.

- Não vou te fazer sofrer. Fica comigo, como nós prometemos há dois anos.

Danielle desviou o olhar e encarou o chão, em seguida voltou sua atenção pra mim.

- Só tem um jeito de me fazer desistir.

- Peça o que quiser. – Concordei com a sua proposta antes mesmo de saber qual era.

- Liam, faz amor comigo essa noite.

Não sei se foi o seu desejo, ou se foi o meu. A única coisa que sei é que não havia nada mais a ser feito, a não ser encostar meus lábios no dela.

---

Sua respiração descompassada batia no meu peito nu, demonstrando seu cansaço.

Não tinha mais nada pra temer. Não era só “eu” e “ela”, era nós. O mundo poderia acabar e tudo estaria perfeito.

- Promete que vai ser minha pra sempre?

- Pra sempre. – Ela soprou. – Pra todos os momentos.

- Shhh. – Coloquei minha mão sobre a sua boca levemente. – Não vamos falar disso agora.

Encarei o teto branco do nosso quarto, pensando em tudo o que mudou e em como algumas coisas nunca iriam mudar.

- Desculpa por ter feito você esperar. – Falei, com um risinho baixo.

- Consegui sobreviver sem o seu sexo por alguns dias.

- Falou então, deusa do sexo.

- Liam! – Danielle riu, constrangida com a brincadeira.

- Não estou brincando. – Segurei o riso e olhei pra frente.

- Dá pra você parar?

Virei meu rosto pra ele e vi suas bochechas vermelhas; foi impossível não rir dessa vez.

- Aw, meu deus! – Sorri e apertei suas bochechas. – Ficou com vergonha.

Danielle escondeu o rosto no travesseiro, mas pude perceber que ela ria.

- É claro! – Falou, com a voz abafada. – Não gosto de falar disso.

- Você prefere que eu diga que garotos podem se masturbar com as suas fotos?

- Pelo amor de Deus! Eu não gosto dessa palavra.

- De qual palavra? Masturbar?

- Liam!

- Tá bom. Não vou dizer masturbar.

- Idiota.

- Você é mais.

- Ah, claro.

- Não fui eu que comprei uma fantasia erótica.

- Quantas vezes eu vou ter que pedir pra você parar? – Danielle riu, ainda sem tirar o rosto da almofada.

- Tá, parei agora. Sério.

- O que você acha de matarmos a saudade?

- Acho mais do que perfeito...

E essa não foi a última vez que seus lábios encostaram nos meus naquela noite.