21st Century Breakdown escrita por Adrenaline Earthquake


Capítulo 8
East Jesus Nowhere


Notas iniciais do capítulo

Ooooooooooolá.
Nem demorei tanto, oremos. -n
Não tenho o que falar aqui, porque no final eu vou falar MUITO.
Ah, apenas um aviso: se você for MUITO religioso(a) e se ofender facilmente com coisas ligadas a religião, não sugiro que leia >.>
Enjoy!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/229522/chapter/8

–Que porra... ?! – quase atropelei um homem que estava parado no meio da rua, com um sorrisinho sarcástico estampado no rosto. Freei bruscamente no último minuto e quase fui para frente, sendo preso pelo cinto de segurança. Saí do carro, já xingando baixinho, com medo de que tivesse machucado o indivíduo, afinal, uma segunda visita ao hospital seria bem ruim. Porém, olhei em volta e não vi nada, nem mesmo uma marca de sangue (o que me deixou bem aliviado). Escaneei a rua particularmente vazia, a procura de um corpo, ou qualquer coisa que me indicasse que alguém havia morrido... Ou sobrevivido. Porém, por mais que eu procurasse, não achei nada. Quando estava quase convencido de que não havia ninguém, ouvi uma voz atrás de mim que disse:

–Devia tomar cuidado por onde anda... Ou dirige.

Virei para ver quem havia dito isso e me deparei com um homem alto, de pele clara, olhos verdes e cabelo negro espetado. Franzi a testa e me aproximei cautelosamente do homem.

–Q-quem é você?

–Você me conhece, oras. Meu nome é Christian. – disse ele, sorrindo friamente. Logo senti aquele mesmo ódio subindo por meu corpo, e a vontade de matar aquele idiota naquele momento era grande demais para eu me conter.

–Você... Você quase matou o Frankie... – murmurei. Ele jogou a cabeça para trás e riu.

–Quase matei mesmo! Eu deveria ter matado, porém, não tive tempo. Tinha que sair de lá o mais rápido possível.

–Levante suas mãos para testemunhar o assassinato que quase cometeu. – rosnei.

–Hah, calma aí! Não tenho planos de ir para a prisão. – ele sorriu friamente de novo – Tenho outros planos para mim mesmo e para o Frank.

–Seja lá o que ele fez, não foi culpa dele.

–Como sabe? Estava lá?

–Não, mas...

–Então cale a boca. Você não sabe do passado dele. Eu sei. – disse ele, me cortando.

–Ele é um anjo, nunca faria mal a ninguém! – defendi-o.

–Prazer, ninguém. – disse Christian, irônico.

–Sua confissão será crucificada, e seu sacrifício suicida nunca será compensado. – rosnei.

–Minha confissão será tão crucificada quanto você. Acha que não sei como você agia como um cão que foi... Sodomizado?

–C-como sabe disso?!

–Eu sei de tudo. – ele sorriu perversamente – Sei de cada segredo seu, de cada ficante seu... Todos os seus pensamentos mais íntimos, pode ter certeza de que eu sei sobre eles.

–Christian... Como sabe disso... ? – perguntei, secretamente com medo.

–Eu sei de tudo. – repetiu ele, com o mesmo sorriso perverso nos lábios – Todos os garotos brancos e garotas negras são os soldados desse novo mundo, mas você não está incluído nele. Não alguém como você .

–Não sei do que está falando. – menti – Sempre fui e sempre serei um homem honesto e dedicado.

–Deposite sua fé em um milagre, e isso não tem nada a ver com religião. – disse ele, com um tom irônico e revirando os olhos – Então por que dormia com um cara diferente a cada dia?

–Eu era adolescente!

–Não muda o fato de que você foi um idiota e que você vai para o inferno. – disse ele, inflexível – Junte-se ao coro, estaremos cantando a música da sua perdição.

–Cantando? Só se for cantando na igreja da doce ilusão. Por que fala tanto de religião, Christian?!

–Porque eu sou Deus.

Fitei seus olhos profundos e castanhos por um longo tempo, esperando uma amostra de sorriso aparecer em seus lábios, algum indício de que ele estivesse brincando. Porém, o sorriso apareceu em meus lábios, afinal, aquilo tudo era ridículo.

–Está falando sério?

–Mais sério, impossível.

Ele só podia estar brincando. Ele realmente acha que é Deus?!

Resolvi entrar no jogo dele, para descobrir o que havia de errado.

–Ok então. Digamos que você realmente é Deus. O que isso tem a ver comigo?

–Pretendo mandar-lhe para o fogo do inferno, Way. Por cada pecado seu, você vai pagar, disso pode ter certeza.

Balancei a cabeça, reprimindo uma risadinha. Era só o que me faltava, ele sofre de megalomania!

–Um fogo queima hoje de blasfêmia e genocídio, tudo o que a religião fez foi alimentar esse fogo. Discórdias, guerras, brigas... Todas poderiam ser evitadas se não existisse religião. As sirenes da ruína irão se infiltrar nos fanáticos da fé.

–Pode rir o quanto quiser, Way. Mas eu sei de todos os seus pecados, sei que irá direto para o inferno.

–Oh, abençoe-me, Senhor, pois eu pequei. Já faz tempo desde a última vez que me confessei! – retruquei, com um tom fortemente irônico. Só aí notei o aglomerado de pessoas que me rodeavam, curiosas para saber o motivo da discussão. Algumas até murmuravam “Briga, briga, briga!” baixinho. Mas não me importei com os espectadores.

–Não seja irônico. Sabe o que vai acontecer com você no fim da sua vida, Way. Você sabe muito bem.

–Sei. Vou ser cortado ao meio, costurado de volta e enterrado a sete palmos. Joguei minhas muletas no rio da sombra da dúvida.

Christian abriu um sorrisinho desafiador.

–Melhor estar vestido no seu melhor traje de domingo esse fim de semana, Gerard. Acredite: todo esse ateísmo não vai passar facilmente por mim. Reze uma prece pela família, jogue uma moeda pela humanidade.

Já falei o quanto eu odeio quando ele fala em enigmas?

–Christian, você não entende que religião não muda o caráter das pessoas?

–Prove.

–Hitler era católico.

Ele fitou o chão, visivelmente pensativo. Um murmúrio percorreu entre todos aqueles que assistiam.

–Não importa. Ele deve ter feito toda aquela matança por causa do destino de Deus. – murmurou ele.

Arregalei os olhos. Já partiu para defender Hitler?!

–Este uniforme não é tão lisonjeiro? Esse uniforme de fanatismo e falsidade? – retruquei, com certo veneno na voz – Nunca te pedi uma droga de coisa, nunca mexi com você, e, do nada, você vem me ameaçar. Qual é a sua, Christian?

–A “minha” – disse ele – é justiça. Mandar os pecadores para o inferno, enquanto os que seguem as minhas leis estão destinados a irem para o paraíso.

Não pude conter uma gargalhada de escárnio.

Justiça? Grande justiça, mandar aqueles que pisaram na bola uma vez para o inferno!

–Não é assim que funciona, descrente nojento. – disse ele, cerrando os punhos.

–Não? Então explique-me! – falei, com certa ironia, e ele notou.

–Não me teste... – rosnou ele, pausadamente – Não me conteste... Não me proteste, ou vai desaparecer.

–Eu quero saber quem tem permissão para reproduzir todos esses cachorros que nunca aprenderam a ler! Assim como você! – falei, imitando seu jeito de falar em enigmas – Para sua informação, existem outras religiões além do catolicismo!

–Eu sei. E não tenho problema com nenhuma delas, contanto que façam seus seguidores crerem em mim.

Revirei os olhos. Isso tudo era hipócrita demais para a minha cabeça.

–Sabe de quem é a culpa? – sussurrou ele – Dos missionários políticos, que usam meu nome em vão para conseguirem mais popularidades, e dos tiras de uma nova religião, que insistem em pregar contra mim.

–Qualquer religião é só um monte de merda que as pessoas inventaram para terem onde se apoiar quando estão perto do fim das suas vidas. E, assim como Deus, ou seja, “você”, é tudo invenção dos homens.

Christian cerrou os punhos e fez menção de vir até mim, mas simplesmente balançou a cabeça.

–Descrente nojento. – repetiu ele, antes de dar meia volta e virar para ir embora. Antes que ele sumisse de vista, gritei:

– Um fogo queima hoje de blasfêmia e genocídio, as sirenes da ruína, vão infiltrar no interior!

Foi a gota d’água para Christian, que deu meia volta novamente e saiu correndo para cima de mim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vamos conversar!
Seguinte: East Jesus Nowhere é extremamente complicada. Assim como Christian's Inferno, é uma música sobre religião (quer dizer, no meu ponto de vista). "Sua confissão será crucificada" pode ser uma alusão às pessoas que vão se confessar na igreja e, no fim, somente ouvem um "Ah, você pecou, não podemos fazer nada, você é sujo demais, saia daqui". Ou que falam "Não podemos fazer nada. Vai lá rezar um terço inteiro". Quanto à parte "Levantem-se! Todos os garotos brancos/Sentem-se! Todas as garotas negras" deve ser sobre o preconceito racial. Se você é um homem branco, você é rico e... Digamos "da elite". Se você é negro, e ainda por cima uma mulher, já é automaticamente jogado para uma classe inferior. As frases "Depositem sua fé em um milagre/e isso não tem a ver com religião" e "Na igreja da doce ilusão" só reforçam a minha ideia de que essa música é sobre religião. A blasfêmia pode ser tudo aquilo que a igreja prega, que te proíbe de inúmeras coisas. O genocídio pode ser uma referência às cruzadas na Idade Média, aos nazistas... Podem ser inúmeras coisas. As sirenes da ruína... Eu não faço ideia, e aceito interpretações '-' "Esse uniforme não é lisonjeiro" pode falar dos militares, que sempre se sentiam, de alguma forma,"superiores". Toda aquela parte de "Não me testem/Não me contestem/Não me protestem/Vocês irão desaparecer" é basicamente o que a religião prega sobre Deus: acredite nele plenamente ou você irá para o inferno.
Bom, acho que é isso.
Agora, quero que saibam de uma coisa:
Eu nunca disse que não acredito em Deus.
PORÉM
Eu nunca disse que acredito.
É, eu sou agnóstica.
(Sinto que perderei leitores por isso, MASENFIM)
Pra quem não sabe, o agnosticismo diz que pode ou não existir uma divindade. Porque, sinceramente, para mim, não faz diferença! Pode existir. Pode não existir. Não ligo.
E por que eu disse isso?
Para deixar claro que todas essas ideias de religião não são MINHAS ideias, mas sim ideias que eu tirei da música. Quer dizer, interpretar letras de música não é tão fácil assim. Ok, eu concordo com algumas ideias, mas não todas.
Enfim.
Como podem ver, achei melhor postar uma pequena (PEQUENA?!) explicação sobre o meu ponto de vista das músicas. Porque eu estou tendo que adequá-las para a fic, óbvio.
Ah, se alguém ainda não entendeu qual é a doença do Christian, vocês vão saber no próximo. -q
Cya c: