21st Century Breakdown escrita por Adrenaline Earthquake


Capítulo 4
¡Viva La Gloria!


Notas iniciais do capítulo

MEUDEUSDOCÉUAMADO, EU DEMOREI TANTO OMG OMG OMG
Eu tenho um motivo pra ter demorado. SIM, EU TENHO UM MOTIVO *comemora* FINALMENTE UM MOTIVO!
Não que seja um ótimo motivo, mas enfim...
Eu queria terminar uma outra fic minha antes de continuar com essa... Porque eu não estava dando conta de todas *se joga da ponte* PORÉÉÉÉM, eu já terminei aquela, podexá. Vou continuar com essa *u*
Enjoy!



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Durante duas semanas, eu e Frank saímos quase todos os dias. Ele era mesmo um baixinho interessante. Parecia ser um adolescente, com aquelas roupas e aquele cabelo de “rebelde sem causa”, mas tinha a mesma idade que eu. Além do mais, as ideias revolucionárias dele eram interessantes e levemente tentadoras. Mas eu achei melhor permanecer neutro nesses assuntos que ele tanto gosta de discutir, ou eu acabaria virando um rebelde como ele.

Pelo que descobri de Frank, ele era órfão, sua mãe morreu no parto e seu pai desapareceu. Por mais incrível que pareça, ele nunca nutriu ódio pelo próprio pai, somente uma leve curiosidade para saber por que desapareceu de vista.

Não sei se podia considerá-lo meu melhor amigo, mas com certeza ele parecia ser um colega extremamente interessante.

Só que...

Entrou uma menina na minha vida.

Ela entrou na loja de CDs, como quem não queria nada, e virou para mim:

–Ei, você por acaso tem um vinil do The Who?

À primeira vista, ela não pareceu muito interessante. Cabelo negro preso com rabo de cavalo, jaqueta vermelha, blusa listrada, calça jeans e tênis. Só que tinha uma coisa...

Como assim uma garota americana sem o rosto cheio de maquiagem?

Como assim uma garota americana sem aquela voz enjoada de vadia?

Como assim uma garota americana com conteúdo interessante?!

–Er... Ahhnn... Eeeeeeeeeu...

A garota arqueou as sobrancelhas e estalou os dedos na minha frente.

–Ooooi! Estou falando com você!

–Ahn... – sacudi a cabeça e ensaiei um sorriso – Claro! Ahn... Espera só um segundinho...

Fui para trás da loja, no estoque, e fechei a porta, ofegando.

Porra, que merda que eu estava fazendo?

Arregalei os olhos e esfreguei o rosto, tentando acordar para a realidade e parar de pensar nessas merdas. Peguei os vinis do The Who que eu tinha e levei para a tal garota.

–A-aqui... Tem esses...

Ela pareceu pensar por um minuto, observando cada disco atentamente.

–Acho que vou levar esse... – disse ela, pegando o vinil do Face Dances e me entregando. Assenti e fui ver o preço. A menina continuou me observando longamente, até que me perguntou – Ei, qual o seu nome?

–G-Gerard... – respondi baixinho.

–Gerard... – de novo, ela parou para pensar – Prazer, sou Gloria!

–Prazer. – murmurei, abrindo um meio sorriso e entregando-lhe o vinil dentro de um saco plástico.

–Ahn... Desculpa ser tão cara de pau, mas... Você sabe se passou um garoto por aqui? Baixinho, com uma franja até o olho?

–Frank? – arqueei uma sobrancelha.

–É! – exclamou ela, com uma expressão de surpresa – Conhece-o?

Fiz que sim com a cabeça. Gloria riu.

–Bom, que mundo pequeno! Enfim, viu ele por aí?

–Ele foi para a praça de alimentação do shopping... – respondi, meio incerto.

–Oh, o babaca não me esperou – resmungou ela, até que se lembrou de que eu ainda estava ali – Ah, obrigada! – ela riu – Ei... Quer se juntar a nós?

–Oi?

–Nós estamos indo almoçar em um restaurante qualquer. E acredito que agora seja sua hora de almoço. Estou certa?

Olhei o relógio em meu pulso.

–Ahn... Acho que sim...

–Então vamos! – ela sorriu abertamente.

–Eu... Não sei... Não quero atrapalhar vocês dois. – fiz uma careta.

–Que isso, você não vai atrapalhar. Qualquer amigo do Frank é amigo meu. – Gloria riu divertidamente – Vamos, por favor!

Suspirei profundamente.

–Tá bom, eu acho que umas horinhas de diversão não vão machucar...

–Ótimo!

Avisei a Bob, que estava arrumando alguns CDs no estoque da loja, e saí com Gloria.

–Então... Como conheceu Frank?

–Ele é amigo do Bob... E apareceu aqui, procurando por ele. Acabamos conversando e... É. – dei de ombros – Mas e você? Vocês dois parecem ser bem parecidos...

–É que eu deixei ele daquele jeito. – ela riu.

–Daquele jeito como?

–Revoltadinho. Revolucionário. – ela deu de ombros.

–Mas por que fez isso?

–Não foi escolha minha. Ele que ficou assim. Eu só continuei andando com ele. – ela deu de ombros – Acho que foi convivência. “Diga-me com quem andas e te direi quem és”, essas coisas. – ela revirou os olhos – Apesar dessa citação ser uma idiotice sem limites.

–Por que diz isso? – perguntei, rindo.

Ela virou o rosto na minha direção, observando-me calmamente.

–Oras, sejamos sinceros. Só porque você anda com um psicopata, não quer dizer que você também vai ser um! Depende somente da sua sanidade mental e da sua força de vontade!

–Verdade. – dei de ombros – Mas é bem difícil de “não ir na onda” dos seus amigos.

–Como assim? – perguntou ela.

–Digamos que um amigo seu comece a roubar. É meio difícil você se impedir de encobrir ou ajudar o seu amigo, dependendo do nível de amizade de vocês dois.

–É, é verdade. – disse ela – Se você pensar por esse lado, pode até ser verdade. O problema é que a maioria das pessoas usa essa frase como desculpa para fazer as pessoas, principalmente as crianças e adolescentes, não andarem com supostas “más influências”. – ela revirou os olhos – Ei, olha lá o Frankie!

Por algum motivo, senti uma pontada estranha ao ouvi-la chamá-lo de “Frankie”, como se só eu pudesse chamá-lo assim.

–Gloria! – ele sorriu e olhou para mim, sorrindo ainda mais – E Gee! O que faz aqui?

–Convidei-o pra vir com a gente. – disse Gloria, antes que eu pudesse me explicar – Acabei parando na loja de CDs antes de vir para cá e acabei chamando ele pra vir. Você não se importa, não é?

–Claro que não. – ele riu, me puxando para um abraço – Já faz um tempinho que não te vejo.

Tive que rir dessa frase.

–Faz um dia que a gente não se vê.

–Pra mim, é muito. – ele fez um biquinho que foi extremamente fofo, em minha opinião.

Espera.

Fofo?

Ah meu deus...

–Então desculpe. – falei, ainda rindo.

–Tudo bem. Ei, Gloria, qual é a da tatuagem nova? – perguntou ele, segurando o pulso da outra. Era uma frase, escrita em torno de seu braço.

–Hey Gloria, are you standing close to the edge? – leu Frank, e sorriu – Ah, gostei!

Preferi me abster de comentar. Mas é claro, afinal, eu nem fazia parte daquele grupo. Pra falar a verdade, me sentia um estranho.

–X-

POV Frank

Sabe, eu estava feliz que Gerard tivesse vindo. Quem sabe, assim, ela não ficaria reclamando o dia inteiro sobre o Christian.

Nem vou comentar sobre quem é Christian, sério.

Enfim, eu realmente esperava que a presença de Gerard espantasse esses pensamentos da cabeça de Gloria, só que...

... Não foi bem o que aconteceu.

–Ah, Frank, te contei? – perguntou Gloria, com uma cara irritada, enquanto comia seu macarrão – O Christian...

–Ah não. – larguei o garfo que estava na minha mão, o que fez um estalido – Não comece! Não com o Gerard aqui perto.

–Podem falar... Eu não me importo... – disse ele, meio acanhado.

–Não, mas eu também não quero ouvir! – falei, fechando a cara.

–Por favor! Eu tenho que contar pra alguém! – pediu ela, com uma carinha de choro.

Suspirei pesadamente.

–Tá, tá. Fala logo. Anda. – resmunguei. Ela sorriu abertamente e começou a falar.

–Ele é um idiota! – começou ela – Fica falando que o mundo é uma droga, que os políticos são uma merda, e não sei o que mais... Mas não faz nada sobre isso! Só fica reclamando!

–Posso fazer um adendo?

–Pode.

–Você faz a mesma coisa.

Aí.

Quebrou a cara!

–T-tá, mas... Mas eu não posso fazer nada!

Revirei os olhos.

–Ahaaaam. Tá, só continua.

Ela continuou falando por trinta anos. Olhei para Gerard de soslaio, que comia seu macarrão em silêncio. Lancei-lhe um sorrisinho de desculpas e ele balançou a cabeça negativamente, sorrindo de volta. Continuei fingindo que ouvia Gloria e revirei os olhos novamente.

–Cuidado com o sol nascente, o limite da sua visão... – murmurei, mais para mim mesmo do que para ela.

–... Parece que ele não entende que a juventude eterna é uma moldura da mentira! As rachaduras na minha pele podem provar, e os anos vão testemunhar... !

–Faça suas preces e acenda uma chama. – murmurei para Gerard, discretamente – Pois vamos começar uma guerra.

–Contra?

–CONTRA ESSA FILHA DA PUTA AQUI! – sussurrei, raivosamente. Ele riu baixinho.

–... Fica dizendo que “suas propagandas são como armas de aluguel é o que estávamos esperando”! Ah, pelo amor de deus! Como se ele fizesse algo sobre isso. Ele já foi em alguma passeata? Já lutou pelo direito? Não. Então ele não tem o direito de falar nada!

–Gloria. – chamei sua atenção, mas ela ignorou.

–Ele é um imbecil! Argh, eu detesto ele!

–... Gloria...

–Se ele tivesse um mínimo de s...

–HEY GLORIA!

–Oi? – disse ela, com voz de inocente.

–É por isso que estamos na beira. – repliquei, de mau humor – De pessoas como VOCÊ e o Christian. Mas é claro que você pode fazer alguma coisa pra mudar o comportamento dele! Você só não faz porque não quer!

–Mas...

–“Mas” nada, Gloria. Acho que, no fundo, você queria ser igual a ele. A luta de nossas vidas foi destinadas a esse amor imortal entre você e o Christian.

–Amor imortal?! Tá maluco?! Prefiro namorar você do que ele! – ela fez uma careta e eu abri um sorrisinho falsamente sedutor.

–Todos me querem.

–Ah, cala a boca.

–Não, falando sério. Vocês dois ainda vão dar muito o que falar, escreva o que eu estou dizendo.

–Hmpf, duvido muito. Ele é um idiota.

–Gloria, Viva La Gloria... – sussurrei, rindo e revirando os olhos – Você bombardeia seu nome em grafite nas paredes, mas isso não vai ajudar você a fugir do destino. Você está caindo através de vidro quebrado e isso está devastando seu espírito. Posso ouvir isso como uma multidão abandonada. – continuou ele, com a voz mais alta.

–Não estou. – retrucou ela.

–Está sim. Você está se desgastando demais com ele. E eu te conheço bem o suficiente para saber que você não se desgasta com o que não vale a pena. Não se lembra daquele seu irmão que, segundo você, era um idiota?

–Ele era diferente... E eu não quero lembrar disso...

–Gloria, você achou um lar entre suas cicatrizes e munições, não é possível que você não queira lembrar disso se você praticamente vive no passado. Você fez sua cama entre dias confusos no meio das ruínas e não quer mesmo lembrar dessas coisas?

–É o ciclo da nossa vida*. – disse ela – Sempre vamos viver nesse passado, mesmo que ele nos machuque constantemente. – ela se levantou para jogar a bandeja fora. Suspirei profundamente e olhei para Gerard, que estava ainda mais encolhido em sua cadeira. Pus minha mão em cima da sua.

–Desculpe por isso. Ela é meio... Louca. – fiz uma careta. Ele riu.

–Não tem problema.

–Não, é sério, eu preciso te recompensar. Depois que deixarmos ela em casa, vou te levar pra algum lugar. Já sei, podemos ir a uma loja de cupcakes! – falei, sorrindo. Eu sabia que ele não resistia a cupcakes.

–Droga, meu ponto fraco. – disse ele, gemendo. Gargalhei e voltei a terminar minha comida.

–Eu sei, por isso ofereci. – dei de ombros.

–Mas qual é o problema de Gloria?

–Ah, ela não teve uma família muito amigável quando era pequena, sabe como é. E recentemente, ela encontrou um cara chamado Christian que é muito diferente dela. E ela não o suporta.

–O quê? Como assim? Por que ela o odeia?

–Ah, um dia você vai conhecê-lo e você vai ver o porquê.

–Por que ela não se afasta dele?

–Não é essa a questão? – respondi, bufando – Ela bateu com os nós dos dedos no inverno, conforme o vento do outono desaparecia na escuridão. Ela é a santa de todos os pecadores, a que caiu através das fendas. Mas apesar disso, ela é uma boa pessoa. – sorri de lado – Ela é uma boa amiga. Eu já disse a ela para não jogar fora sua luz brilhante. – dei de ombros. Nesse segundo, Gloria voltou.

–Desculpa a demora, encontrei uma colega minha.

–Tudo bem. – falei, afastando o prato vazio de perto de mim.

–Então, continuando sobre o Christian...

Bufei audivelmente.

–Gloria, não perca sua fé por sua inocência perdida. Fique debaixo da tempestade e não olhe para novembro passado, quando suas faixas estavam pegando fogo. – obviamente, Gerard ficou sem entender nada. Fiz uma nota mental de explicar-lhe tudo mais tarde – Mande seu perdão os que estão com os corações partidos, como Christian. Eu tenho certeza de que você será grande, Gloria, é só você deixar essa coisinha pequena ir embora. Traga-nos a estação da qual sempre iremos nos lembrar, e não deixe a fogueira se apagar.

Ela riu amargamente.

–Não chegarei a ser tão importante.

–Duvido. – sorri – Você ainda tem muito pela frente, Gloria. Mande sua mensagem através da luz que ilumina a noite. Agora vamos, eu ainda tenho coisas a fazer. – falei, me levantando da cadeira. Todos imitaram o meu gesto – Onde está o seu amor imortal, o Christian?

–Ele não é meu amor. – rosnou ela – Anda logo, vamos embora daqui.


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Notas finais do capítulo

*Ashes to ashes é algo do tipo "ciclo da vida" mesmo. A tradução literal seria "do pó ao pó". Tipo "Do pó viestes, ao pó retornarás", sabe? Então, é isso.
Ok, só um pequeno aviso: se eu demorar, não é por mal. É que 21stCB é mais complexo do que American Idiot e tals, e é bem difícil inserir algumas músicas na fic... Mas tudo vai funcionar no final, right? u.u
Enfim...
Mais uma vez, desculpa pela demora tão grande e tals...
Yeah. o/