Krytus escrita por Isabella Lopes
Meus olhos estavam entreabertos, pois acabara de acordar. Parecia que tivera dormido por anos. Espreguicei-me e procurei focar a visão.
Sensação estranha. Sinto como se já começaram a escrever desta mesma maneira, porem em outro dia... Minha cabeça dói. Forçá-la a pensar mais faz com que doa mais.
Não conseguia enxergar direito, só via imagens borradas.
–Cabeçudo!
Ao julgar pelo tom irônico e a voz doce... Bom, pelo menos estava viva.
– Não enxergo. A visão esta muito desfocada... Achei que fosse pelo fato de acordar agora, mas sinto meus olhos bem abertos.
– Você não e o único, irmão. Mal consigo te ver e este lugar. Pensei que estivéssemos no porão!
Para minha surpresa, novamente, e apesar do pouco que enxergava, aquele não era o porão... Ao julgar pela brisa fresca e os borrões verdes, estávamos em plena floresta. Porem outro cheiro me chamara a atenção. Fumaça, carbono... Fogo.
Não havia nada nas proximidades que estivesse em chamas, mas o tom acinzentado próximo às arvore me intrigava.
– Eu sinto como se estivéssemos em meu sonho, porem de um ponto de vista diferente... E sem a “vista”!
– Então tivemos o mesmo sonho, Jay.
Apesar de não enxergar nada, ainda podíamos ouvir muito bem. E ouvimos.
Dois borrões coloridos se aproximaram pararam ao nos ver. Um delas falou primeiro:
– Se perderam depois da festa a fantasia, gente?
Mas o que?? As garotas do sonho. Mesma pergunta. Boquiaberto, Jess não perdeu tempo e segui o que havia sonhado: perguntou a data.
– Idiota. Ela esta só de zueira! Bom, hoje e dia 01/07 de 2010. O centro fica a uns 10 metros daqui. Boa sorte galera.
Ei, dia 1? Como assim? Esta fora a única coisa diferente... mas como poderíamos ter retrocedido um dia?
Enquanto me esforçava para ver ao redor, Jess tirou algo do bolso. A carta do sonho.
– Esta faltando um ped...
– Eu sei Jay, deve ter sido rasgada em algum momento.
Neste momento, no sonho estaríamos começando a analisar arvores queimas, mas acho que pulamos esta parte, pois estavamos caídos de joelhos e com a barriga sangrando. Parecia que a lateral de nossos corpos fora cortada. A dor era imensa e a pura ironia era maior ainda.
– E agora? Vamos acordar em outro lugar e pensar que isto foi mais um sonho?
Suas ultimas palavras. Vi Jess cair apagada sobre um tronco caído antes que eu apagasse batendo a cabeça no chão.
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Vultos, minhas pernas não sentiam o chão. Algumas vozes, elas recitavam algo. Aparentemente estava de noite. Acredito que lua cheia, pois comecei a me contorcer.
As vozes pararam e alguém se aproximou.
Uma faca encostada em minha garganta. Todo meu movimento como reação a transformação fez com que um leve corte fosse feito em meu pescoço. Procurei me controlar e tentei conter meu desespero.
As vozes continuaram. Algo atingiu minhas costelas. Eu tossia, sentia o sangue passar pela minha garganta. Uma facada? Talvez. Tentava enfrentar muitas batalhas ao mesmo tempo: A dor da possível facada, a transformação e as vozes que pareciam que intensificavam a dor.
Ouvi gritos da minha irma. Meu peito doía e a cada vez mais. Abri os olhos mas não enxergava (como se essa parte me surpreendesse)
A dor aumentou, gritei. Me senti paralisado, sem reações. Senti as maos sangrando, peito ardendo, gosto férrico de sangue em minhas bochechas.
Mais uma vez. Perdi os sentidos por completo e desmaiei.
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