21.12.12 - A Invasão escrita por Padalecki


Capítulo 4
Fidelidade


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo vai pro Sam, meu amigo do coração!
Te adoro sabia? ♥ '



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Imagem do capítulo: Clark lia para Gwen desde criança. A amizade dos dois é simplesmente de causar inveja, mas... como diz tio Sam, será que é só amizade mesmo?





“- Deixe-me vê-la! Eu ordeno, Kratos! – Gritava uma voz.

Havia uma menininha deitada em posição fetal em uma mesa metálica flutuante. Ela parecia ter uns dois anos, seu cabelo loiro era curto e seus olhos azuis estavam com um brilho intenso.

– Dalawhal! – Uma voz tempestuosa bradou. Eu tentei sair do “quarto” em que estava a menininha, porém não tive sucesso. De modo que fiquei o mais atenta possível, para ouvir a discussão que ocorria do lado de fora. – Há quanto tempo, meu camarada!

Houve um estrondo e o barulho de algo se partindo no ar.

– Não ouse me chamar de camarada, seu infeliz! Eu exijo vê-la! Ela é minha filha!

O outro homem deu uma gargalhada que arrepiou os pelos da minha nuca.

– Ela é uma aberração! Ela deve morrer, e é isso que irá acontecer. Eu só preciso terminar os experimentos e os estudos que estou fazendo com ela...

Outro estrondo, e em seguida mais outro, e outro e outro. Parecia que estava acontecendo uma briga do lado de fora daquele maldito quarto. Senti algo e me virei, foi quando vi que a menininha me olhava com os olhos chorosos. Ela parecia estar tremendo de medo.

Tentei abraçá-la, mas não consegui. Eu não conseguia me mexer mais. Foi quando percebi que tudo ao meu redor também estava parado, e eu não conseguia mais ouvir a briga dos dois homens, o que queria dizer que tudo lá fora estava tão parado quanto aqui dentro.

A menininha continuava olhando para mim. Por um momento pensei que ela também estivesse parada, mas então uma lágrima desceu por seu olho esquerdo e ela piscou.

– Onde estou? – Perguntei.

A menininha, muito parecida comigo quando criança, apontou para a porta.

– Briga. – Ela disse, a voz fraquinha e esganiçada. Ela olhou esperançosa para mim, mas eu não sabia o que dizer. Eu não havia entendido o que ela havia dito.

Porém, quando fui abrir a boca para dizer “hã?” ou algo mais inteligente do que isso, senti que estava sendo puxada por um redemoinho invisível, e tudo desapareceu.”


Cai da cama.

Era a segunda vez que eu caia feito um saco de batatas em um carpete de madeira, e irei repetir: Não é nada legal.

Levantei-me e ouvi o muxoxo indignado de Bessie, que me olhava ainda mais indignada dos pés de minha cama. Suas orelhas anormalmente grandes estavam levantadas e ela tinha uma pequena ruga de preocupação no meio dos olhos.

– Que foi? – Perguntei, inevitavelmente, sorrindo.

Sentei-me em minha cama e abominei a hora em que teria de abrir minhas janelas. Parecia que agora eu tinha certa obcessão por ficar no escuro, e isso estava mesmo me assustando. O que eu era, afinal? O Drácula?

Foi quando a lembrança de meu sonho me invadiu e eu arregalei os olhos. Mais uma vez, estava mais para uma visão do que para um sonho. Era tudo extremamente real, e eu sentia bem lá no fundo que, de fato, era mesmo. A menininha... ela se parecia tanto comigo... Quem era ela? Quem eram os dois homens? E mais... a voz do tal de Dalawhal... era a mesma voz que falara comigo em meu outro sonho! Afinal, quem era ele? Por que o tal de Kratos sequestrara a filha de Dalawhal e fizera experiências com ela?

Ah, eu estou ficando louca.

Eu, definitivamente, estava ficando louca.

Afaguei as orelhas de Bessie e suspirei, pousando minha mão em seu dorso macio e quente.

Sei o que você esta pensando: Clark! Ele é seu amigo e vai tentar te ajudar!

Acontece que eu ainda não tenho coragem de falar com Clark sobre isso. Sim, eu sei, sou uma medrosa. Tenho receio que ele me ache louca ou... ou que associe qualquer uma dessas coisas com Guerra nas Estrelas. Pois um seria tão assustador quanto o outro.

Suspirei novamente e pensei em pegar meu celular para ligar para Clark, eu gostaria de vê-lo. Quando ele olhava para mim... quando sorria... quando riamos de nós mesmos... era tudo tão perfeito. Quando eu estava com ele, era como se eu existisse de fato. Eu me sentia bem, e precisava me sentir bem hoje.

Estiquei minha mão em direção ao criado mudo, para onde meu celular jazia, mas ele não estava mais lá.

Ao mesmo tempo em que eu constatava isso, constatei outra coisa também: Havia algo em minha mão.

Prendi o ar e virei a mão, com um grito vi que meu celular parecia grudado em minha palma. Como ele fora parar ali? Há um minuto estava em meu criado mudo, e no minuto seguinte em minha mão?

Retirei o celular da palma de minha mão e o olhei profundamente assustada. Depois, olhei para a palma de minha mãe direita e comecei a fazer movimentos com esta mão. Toquei em minha palma, mas meu dedo não se prendeu a ela.

Olhei de relance para o celular e respirei fundo. Agitei minha mão direita em sua frente, mas nada aconteceu. Ele permaneceu no mesmo lugar. Tentei mais uma vez, e mais outra, mas nada acontecia.

Bufei.

– Celular idiota.

De repente, eu me senti tensa. A presença que eu sentira na ala hospitalar da escola estava em meu quarto, eu quase podia vê-la.

Era estranho. Eu a sentia muito próxima de mim, quase como se estivéssemos nariz a nariz. Foi quando me dei conta de que, de fato, eu estava sentindo algo... quente, como uma leve brisa de verão, bem na minha frente.

Prendi o ar novamente e tentei não piscar, o que foi fácil, já que eu me encontrava em uma profunda escuridão.

A brisa foi ficando cada vez mais forte... e então Bessie começou a latir. Tentei fechar seu focinho, mas não tive sucesso. Ela começou a pular no mesmo lugar e a latir, e seu latido fino e desengonçado provavelmente acordaria Carson e minha mãe.

– Cadela idiota! – Sussurrei freneticamente, sentindo que a brisa estava quase desaparecendo. Até que... desapareceu. Parei de tentar calar minha cadela idiota e lhe dei um tapa de leve na barriga. – Sua idiota.

Pelo visto, Bessie não gostava tanto assim da presença. Comecei a pensar... E se... E se fosse meu pai? Dizem que cachorros sentem essas coisas, certo? E Bessie pareceu sentir... e se, de alguma forma, meu pai estivesse tentando falar comigo?

Bessie colocou a cabeçinha em minhas pernas e soltou outro muxoxo. Comecei a fazer carinho em seus pelos curtos e suspirei, olhando para as cortinas e pensando na preguiça que sentia para abri-las.

E então, elas se abriram.

Ouvi o ruído dos cadeados se abrindo sozinho e depois de alguns segundos, as cortinhas foram para lados opostos, ofuscando minha visão e lacrimejando meus olhos.

– Cara... – Murmurei.

Certo, saber que eu “fiquei por fora” durante cinco meses era uma coisa, agora, isso? Havia mesmo algo acontecendo comigo, e eu precisava saber o que era.

Dei-me conta de que precisava da ajuda de Clark. Eu, mesmo tendo receio de que algo ruim acontecesse entre nós dois, sabia que ele seria essencial para a minha busca por respostas.

Ele tinha o livro, e algo me dizia que era naquele livro que eu acharia minhas respostas.

Mas para isso eu teria de contar tudo a Clark. Eu o conhecia, e sabia muito bem que ele não iria me ajudar se eu não lhe contasse o que estava acontecendo.

Peguei o celular e digitei seu número.

– Alô?

– Clark! – Inevitavelmente, eu sorri.

– Gwen! – Era incrível como eu podia sentir o sorriso em sua voz adocicada. – Diga, terráquea, o que quer desse pobre mortal?

Revirei meus olhos, mas ri. O senso de humor extraterrestre de meu melhor amigo era ótimo.

– Quer almoçar comigo no Tio Sam? – “Tio Sam” era um restaurante de comida brasileira, de origem mineira, aonde eu e Clark íamos desde crianças. Era sempre constrangedor estar lá, pois tio Sam dizia que éramos namorados, mas gostávamos de lá mesmo assim.

– Claro, hm, deixe-me ver aqui primeiro. – Ele ficou por uns trinta segundos fora da linha, eu começava a me cansar quando ele voltou – Tudo certo. Que horas nos encontramos lá?

– Huum, que tal nos encontrarmos aqui em casa e irmos para lá juntos?

Clark ponderou sobre minha pergunta por um instante.

– Perfeito! Até mais tarde então, terráquea.

– Até. – E desliguei.

Desci para a cozinha com Bessie em meus calcanhares, e me deparei com o cheiro delicioso de pizza de mussarela, a minha predileta.

Carson e mamãe estavam enrolados no sofá com um cobertor, enquanto assistiam a um filme de romance e comiam pizza. Quando Carson me viu, ele sorriu, mas seu semblante era um tanto quanto preocupado.

– Tem pizza...

– Percebi. – Respondi, e tive a ajuda do ronco de meu estomago para constatar minha afirmação.

Carson franziu o cenho.

– Você desmaiou ontem, e segundo sua médica, esta com virose. Não vai comer pizza. – Disse minha mãe. Quando ela se virou para falar comigo, franziu o cenho, assim como seu noivo.

Fingi que não notara o comportamento dos dois, e dei de ombros.

– Eu já estou bem, e comprar pizza de mussarela para não me deixar comer é sacanagem!

Os dois se entreolharam e riram. Mamãe deu de ombros, assim como Carson, mas pude perceber que ele me olhava como se eu estivesse diferente.

Rapidamente, fui checar meu visual no espelho da cozinha, que ficava de frente para a mesa de jantar, e quase tive um infarto.

Meus cabelos, que até ontem mesmo estavam num comprimento médio, haviam aumentado tanto no volume quanto no tamanho. Estavam levemente cacheados nas pontas, que iam até a base da minha cintura, e estavam brilhosos como nunca.

Meus olhos, que antes tinham um brilho normal, estavam brilhando intensamente, como se fossem fosforescentes.

Minha pele também estava estranha. Ela estava... perfeita. Sem nenhuma espinha, nenhuma mancha e nenhuma olheira.

Eu estava extremamente bonita. E fora algo do dia para a noite.

Como, diabos, alguém fica bonito do dia para a noite?

Peguei um enorme pedaço de pizza e comecei a comê-lo, todas as perguntas que rondavam por minha mente começavam a me deixar com uma dor de cabeça infernal.

Terminei de comer minha pizza e bebi um delicioso suco de melancia. Eu apreciava a mania “natural” que a minha mãe tinha para com as coisas. Era extremamente raro você ver uma xícara de café em casa ou uma garrafa de refrigerante.

Fui para a sala e tive que lutar para manter tudo o que eu havia comigo dentro de meu estômago. Ver sua mãe beijando um homem que não é seu pai é extremamente nojento. Pigarreei e esperei que os dois olhassem para mim.

Mamãe tinha um leve rubor pintando suas bochechas, e Carson tinha um olhar malicioso. Nenhum deles parecia querer comentar sobre a minha mudança momentânea, e fiquei agradecida por isso.

– Hã... Clark e eu vamos no Tio Sam hoje. Tudo bem?

Carson olhou para minha mãe.

– Por mim tudo bem. – Disse ela.

– Certo... hã... então estou subindo. – Tentei subir as escadas o mais rápido possível, mas Bessie não estava me ajudando muito. Infelizmente, tive que ver meus “pais” se beijando novamente. Até que finalmente parei de ser barrada por minha cadela e fui até meu quarto.

Fiquei de frente para o espelho, ensaiando o modo de como diria tudo para Clark. Ele provavelmente acreditaria em mim, afinal o garoto confiava sua vida à mim, mas mesmo assim aquele receio ainda me incomodava.

Quer dizer, imagine você falar, do nada, para seu melhor amigo que não se lembra de nada que te aconteceu cinco meses atrás, ou então que seu celular grudou em sua palma da mão e que suas janelas se abriram sozinha quando você desejou isso... ou até mesmo contar que ficara bonita do dia para noite. Como você acha que ele iria reagir?

Pois é, exatamente. É esse o meu medo.

Não sei quanto tempo fiquei treinando, mas quando olhei para o relógio, já estava em cima da hora. E eu me encontrava de pijamas e pantufas, com as mãos engorduradas e o cabelo despenteado.

Abri meu guarda-roupa e retirei de lá o primeiro conjunto de peças que vi. Vesti-me e calcei uma sapatilha qualquer, depois fiz a higiene pessoal e penteei rapidamente os cabelos.

Eu terminava de passar um brilho labial quando escutei a campainha.

Sai correndo pelas escadas e quase matei Bessie com o meu pé. Carson e minha mãe ainda se beijavam, de modo que nem me despedi deles.

Clark deu aquele seu lindo sorriso torto ao me ver, e eu retribui.

Foi quando ele notou que eu estava diferente, e fez uma careta.

– Que isso tudo? – Ele apontou para mim.

Dei de ombros.

– Isso é só uma parte do que tenho para te contar. – Percebi que ele carregava uma mochila e senti meus olhos brilharem. – Por favor, diga-me que trouxe aquele seu livro.

Ele assentiu.

– Eu o trouxe sim, mas... o que é que você tem pra me contar Gwe?

– Depois. – Murmurei. – Vamos almoçar primeiro.

Comecei a empurrá-lo na direção do morro que teríamos que subir até o restaurante que tanto gostávamos. Meu braço estava enganchado no de Clark, e eu me sentia profundamente aquecida com ele ao meu lado.

Seguimos em silêncio. Aquele silêncio que só quem tem um melhor amigo ou amiga pode entender. Era aquele tipo de silêncio que não precisa ser quebrado, pois ambas das pessoas conseguem se comunicar apenas com o olhar, e o meu olhar dizia claramente: Depois.

Chegamos ao restaurante e Clark abriu a porta para que eu entrasse, entrando logo em seguida. Tio Sam, um velinho de cabelos brancos e pele flácida, sorriu para nós e nos levou até uma mesa.

– O namoro de vocês não se encontra em qualquer esquina. – Ele nos disse, enquanto Clark arrastava uma cadeira para si e outra para mim.

Clark me lançou um olhar furtivo e eu sorri para tio Sam.

– O senhor sabe que não estamos namorando.

Ele deu de ombros.

– Mas vão. Acreditem em mim, não há namoro melhor quando o amor já brota de uma amizade... – Ele suspirou e olhou para uma velha senhora atendendo um casal de namorados. – Foi assim comigo e com Zendaya.

Eu e Clark trocamos um sorriso.

– O que é que o senhor nos recomenda hoje, tio Sam? – Perguntou Clark.

– Oh! – Exclamou tio Sam. – Temos feijoada! Já experimentaram feijoada?

Clark olhou para mim e eu fiz que não com um aceno de cabeça, então ele se virou para tio Sam.

– Então é isso que pedimos. Vê dois pratos de feijoada e... – Ele me lançou outro olhar furtivo, e dessa vez eu retribui. – Suco de laranja. Dois copos de suco de laranja.

Tio Sam sorriu para nós, colocou uma de suas mãos nos ombros de Clark.

– Sabe? O modo como vocês conhecem os gostos um do outro...

– Tio Sam! – Exclamei. – Já estou começando a ficar vermelha!

Clark sorriu carinhosamente para o velho, e pegou em sua mão. Eu gostava do modo de como Clark tratava os idosos, as crianças e os animais. Era... fofo. Ele era fofo.

– Quando começarmos a namorar, será o primeiro a saber ok?

Tio Sam sorriu e assentiu, depois se virou e foi preparar nossos pedidos.

– Será que feijoada é bom? – Perguntei.

Clark deu de ombros.

– É o que vamos descobrir. – Então ele riu. – Será que pensam que estamos namorando? Sabe? As pessoas que não nos conhecem.

Senti o sangue queimar minhas bochechas. Precisávamos falar disso?

– Provavelmente sim, não sei. O que você acha?

– Bom, se eu fosse alguém de fora, teria certeza de que estaríamos namorando... – Ele suspirou. – Porém, somos apenas bons amigos.

– Isso. Bons amigos. – Sorri, mas não pude evitar minha sensação de desconforto.

– É por isso que você precisa me contar as coisas, Gwe. Eu sei que tem algo de estranho acontecendo com você. Desde ontem.

Sorri para ele.

– Você me conhece como mais ninguém, sabia?

Clark assentiu.

– Sim, sabia. Assim como você me conhece. – Ele pegou em minhas mãos e me olhou nos olhos. – Independente do que esteja acontecendo, eu te amo, certo? E se eu te amo, eu não vou julgar você. Somos amigos, pode confiar em mim.

– Eu confio, mas... é algo inimaginável.

Clark soltou minhas mãos e colocou as suas nos bolsos do Jeans.

– Não importa, pode me falar.

Suspirei.

– Certo, vou falar, mas... prometa-me uma coisa antes.

– Prometo o que você quiser. – Ele voltou a me olhar nos olhos e foi quando me dei conta de que ele era o único garoto cujo o olhar eu conseguia segurar, sem desviar ou mesmo piscar.

– Não conte isso para mais ninguém. Nem mesmo para a sua mãe.

Ele apenas continuou me encarando.

Suspirei novamente, e comecei a contar. Contei sobre as coisas estranhas que vinham me acontecendo, contei sobre a presença que eu achava ser meu pai, contei sobre como a palavra “Plêiade” me soava importantíssima, sobre os dois “sonhos” extremamente reais que eu tivera, contei sobre o lapso de memória de cinco meses, sobre minha beleza instantânea, sobre as coisas inacreditáveis que haviam acontecido nessa manhã e sobre o olhar estranho que doutora Frya lançara sobre mim ao dizer meu diagnóstico, e sobre como eu tinha certeza de que não era um caso simples de virose coisa nenhuma.

Clark me ouviu atentamente, e não tirou os olhos de mim. Quando terminei minha narrativa, ele apenas suspirou.

– Estou tão confuso quanto você...

– Mas...?

– Mas... – Ele ia retirar o livro da mochila, mas nesse instante nossa comida chegou, e tivemos que parar de falar por alguns minutos.

Não gostei muito da feijoada, mas a comi mesmo assim. O suco estava ótimo, os sucos de tio Sam eram ótimos.

Quando terminamos nosso almoço e Zendaya retirou nossos pratos, copos e talheres, Clark pegou o livro de sua bolsa e o abriu sobre a mesa.

– Página 163, por favor. – Pedi, ansiosa.

– Certo... – Clark me mostrou a página e pigarreou. – Consegue ler?

Tentei entender o que estava escrito, mas minha cabeça começou a doer tanto que pensei que ela iria explodir.

Devo ter feito uma careta de dor bastante horrenda, porque Clark assentiu e começou a ler num tom baixo, para que só eu pudesse ouvir.

– Os Plêiades são uma coletividade de extraterrestres do sistema estrelar Plêiade. A cultura plêiade é antiga e parece vir de outro universo de amor, muito antes da Terra haver sido criada. – Clark olhou para mim, e eu o incentivei a continuar. – Eles formam uma sociedade maravilhosa a qual vive em amor, com ideias e ideais que ainda não nos são familiares. Os Plêiades começaram um projeto de contatar e inspirar os humanos terrestres a tomar de volta a sua força interior e criar uma realidade melhor para eles mesmos. – Clark parou para respirar e pude perceber que ele estava tão interessado e confuso quanto eu. – Eles estão aqui como embaixadores de outro universo para ajudar a Terra na sua transição da terceira dimensão à quarta dimensão e assistir a cada um de nós em nosso esforço pessoal de conscientização e conhecimento interior. Como o seu projeto tem sido muito bem sucedido, muitos ETs têm se juntado ao grupo, alguns de outros sistemas estrelares. Assim, o grupo recentemente trocou o nome de Plêiades para Plêiades Plus.

Clark sorriu, achando graça de alguma coisa, e continuou:

– Os Plêiades dizem que as suas razões para nos contatar é que aqui há a possibilidade de vir a ser uma tirania no futuro e eles estão voltando a inspirar-nos o tanto como for possível, para mudarmos as nossa própria realidade e o futuro. Ele ensinam a forma de energização metafísica pessoal e social, com amor e de forma clara. Eles não aparecem sob a forma física, mas podem, se o quiserem. Eles acham seguro enviar as suas mensagens através da canalização, e não atrair muito a atenção.

Meu melhor amigo me olhou e sorriu.

– Fez sentido para você? Porque para mim não fez.

Não consegui evitar e acabei rindo. O jeito que ele falara fora extremamente engraçado.

Mostrei minhas mãos para Clark, pois elas estavam tremendo, e eu tinha certeza de que não tinha nada haver com o frio congelante do inverno.

– Não que tenha feito sentido para você, claro. – Clark completou. Ele pareceu pensar muito para pegar em minhas mãos e embalá-las nas suas mãos grandes e quentes. Clark as segurou até que parassem de tremer, e então as soltou. – Melhor?

Assenti, dizendo que sim. Minhas mãos estavam mais relaxadas, mas eu preferia que elas ainda estivessem nas mãos de meu amigo.

– Então... – Clark começou. – E agora?

– E agora o quê?

Clark deu de ombros.

– Bom, Plêiade era importante para você. Será que...? – Seus olhos se arregalaram.

– Clark. Diga.

– Não, não é nada, esquece.

– Clark...

– É sério. Hm, você me disse que achava que a Dra. Frya estava mentindo sobre o que você tinha?

– Não mude de assunto.

– Gwen. – Olhei bem em seus olhos, e vi que ele nada contaria a mim. Seus olhos imploravam para que eu trocasse de assunto. Odiava ver Clark fazendo esse tipo de coisa comigo, mas conhecendo-o como eu conhecia, ele iria me contar o que passara por sua cabeça quando se sentisse pronto para isso.

Bufei.

– É, eu não acreditei em uma palavra do que ela disse.

Clark sorriu maliciosamente para mim.

– O porteiro Lockhart ainda faz turno de tarde durante os sábados?

O porteiro Lockhart era o porteiro do nosso colégio havia anos. Era um homem velho e carrancudo, que odiava os alunos e odiava seu trabalho. Porém, ele adorava Clark e eu, talvez seja porque somos os únicos que nos lembramos de lhe dar presente de aniversário todos os anos.

– Faz sim. – Respondi. – Clark, o que é que você vai aprontar?

Clark se levantou e me ofereceu o braço, que aceitei. Pagamos nossa conta e saímos do restaurante.

– Bom, digamos que, hipoteticamente, eu tenha esquecido meu livro de astronomia no armário, e precise dele urgentemente para estudar para a prova de segunda. E que você tenha esquecido seu livro de história, e precisasse dele para fazer suas lições. – Ele ergueu as sobrancelhas para mim e eu semicerrei meus olhos.

– Então, hipoteticamente, nós teríamos que pegá-los, e para isso Lockhart teria que abrir a escola para nós... – Sorri para Clark. – Você é brilhante!

– Eu sei. Então, pronta para invadir os arquivos secretos da Dra. Frya?



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