21.12.12 - A Invasão escrita por Padalecki


Capítulo 24
Epílogo.




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Eu não sei como descrever o que estava sentindo naquele momento.

Fúria, ódio, raiva, perplexidade? Com certeza. Mas, surpreendentemente não me sentia triste. Era como se o ódio profundo que estava sentindo colocasse a tristeza num local tão profundo de meu ser, que seria difícil acha-la tão cedo.

Permaneci ali, diante do corpo inerte de meu pai. Sentindo a brisa plêiade de sua alma tocar meu rosto por um instante antes de se esvair por completo. Eu sabia que Kratos permanecia atrás de mim, temeroso, talvez, por agora estar sem sua preciosa arma de ouro.

Sentia meu coração batendo em todos os lugares de meu corpo quando levantei a cabeça e olhei para o exército perplexo do meu pai. Eles olhavam para mim em busca de alguma ordem, em busca de alguma coisa que pudessem fazer. Sem um líder, eles não eram nada.

- Ora, ora, ora. – Escutar a voz prepotente e assustadoramente astuta de Kratos me fez estremecer. – Que tal aquela rendição agora, bonequinha?

Algo estava acontecendo dentro de mim. Eu podia sentir. Meus músculos se fundiam com minha mente numa facilidade inimaginável. Meus sentidos estavam mais aguçados do que nunca, e eu estava dominada por um poder inigualável. O poder que Kratos também tinha. O poder da raiva, dá fúria e do ódio.

Impressionante como esses três sentimentos podem fazer a diferença no altruísmo de alguém.

O anel de ouro em minha mão parecia ferver intensamente, como que pedindo para que eu o possuísse. Como se ele também quisesse ver o sangue de Kratos em minhas mãos.

Apertei o anel com força e, num gesto inconsequente, o coloquei no anular direito.

Uma força sucumbiu para dentro de mim. Uma força que eu nunca pensei que existia, ou que existiria algum dia. Meu corpo ardia de dor, como se eu tivesse sido jogada em uma fogueira. Minha visão era vermelho sangue, e Kratos era um ponto azulado nela, um azul opaco e expressivo. Um azul que eu iria matar.

Olhei por um momento para o exército plêiade que, visivelmente, esperava minhas ordens e maneei a cabeça em sinal negativo, mandando o comando “recuar” com minha mente.

Eles pareceram realmente confusos, mas não me questionaram. Apenas entraram na nave novamente e começaram a fazer o que pedi.

- Ah, uma rendição! – Kratos parecia feliz, embora eu pudesse sentir o tremor em sua voz. Embora eu pudesse sentir sua mente mandando pedidos de ajuda para seus exércitos o tempo todo. – Você é inteligente, afinal!

Virei-me para ele e sorri.

- E você parece uma grande geleia cinza, meu caro.

Aproveitei o momento de distração que causara em Kratos e abri meus braços, emitindo um grito tão agudo que todos os presentes tiveram que tapar os ouvidos com as mãos. Água, Fogo, Terra e Ar emanaram, juntos, de meus braços. Pistões de terra acertaram Kratos em cheio na barriga, enquanto o fogo queimava-o e a água o afogava deliberadamente. O Ar se combinara com meu poder mental e agora estavam torturando pesadamente a mente do líder inimigo.

Naves mercenárias invadiram o local, lançando bombas em nós. Usando uma parte de minha mente, criei um escudo para mim mesma, evitando que as bombas conseguissem me atingir e quebrassem meu contato visual com Kratos.

A resistência alienígena entrou em ação, embora ainda estivessem fracos. Genevra e Kovu começaram a lutar juntos, utilizando seus poderem em uníssonos. Dallas e Josh também combinaram seus poderes, matando hordas de grayanos e reptilianos em questões de segundos.

A resistência humana também entrou em ação, tanto por terra quanto por ar. Eles usavam o restante de suas munições para acabar com aqueles que conseguiam escapar de nós.

Kratos tentava com todas as suas forças se ver livre de meu controle, e isso estava me chateando. A força vinda do anel fizera com que eu me tornasse invencível, e estava gostando da sensação. Estava gostando demais.

- Gwen! – Escutei a voz de Clark próxima a mim. – GWEN! – Ele berrou desesperado.

Lançei-lhe um olhar de canto de olho, constatando que ele estava com Orson, e ambos pareciam realmente preocupados.

Eu só não conseguia entender por quê. Afinal... estávamos ganhando, certo? Kratos estava morrendo! Eles deviam estar felizes!

- GWEN! – Gritaram em uníssono, os dois. – VOCÊ PRECISA PARAR! PRECISA PARAR AGORA! – Continuou Clark, com o rosto púrpura.

Eu não queria parar. Eu não iria parar. Eu iria matar aquele canalha e vingar a todos. Eu iria vencer. Não falharia dessa vez.

Intensifiquei o poder, e comecei a sentir certo incômodo no estômago e na cabeça, como se ambos fossem explodir ou algo parecido. Entretanto, não liguei. Eu não queria saber se iria morrer ou não, não me importava mais. Eu só queria mata-lo.

Os mercenários haviam morrido, e os poucos sobreviventes estavam partindo em retirada. Kratos não tinha mais aliados. Todos estavam fugindo. E ele morreria só, sem amigos. Sem ninguém que pudesse se preocupar, se importar. Ele morreria como o ninguém que sempre fora.

Podia sentir sua força vital acabando mais rapidamente do que antes, e intensifiquei mais meu poder.

Quando achei que minha cabeça explodiria, algo adentrou em meu campo de força e me segurou pelos pulsos. Tentei me desvencilhar, mas a dor absurda em minha cabeça estava me deixando mais fraca. O algo ou alguém retirou o anel de minha mão e o jogou longe o bastante para que eu não pudesse chama-lo de volta.

O campo de força se esgotou e eu me vi parcialmente inconsciente nos braços ternos de Josh.

O restante de meus amigos, e os humanos sobrevivente fizeram um círculo ao meu redor, todos parecendo visivelmente preocupados.

- Você está bem? – Perguntou Josh.

Quando olhei para ele, vi que Kratos começava a se levantar.

Ignorando a explosão iminente que meu cérebro sofreria a qualquer minuto, joguei Josh para longe e me levantei, afastando todos com o poder da mente enquanto andava, me aproximando confiante daquele assassino.

Coloquei meu pé em seu pescoço, impossibilitando que ele se movimentasse. Kratos me olhou com ódio, como se ainda pudesse, de algum modo, me matar.

Estava prestes a acabar com sua vida quando Clark se aproximou e colocou uma das mãos em meu ombro. Eu o olhei com tanto ódio, que ele pareceu surpreso.

- Gwen... você não é uma assassina. – Disse ele, calmo.

Olhei de relance para o corpo inerte de meu pai e senti os olhos marejados quando voltei a encarar Clark.

- Ele matou meu pai. – Murmurei. Então levantei a voz. – ELE MATOU MEU PAI! CLARK! EU NÃO DOU A MÍNIMA PARA ESSE PLANETA! OU PARA AS PESSOAS QUE HABITAM NELE! EU VOU VINGAR MEU PAI. EU VOU...

Clark assentiu, tentando se controlar para não fugir dali. Ele apertou meu ombro de leve e me deu um beijo leve na ponta do nariz. Lembrei-me que, quando éramos crianças e eu ficava realmente nervosa com alguma coisa, era isso que ele fazia. Ele beijava a ponta do meu nariz... e tudo parecia voltar ao normal novamente.

E foi o que aconteceu.

A raiva se esvaiu do meu corpo, dando lugar ao luto profundo. Senti as lágrimas descendo de meus olhos e contornando minhas bochechas.

- Seu pai não ia querer isso. – Disse Clark baixinho.

Assenti, concordando e colocando minha cabeça em seu peito, chorando copiosamente. Clark me envolveu com seus braços e ficamos assim por alguns milésimos de segundos. Não pudemos ficar mais tempo, afinal, Kratos se mostrou o covarde que era e se transformou numa gosma negra, adentrando pelo esgoto antes que pudéssemos fazer qualquer coisa.

- COVARDE! – Gritei em meio as lágrimas.

***

Haviam se alguns dias, e eu mal saíra do quarto. Havia recebido, assim como todos os outros, uma medalha de honra dada pelo próprio Presidente dos Estados Unidos da América.

Eu deveria estar me sentindo melhor, mas era como se nada mais fizesse sentido.

Um pouco depois da fuga de Kratos, Shawus me explicara que o anel não havia sido feito para alguém com metade do cérebro humano, e por isso sua força havia quase me matado. Sendo assim, deixei que ele pegasse o anel para si, e voltasse para casa. Ele era o líder Plêiade agora. E já estava treinando seus exércitos.

Havíamos salvado a Terra, mas havíamos ganhado o ódio mortal de Kratos.

Ele iria me matar. Ou pelo menos tentaria.

Agora estava prestes a ver minha mãe assinando seus votos... e deveria estar feliz, mas não conseguia. A imagem de papai caindo morto aos meus pés ainda me assombrava, e o fato de Josh estar terrivelmente furioso comigo por tê-lo jogado longe quando tentou me ajudar não ajudava em nada.

Ao término do casamento e o começo da festa, fui até um lado mais isolado da casa e sentei-me, olhando para o céu e enviando uma mensagem de saudades para Shawus, que me respondeu quase imediatamente, me fazendo sorrir.

- Devia dançar, Gwe. – Disse Clark, sentando-se ao meu lado e afagando meus cabelos. – Sabe... Josh não precisa saber que esta dançando comigo. – Ele piscou, me fazendo rir.

Então suspirei.

- Ele não... – Dei de ombros.

Clark assentiu.

- Ele não sabe o que é perder um pai. Eu sei. E agora você também sabe. As pessoas não entendem até que passem pela mesma situação... é natural. Dê um tempo para ele.

Assenti.

- Gwen... fique feliz... pelo menos um pouquinho ok? – Clark sorriu. – Afinal, nós ganhamos a guerra! – Gritou ele, levantando os braços numa tentativa inútil de me animar.

O olhei de um modo tão sombrio que ele se calou.

- Nós ganhamos a batalha. Mas a guerra? – Voltei meu olhar para o céu, imaginando o que diabos estaria para acontecer. – A guerra só está começando. 


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