21.12.12 - A Invasão escrita por Padalecki


Capítulo 15
Área 51


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, eu quero agradecer aos meus leitores lindos que eu amo muito *w*
Quero agradecer a todas as recomendações, a todas as críticas e a todos os elogios. Isso realmente me motiva muito pra mim continuar essa loucura de história que saiu da minha mente obscura! Hahahaha!
Bom, eu queria esperar minha capa e tudo o mais... mas vou fazer isso com o capítulo que se seguira a esse. Então, bem, aproveitem!
E para os Glarks de plantão... vocês vão adorar o final disso aqui...
Boa leitura ^^



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Imagem de cápitulo: 



O tempo em que fiquei esperando o retorno de Josh, Genevra e Dallas foi o mais longo de toda a minha vida. Eu não estava me sentindo bem e as bolhas arroxeadas começavam a estourar, coisa que ardia muito e me fazia gemer de dor.

Comecei a escutar vozes estridentes lá em cima, e isso me deixou um pouco aflita, pois pensei que os Lirianos haviam me encontrado. Porém, aos poucos as vozes foram se tornando mais nítidas, de modo que finalmente pude reconhecê-las.

– Você é um idiota! – Gritava Genevra.

– Ah, claro, falou a garota golfinho que quase deixou o pobre homem surdo! – Retrucava Josh no mesmo tom que ela.

Eu não fazia ideia do que eles estavam falando, mas seus passos estavam apressados e suas vozes pareciam um tanto quanto nervosas. A cabeça de Dallas apareceu no buraco que havia acima de mim e ele pulou para o meu lado. Quando olhou o estado depravado de meu corpo, fez uma careta.

– O veneno voltou a fazer efeito... – Murmurou ele enquanto se metamorfoseava em sua forma de DAL. – Não consegui extingui-lo todo! – Seus olhos amarelados se fixaram nos meus. – Isso vai doer... muito.

Entretanto, antes que eu conseguisse emitir qualquer som, uma dor alucinante tomou conta de cada fibra do meu corpo. Imagine que você esta sendo atropelado por um caminhão de cimento e multiplique essa dor umas quinhentas vezes. Era mais ou menos isso que eu estava sentindo.

E foi realmente um milagre eu permanecer consciente após Dallas fincar seus dentes afiados e negros em minha panturrilha e chupar meu sangue como se fosse uma espécie de vampiro.

Soltei um gemido de dor quando Dallas retirou suas presas de minha perna e se transformou no garoto moreno e gentil de antes. Ele sorriu para mim e afagou meus cabelos. Em seguida olhou para cima.

– Acho que suguei tudo dessa vez. – Disse.

Ouvi um suspiro de alívio lá em cima e escutei alguém pulando para dentro do buraco no qual eu me encontrava. Josh caiu com leveza ao meu lado, e pude perceber que onde quer que ele pisava ou tocava, fagulhas acendiam fracamente no local.

Ele me beijou a testa e olhou para Dallas.

– Tem certeza de que podemos levá-la antes deles chegarem?

– Eles quem? – Perguntei, mas minha voz fora abafada e ignorada.

Dallas olhava com curiosidade para os meus ferimentos.

– Não sei, mas nosso prazo já está se esgotando. E ela ainda precisa se despedir dos pais...

– Do que é que vocês estão falando? – Perguntei novamente. E novamente ninguém pareceu me ouvir.

Josh assentiu para Dallas e este soltou um longo suspiro exasperado. Ele sorriu, carinhoso, em minha direção e pegou em meus pés. O problema era que um de seus dedos apertava o local mordido e inchado de minha panturrilha, de modo que soltei diversos arquejos de dor e desespero enquanto Dallas e Josh – segurando em meus braços que também ardiam de dor – me subiam buraco acima.

Genevra os ajudou quando chegaram à metade do caminho. Ela era bem mais delicada que eles, porém não era assim tão forte.

– Gwen, você precisa entrar numa dieta rigorosa, sabia? – Reclamou ela. A respiração tão ofegante quanto à dos garotos que me carregavam.

Se eu estivesse forte o bastante para fazer qualquer coisa mais produtiva que gemer de dor, eu possivelmente arrumaria uma boa briga com ela, mas, devido as minhas penosas circunstâncias, apenas lhe lancei um olhar amedrontador.

Ou um olhar que pensei que a amedrontaria.

Genevra jogou os lindos cabelos ruivos para o lado e virou a cabeça para trás.

– Uma mão de vento não seria de todo ruim, garoto-galinha.

Eu nada podia ver. Em parte porque minha vista estava um pouco conturbada, em parte porque mal podia mexer meu pescoço direito.

Uma voz soltou um resmungo ofendido e, segundos depois uma lufada de ar densa e consistente ergueu meu corpo delicadamente no ar, me arrastando para fora do buraco com extrema facilidade.

– Não a solte, garoto-galinha. – Falou Genevra.

De início pensei que ela estava falando sozinha, mas então me lembrei: Os Lirianos! Ignorei a dor que sentia em meu corpo e ergui a cabeça para ver com quem ela estava falando.

Ele parecia um anjo! Era branco como a neve, os cabelos eram dourados e encaracolados e os olhos eram brancos. Tão brancos que as vezes parecia que ele tinha apenas a íris. Que, para contar, não era preta, e sim dourada como seus cabelos. Reparei também que ele usava vestes de linho branco e estava descalço. Havia um par de asas brancas em suas costas.

– Você quer parar de me chamar desse jeito, garota-golfinho? – Só de escutar sua voz senti todo o meu corpo entrar num êxtase relaxante. Eu fiquei tão relaxada que tive que fazer força para não fechar meus olhos e dormir profundamente.

Genevra revirou os olhos ao olhar para mim.

– Ah, maravilha. – Depois ela olhou para o garoto angelical ao seu lado. – Kovu, quer, por favor, assumir uma forma que não cause sono na nossa profetiza?

O garoto chamado Kovu suspirou e, num piscar breve de olhos, ele agora era um garoto de estatura baixa, de olhos verdes e cabelos negros brilhosos. Sua voz também havia mudado um pouco de timbre e suas roupas consistiam em jeans e uma camiseta listrada. Permanecia descalço e suas asas haviam desaparecido.

Meu relaxamento se dissipou também, e eu começava a ficar agitada. Quer uma dica? Caso um Vórtex do ar esteja te segurando em seus domínios, tente ficar o mais quieta possível.

– Pare de se mexer profetiza! – Exclamou Kovu. – Eu não sou tão forte na forma terráquea!

Assenti e tentei permanecer quieta, mas minha curiosidade era maior do que minha inteligência.

Dallas e Josh começaram a andar, assim como Genevra e Kovu, que ainda me levava no ar acima de sua cabeça.

– Acha que ele virá atrás de nós? – Perguntou Genevra a Kovu, que deu de ombros.

– Ele viu o que somos, então provavelmente irá.

– Alguém pode me explicar o que está acontecendo?

Eles se entreolharam a medida que apressavam seus passos, em direção a um destino que permanecia desconhecido para mim.

– Hein? – Insisti. A minha ânsia por respostas era tão grande, que pude sentir a leve brisa oscilar abaixo de meu corpo.

– Ah, que droga! – Exclamou Kovu novamente, os olhos quase saltando das órbitas. Ele me dirigiu um olhar frio e disse: - Será que você simplesmente não consegue ficar parada?

Cruzei os braços franzindo o cenho e trinquei os dentes. Meu corpo ardeu de dor, mas me mantive firme.

Acho que devo admitir que sou tremendamente curiosa.

Sim, eu sou muito curiosa.

Se Clark estivesse presente, provavelmente já teria me entregado o jogo. Afinal, ele conhecia minha petulância.

– Hein? – Eu já estava perdendo a paciência com aquele suspense e silêncio grupal. – Alguém se habilita a me contar? – olhei furiosamente para os quatro. – Genevra?

Foi a primeira vez que a vi receosa, receosa de verdade. E isso me dava medo de ouvir a resposta.

– Você! – Ela se virou abruptamente para Kovu. – Você e essa sua mania alienígena de desafios causou essa desgraça. A culpa é sua garoto-galinha. – Ela o empurrou com os dedos para trás. – Você explica.

Ele revirou os olhos dramaticamente quando percebeu que eu o olhava fixadamente.

– Não vamos a lugar algum se não começar a falar. – Acrescentei quando senti a brisa fazer um leve movimento.

– Acho melhor contar. – Disse Dallas, olhando para o Vórtex do ar secamente. Percebi que seu rosto estava um pouco verde e que havia uma gosma nojenta ensopando sua blusa, mas deixei ambas das coisas passarem.

Josh deu de ombros e concordou com um movimento rápido de cabeça.

– Ah, tá bem! – Bufou Kovu, voltando seus belos olhos verdes para mim. – Você sabe que nós, Lirianos, adoramos um bom desafio. E vocês erraram na ordem dos elementos da profecia... – Ele parecia pensativo. – Muskov resolveu desafiá-los a nos vencer. E eles o fizeram com louvor. – Ele piscou para Genevra e ela fez barulho de quem iria vomitar. – E, bem... foi uma boa briga.

– Você fez uma lhama cuspir em mim. – Murmurou Dallas secamente.

Soltei um “Ah...” baixinho ao compreender a gosma na blusa de Dallas e seu rosto esverdeado de ânsia.


Enquanto isso, Kovu piscava de leve em sua direção.

– Ei, fazia parte da brincadeira.

Dallas pareceu ultrajado.

– Brincadeira? Ah, uma brincadeira! – O nosso querido garoto terrestre parecia a ponto de explodir. Ele olhou desesperado para mim. – Vômito de lhama! Lhama!

– Hã... na verdade, era uma Alpaca. – Corrigiu Josh, mas Dallas o olhou tão... com tanto... tanto sangue nos olhos – literalmente -, que o garoto teve a sagacidade de permanecer em silêncio.

– Parem! – Gritei exasperada. – Nós não temos tempo para isso!

– Você tens razão, Plêiade. – Suspirou Kovu pesadamente. – Nós tivemos a infelicidade de... hã... de topar com um dos comandantes da...

– Da...? – Falei, as sobrancelhas erguidas em desespero, fazendo com que ele prosseguisse.

Ele olhou para Genevra, mas ela lhe virou o rosto com um muxoxo de raiva.

– Força Aérea Alemã... – Sussurrou. – E, bem, ele disse que trabalhava numa zona sigilosa de Nevada. – Ele terminou engolindo em seco.

Estaquei quando o ouvi terminar. Não sabia se ria, se chorava, se me matava ou se o matava. Respirei fundo e cerrei os punhos, pois precisava me manter ocupada antes que cometesse um suicídio, ou um assassinato quádruplo.

Aqueles infelizes haviam chamado à atenção da maldita Força Aérea Alemã, e agora eles estavam atrás de nós.

– Nosso maldito tempo esta quase no fim e agora ainda tem mais essa? – Soltei um urro de ódio e recomecei a reclamar contundentemente em vietnamita.

– Ah, nós não temos tempo para isso... – Disse Kovu imitando o meu tom de voz. No segundo seguinte ele estralava os dedos e eu caia de barriga na neve.

– Idiota! – Gritou Genevra enquanto Josh e Dallas corriam ao meu encontro e me ajudavam a ficar de pé.

– Está tudo bem. – Falei me apoiando fracamente em Josh e Dallas. – Não dó tant...

– Shhh... - Fez Kovu. Os olhos arregalados e as íris cerca de 15% maiores que o normal.

– Fez shhh, pra mim? – Perguntei. Meu corpo tremia, fraco, enquanto a dor lancinante irradiava de meu ombro até meu umbigo destroçado, e de volta até o ombro.

Eu me encolhia e gemia a cada palpitar de coração, a cada respiro, a cada pontada de dor que sentia.

– Não sei, eu acho que você não esta nada bem. – Inferiu Genevra, olhando-me minuciosamente com seus olhos hipnóticos.

– Shhh! – Fez Kovu novamente. Dessa vez um “shhh” mais frenético e estridente.

Genevra o olhou perplexa.

– Oh Deus, você fez shhh, pra mim?

– Mulheres, será que vocês são surdas? Shhh! – Fez Kovu uma terceira vez, arrastando uma Genevra raivosa pela mão neve adentro.

Dallas e Josh se entreolharam mutuamente e me arrastaram com eles até onde os outros dois estavam. Kovu havia se escondido atrás de uma moita coberta de neve e pingentes de gelo, e olhava fixadamente para um ponto além de minha capacidade visual.

Bom, levando em conta o frio cortante que sentia, a dor mortal que percorria cada célula de meu corpo, não acho que conseguiria ver alguma coisa. Nem mesmo se quisesse.

Porém, a medida que aqueles segundos eternos se passavam, pude avistar sete figuras andando com passos firmes até onde havíamos estado segundos antes. Eram homens altos e fortes, de aparência prepotente e desagradável. O que estava no meio e parecia comandar me era extremamente familiar, mas não conseguia me lembrar de onde o conhecia.

Os sete pararam de andar e o comandante fungou o ar. O comandante que me parecera familiar – pele flácida e acinzentada, cabelos ralos e castanhos, assim como seu bigode malfeito. Seus olhos escuros retratavam solidão. Solidão e frieza. – retirou um aparelho eletrônico do bolso e apertou uma sequência de botões.

– Tem certeza de que não fugiram mestre? – Perguntou um dos homens ao comandante.

Ele permaneceu em silêncio durante algum tempo, apenas examinando o ar a sua volta.

A procura de alguma coisa.

A procura de alguém.

A procura de nós.

– Não... eu pude sentir que eles estavam lutando por alguma coisa. – Ele ergueu as sobrancelhas e fez um símbolo diferente com os dedos: o polegar para baixo, apontando direto para o coração, com o indicador e o mindinho se tocando de leve ao meio. Quando o outro homem pareceu compreender o que ele queria dizer, prosseguiu. – Ela está machucada. – Ele fungou o ar novamente. – Posso sentir o cheiro do veneno DAL percorrendo em suas veias...

A dor havia aumentado e minha cabeça pensava sobre meus ombros. Eu podia sentir que Dallas fizera um bom trabalho ao tentar remover o veneno de meu corpo, mas ele não era tão bom quanto os DALs mais velhos. O veneno mortal ainda percorria meu sangue, buscando a melhor maneira de chegar ao coração... e me matar. Minha respiração estava ofegante e eu mal conseguia ouvir meus próprios pensamentos.

Senti que Dallas havia ido para o lado de Genevra que, assim como Kovu, observava os homens com os olhos semicerrados através da moita. Agora Josh havia me trazido para mais junto de si, e ele fazia leves movimentos circulares em minha cabeça.

– Malcolm! – Gritou o comandante.

– Sim senhor Von Helmer! – Respondeu o que se chamava Malcolm.

Von Helmer... aquele nome... minha mente estava tão doentia e envenenada que eu simplesmente não conseguia ter acesso as minhas memórias. Porém, eu sabia que aquele nome significava alguma coisa, pois senti o corpo de Josh retesar-se e ele me abraçou ainda mais forte e protetoramente.

– Vasculhe a área! – Ordenou Von Helmer. – Mas se acharem a garota... – Ele sorriu maliciosamente. – Deixem que Kratos cuide dela.

Meu coração gelou ao ouvir o nome de Kratos. O jeito que Helmer falava... parecia que ele já havia aterrissado sua nave nesse planeta. E aquilo me dava medo, muito medo.

– Josh... – Sussurrei. Num tom tão baixo que Josh aproximou ainda mais seu rosto do meu. Ele selou nossos lábios com um beijo. – Estou com medo...

– Shh. – Fez ele, carinhosamente, sorrindo como uma criança para mim. – Fique quietinha.

Ele olhou de esguelha para os três Vórtex, e estes, assustados, nos olhavam como se qualquer movimento que fizéssemos fosse mortal. E era, de fato. O único problema era que nosso tempo já estava no fim, se é que já não tinha passado das seis horas.

Droga de alemães idiotas.

Droga de alienígenas idiotas.

Droga de planeta idiota.

Tentamos, ao máximo, ficar quietos, mas eu não estava mais tão consciente de meus atos. Quando dei por mim, eu estava berrando de dor enquanto sentia que o veneno havia finalmente chego ao coração.

– Ali! – Gritou um dos homens.

Eles nos encontraram e me separaram de Josh frivolamente. Um erro quase fatal, pois Josh se transformou em fogo vivo e queimou o alemão que me segurava. Von Helmer apareceu por trás dele e lhe jogou uma espécie de spray congelante, que barrava os poderes de meus Vórtex salvadores.

Sobretudo, resolveram me devolver aos braços de Josh e começaram a nos empurrar até o carro como se fossemos animais de tração. Nos colocaram numa espécie de camburão e ficaram rindo quando Genevra tentou afogá-los, mas seus poderes simplesmente não funcionavam.

Nossa trajetória até o destino imposto a nós pelos soldados alemães me passou como um enorme borrão. Eu desmaiara e despertara diversas e diversas vezes no tempo da viagem, e a única coisa que eu conseguia pensar era que eu iria morrer.

Aos poucos, o carro foi desacelerando calmamente até que havíamos parado. Eu mal podia sentir meu corpo agora, e só conseguia mexer os olhos, pois até meu pescoço estava paralisado.

– Ela vai morrer se continuar assim, mestre. – Disse o homem chamado Malcolm me olhando com nojo.

Von Helmer segurou o rosto de Josh, que urrava em fúria, para me ver melhor. Então, pediu para que um de seus homens me levasse para o laboratório de observação.

Josh tentou ao máximo não permitir que fizessem isso, mas ele estava fraco e seus poderes, congelados. A mesma coisa se seguia com os outros três que me olhavam, penosos, em demasia.

Se eu estava sentindo dor? Não. Mas acho que estava doendo, doendo tanto que meu próprio cérebro já estava se acostumando com aquela dor horrível.

Enquanto era afastada de meus novos amigos, admirei a paisagem. Não que tivesse muita coisa para admirar, é claro, pois era nada menos que um deserto enorme de neve, só que com uma base militar bem no meio dele. Coberta de seguranças mortais e ar de mistério.

O laboratório de observação me lembrava de muito um daqueles laboratórios das escolas comuns, mas era extremamente branco e limpo. Havia dezenas de tubos com fluidos coloridos numa mesa, um enorme globo de luz vermelha em outra. Havia também cápsulas gigantes aclopadas na parede de frente para a maca que estavam me colocando.

Semicerrei ainda mais meus olhos para distinguir as formas que eu via dentro daquelas cápsulas e, pasmem, eram alienígenas. Havia alienígenas de todos os tipos ali, alguns que nem eu mesma podia reconhecer. Diferentes tubos se interligavam entre seus corpos e um enorme visor de LED que mostrava os sinais vitais de cada um.

Algumas mulheres – que vestiam uniformes brancos da NASA e pareciam muito com as enfermeiras de meu colégio – entraram onde eu estava e começaram a me examinar.

– O mestre a quer viva. – O homem disse, e fez aquele símbolo esquisito com os dedos da mão esquerda. – Kratos a quer viva.

Uma das mulheres parou de me examinar e se voltou para o homem.

– Já sabemos Damiel. – Disse ela. – Enquanto isso?

Damiel suspirou.

– Tentaremos arrancar o que precisamos deles, Jess.

A mulher chamada Jess assentiu e pediu, formalmente, para que Damiel se retirasse do recinto. Quando ele o fez, ela se voltou para mim e colocou uma mexa de meu cabelo atrás de minha orelha carinhosamente.

– Você é uma menina tão bonita... – Ela fechou os olhos com força por um momento. – Francamente, o que é que Kratos quer com você?

Sua pele era cor de café e seus traços eram gentis e bonitos. Ela tinha olhos dourados como o ouro – me lembrando de Kovu – e, não sei, eu simplesmente sentia que podia confiar nela. As outras enfermeiras que mexiam em mim pareciam não ter vida nos olhos, elas pareciam robôs. Mas Jess era diferente, sei que era.

Se eu tivesse força para falar, provavelmente teria dito o que Kratos queria de mim, e o que Von Helmer e os outros provavelmente iriam tentar arrancar de meus amigos.

Desconfio que Kratos me queira para apenas um único propósito: Me estudar. É claro que isso, esse estudo, teria alguma coisa haver com o seu “plano maior”. Os Grays eram bons em mentir e extremamente discretos em seu próprio planeta. Os terráqueos abduzidos? As grávidas que eram abduzidas e voltavam sem nenhum indicio de que um dia realmente estiveram grávidas? Acredite, tudo isso quer dizer alguma coisa.

Quanto aos meus amigos... bem, eles tinham conhecimento da profecia. Isso já era o bastante.

Agora eu vestia uma camisola branca com abertura em V nas costas, onde dezenas de tubos entravam e eram grudados ou enfiados em minha pele.

Entretanto, Jess permanecia a fazer carinho em meus cabelos e sorrindo. Como uma mãe reconfortando sua cria.

– Você vai melhorar minha querida. – Disse ela. A voz suave e macia como veludo. – Você vai dormir... – Ela me beijou a testa. – E quando acordar vai estar novinha em folha.

A última coisa que fez antes de apagar totalmente numa escuridão sem fim foi pensar em Shawus. Lembrei-me de quando ele me disse, lá em Plêiade, que, de algum modo, nós tínhamos um elo empático.

Talvez fosse porque geralmente os Plêiades têm um único filho em sua vida e, por meu par ter tido dois (ou um e meio, no caso), nós tínhamos essa ligação. Porém, isso não passa de um rumor. Mas acredito nisso.

Eu repassei em minha mente sonolenta tudo que estava acontecendo e imaginei uma corrente elétrica até Shawus.

Se funcionou, não sei, pois adormeci logo depois.

***

Beep… Beep… Beep… Beep… Beep... Beep…

Sabe quando você fica muito tempo dentro d’água e, ao voltar para a superfície, sente aquele demasiado alívio ao ver que o ar está finalmente entrando em seus pulmões?

Foi exatamente assim que me senti quando abri meus olhos e respirei fundo para que o ar voltasse ao meus pulmões.

Havia alguém debruçado sobre minha barriga, e esse alguém me parecia imensamente mais familiar. Percebi também que Dallas, Kovu e Genevra lutavam cruelmente contra uma legião de homens e mulheres alemães que trabalhavam na NASA.

Senti a falta de Josh e por um momento achei que era ele a pessoa debruçada em cima de mim, mas aos poucos essa pessoa foi levantando a cabeça. Os cabelos encaracolados e os olhos d’água que me eram tão familiares tiraram um enorme sorriso de meu rosto.

– Ah, Gwen, você voltou! – Exclamou Clark, sorrindo e me abraçando. Ele retirou mais alguns tubos de minhas costas. – O presidente já esta vindo, nós vamos te tirar daqui.

– O presidente? – Engasguei. Minha boca estava seca e minha voz mais fraca que o normal.

Clark sorriu, gentil, e me calou com o indicador. Genevra, Dallas e Kovu haviam assumido sua forma extraterrestre e lutavam bravamente para impedir que os soldados adentrassem no laboratório de observação. Vi que Jess estava no meio da luta também, mas diferente dos outros, ela não se movia um palmo. Estava neutra.

Os extraterrestres presos nas cápsulas haviam aberto seus olhos e assistiam a tudo com demasiada curiosidade. Eu começava a sentir pena deles. Devia ser horrível ficar ali, preso, podendo apenas observar se ainda estavam vivos.

De repente, ouviu-se um estrondo e a voz do presidente dos Estados Unidos da América se fez presente, surpreendendo a todos os soldados.

– Sequestro é crime nesse país! – Gritava Barack Obama. – Exijo, em meu próprio nome, que as crianças presentes ai dentro sejam enviadas a este helicóptero agora mesmo!

Os soldados se entreolharam e Von Helmer e o garoto ao seu lado levantaram as mãos, rendendo-se.

Aquele garoto... Von Helmer! Ah Deus, Max Von Helmer era o pai cientista de Jonathan Von Helmer, o valentão que vivia aloprando a mim e a meu melhor amigo na escola! Como não percebi isso antes? Pai e filho eram idênticos! É claro que Jonathan era mais forte e robusto, não tinha bigode e seus cabelos eram negros como os da mão falecida há muito, mas mesmo assim, eles eram muito parecidos.

Clark me pegou no colo e começou a me levar para fora daquele lugar sinistro que me dava arrepios sinistros. Dallas e os outros dois Vórtex voltaram a suas formas terráqueas e nos seguiram.

Comecei a me perguntar por onde diabos Josh andava, quando o vi perto do helicóptero, conversando com o presidente. Quando me viu, seus olhos se iluminaram e ele abaixou a cabeça.

– Ah, traidor! – Berrou Dallas, atirando algumas pedras em Josh.

– Não pense que vai conosco! Você já fez amiguinhos Grays por aqui, não foi? – Exclamou Genevra. Os olhos frios e calculistas.

– O que esta havendo Clark? – Perguntei baixinho.

– Seu amiguinho ai te traiu, isso que esta havendo. – Respondeu Genevra enquanto nos aproximávamos de Josh. – Ele contou a profecia.

Simplesmente olhei, pasma, para o garoto loiro á minha frente.

Seus olhos verdes se fixaram nos meus por um segundo.

– Fiz isso para que Kratos confiasse em mim, e pudesse te poupar da morte.

– Kratos me quer viva. – Falei.

– Por quanto tempo? – Tornou Josh, num sussurro, olhando-me novamente.

Obama sorriu para Kovu e Genevra e os ajudou a subir no helicóptero. Dallas, porém, ficou.

– Não podemos confiar nele Gwen. A lealdade dele oscila muito.

Lembrei-me de quando Shawus me falou sobre os Arianos realmente penderem muito para o lado dos Grays.

– Ele vai. – Falei, apertando meu corpo ao de Clark para que não caísse. – Não temos um segundo Ariano para a profecia. – Então olhei para Josh com profundidade. – Você me traiu Josh, e isso me mata por dentro. Não pense em me trair de novo e, caso traia, nunca mais me olhe nos olhos.

Ele assentiu, triste, e seguiu Dallas para dentro do helicóptero, sentando ao lado de Orson e o abraçando.

– Pode me soltar Clark. – Eu disse. – Acho que já consigo andar.

E de fato eu conseguia. Meus ferimentos haviam sumido e eu me sentia novinha em folha, assim como Jess havia dito que me sentiria.

Como resposta, Clark me beijou. E não fora o mero selinho que ele havia dado antes. Este fora realmente um beijo. E antes que pudesse pensar no que estava fazendo, me vi retribuindo enquanto acariciava seu pescoço e bagunçava seus cachinhos.

– Ande logo com isso vocês dois! – Berrou Genevra. – Não temos tempo para esses romances idiotas e melosos!

Separamos nossos lábios e sorrimos um para o outro. Clark me abraçou e me soltou carinhosamente dentro do helicóptero.

Josh mal me olhava nos olhos, e eu não o culpava. Eu acabara de beijar Josh na sua frente! Mas, por outro lado, ele havia me enganado ao jurar lealdade, e havia traído a todos nós.

Agora, pelo menos, estávamos quase quites.



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