POV Faye

Logo que o homem entrou, eu fechei a porta.

– Senhor, a cozinha fica logo ali. – Apontei o indicador para cozinha, que ficava ao lado da sala de estar.

– Obrigado senhorita, prometo que não irei demorar. – Ele disse com um sorriso gentil.

Subi as escadas. Foi quando me dei conta que estava faltando algo. Meu colar de rubi, que eu havia ganhado de minha mãe quando era criança. Ele não estava no meu pescoço. Corri até meu quarto e vasculhei, mas não achei. Decidi ir para o outro banheiro, que ficava no fim do corredor. A casa na qual eu morava com Rebekah, havia dois banheiros. Um no quarto onde eu estava, e um no final do corredor. O corredor era longo. Não havia nenhuma janela nele, nenhum raio solar entrava. Estava escuro. Comecei a caminhar lentamente até o banheiro. Algo no meu profundo me alarmava sobre algo, mas eu não sabia o que. Eu estava com um pouco de medo. Minha respiração estava acelerada e meu coração batia cada vez mais rápido. Senti que havia alguém atrás de mim. Virei e vi que não havia ninguém. Corri e desci as escadas rapidamente. Aquele homem... Será que ele já havia ido embora? Não. Ele não havia ido embora. Eu podia sentir sua presença. Corri até a cozinha, mas ele não estava lá. Voltei para a sala, e dei um grito quando senti um braço forte me jogar contra a parede.

Era aquele homem. Mas ele estava diferente. Seus olhos estavam escuros e veias negras se formavam ao redor. Ele estava como Damon em meu pesadelo. Ele estava se aproximando. Eu tentava me afastar, mas estava fraca demais devido a forte batida que levei. Eu estava sem esperanças... Ele iria me matar. Como eu desejava que Rebekah chegasse naquele momento. Presas formavam-se em sua boca. A morte estava se aproximando.

Como eu desejava ter visto Damon por uma última vez, antes de partir. Fechei os olhos, na esperança de minha dor no peito se amenizar. Ouvi um barulho intenso e abri rapidamente os olhos. Eu não podia acreditar no que estava vendo. Aquilo só podia ser uma alucinação. Era Damon. Ele estava lutando com aquele homem, eu podia notar a fúria no olhar de Damon. Ele era um deles também. O homem fugiu em uma velocidade anormal pela porta, quando percebeu que iria perder. Damon voltou seu olhar para mim. Meu coração disparou quando ele se aproximou. Fiquei mais calma quando aquele olhar escuro de antes, deu lugar ao seu lindo olhar azul oceânico.

– Salvei sua vida pela segunda vez. – Ele abriu um sorriso. Eu podia sentir bondade em seu olhar. Ele não iria me machucar. Era isso que meu coração dizia.

– Damon... – Dei um pequeno sorriso, ainda estava um pouco fraca. Aqueles olhos azuis me davam tanta alegria.

– Não fale. – Ele pediu. Ele acariciava meus cabelos com tanta serenidade. Eu tinha tantas perguntas, mas nada importava. Sua presença era mais do que o suficiente.

Ele parou por um instante de acariciar meus cabelos, e tirou algo de dentro do bolso de sua jaqueta de couro. Era o meu colar de rubi. Ele pegou suavemente em uma de minhas mãos, e colocou o colar nela. Pensei em perguntar em como ele havia o encontrado. Mas resolvi não dizer nada.

Escutei a porta se abrindo. Meu coração gelou. Eu tinha medo dele se afastar novamente. Eu queria ficar mais tempo com ele. Mas eu não tinha escolha. Assim que Rebekah entrou, ele partiu. Meu coração ficou vazio novamente.

POV Rebekah

Damon esteve ali. Eu podia sentir sua presença. Ele podia entrar quando quisesse em minha casa. Já que eu havia o convidado antes. Mas porque ele estaria ali? Seria por causa de Faye? Meu coração partia ao pensar nisso. Eu amava os dois irmãos Salvatore. Damon e Stefan. E não queria Faye com nenhum deles. Passei anos tentando procurá-los, mas eles haviam partido de Mystic Falls. Mas será que eles haviam retornado? Só de pensar nisso eu sentia uma felicidade imensa.

Corri até Faye. Ela estava encolhida no chão.

– O que aconteceu aqui? – Perguntei, olhando em volta. Alguns objetos estavam no chão.

– Um vampiro. – Ela respondeu, levantando devagar do chão.

– Nunca ouviu falar, que não se deve convidar qualquer um para entrar em casa?

– Como eu iria saber que ele era um vampiro? – Ela disse subindo as escadas lentamente. Corri até ela e a ajudei a chegar ao quarto.

– Quem te salvou? – Perguntei, sentando na beirada da cama ao lado dela. Eu sabia que Damon havia a salvado. Mas eu queria ver se ela iria esconder.

– Ninguém. Acho que ele fugiu ao perceber que você havia chegado. – Ela respondeu, desviando o olhar. Eu sabia que ela estava mentindo.

– Eu sei que está mentindo, Faye. Damon esteve aqui, não é?

Ela ficou em silêncio.

– Não importa o que ele te disse. Ele é um vampiro como outro qualquer. Se eu não tivesse chegado, talvez você nem estivesse viva agora.

Eu sabia que Damon não a machucaria. Mas eu não podia perder a oportunidade de mantê-la longe dele.

– Damon não iria me machucar. – Ela disse determinada. Realmente Damon não a machucaria. Mas, eu tinha que fazê-la pensar que sim.

– Quem sabe. Talvez ele tenha até te hipnotizado. Você sabe que vampiros têm a habilidade de controlar mentes, não é? – Perguntei irônica. Eu sabia que Faye logo iria se irritar.

Ela virou-se na cama E manteve-se em silêncio. Ela não havia se abalado com o que eu havia dito. Mas eu não iria desistir. Saí do quarto e a deixei lá.

POV Faye

Eu sabia que Rebekah estava mentindo. Damon não iria me machucar. Ela sempre tentava me colocar contra ele, mas nunca conseguia. Peguei o colar que minha mãe havia me dado, ele significava muito para mim. Era a única coisa que me restava de minha mãe, além das lembranças.

Eu não podia acreditar que eu havia visto Damon. Estava tão feliz, queria tanto vê-lo novamente. Algo me dizia que isso não iria demorar a acontecer.

Coloquei o colar com a pedra vermelha em meu peito e adormeci.

Mamãe e papai estavam no banco da frente. Eles conversavam alegremente. Rebekah e eu brincávamos com nossas bonecas de pano no banco traseiro. O carro estava atravessando uma ponte antiga. A ponte era muito velha e o peso do carro foi demais. O carro afundava lentamente no lago. Mamãe não se mexia, e papai nos olhava desesperado. Papai havia conseguido abrir a porta do carro. Ele levou-me juntamente com Rebekah até a uma margem próxima. Deu-nos um último beijo e de repente tudo ficou escuro.