O Clube 5 escrita por marvinkira


Capítulo 8
Saltos e Corridas




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-Por que vamos saltar de prédios em prédios de manhã? Os humanos podem nos ver. – perguntei para Lilith.

-Humanos além de burros são cegos. – Lilith disse.

-Nem parece que você já foi uma. – eu disse.

-Eu sei disso porque eu já fui humana lembra? – ela comentou – Me diga uma coisa, quantos vampiros você já tinha visto antes de se tornar um?

Pensei um pouco e ela tinha razão. Só tinha ouvidos nos mitos, mas para mim, tudo era um mito.

-Mesmo assim alguém pode nos ver. – eu comentei.

-Se nos verem não acreditarão em seus olhos. Se nos sentirem não acreditarão no seu olfato. Se nos tocarem não acreditarão no tato de suas mãos. Humanos são muito descrentes. – Lilith disse – Apesar de existir os humanos traumatizados, por exemplo, sua prima. Ela sabe que nós existimos, mas o que ela pode fazer? Alguns decidem se tornar caçadores, mas quase sempre morrem. Já matei vários humanos que tenta nos caçar.

-Nossa! – exclamei – Então Blair é um perigo?

-Não. Ela é desconfiada e curiosa, só isso. Caçadores geralmente se formam de humanos que sobreviveram de ataques de algum vampiro sedento por sangue, ou que algum familiar foi morto por um vampiro. Em resumo, a vingança é o principal combustível de um caçador de vampiros. – Lilith me explicou.

Eu nem havia percebido, mas tínhamos chegado ao último andar do prédio de Lilith. Ela abriu uma porta que levava a uma escadaria que levava ao terraço do prédio.

-Bem. Esse treino não só vai treinar seus pulos, mas também sua velocidade. A velocidade é muito importante para um vampiro. Claro que existem aqueles que são rápidos por natureza, mas você pode ficar cada vez mais rápido. – Lilith falou – Claro que só acontece se você treinar. Um bom treinamento para ganhar velocidade é carregando pesos. Antes que eu esqueça, você está muito mais forte do que o normal, pode não parecer, mas está. Não é o superman, mas está forte.

Fiquei olhando para os meus braços. Eles continuavam sem músculos como sempre.

-Isso é informação de mais, não acha? – perguntei olhando para ela.

-Só não começa a se achar o fodão não. – Lilith riu – Ainda precisa treinar.

Sorri para ela. Lilith, repentinamente, saiu correndo tão rápido que eu só vi seu vulto e pulou na beirada do terraço do prédio dela até o vizinho. Deviam ter uns sete metros de distância entre eles.

Ela caiu em pé, que nem gato, no outro prédio e acenou para mim.

-Apenas siga seu instinto, tente visualizar seu salto antes de pular e corra como se sua vida dependesse de sua corrida e então pule. É bem mais fácil do que parece. – ela gritou do outro prédio.

Fui andando até a beirada do prédio. Devia ter no mínimo trinta metros. Seria uma queda dolorosa.

-Você não vai morrer dessa altura. – Lilith riu – Só vai se machucar bastante.

-Belo incentivo. – disse irônico.

Fui caminhando até o outro lado do prédio de Lilith, na outra beirada. Medi a distância da corrida de uma beirada a outra. Eram dezoito passos, deviam ter quinze metros.

Posicionei-me para começar a correr. Estava torcendo para que as aulas de educação física, que eu tanto odiava, me ajudassem agora.

Fechei meus olhos e tentei não pensar em nada. Abri os olhos e comecei a correr até a beirada do prédio, mas havia algo de errado. Eu nunca havia corrido tanto, parecia que eu tinha dado dois passos e já chegara à beirada do prédio.

Nesse instante o tempo parou para mim. Pude ver tudo em câmera lenta. Quando pus meu pé direito na beirada do prédio, tudo estava devagar, meu cérebro pensou rápido e eu pulei.

Subi uns quatro metros com o pulo. Olhei para baixo e a altura parecia aumentar com o salto. Quando percebi, já estava caindo, um pouco mais na frente de Lilith.

-Belo salto. – Lilith sorriu – Diria que foi sorte de principiante, mas parece que não foi.

Levantei-me, pois tinha caído com tudo no terraço do outro prédio. Olhei para Lilith. A queda não tinha sido tão dolorida.

-Obrigado – agradeci – Eu acho.

-Ótimo. Vamos continuar a corrida. – Lilith me disse sorrindo.

-Corrida? – repeti.

-Sim. Vamos ver quem chega mais rápido no shopping de Botafogo. – ela disse rindo.

-Espera. Não tem tantos prédios até lá e fica longes pacas daqui. Como é que você quer que a gente corra até lá? – perguntei.

-É só você me seguir que você vai entender. Mas saiba logo que o perdedor paga a entrada no parque. Dos dois. Tem dinheiro aí? – ela disse rindo.

-Quem garante que você vai vencer? – perguntei.

-E quem é você pra duvidar? – Lilith riu – Mas até mesmo o aprendiz pode vencer seu mestre com bastante treino. E começou.

Ela saiu correndo na minha frente. Percebi na hora que em velocidade, Lilith ganhava facilmente de mim. Desatei a correr atrás dela, dei apenas dois passos e pulei.

Correr em cima de prédios era mais difícil do que parecia. Tinha que calcular a hora certa de pular e até onde correr.

Lilith estava muito longe de mim. Eu percebi na cara que ela ia me vencer então fui contando quanto de dinheiro eu tinha.

Uma coisa que eu pude perceber também era que a cada salto que eu dava, uma coisa estranha acontecia com meu corpo. Era como se a adrenalina do momento me deixasse cada vez mais rápido, como se o tempo parasse.

-Você está começando a se acostumar com suas habilidades como neófito. – Lilith gritou lá da frente, me olhando sorrindo – É incrível, não é? Essa sensação de poder.

Era realmente incrível, como se eu pudesse fazer tudo que eu quisesse. Era um sentimento ao mesmo tempo estranho e gostoso, o mesmo sentimento quando eu bebi o sangue de Lilith.

-Você só tem que tomar cuidado para não acordar a Besta. Mas com esses saltos é quase impossível. – Lilith gritou. – Já estamos chegando ao shopping. Parece que eu ganhei, não é?

-Eu percebi isso desde que começamos a correr. – disse rindo – Eu já contei o dinheiro e tudo, dá para pagar a entrada do parque, pelo menos isso.

Lilith sorriu para mim. Entramos no shopping pela saída de emergência e fomos caminhando do último andar até o térreo do shopping, como pessoas normais.

-O parque é logo ali, perto da escola. – Lilith me disse.

-Se você quisesse me chamar para ir ao parque era só pedir da próxima vez. – eu ri.

-Mas isso também era um treinamento. – Lilith se defendeu rindo – Ou vai me dizer que você não gostou?

-Ta, gostei. – eu respondi olhando para frente.

Tínhamos acabado de sair do shopping. A praia ficava logo em frente a ele. Para chegarmos à escola, era só seguirmos a avenida à esquerda do shopping, que chegávamos lá.

Olhei para cima e já era de tarde, talvez o fim da tarde. Lilith devia ter planejado tudo, pois ainda ficamos um tempo no shopping, olhando as lojas de roupa. Na verdade, Lilith fez isso, eu só a acompanhei como um namorado sem dinheiro.

Levou alguns minutos até chegarmos à entrada do parque. Ele já estava aberto e funcionando. Fui até a bilheteria do parque e comprei dois ingressos. Achei que ir ao parque seria tranqüilo e normal, mas eu estava enganado.


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