Convivência Por Contrato escrita por cellisia


Capítulo 5
Capítulo 5 - Dia Dois: 17/05


Notas iniciais do capítulo

AAAAAAAAH!!! Outra recomendação!!!! Muito obrigada, Sophie Hatake. Arigato gozaimasu! *-*



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Um novo dia se iniciou para o casal encrenca.

Como de costume, Sasuke levantou-se às 08:00h e fez sua higiene pessoal.

"Essa Sakura... Ontem dormiu a tarde inteira, foi dormir cedo e ainda continua dormindo... Ela deve achar que está com a vida ganha. Hunf!" — Ele pensou enquanto se arrumava e a observava dormir - "Eh vida bandida...! Enquanto alguns trabalham, outros dormem. Eu deveria acordá-la... E é exatamente isso que eu vou fazer! Até porque, o tempo está correndo. Preciso irritá-la e fazer com que desista!"

Sasuke então subiu em cima da cama e começou a pular feito uma criança levada.

"Por favor, que ninguém esteja vendo isso!" — Vamos, mãe! Acorde! Eu estou com fome! Você não pode me deixar sem comida! Ma... mãe!!!

Logicamente, Sakura foi derrubada no chão. Ela pôs a mãos na cabeça enquanto seus olhos rolavam nas órbitas.

—Calma, a mamãe já acordou! Você quer leit... Mas o quê...? Eu não tenho filhos! - Ela lembrou-se e olhou pro moreno em cima da cama - Sasuke-kun!

Ele ergueu uma sobrancelha, exibindo seu sorriso arrogante e pulou para o chão.

—O que você acha que está fazendo?! Por que me acordou? - A Haruno resmungou com a voz rouca de sono.

—Você já dormiu mais que suficiente. Vá fazer algo de útil nessa sua vida!

—Vai começar com essa história de novo? Não acredito que você me acordou só por isso! - Ela levantou do chão e deitou na cama novamente - Bem, se é só isso...

—Sakura, eu não vou deixar você voltar a dormir.

—E por que não?! - Ela jogou a coberta sobre a cabeça.

—Por que eu adoro infernizar sua vida medíocre. Simples assim!

"Não deixe isso te afetar, Sakura! Ele não está falando sério! É apenas pra te fazer desistir logo." — Os olhos dela se encheram de lágrimas ao ouvir a dureza na voz dele - "E mesmo se for verdade, você não pode se render tão fácil! Vá a luta faça alguma coisa também!" — Ela secou os olhos e levantou decidida.

—Nossa... Desse jeito tá muito fácil! Já desistiu? - O Uchiha zombou.

—Você não me deixaria em paz e eu não conseguiria dormir, então... Até porque, você precisaria ficar aqui me vigiando, e isso faria com que você chegasse atrasado no trabalho. Que esposa terrível eu seria se deixasse isso acontecer! - Sakura ergueu uma sobrancelha - Vá logo, ou você vai se atrasar! - Ela chegou perto dele e passou as mãos em sua blusa, como se estivesse tirando a poeira.

—Sakura?!

—O que foi? - A rosada riu e arrumou a gola dele - Se esforce! - Ela disse e lhe deu um beijo na bochecha.

A Haruno então se afastou e entrou no banheiro. Já Sasuke ficou lá, parado com os olhos arregalados. Ele não ficou pasmo por estar apaixonado, tipo "Haruno Sakura me beijou!", mas porque não esperava esse tipo de atitude vindo dela.

Antes que mais alguma coisa acontecesse, ele tratou de sair dali.

Quando ouviu o barulho da porta de entrada sendo fechada, Sakura saiu do banheiro. Ela tinha um sorriso triunfante nos lábios.

 

***

 

"Tsc! Aquele Sasuke-kun... Sujou os lençóis todos com essa ideia de pular na cama. Que droga!" — Sakura tirou os lençóis sujos e colocou novos - "Eu não vou lavá-los e nem fazer mais nada! Ele é muito folgado! Quando tudo neste lugar estiver inutilizável e inabitável, ele vai ter que fazer alguma coisa!" — Ela colocou os lençóis no cesto de roupas, se arrumou e saiu de casa.

Nos dois dias que se passaram, Sakura perdera seu tempo arrumando confusão e encrenca, por isso não teve oportunidade de se empenhar em sua profissão. Ela então foi para a biblioteca da vila.

Agora que estava à toa, não havia melhor lugar do que a calma e silenciosa biblioteca para aperfeiçoar seus conhecimentos médicos.

Assim que chegou, pegou uma pilha de livros e assentou-se numa pequena mesa.

"Vou começar por 'O enfermeiro na vida de seus pacientes'. É exatamente desse livro que eu estou precisando. Hum... Será que aquela senhora se recuperou depois daquele pequeno incidente? Sakura, desde quando se aplica água nas veias de alguém?! Tinha que ser você mesmo..." — A rosada suspirou e começou a ler o tal livro.

Ela estava bem atenta á leitura, até que a pessoa sentada à sua frente espirrou, tirando sua concentração. Ela ergueu os olhos e viu um moreno de pele pálida.

"Sai!" — Sakura pensou no nome dele entusiasmadamente - "Quero dizer, Sai! Aquele descarado! Ferrou minha vida toda!" — Ela levantou-se e foi até ele com os punhos prontos para desferir o golpe.

—Sai! - A voz dela era colérica.

—Sa-Sakura-san?! - Ele assustou-se e rapidamente cobriu o título do livro que lia - Bom dia.

—"Entendendo o comportamento feminino"?! - Sakura até esqueceu-se de bater nele - Por que você está lendo isso?

Sai, vendo que não adiantaria mais esconder, tirou a mão de cima do livro.

—Eu estou tentando entender vocês mulheres. São os bichos mais estranhos e complexos que existem.

Uma veia pulsou na testa da rosada. Ela pressionou ambas as mãos contra a mesa e o encarou. O formato perfeito de seus dez dedos ficou na madeira.

—Bichos!? Você... Você está me comparando a um animal?

—O quê?! Não, não! - Sai tratou de se explicar antes que aquilo ficasse mais sério. Ele, que já havia apanhado de Sakura, tinha a absoluta certeza de nunca querer repetir a experiência - Você entendeu er...

—Que tipo de animal eu sou pra você? - Ela ignorou o que ele falou - Um cachorro? Um leopardo? Quem sabe um gato?

—Hum... - Sai, que não conseguia manter a boca fechada, começou - Bem, se eu fosse te definir como um animal, eu escolheria algo maior. Talvez uma baleia, um elefante ou um rinoceronte - Ele exibiu um sorriso falso.

—Baleia? Elefante? Rinoceronte?!

—Não que você seja gorda, mas esses animais, além de pesados, são fortes e violentos assim como você, então eu...

Ele não pôde terminar de falar, pois Sakura lhe deu um soco tão forte que o fez voar do outro lado da biblioteca.

 

***

 

—Sai-kun e Sakura-san, terei que convidá-los a se retirar. - A bibliotecária pediu com um sorriso gentilmente forçado - Até que aprendam a se comportar em uma biblioteca, os dois estão proibidos de vir aqui, sim?

—O quê?! Não! - Sai se desesperou.

A bibliotecária cruzou os braços e os encarou severamente.

—Tsc! Tudo bem... - A rosada suspirou - Ao menos posso levar alguns livros pra casa?

—Oh, mas é claro que não minha querida. Se você bate no Sai-kun, que é seu amigo, quanto mais não faria com meros livros? - A bibliotecária novamente exibiu um sorriso forçado - Agora preciso voltar ao trabalho.

Dizendo isso, ela os empurrou porta a fora.

Sai assentou-se nos degraus desoladamente e apoiou a cabeça no corrimão.

—Gomen, Sai. - Sakura pediu envergonhadamente - Quero dizer, me desculpe por te fazer ser expulso da biblioteca, porque quanto ao resto...

—Que resto, Sakura-san?

—Você me chamou de gorda e violenta! Sem falar que eu já ia te bater mesmo, por ter trocado nossas xícaras naquela noite, então... Você teve o que mereceu!

—Ah! Você descobriu?! Então não adiantaria negar, não é mesmo? Bem, a Yashanaga também teve o que mereceu! Seja lá o que vocês colocaram naquele chá, era bem forte, tanto que ela fez uma loucura inimaginável! Já que vocês são amigas, ela te contou, não contou?

—Ah sim, ela contou. - A rosada mostrou um sorriso falso e uma voz extremamente gentil - Mas, sabia que quem bebeu aquele chá fui eu?

Sai arregalou os olhos.

—Sabia que, graças a isso, eu estou presa á um casamento falso arranjado?

Ele, notando o sorriso dela, percebeu que ia acabar apanhando de novo, então rapidamente levantou-se, mas antes que conseguisse escapar, ela segurou sua blusa.

—Não, Sai! Não fuja. - A rosada o soltou e assentou nos degraus - Eu estou doida pra te bater, mas não vou fazer isso. Até porque, você não é um saco de pancadas pra eu ficar descontando minha raiva e frustração. Se eu não tivesse concordado com o plano da Ino, isso não estaria acontecendo.

Sai a encarou desconfiado, mas achou que ela estava falando a verdade, então assentou ao seu lado. Na mesma hora, Sakura escorou no ombro dele e começou a chorar.

Quando parou, ela contou tudo a ele.

—Apesar de eu não querer que mais ninguém saiba, sem contar comigo e com o Sasuke-kun, você já é a quinta pessoa a saber dessa história. Isso está virando uma bola de neve, mas, por favor, não conte pra ninguém. Ninguém precisa ficar sabendo da minha vida. Ainda mais que nessa vila só tem curioso e fofoqueiro!

—H-Hai - Ele gaguejou.

—Sai, eu abro meu coração pra você e tudo o que você diz é "Hai"?

—Gomen, Sakura-san, mas eu nunca sei o que dizer, o que sentir e o que pensar nas situações, por isso eu leio meus livros. - Ele disse e tirou um livro do bolso.

—Ei! Esse é aquele livro que você estava lendo! Você o pegou escondido?!

—Shhh... Fale baixo! Esse vai ser meu único livro por muito tempo, então não quero que aquela mulher o pegue.

Sakura balançou a cabeça assentindo.

—Você me perguntou por que eu o estou lendo... Anteontem, depois que eu expulsei aquela maluca lá de casa, eu fiquei pensando sobre o porquê de vocês mulheres fazerem tantas loucuras na vida. Neste livro fala que, quando uma mulher faz coisas idiotas e embaraçosas, é porque ela quer chamar atenção de alguém. E geralmente, quando isso acontece, é porque ela está apaixonada.

—Todo mundo sabe disso, Sai! E além do mais não é só com as mulheres que isso acontece. O Lee-san é apaixonado por mim. Você já viu as coisas que ele faz?

—Eu não sabia disso. Eu achava que isso era a personalidade das pessoas. Por isso eu não suporto a Yashanaga. Eu pensava que aquele jeito doido era da personalidade dela, já agora, eu acho que é porque ela gosta de mim... Mas não tenho certeza.

—Por Kami, Sai! - Sakura estava abismada - Todo mundo já sabe disso! Como você não? Por isso que ela me pediu pra te convidar para um chá! Como você não percebeu uma coisa tão óbvia assim?

—Eu a achava muito insuportável, por isso nunca fiz questão de reparar nas coisas que ela faz. E, bem, a Hinata-san gosta do Naruto, mas ela não faz nada escandaloso pra chamar a atenção dele. Na verdade ela não faz nada. Só fica gaguejando e desmaiando. Não sei como ele nunca percebeu isso.

—Hunf! Você é de mais! Não percebeu que a Ino é doida com você, mesmo ela demonstrando isso descaradamente a cada minuto, mas percebeu que a Hinata ama o Naruto, mesmo ela não fazendo nada. Sua mente é muito confusa!

—A de vocês mulheres também é. Por isso eu tenho meu livro. - Ele exibiu o livro e sorriu - Agora, quanto ao que você me contou, bem, isso só prova que você é mais uma garota que faz coisas ridículas e idiotas pra chamar a atenção de alguém. Apesar de que, quando você propôs esse tal acordo, você estava com seus sentidos neutralizados, então não sabia muito bem o que estava fazendo. Mesmo assim, isso não muda o fato.

—Sai, você não está ajudando! O que você quer dizer afinal?

—Sakura-san, você sempre gostou do Sasuke-kun, certo? Desde que eu te conheço, você sempre faz, direta ou indiretamente, coisas pra chamar a atenção dele. Então, o que eu estou dizendo é que, tudo o que você fez e disse naquela noite, sempre esteve no seu subconsciente, mas como você é uma garota doce e discreta, não fica falando besteiras e demonstrando explicitamente o que sente. Mas no fim da história vocês acabaram presos a esse "casamento" estranho, o que nos leva mais uma vez ao fato de você querer chamar atenção dele. Você, estando dopada ou em perfeitas condições, ainda é você. Seus sentimentos não mudam.

—Então o que você está dizendo é que, não importa em que condições eu esteja, já que meus sentimentos não mudam, de um jeito ou de outro eu iria fazer alguma coisa pra chamar a atenção do Sasuke-kun. O fato de eu ter estado dopada só ajudou eu ter coragem de me expressar. É isso que você quer dizer?

"Bem... Na verdade eu não queria dizer nada, acho. Eu estava apenas comentando um fato aleatório. Mas já que você chegou a essa conclusão está bom, certo?" — Sai apenas exibiu seu sorrisinho falso.

—Sai! Acho que esse é o primeiro bom conselho que você me dá. E olha que todos os outros foram bem ruins!

—Aqui no livro diz que dar um bom conselho a uma mulher é como dar doce a uma criança ou carne a um leão faminto, ou seja, sempre acalma a fera - Ele sorriu.

—De novo com essa coisa de fera e animais?!

—Não, não! Isso é apenas uma metáfora, Sakura-san! - O moreno disse rapidamente antes que ela partisse pra cima dele.

—Sai, agora deixa eu te dizer uma coisa. - Ela chegou bem perto, pôs a mão no ombro dele encorajadoramente e sorriu - LARGUE ESSES LIVROS E VÁ VIVER SUA VIDA!

—Ei! Não grite! - Ele tampou as orelhas.

—Aderir à coisas desnecessárias faz você perder de vista o que é realmente importante. Livros ensinam apenas a teoria, então não adianta ficar preso à leis e regras. As verdadeiras experiências são adquiridas a partir do que você vivência.

—Sakura-san...

—Você diz que não sabe o que sentir em determinadas situações... Bem, se você parasse de procurar essas respostas em livros, e começasse a viver na "prática", garanto que seu coração estaria explodindo de emoções e sentimentos. Sai, ninguém aprende a amar ou a fazer verdadeiros amigos lendo um livro.

—O que você quer dizer?

—Estou dizendo exatamente o que parece.

Sai assumiu uma expressão distante e pensativa.

—Hum, acho que entendi. Enfim, eu tenho que ir agora. Ja ne, Sakura-san!

—O quê?! Sai! - Sakura gritou, mas ele já havia se afastado. "Tsc! Eu e esse meu comportamento explosivo! Só espero que o Sai não esteja muito bravo comigo... Depois vou tentar resolver a situação dele com a bibliotecária, afinal quem arrumou confusão fui eu. Como sempre..." — Ela suspirou frustrada - "Agora vou ter que dar um jeito de me aperfeiçoar em outro lugar. Quem sabe se eu pedir, Shizune-san não me supervisiona? Vou ao hosp..."

Ela interrompeu o pensamento quando ouviu sua barriga roncar. Parecia que suas tripas estavam se devorando mutuamente.

A rosada se lembrou de que sua última refeição fora na tarde anterior, quando sua mãe lhe obrigou a comer alguma coisa antes de sair de casa. Aquilo fora por volta das 16:00h, e agora eram 10:00h, ou seja, ela estava a dezoito horas sem comer nada.

Sakura então decidiu comer rámen no Ichiraku. Por algum milagre de Kami, nem Naruto nem Chouji estavam por lá.

Depois que saiu do restaurante, ela foi ao hospital falar com Shizune. Como tinha muito tempo sobrando, Sakura acompanhou sua senpai em sua ronda e a ajudou a preencher os prontuários.

—Bem, isso não envolve um contato direto com os pacientes, então acho que não tem problema. - Shizune sorriu agradecida - Até porque, você está me sendo de grande ajuda, Sakura-san. Há tantos prontuários a serem preenchidos... E eu estou super atrasada com meus relatórios. De qualquer forma, esse será nosso segredinho.

—Hai! - A rosada concordou e sorriu.

Sakura ficou no hospital até a hora do almoço, e antes de sair, combinaram que após seu turno, Shizune iria ajudá-la com suas habilidades e técnicas.

"Ainda tenho muito tempo! O turno da Shizune-san termina às 19:00h. No horário em que o Sasuke-kun sai do trabalho também..." — A rosada caminhava pelas ruas da vila, até que parou repentinamente - "Por falar em Sasuke-kun... Tenho que ir até a Força Policial!"

Ela pensou e desatou a correr.

 

***

 

Sakura pensou em entrar correndo, mas isso apenas daria à Sasuke a oportunidade de chamá-la de "irritante, desesperada, esquisita" e sabe-se lá quais outros xingamentos ele iria arrumar.

Ela então ficou alguns minutos do lado de fora, esperando sua respiração se normalizar. Depois entrou.

O prédio policial estava na mais profunda tranquilidade. Talvez por ser horário de almoço ou talvez por não haver nenhum criminoso por lá naquele momento.

Kakashi estava lendo seu livro "Icha Icha Paradise" em algum canto. Alguns policiais estavam sentados mais distantes jogando cartas e contando piadas obscenas. Alguns estavam almoçando. E havia ainda Sasuke, o Capitão Yamato e mais três policiais reunidos perto de uma mesa, rindo e conversando.

—Fiquei sabendo que um grupo de bandidos está tentando se infiltrar na vila pela entrada leste. - Um dos policiais disse sério - Talvez devêssemos ser mais prudentes e mandar reforços para aquela área.

—São apenas meros bandidos desgarrados de suas próprias vilas... Não devem representar problemas pra nós. Eu estou responsável por aquela região, então não se preocupe! - Yamato disse descontraidamente - Eles não conseguirão fazer nada... - Ele arregalou os olhos e fez aquela expressão assustadora - Enquanto eu estiver na vigília.

O primeiro policial, que não estava acostumado às caretas do Capitão Yamato, ficou seriamente assustado. Sasuke e os outros dois policias desataram a rir.

—Só com esse seu olhar assustador, os bandidos pensaram duas vezes antes de tentar invadir a Folha - O Uchiha estava se acabando de rir.

—O que é tão engraçado? - Sakura perguntou, parando ao lado dele.

Sasuke assustou-se e deu um pulo.

—Quê isso, garota?! Ficou doida? - Ele perguntou com grosseria - De onde você saiu?

—Eu estava no hospital com a Shizune-san, então decidi dar uma passadinha por aqui. - Ela riu - Olá, Capitão Yamato. Kakashi-san. Pessoal.

—Sakura - Yamato sorriu e Kakashi a cumprimentou sem tirar os olhos daquele seu livro pervertido.

Os demais policiais, apenas murmuraram um "oi" sem muito entusiasmo e continuaram com o que estavam fazendo.

—E então, Sakura, o que a trás aqui? Espero que não esteja novamente envolvida em brigas com a filha do Inoichi-san. - Yamato disse descontraidamente, mas a rosada sabia que ele falava a sério - Eu prefiro lidar com as situações usando diplomacia, mas não tenho nada contra controlar as pessoas através do medo - A voz dele mudou do descontraído para o frio e o ameaçador.

Sakura fez uma expressão de pavor e estremeceu.

O Capitão Yamato era um cara legal e muito prestativo, mas podia ser bem assustador de vez em quando.

—E-Eu vim falar com o Sasuke-kun - Ela gaguejou.

Alguns dos policiais começaram a assobiar e fazer algazarra do tipo "Kawaii! A namorada veio visitar ele no trabalho"; "Nossa, Uchiha! Você está ferrado agora!"; "Ferrado mesmo! Ainda mais que essa daí é a discípula da Tsunade-sama... Eu não queria estar na sua pele!".

—Calem a boca, seus idiotas! - Sasuke gritou irritado. Depois se virou para a rosada - O que você quer, Sakura?

—Conversar com você, ora. Podemos nos falar a sós?

—Oh! Ela quer falar a sós! - Um policial debochou.

—Já sabe, né Uchiha? Você nunca mais será o mesmo depois dessa "conversa" - Outro policial riu.

O moreno preferiu ignorá-los.

—Diga logo o que você quer.

—Tudo bem - Sakura ergueu uma sobrancelha e sorriu maldosamente - Minna! Vocês sabiam que quando o Sasuke-kun era pequeno, ele...

Antes que ela terminasse de falar, ele tampou a boca dela e a puxou dali bruscamente, levando-a para uma sala particular.

—Agora o caldo vai engrossar! Eles se trancaram numa sala! - Outro policial riu debochadamente.

—Ei! Eu tenho preservativos, caso precisem! - Os policiais no recinto ficaram rindo e fazendo piadinhas.

Sakura ficou vermelha de vergonha ao ouvir aquilo, e ainda, ao se lembrar das coisas que dissera à Sasuke na noite em que fizeram o acordo.

—O que você pretendia contar à eles, garota irritante? - Ele bateu a porta atrás de si com uma força excessiva.

—Nada de mais. - Sakura riu - Apenas uma coisa que o Itachi-san me contou sobre quando você era criança. Se quer minha opinião é bem constrangedor. "Nossa... Eu minto muito mal! Tomara que ele não perceba que isso é um blefe".

Por algum motivo o Uchiha acreditou. Talvez alguma coisa em seu passado fosse realmente constrangedora.

—Você veio aqui apenas pra espalhar um podre sobre mim? Puxa, Sakura. Não sabia que você usaria desse tipo de método para ganhar a aposta. - Ele exibiu um sorriso irônico - Eu esperaria isso da Ino, mas não de você.

—Claro que não! Isso foi apenas para que conversássemos a sós. Mas se você insistisse em ficar lá, eu teria que expor seu segredo. "Shanaroo! Até que estou me saindo bem na arte do blefe e da mentira. Toma essa, Sasuke-kun!"

Sasuke se jogou em uma cadeira e ficou encarando-a.

—Então? O que é tão importante?

Sakura suspirou profundamente, como se estivesse tomando coragem.

—Não sei quanto a você, mas pra mim toda essa situação é bem estranha e constrangedora. Isso pra não dizer outra coisa. Eu não quero que as pessoas fiquem me olhando e me julgando pelas burrices que eu sempre faço, então eu estou pedindo, não, estou implorando pra que você não conte sobre aquele contrato pra ninguém. Por favor, Sasuke-kun. Eu sei que você me considera uma inútil e extremamente irritante, e provavelmente pouco se importa com o que eu penso ou sinto, mas se algum dia você for me escutar, por favor, que seja hoje - Os olhos dela estavam marejados e sua voz trêmula.

—Por que isso te preocupa tanto, Sakura? Você não deveria estar feliz já que hipoteticamente estamos casados? - Ele perguntou com seu habitual sorriso irônico e com uma voz debochada - Isso tudo é vergonha de ter que conviver comigo? Oh! Estou extremamente chateado agora. Você feriu meu orgulho Uchiha.

—Não sei. Acho que sim. - Ela ignorou o sarcasmo dele - Não apenas por termos que conviver juntos, ou por eu ser a "patética garota da qual você não consegue se livrar". Estou com vergonha principalmente dos meus pais... Eu não tive a coragem de contar à eles e inventei um monte de mentiras. - Ela riu de si própria, pensando no quanto era estúpida - Imagina a cara do meu  pai ao saber disso... O que ele não pensaria... Não posso desonrar minha família desse jeito.

—Hunf! Do jeito que você fala, até parece que cometeu um crime.

—Acho que sim... - A rosada secou os olhos - Eu sei, Sasuke-kun, que você contou sobre isso ao Itachi-san, e eu não posso te julgar. Ele é seu irmão, a pessoa em quem você mais confia... Até porque, seria hipocrisia da minha parte, sendo que eu contei para a Ino e para o Sai... Mas eu estou pedindo pra que você não conte a mais ninguém. Por favor.

—Tudo bem.

—Ou se você contou pra outras pessoas, peça que eles não espalhem por aí...

—Eu já disse tudo bem, Sakura!

A rosada assustou-se ante a dureza e determinação na voz dele.

—O quê? Sasuke-kun...

—Realmente você tem razão. Eu não dou a mínima para o que você fala, mas ao menos concordamos em uma coisa: O fato de não querermos que isso se torne público. Imagine o quão vergonhoso seria para mim as pessoas falando "Você sabia que o Uchiha Sasuke se casou com a Haruno Sakura?" "Não, não foi casamento. Foi algum tipo de acordo estranho feito por debaixo dos panos, com o consentimento da própria Tsunade-sama". Sem falar que as pessoas dessa vila são um bando de curiosos fofoqueiros que adorariam inventar alguma mentira pra explicar esse acordo.

—Então... Você não vai contar pra ninguém? - A voz dela ainda era trêmula.

—Isso não me seria vantajoso. Muito pelo contrário. Seria desastroso. Como você disse, eu não quero ser o Uchiha que simplesmente não consegue se livrar da patética Haruno. - Ele sorriu com arrogância - Fique grata. É um favor a nós dois.

Sakura, que há segundos atrás ficara aliviada e até feliz, ficou irritada e se segurou para não bater nele e nem gritar. Era demais ter que aturar tanta arrogância e egocentrismo vindos de uma pessoa só.

Ela contou até dez e respirou profundamente. Já havia conseguido o que queria e era só isso que importava.

—Tudo bem. - A rosada murmurou entre dentes - Nos vemos mais tarde - Ela abriu a porta.

Quando estava prestes a sair, ele a puxou de volta e a prensou contra a parede.

—Sakura... Adorável Sakura... - Ele afagou delicadamente a bochecha dela e sorriu.

A Haruno, assustada devido a repentina mudança de atitude dele, esqueceu sua raiva e ficou lá, parada olhando dentro de seus olhos negros, como se fosse a coisa mais linda do mundo.

Sasuke então se aproximou da orelha dela e falou:

—Se você me beijar de novo... Bem, não me responsabilizarei por meus atos - A voz dele era quase gentil.

Sakura ficou estática por alguns segundos, com os olhos arregalados, até que "voltou a realidade" e exibiu um sorriso desafiador e debochado.

—Sasuke-kun, eu acho que ultimamente você tem me ameaçado de mais, mas essas ameaças... Você nunca as cumpre. Por que isso? É medo? Que bonitinho. O grande Uchiha Sasuke tem medo! - Ela ergueu uma sobrancelha - Até porque, você não pode me privar de beijá-lo, já que, hipoteticamente, você é meu marido.

O moreno estreitou os olhos, encarando-a duramente.

—Não brinque com isso, garota irritante! Um dia minha paciência vai chegar ao limite, e esse seu sorrisinho debochado não vai ser de grande ajuda pra você - Ele sorriu com ironia.

—Então por que você não para com essa enrolação e cumpre de uma vez o que você tanto promete?

Ele então pressionou os braços dela contra a parede com mais força e aproximou-se mais, olhando dentro de seus olhos como se tentasse intimidá-la.

—Uchiha, o Capitão Yamato mandou... - Um policial que havia entrado na sala, interrompeu-se chocado.

O casal virou-se repentinamente para ele. Ele parecia ter acabado de receber um baque, pois estava com os olhos arregalados e a boca aberta. Rapidamente ele se recompôs e tratou de desculpar-se.

—Ahn... E-Eu não estava espiando! E nem pretendia interromper! Perdoem-me. Podem continuar com... Com isso aí. - Ele gaguejava e suava frio - Direi ao Capitão que você... Você está indisponível no momento. Gomenasai!

Ele já estava prestes a correr dali quando Sasuke soltou a rosada e virou-se para ele:

—Modoroki! - A voz dele era autoritária - Não precisa dizer nada. Eu já vou. Isso aqui não foi nada. Absolutamente nada! - O Uchiha enfatizou a última palavra e deixou a sala, seguido pelo tal Modoroki.

 

***

 

Sakura saiu da Sede Policial o mais rápido que pôde.

Já era vergonhoso ter sido pega com Sasuke por um estranho, e seria pior quando a fofoca se espalhasse, juntamente com as suposições e as mentiras sobre o que eles faziam lá dentro.

A verdade é que eles não fizeram nada, apenas ameaçaram-se mutuamente, mas do jeito que aqueles policiais eram brincalhões e pervertidos, e as pessoas de Konoha tremendos fofoqueiros, aquilo viraria uma bola de neve rapidamente.

A vergonha era tanta que Sakura andava pela rua com a cabeça abaixada, evitando encarar as pessoas.

Ela estava tão distraída que nem percebeu que um cachorro vinha em sua direção, até ser derrubada.

O cão ainda era filhote, um pequeno e fofo labrador preto. Ele não era forte e nem pesado, mas como estava distraída, Sakura caiu devido ao susto.

—Cachorrinho! - Uma garotinha de espetados cabelos castanho-escuros vinha correndo e gritando - Me devolva o Cachorrinho agora, sua ladra!

—O quê? Eu não roubei nada! Foi esse bicho que pulou em mim! - A Haruno pôs o animal no chão e levantou-se.

—Sério? Ah, gomenasai. - A garotinha pediu envergonhada e virou-se para o bichinho - Muito feio, Cachorrinho! Ai, ai, ai! Peça desculpas agora!

O animalzinho soltou um latido baixo e correu pra trás da dona. Sakura apenas riu.

—Não é culpa do Cachorrinho. Desculpe ele, está bem? É que eu ainda o estou treinando, mas não estou sendo uma mestra muito boa...

Foi então que a rosada percebeu as duas marcas vermelhas no rosto da garota. Uma em cada bochecha.

—Você é do clã Inuzuka.

—Hai! Eu sou Inuzuka Jun! - Ela apresentou-se orgulhosamente.

Sakura então se lembrou da primeira vez que falou com Sasuke, e ele se apresentara tal como Jun: Eu sou Uchiha Sasuke!, ele dissera com orgulho.

Um sorriso brotou nos lábios da rosada devido a lembrança, até que ela foi despertada de seus devaneios.

—Ei! Moça! Eu estou falando com você! - A garotinha gritava e gesticulava.

—Ahn? Gomenasai, Jun. O que você disse?

—Eu perguntei seu nome - Jun falou com impaciência e revirou os olhos.

"Essa garota é mesmo uma Inuzuka. Esquentadinha e impaciente como todos daquele clã". — Sakura pensou divertida - Eu me chamo Sakura. Haruno Sakura!

Instantaneamente a expressão de Jun mudou. Do impaciente para o desconfiado.

—E então, Jun? Como é nome do seu cachorrinho?

—Cachorrinho - A pequena Inuzuka estreitou os olhos.

—Eu sei que é um cachorrinho. Quero saber o nome dele.

—Meu cachorrinho se chama Cachorrinho!

—Ah, sério? Que original... - A rosada murmurou e revirou os olhos.

Então ficaram as duas paradas e em silêncio. Haruno e Inuzuka se encarando.

—O que foi, Jun?

—Você. Você é Haruno Sakura, enfermeira do hospital, aprendiz da Tsunade-sama e obsessiva compulsiva por Uchiha Sasuke, não é?

—Ahn... Sim. Por quê?

—Porque eu não gosto de você! - Assim que disse isso, Cachorrinho latiu e rosnou ameaçadoramente.

Uma veia pulsou na testa de Sakura. Ela teve que se segurar pra não esganar a pequena.

—Mas você acabou de me conhecer!

—Acontece que o Kiba-niichan, meu primo, me disse pra manter distância de você! Ele disse que você é uma boa amiga, mas é meio doida, violenta e quando bebe, fica pior que a Tsunade-sama. Ele disse que você é péssima influencia pra mim!

—COMO É QUE É!? - Sakura gritou e apertou os punhos - Kiba! Na próxima vez que eu te encontrar você vai sofrer! Com certeza você sofrerá!

—Olha só, Cachorrinho. Ela é doida mesmo! Tá conversando sozinha. Será que é a bebida?

Sakura a encarou furiosamente, e naquele momento Jun soube que teria que correr por sua vida.

—AAAAAAH! Eu não fiz nada de errado!!! - A Inuzuka corria e chorava com Cachorrinho nos braços.

—Volta aqui, pirralha! Vou te mostrar a violenta!

Por sorte, Jun, que era pequena, desapareceu em algum beco e Sakura a perdeu de vista.

—Tsc! Agora sei como a Tsunade-sama se sente quando esse povo a desrespeita! Quando essa confusão terminar vou fazer uma visitinha aos Inuzuka e... - Sakura percebeu que estava novamente em frente a biblioteca, e até esqueceu sua raiva contra Kiba e Jun - Já que eu estou aqui... Bem, isso é pelo Sai! - Ela então entrou no "local proibido".

"Ao menos consegui resolver esse problema". — Sakura pensou triunfante assim que deixou o prédio - "Acho que ainda tenho bastante tempo. Vou dar um oi àquela maluca da Ino".

Por coincidência, no caminho para a Floricultura dos Yamanaka, a rosada encontrou seu amigo estranho, pálido e sem emoções, Sai.

Ele estava parado perto de uma loja qualquer com um ar indeciso.

—Sai! - Sakura gritou entusiasmada.

—S-Sakura... -san...? - Ele virou-se e a olhou.

—O que foi? Por que você está assim? É por causa do "incidente" na biblioteca? Escuta, não precisa se preocupar mais. Eu acabei de explicar à bibliotecária que você não teve culpa, e bem, agora você pode voltar a frequentar seu local favorito - Ela exibiu um enorme sorriso.

—Sério? O-Obrigado, Sa-Sakura...

—Ahn? Por que você está tão estranho?

Sai pôs as mãos atrás das costas, como se estivesse envergonhado.

—É que... Bem, eu estou tentando estabelecer um grau de intimidade maior entre nós. Você me falou que ninguém faz amizades verdadeiras lendo livros, então eu fiquei pensando: Eu te considero como minha amiga, e nossa amizade não começou com livros...

Sakura ergueu uma sobrancelha. Ela sempre tinha dificuldade em entender onde Sai queria chegar.

—Depois que eu fui embora, eu procurei um livro lá em casa sobre como desenvolver amizades.

—Sai, eu te falei que esse tipo de coisa não se encontra em livros.

—Muito pelo contrário! Eu li que, para desenvolver uma amizade ou ficar íntimo de alguém, um bom jeito é não adicionar sufixos honrosos ao nome das pessoas, como "-kun" ou "-san", porque, apesar de projetar um tom de educação, não diminui a distância no relacionamento. Mas ter a coragem de chamar alguém pelo nome ou inventar um apelido, nos torna especiais pra elas, e assim uma amizade duradoura e verdadeira irá se formar. O problema é que eu não consigo inventar um apelido pra você, então pensei que não usar títulos de honra era o suficiente.

—É por isso que você está tão preocupado? - Ela riu.

Ele balançou a cabeça timidamente.

—Você não escolhe apelidos. Eles simplesmente acontecem. Normalmente são atribuídos de acordo com os traços ou as características das pessoas.

"De acordo com os traços e as características?" — Sai coçou o queixo pensativamente - "Hum... Entendo".

De repente ele começou a olhar a rosada de cima a baixo repetidas vezes.

—Ei! Não precisa me encarar assim! - Sakura, que estava levemente corada, reclamou.

Sai parou de analisá-la e exibiu seu sorrisinho falso.

—Obrigado. Acho que entendi agora. - Ele fez uma pausa - Feia.

 

***

 

—Obrigada. - Ino murmurou ao cliente - Volte sempre - Ela forçou um sorriso.

Entusiasmo, alegria e vontade de trabalhar eram três palavras que, visivelmente, não se encontravam no vocabulário da Yamanaka naquele momento.

Assim que o cliente saiu, Sakura entrou.

Ino estava com os cotovelos apoiados no balcão, segurando a cabeça com as mãos e uma cara de tédio total.

—Ei! - Sakura sorriu.

—Oi - A loira resmungou.

—O que é isso? Não está feliz em ver sua melhor amiga? - A rosada fingiu-se ressentida.

—Hunf! Se minha melhor amiga tiver trazido a notícia de que eu posso fechar a loja mais cedo, aí sim ficarei feliz.

Sakura bufou e revirou os olhos.

—Bem, eu trouxe uma coisa sim... Na verdade eu a encontrei no caminho pra cá e ela veio andando com suas próprias pernas. "Sinceramente não sei como foi possível. Não depois da surra que eu dei nele".

—E o que é? - Ino abriu a máquina registradora e começou a contar o dinheiro - É alguém que se dispôs a trabalhar no me lugar? - Ela riu.

—Acho que, no seu caso, é muito melhor - A Haruno sorriu e saiu da loja.

Após alguns segundos ela voltou, trazendo a "coisa" consigo.

—Olá - Sai cumprimentou sorrindo timidamente.

Instantaneamente, Ino parou com que estava fazendo. Ela sentiu como se seu coração fosse saltar pela boca e sair correndo pela rua.

Em ocasiões "normais", a loira gaguejaria, ficaria vermelha, e sua respiração falharia, e naquele momento... Foi exatamente o que aconteceu. Não por ela amar Sai loucamente, mas por pura vergonha desde a vez em que tentara agarrá-lo.

—O-Oi, Sa-Sai-kun. - Ino evitava encará-lo. Ela estava mais vermelha que um tomate - Eu... Eu... - Ela voltou a contar o dinheiro, como se aquilo fosse realmente interessante.

Sai apenas continuava com seu sorrisinho falso. Sakura, sentindo a tensão no ar, puxou assunto:

—Então... Quando eu estava vindo pra cá, eu encontrei o Sai, e depois que eu bat... Enfim, ele me disse que estava decidindo se vinha ou não também.

A Yamanaka ergueu os olhos surpresa.

"O quê? O Sai-kun estava pensando se deveria vir aqui? Mas por quê? Ele me odeia... No mínimo pretendia se vingar por causa daquela noite".

—Que coincidência, não? - A rosada sorriu.

Ino então percebeu que Sai estava com o rosto vermelho e inchado.

—Sakura... - Ela sussurrou - O Sai-kun estava brigando? Ele está machucado...

—Ah não. Não foi isso. - Ela sussurrou também - Nós tivemos um pequeno desentendimento, então tive que ensiná-lo sobre como tratar uma garota - Sakura aumentou o tom da voz e encarou o moreno duramente.

—Ah...

—Hum... Eu... - Sai começou - "Lembre-se Sai: A primeira impressão é tudo! O problema é que a primeira impressão que eu tive dessa garota foi o quanto ela é descompensada mentalmente. Hum... Qual não terá sido a primeira impressão que ela teve de mim também? Bem, o jeito será caprichar agora".

—Sai! - A rosada o instigou a continuar.

"Se você simplesmente usar os traços de uma garota para fazer um apelido, elas ficaram bravas." — Ele se lembrou da surra que levou de Sakura por tê-la chamado de feia - "Então, se eu fizer o contrário, talvez isso não aconteça." — Hum... Eu... Eu vim falar com você. Gostosa - Disse à loira e sorriu.

Ino deixou o dinheiro cair no chão enquanto o olhava atordoada.

—O QUÊ?! O QUE A INO TEM PRA SER GOSTOSA? - A Haruno rugiu.

—C-Calma, Sakura! - A loira gaguejou ao ver a amiga perdendo a razão.

—Você me paga! - A rosada gritou e deu um murro na barriga de Sai.

Devido à incrível força de Sakura, ele voou, quebrando a porta da floricultura e rolando pela rua a fora.

—Sai-kun! - Ino gritou desesperada e pulou o balcão indo ao encontro dele - Sakura, você ficou doida?

—Hunf! Ele apenas teve o que mereceu - A Haruno se recompôs e agiu como se bater nas pessoas fosse extremamente normal.

—Sai-kun... - Ino apoiou a cabeça dele em suas pernas.

—Inventar apelidos é tão difícil... - Os olhos pretos dele rolavam nas órbitas.

—É nesse tipo de coisa que você pensa quando apanha da Sakura? - Ino riu - Vem, eu te ajudo a lev...

Antes que ela concluísse, Sakura, que já estava na rua, o puxou do chão bruscamente.

—Deixa de drama! - Ela o sacudia violentamente.

—Sa-Sakura-san... Se você continuar me balançando... Eu vou vomitar...

Imediatamente ela o soltou e se afastou.

"Hunf! O único momento em que eu podia ter feito as pazes com o Sai-kun, e aquela exibida da Sakura estraga!" — Ino levantou-se do chão - Sabe de uma coisa? Acho que você está com inveja porque o Sai-kun me chamou de gostosa e você não. Testuda!

—Como é que é?! Quem é a Testuda, Ino-porca?

A loira soltou uma risada sarcástica e entrou na floricultura, seguida de Sai.

—Espere aí! - Sakura a seguiu - Não terminei de... - Ela se interrompeu ao ver Sai ajudando Ino a catar os cacos do que uma vez fora a porta. A loira estava com as bochechas coradas e um sorriso bobo no rosto.

—Tsc! Meu pai vai me matar... Não! Espere! Você quebrou, vou paga, Sakura! Você e esse seu comportamento violento...

—Tudo bem, I-Ino... Eu vou te ajudar - O moreno sorriu.

—Ino??? Você me chamou de Ino?

—Bem, se eu te chamar de Yashanaga, além de não ser seu nome, uma amizade duradoura não se formará entre nós. Foi o que eu aprendi lendo meu livro...

—Você... Você me considera sua amiga?

—Acho que sim.

Na mesma hora Ino pulou no pescoço dele e o abraçou enquanto ria exageradamente.

"Quando eu a chamei de gostosa, ela ficou parada como se fosse uma ofensa, e eu ainda apanhei da Sakura-san. Mas quando a chamei pelo seu nome, ela agiu como se eu tivesse dito a palavra mais linda do mundo. As garotas são tão complicadas..." — Sai refletiu.

—Ino, para com isso! Você vai assustar o Sai! - A rosada revirou os olhos - Escuta, venha comigo até o Distrito Uchiha. Lá tem portas a rodo. E está tudo abandonado mesmo... O Sasuke-kun não vai se importar se uma porta a mais ou uma porta a menos estiver faltando. E mesmo se ele achar ruim, não ligo. Agora eu moro lá também.

—Ótima ideia, Sakura! - A loira deu um pulo.

—Mas e a loja? - Sai perguntou enquanto se levantava - Se você deixar assim, alguém pode entrar e roubar...

—Ahn... Tome conta pra mim, por favor? Prometo não demorar... "Ai que bonitinho! O Sai-kun se importa comigo"

—Tudo bem - O moreno sorriu.

Antes que ela pulasse nele novamente, Sakura saiu puxando seu rabo de cavalo.

—Ai! Ai! Testuda, você está me machucando! - A Yamanaka tentava se soltar - Obrigada, Sai-kun! - Ela gritou da rua - Me solta Testuda!

—Se você continuar fazendo escândalo, vou puxar esse seu cabelo oxigenado com mais força. - A voz de Sakura era gentil - Até você ficar careca - Ela exibiu um sorriso maníaco.

 

***

 

—Dá pra me largar agora? - A loira choramingou e se debateu - Você já me puxou assim por mais de um quarteirão!

—Ai, para de latir, Ino-porca! - Sakura a soltou.

—Eu não sou um cachorro! - Ino reclamou e passou a mão no cabelo - Acho que vou ficar com algum tipo de problema permanente no couro cabeludo...

—Quanto drama... - A rosada revirou os olhos.

—Espera só até a conta do meu tratamento de calvície chegar até seus pais! Ou ao Sasuke-kun... É o marido quem sustenta a esposa, não é? - A loira ria maldosamente.

Sakura a encarou, e antes que partisse pra porrada, elas foram interrompidas por dois garotos que brigavam a poucos metros dali:

—Ah, sai fora! - Um garoto ruivo reclamou.

—É sério! Se você não pedir desculpas eu vou te bater! - O outro, que era moreno, ameaçou sério.

—Não vou me desculpar! Não fiz nada de errado!

—Você pôs o pé na frente e me fez cair de propósito! Isso foi errado sim!

—Tô nem aí!

—Ora seu...

—Ei, por que vocês estão brigando? - Ino intrometeu.

—A gente estava brincando de correr, aí ele pôs o pé na minha frente e eu tropecei. Agora tô todo sujo e ralado! - O moreno gritou bravo - Ele fez de propósito!

—Fiz nada! - O ruivo berrou também.

—Ei, ei! Não fiquem perdendo tempo com essas briguinhas idiotas. Desse jeito vocês nunca vão fazer sucesso com as garotas! - A loira sorria e falava com muita convicção - Agora vão lá e brinquem direitinho.

—Hunf! Cala a boca! - O garoto ruivo gritou e a encarou.

—COMO É QUE É!?

—Você é Yamanaka Ino, não é? Meu pai disse que ontem você e essa garota de cabelo rosa estavam batendo uma na outra perto do hospital. Você não tem moral pra falar nada com a gente!

—É mesmo! - O moreno concordou - Vem Souta. Vamos sair daqui.

Os dois mostraram a língua pra elas e saíram correndo.

—Hum... Ao menos eles pararam de brigar, certo? - Sakura sorriu para a amiga encorajadoramente.

—Eu... Eu não tenho mais moral... Com as crianças?! - Ino parecia abatida - Quando isso foi acontecer?

A rosada apenas suspirou.

Durante todo o trajeto até o Distrito, a Yamanaka ficara resmungando e choramingando, como se aquele pequeno fato a tivesse deixado com algum tipo de complexo permanente.

—Sabe o que é estranho? - Ino comentou assim que pararam em frente a entrada - Estou sentindo cheiro de piranha...

—Não tem mar por aqui, baka. - Sakura revirou os olhos - Será que você pode falar algo que faça sentido?

—Ai meu Kami... Estou falando sobre mulheres safadas que ficam se esfregando em homens bonitos e ricos - A loira disse vagarosamente, como se estivesse explicando algo a uma criança particularmente lenta.

A rosada a encarou inquisitivamente, como se fosse perguntar alguma coisa, até que de repente elas começaram a ouvir música.

—Ahn? O que é isso?!

—Bem, na nossa civilização, na civilização onde pessoas normais vivem, nós conhecemos por música. - A Yamanaka explicou seriamente, o que fez Sakura se sentir uma idiota - Mas e você? Como conhece esse som melodioso?

—Eu vou te acertar! - A Haruno ameaçou - Pare de me tratar como uma retardada. Eu sei que isso é música! Estou dizendo sobre o quanto isso é estranho. Veja, estamos em um bairro abandonado, de um clã que não existe mais.

—Testuda, você se esqueceu de dois homens, muito lindos por sinal, chamados Uchiha Sasuke-kun e Uchiha Itachi-san?

Na mesma hora Sakura deu um soco em Ino.

—Já mandei você parar de me tratar como uma retardada mental! Pra sua informação, Itachi-san está viajando, e o Sasuke-kun ainda não voltou do trabalho.

—Bem - a loira gemeu e massageou o local atingido -, alguém está ouvindo música na sua casa, e eu acho que não são os fantasmas dos Uchiha...

Assim que Ino terminou de falar, a rosada começou a correr em direção ao som. A primeira vista, ela pensou em ir à casa principal do clã, mas a melodia vinha de outra direção.

A medida que se aproximava, mais forte o som ficava. Vozes distintas se misturavam à música, e vários odores se tornaram perceptíveis no ar.

—Não acredito que algum descarado invadiu o Bairro Uchiha só pra dar uma festa! - Sakura enfureceu-se ao sentir cheiro de sakê e costelas de porco.

Ela estava parada em frente uma das casas, e dos fundos vinha o barulho e o cheiro de comida.

—Ah, mas essa pessoa vai ver o que é bom pra tosse! - Ela deu a volta na casa correndo com os punhos cerrados e um olhar mortal.

Quando viu a cena, parou. Esqueceu-se até que iria bater em alguém.

—S-Sakura... - Ino a chamou. Ela estava arfando por tentar acompanhar a velocidade da amiga - Acho que no caso não foi invasão... A festa está acontecendo com o consentimento do dono - Ela murmurou atordoada.

Logo a frente delas, uma espécie de "Festa no Lago" se estendia animadamente. Várias garotas, algumas conhecidas por Sakura, outras nem tanto, andavam de um lado pro outro, riam, dançavam, nadavam, comiam e conversavam.

Havia tantas mulheres no Distrito que ele até poderia ser confundido com um hárem. Parecia que todas as jovens e adolescentes de Konoha estavam ali. E é claro que o detalhe primordial não podia faltar: Estavam quase todas de biquínis coloridos, chamativos e extremamente curtos.

Sakura estava atordoada, tentando entender o que se passava ali, até que viu o que fora a gota d'água.

Numa parte mais afastada, um toldo fora erguido por sobre várias cadeiras empilhadas, de modo que tentasse parecer uma espécie de trono. Na parte superior do toldo fora colado um cartaz com os seguintes dizeres: "Uchiha Sasuke é o Rei da Festa".

Sobre o "trono" de cadeiras empilhadas, estava sentado ninguém mais ninguém menos do que o próprio Sasuke. E assim como as pessoas ali, ele estava vestido apropriadamente para um mergulho: Uma bermuda preta com o símbolo de seu clã, um leque vermelho e branco.

—Agora está explicado o "cheiro de piranha" que eu senti - A Yamanaka resmungou.

Sentada sobre o colo de Sasuke, estava a garota odiada por quase toda vila: Karin, a ruiva quatro olhos. Apelido que fora gentilmente escolhido por Yamanaka Ino.

Karin ria exageradamente, mexia no cabelo dele e se esfregava em seu peito. O Uchiha, porém, estava claramente aborrecido com aquela situação.

Suas narinas infladas de cólera e os punhos fortemente cerrados indicavam que ele estava se controlando para não jogar a ruiva lá de cima.

Foi então que os olhos vermelhos de Karin focalizaram a rosada. Ela exibiu um sorriso vitorioso e provocador.

Ela cochichou algo no ouvido do Uchiha e a expressão dele imediatamente mudou também. Ele dirigiu o olhar à Sakura e sorriu com ironia.

Karin lançou um olhar desafiador à Haruno, ergueu uma sobrancelha e exibiu um sorriso debochado. Logo em seguida ela beijou Sasuke com toda sua vontade, a qual foi correspondida, vale lembrar.

—Sakura... Desde quando você mora num bordel? - Ino perguntou irritada.

Foi a conta de a rosada sair correndo dali antes que a vissem chorar.

***

 

Sakura segurou o choro até onde deu. Quando viu que estava a uma boa distância da "festa", permitiu que as lágrimas rolassem.

Seu coração acelerou, sua respiração falhou e suas pernas fraquejaram.

—Sakura! - Ino correu atrás dela.

Ela encontrou a amiga jogada no chão em posição fetal, tremendo, chorando e com dificuldade pra respirar.

—Testuda, para de drama, ok? - A Yamanaka se desesperou quando os olhos da rosada começaram a revirar pelas órbitas - Ai meu Kami! Respire devagar Sakura! Não desmaie agora, está entendendo?

A respiração de Sakura continuava irregular, e parecia que ela teria uma parada respiratória a qualquer momento. Ino então a embalou em seus braços enquanto tentava acalmá-la.

Após alguns minutos, a respiração dela se regularizou e seus olhos pararam de girar. A loira relaxou um pouco, mas ainda estava apreensiva.

—Espera só! O Sasuke-kun vai ver o poder da fúria de Yamanaka Ino! Ah se não vai! Que ceninha ridícula foi aquela? - Ino soltou a amiga e levantou-se - Ah mas espere só! Gomen, Sakura, mas seu "marido" vai saber qual é o lugar dele. E vai saber agora! - Ela gritou indignada e se preparou pra ir acertar as contas com o Uchiha.

—N-Não... Não vá, Ino... - A Haruno se ajoelhou e pediu entre soluços. Ela estava tão fraca emocionalmente que nem conseguia ficar em pé.

A Yamanaka ergueu uma sobrancelha.

—Me diz, Ino. Me diz por que ele fez isso? Ele sabe o quanto eu gosto dele, o quanto eu o amo. Por que ele fez isso na minha frente? Não dá pra competir. Ele... Ele ama a Karin. Como eu vou competir com isso?

—O quê?! Sakura... - A loira suspirou como se estivesse rogando paciência - Você tem a irritante mania de sair batendo em todo mundo, mas agora quem vai te bater sou eu! Você perdeu a razão? O que é? É essa testa enorme que está te fazendo perder o senso e o juízo? Você sabe tão bem quanto eu que o Sasuke-kun não gosta da Karin! Você sabe o quanto ele a despreza! Espera aí, você não viu a cara de ódio dele naquela hora?

—Vi, mas depois ele sorriu, esqueceu? Ino, você não entende... Hoje eu dei um beijo na bochecha dele e ele me ameaçou, já a Karin... Ela o beijou e ele retribuiu. Se isso não é amor, me diga o que é então!

—Entre "amar uma garota" e "usar uma garota pra provocar raiva e ciúmes em outra" há uma grande diferença. Por Kami! Por que você não percebe que isso tudo é encenação? Você está perdendo sua capacidade de percepção e raciocínio? Depois não quer que eu te trate como uma retardada...

—Ino... - A voz de Sakura saiu num sussurro - Eu vou desistir. Fui uma estúpida quando propus esse acordo. Eu estava dopada, mas isso não muda o fato de que eu sou estúpida. Eu... Eu não aguento mais. Já cansei de ser humilhada por Uchiha Sasuke.

—Tsc! - A loira suspirou e cruzou os braços - Sabe, o discípulo sempre se parece com seu mestre, e eu sempre digo como você está ficando mais e mais parecida com a Tsunade-sama a cada dia... Não pelo fato de vocês duas serem impacientes e explosivas, e terem uma força fora do comum, ou por suas técnicas e habilidades médicas estarem quase tão boas quanto às dela. E é claro que em matéria de peito, você vai ter que batalhar bastante até conseguir duas melancias iguais as dela, mas o que eu quero dizer é... Nesse momento, se eu fosse a Tsunade-sama, eu teria nojo e vergonha por ter você como aprendiz.

—Ino!

—Eu estou falando a verdade Sakura. Não acredito que você é discípula da nossa prefeita! Cadê sua determinação, garra e perseverança? Por que você não herdou essas qualidades dela?

—Ino... Você não ente...

—Não diga que eu não entendo! Caso tenha se esquecido, você não é a única que sofre por amor não correspondido. Então, Sakura, eu entendo perfeitamente! Você se esqueceu de quantas vezes eu me expus ao ridículo, quantas vezes eu me humilhei por causa do Sai-kun? - A voz dela estava alterada - Bem, eu realmente não entendo o porquê de ele estar sendo tão legal comigo de repente, mas acho que no fim minhas investidas serviram de alguma coisa, certo? - A Yamanaka riu - De qualquer forma, o que a Tsunade-sama faria nessa situação?

—Ela aproveitaria a oportunidade pra beber até cair. - Sakura revirou os olhos - Mas eu não a culpo. O melhor jeito de se esquecer dos problemas é enfiar a cara no sakê...

—Olha aqui, você está me irritando! Enquanto você está perdendo tempo fazendo palhaçadas e piadinhas, seu homem está sendo fisgado pela vadia da Karin!

—Mas o que você quer que eu faça? Que eu vá lá e comece a me esfregar nele?

—Bom, aí eu já não sei. Mas se fosse a Tsunade-sama, com certeza ela não iria abandonar o barco. Não sem lutar pelo menos!

A rosada assentiu e sorriu agradecida.

—Obrigada, Ino - Ela secou os olhos e levantou-se do chão.

—Se contar pra alguém que eu fui legal com você e que servi de motivação para deixá-la melhor, ou qualquer coisa, eu juro que te mato. Amasso a sua cara e ainda danço em cima do seu túmulo!

—Não se preocupe com isso, Ino-porca.

Pela primeira vez, a Yamanaka não se importou com o apelido.

—Agora vai lá e arrasa, gatona! Faça o Sasuke-kun sofrer bastante. Faça isso por mim e por você! - Ino a incentivou - Bem, agora me deixa pegar minha porta e dar o fora daqui.

—Como é que é? Nada disso! Você plantou a sementinha do mal na minha cabeça, então agora vai me ajudar!

—O quê?! Sakura, você ficou doida? Eu tenho que voltar! O Sai-kun ficou lá sozinho cuidando da floricultura.

—Safada! Você só quer voltar pra ficar sozinha com o Sai! - Sakura gritou acusatoriamente.

A loira ficou vermelha de vergonha.

—Ahn... Eu... Eu... Mas e daí? E mesmo se for, quem é você pra me julgar? Você é outra que fica toda assanhadinha perto do Sasuke-kun! Até porque, o que você quer que eu faça?

—Já que o Sasuke-kun chamou todas essas garotas só pra provocar ciúmes em mim, vou fazer o mesmo! Chame todos os garotos que você conhecer e encontrar. Chame de preferência os mais lindos e corpulentos. Nós vamos abalar o plantão!

—Sakura... Já é quase noite. Ninguém vai querer sair de casa só pra vir te ajudar com sua vingança.

—A maioria das pessoas só vão à festas por causa da comida. Elas pouco se importam com o anfitrião ou aniversariante. Diga que tem comida grátis. Você vai ver se esse lugar não vai encher.

—Ai meu Kami... - Ino suspirou rendida - Tudo bem! Vou te ajudar, mas depois você...

—Ahn... Até daqui a pouco Ino! - Sakura tratou de sair dali antes que sua amiga começasse a lhe pedir favores impossíveis.

 

***

 

Depois que Ino foi embora, Sakura preparou-se mentalmente para voltar àquela festa. Como a loira havia dito, ela deveria se vingar do Uchiha, agindo fria e naturalmente, como se nada daquilo a incomodasse.

Tarefa difícil, pois assim que voltou pra lá, ela quase desistiu ao ver Karin se esfregando em Sasuke.

A rosada respirou fundo e desviou o olhar.

"Não se importe com isso, Sakura. Não se importe com isso! Aja com indiferença e frieza. Não deixe que isso te perturbe. Finja que não está abalada. Não deixe o Sasuke-kun vencer" — Ela se dirigiu à mesa de comidas e bebidas, encheu um prato com todo tipo de comida e pegou uma garrafa de sakê.

—Que ridículo, não? Pra que tudo aquilo? - Tenten comentou com a voz alterada.

—Pois é. Nunca vi o Sasuke agindo assim - Temari concordou.

Sakura virou-se assustada ao ouvir a voz de suas colegas. Temari, Tenten e Hinata estavam sentadas à mesa que estava mais afastada do lago.

Hinata olhava a cena preocupada e apreensiva, sabendo o quão aquilo seria difícil para Sakura. As outras duas encaravam o Uchiha e a ruiva duramente, como se esperassem que os olhares mortais que lhes lançavam simplesmente os derretesse.

—Sasuke-kun não deveria brincar com os sentimentos da Sakura-san desse jeito. - Hinata disse com sua voz fininha e baixinha - Graças a Kami-sama ela não está aqui vendo isso...

—Olá, garotas! Estão se divertindo? - A rosada sorriu e pôs seu prato sobre a mesa, assustando as demais - De quem vocês estão falando? Quem não está aqui?

—S-Sakura-san! - Hinata arregalou seus olhos perolados.

—Sakura?! - Temari e Tenten gritaram.

—A comida aqui é tão boa, não é? O Sasuke-kun sabe mesmo dar uma festa - Ela riu exageradamente e assentou-se na cadeira que estava vazia.

—Sakura, por que você está aqui? - A loira perguntou com uma sobrancelha erguida.

—Boa pergunta, Temari-san! Bem, eu... - A rosada se lembrou de que não podia contar sobre o fato de morar ali temporariamente, então rapidamente encheu a boca com costeletas de porco - E vocês por que estão aqui?

—Estou começando a me perguntar a mesma coisa - Tenten murmurou.

—Nós fomos convidadas, Sakura-san. - Hinata explicou - Juntamente com todas essas garotas.

—E quem as convidou? - Sakura tomou um enorme gole de seu sakê - "Como a Tsunade-sama gosta disso, meu Kami? Que nojo!"

—O Uchiha, naturalmente. Juntamente com aqueles policiais pervertidos. Eles nos abordaram e insistiram até que concordássemos. Disseram que o Sasuke estava querendo dar uma festa em homenagem à suas "amigas". Eles disseram também que deveríamos vir de biquíni, pois seria uma festa no lago. Enquanto não dissemos sim, eles não nos deixaram em paz. - Temari suspirou irritada, pensando no quanto estar ali fora uma péssima ideia - Acredita que aqueles descarados fizeram a cabeça do Shikamaru, e ele me convenceu a vir? Ele disse: "Tsc! Mas que saco! Por que você não vai Temari? Assim eles param de me torrar a paciência com toda essa situação problemática!".

—Eles insistiram tanto assim apenas com vocês três?

—Não, não. Com todas, ou quase todas, garotas da vila. Acho que eles tiraram a tarde apenas pra fazer isso. - Tenten completou - Se eu soubesse que ia ser essa palhaçada, nem teria vindo. Ao menos não viemos de biquíni. Seria ridículo!

A outras duas balançaram a cabeça concordando.

—Não achei que o Sasuke-kun convidaria você também, Sakura-san. Ele foi muito maldoso ao fazer isso. Não deveria ficar brincando... Com seu coração. - A Hyuuga abaixou a cabeça e corou - Ele... Ele sabe o quanto você o ama...

—É, pois é... Não se pode ganhar todas. - Sakura deu mais um gole na bebida - Ai que horror! Não consigo beber esse troço! - Ela despejou todo o líquido no chão.

—Sakura, você parece muito tranquila com essa situação. - Tenten roubou um dango do prato da rosada - Você percebeu que a Karin está toda assanhadinha pra cima do Sasuke? Faça alguma coisa, ora! Olha, se quiser te empresto algumas armas. Você sabe que eu tenho carta branca no arsenal da vila, então posso pegar armas a vontade, mas se quiser algo mais simples, tenho algumas em casa.

Sakura arregalou os olhos assustada.

—Tenten-san! - Hinata a censurou estupefata.

—Menos, Tenten! - Temari revirou os olhos - Mas até que você tem razão. A Sakura que eu conheço não deixaria isso passar batido. No mínimo ela já teria feito um escândalo e mandado a Karin pro hospital de tanto que ela apanharia. E se bobeasse o Uchiha também estaria na roda.

—O quê? Eu? Eu não. Nem ligo pra isso! - A rosada forçou um sorriso - Então? Querem beber alguma coisa? Eu bus... - Ela se interrompeu ao notar os olhares acusatórios e desconfiados que estavam lhe sendo dirigidos - Que foi? Não querem nada? Tudo bem, eu...

—Sakura! - Temari alterou a voz e cruzou os braços - Tem certeza que toda essa situação está boa pra você?

—Claro, claro.

—Então por que você está tão pálida e com esse comportamento estranho? - Tenten ergueu uma sobrancelha.

A Haruno começou a suar frio e seu coração acelerou.

—Tudo bem! Vocês me pegaram! Vocês não sabem o quanto está sendo difícil ficar sentada aqui, fingindo que está tudo bem, enquanto a Karin está lá agarrando o Sasuke-kun...

—Por que não faz nada então? Eu já te ofereci algumas armas...

—Eu... Eu e a Ino bolamos um plano. Apenas...

Hinata de repente ficou estática e arregalou os olhos. Tenten e Temari, ao notarem também, fizeram um sinal para que a rosada se calasse.

—O quê? - Ela perguntou confusa. Como estava sentada de costas, não viu quem se aproximava.

—Ei, Sakura! - Sasuke estava parado atrás dela.

—Sa-Sasuke-kun? - Ela virou-se vagarosamente.

Em momentos normais, Sakura teria ficado corada e se derretido toda. O sorriso irônico que ele exibia e seu peito nu a deixariam nas nuvens se não fosse um pequeno detalhe: Karin estava ali com ele.

—Hihihi - A ruiva ria triunfante.

Sasuke estava com um braço ao redor da cintura dela, mantendo-a bem colada ao seu corpo. Karin, é claro, estava adorando. Uma de suas mãos estava sobre a dele, e a outra alisava seu tórax incessantemente.

—Por que você está aqui, Sasuke? - Temari alterou a voz.

—Eu moro aqui, ora essa! Que pergunta sem sentido. - Ele riu - Eu só vim aqui saber se vocês estão se divertindo. Não esperava que você também viesse, Sakura.

—Cínico... - A rosada murmurou.

—Bem, e quanto a minha amiga Karin? Vocês já a conhecem? - O sorriso irônico não lhe saia da cara.

—Quem? Essa ruiva quatro olhos? - Tenten debochou - Ah sim! Conhecemos.

—Como é? - Karin irritou-se.

—Tem certeza que ela é apenas sua amiga? Vocês estão muito íntimos hoje. Se me lembro bem, você a ignora e a despreza constantemente. Por que essa mudança repentina, Sasuke? - Temari perguntou sarcasticamente.

—S-Sasuke-kun... - Hinata murmurou - Você não deveria ficar fazendo... Isso...

—Hinata... Sempre tão bonitinha se preocupando com as pessoas... - O Uchiha lhe exibiu um sorriso condescendente - Mas a que você se refere? A dar uma festa? E por que eu não poderia dar uma festa em minha própria casa?

—N-Não... Não é isso...

—O quê é então? Ah! Você se refere à mim e a Karin? Bem, até onde sei, eu estou solteiro e completamente descompromissado. Não sou casado e não estou atado a qualquer tipo de laço mais intimo - Ele disse olhando para a rosada. Sua voz era debochada e irônica.

Sakura, que até então estivera calada e encarando o chão, ao ouvir aquilo se descontrolou. Ela estava a ponto de virar e dar um soco na cara daqueles dois, quando foi interrompida:

—Teme! - A voz estridente de Uzumaki Naruto ecoou no local.

—Naruto!? - O Uchiha assustou-se - O que você está fazendo aqui, seu imprestável?

—A Ino nos convidou. Ela disse que você estava dando uma festa e que a bóia era de graça! - Ele riu.

—"Nos"? - O moreno ergueu uma sobrancelha.

—Aham. Eu e metade dos homens da vila.

Assim que ele disse isso, vários homens apareceram atrás do loiro e, sem a menor cerimônia, "invadiram" a festa.

 

***

 

"Graças a Kami! Bem na hora, Ino!" — Sakura levantou-se, ignorando o Uchiha e sua "amiga" - Garotas, agora que os rapazes chegaram, que tal irmos dançar?

Não precisou ser dito novamente. Temari e Tenten já tinham saído dali a muito tempo.

—N-Naruto-kun... - Hinata murmurou e encarou o chão.

—Você vem, Hinata?

—N-Não... Eu... Eu não gosto de dançar...

—Hum... Então tá. - Sakura murmurou. Depois se virou para o moreno - Sasuke-kun... Você perguntou se eu estava me divertindo... Pode apostar que sim! - A rosada sorriu e se afastou.

—Que bom que ela se foi. Agora seremos só você e eu, Sasuke... - Karin falou com uma voz apaixonada.

—Para, Karin! - Sasuke disse irritado e a empurrou, saindo dali.

—Sasuke! - A ruiva choramingou e correu atrás dele.

Depois que os garotos chegaram, a festa tomou um rumo diferente. Eles mudaram as músicas, colocando algo mais agitado, atacaram as comidas e as bebidas e agarraram as garotas.

As garotas, é claro, não reclamavam. Elas ficavam provocando-os, dançando na frente deles e exibindo o corpo que não estava coberto pelo indecente biquíni que usavam.

Tenten e Temari, não estavam tão assanhadas assim. Tenten dançava com Neji comportadamente e Temari "brincava de aviãzinho" com Shikamaru, pois ele dizia ter preguiça de levar os hashis à boca.

Ino e Sai estavam parados perto da mesa de comidas, ora comendo alguma coisa, ora observando o assanhamento das garotas e a safadeza dos garotos.

Sakura, depois que conseguiu atravessar a multidão, foi até eles.

—Ino! - Ela suspirou aliviada - Você chegou na hora! Obrigada!

—Tudo bem! - A loira estava com a boca cheia - Mas você está me devendo essa.

A rosada sorriu, fingindo não ter escutado a última frase. Logo em seguida lembrou-se:

—Sai, se você está aqui, quem está na floricultura?

—Ninguém. A I-Ino a fechou...

—Ahn?

—Sakura! O Sai-kun é uma fofura! - A loira gritou radiante - Você acredita que quando eu cheguei lá, ele tinha juntado e varrido os cacos da porta, guardado o dinheiro que eu tinha deixado cair no chão e ainda atendido um cliente?

—Ah, sério? - Sakura olhou para Sai, que exibia um sorrisinho falso, e sorriu também - "O Sai está levando a sério essa história de criar laços e amizades duradouras. Será que futuramente ele vai se interessar pela Ino?" — Mas... Ei! E quanto a porta?

—Antes de ir embora, eu peguei uma daqui. - Ino explicou - O Sai-kun me ajudou a colocá-la, e depois me ajudou a chamar os rapazes. Foi uma tarefa mais difícil do que eu imaginei.

—Por quê?

—Sua teoria estava errada. Nem todo mundo se interessou pelo fato de comer de graça.

—Naruto e Chouji sim - Sai a interrompeu.

—Aqueles dois não contam! - A Yamanaka fez um gesto de desdém com as mãos - Bem, aos que não quiseram vir por causa da comida, eu tive que dizer que o Sasuke-kun estava se aproveitando das garotas deles.

—Ino! Você ficou doida? Isso não é verdade!

—E daí? É bom que eles batem no Sasuke-kun e na Karin também! Isso se forem bater mesmo. Eles estão ocupados com outras coisas. - Ela disse olhando para um casal que se agarrava à sua frente - De qualquer forma, foi isso.

—Sou muito grata. De verdade! Agora, vamos aproveitar - Dizendo isso, a rosada saiu dali e começou a circular pela festa.

Sakura dançou com praticamente todos os garotos. A cada garoto com quem dançava, ela olhava para o Uchiha e ria. Ela fazia questão de dançar bem sensualmente e se deixar ser encoxada por eles.

Sasuke não estava mais em seu "trono". Ele estava encostado perto de uma árvore com as narinas infladas de cólera. Se era por ciúmes ou porque Karin o estava perturbando, ninguém nunca soube.

O fato é que ele começou a fazer o mesmo. Ele passava a mão nas garotas, beijava o pescoço delas, e as encoxava e as mantinha bem coladas ao corpo enquanto dançava. A cada vez que fazia isso, encarava a rosada e sorria ironicamente.

Eles ficaram nessa competição idiota por bastante tempo, até que Sakura se cansou. Ela então voltou a assentar na mesa que estava antes.

—Sakura-san... Você dança muito bem - Hinata disse.

—Pois é. Acho que desta vez me superei... Estou... Estou exausta! - A rosada ofegava.

—Aqui. Eu tenho água - A Hyuuga lhe estendeu uma garrafa azul.

—Obrigada. - Ela bebeu o líquido desesperadamente - Hinata... Você ficou o tempo todo aqui?

—Hai. Eu não gosto... E nem sei dançar. Eu passaria muita vergonha.

—Você podia ter chamado o Naruto pra dançar com você. Ele nem ia se importar com isso. Até porque - Sakura chegou mais perto dela e sussurrou - acho que ele também não sabe dançar.

—Eu... Eu n-não poderia fazer isso. Eu não t-tenho coragem...

—Sakura-chan! Hinata! Por que vocês estão cochichando aí? - Naruto gritou. Ele estava parado perto delas com ambas as mãos cheias de comida.

—N-Naruto-kun?! - Hinata ficou vermelha e encarou o chão.

Sem esperar ser convidado, ele assentou-se e começou a devorar tudo o que trouxera.

—Bem, eu tenho que ir ali. - Sakura sorriu - Eu vou deixá-los a sós.

—O quê? N-Não, Sakura-san! - Hinata quase caiu da cadeira.

A rosada riu e levantou-se. Ela moveu os lábios formando a frase “Não se preocupe. Você vai se sair bem!” e se afastou dali.

O loiro estava tão ocupado comendo que nem a viu sair. De repente ele ergueu os olhos.

—Ué! Cadê a Sakura-chan?

—E-Ela teve que ir ali...

Ele assentiu e voltou a comer. Quando terminou, ficaram em silêncio. Naruto ficou observando a festa e Hinata encarando o chão.

Ela então o olhou e sorriu timidamente. Tirou um lenço da bolsa e o chamou:

—N-Naruto-kun... Você... - Como falou baixinho, ele não a ouviu. Ela teve que cutucá-lo - Sua boca está suja de... de molho de churrasco.

Naruto a olhou e riu. Pegou o lenço e limpou a boca.

—A-Ainda está sujo. Aqui desse lado... - Ela apontou o lugar indicado.

—Então limpa pra mim, por favor.

—O-O quê?! E-Eu?

Ele assentiu e lhe estendeu o lenço. Hinata estava relutante e apreensiva, mas assim que se lembrou de Sakura desejando-lhe boa sorte, o pegou da mão dele e passou delicadamente na mancha em sua bochecha.

—Obrigado - Naruto deu outra de suas risada estridentes e pôs as mãos atrás da nuca - A Sakura-chan dança muito bem, não é? - Ele disse de repente enquanto via a rosada requebrando até o chão - Ela deve deixar aquele teme doido!

—Ahn? A-Ah sim. - Ela murmurou - Eu estava falando...

—HINATA! - Ele gritou e, repentinamente, aproximou-se dela, fazendo com que seus narizes quase se tocassem - Por que você não fala alto? Eu não consigo escutar a sua voz!

—N-Naruto-kun... Você... - A Hyuuga ficou vermelha como uma pimenta - M-Muito perto... Eu... Eu... - Ela desmaiou.

—Por que você tem que agir sempre tão estranha? - Ele coçou a cabeça confusamente.

Do outro lado, Sakura continuava dançando, até que teve uma ideia. Ela foi até Ino, que conversava com Sai animadamente.

—Ino, preciso da sua ajuda!

—De novo? - A Yamanaka reclamou.

—Anda logo! - A rosada nem lhe deu tempo para reclamar e a puxou dali.

—Eu já volto Sai-kun!

A Haruno a levou pra perto do toldo do "Rei da Festa".

—Escuta, o Sasuke-kun está muito assanhado com aquelas garotas. Precisamos dar um basta nisso tudo!

—E o que eu tenho a ver com essa história? - Ino estava emburrada.

—Vou falar com elas. Me ajude a reunir todas as garotas. Quero dizer, todas menos a Karin. O feitiço vai se virar contra o feiticeiro!

Ino bufou, mas concordou. Assim que saíram dali começaram a agrupar as garotas. Algumas não quiseram parar com o que estavam fazendo, então tiveram que ser puxadas a força.

—Garotas - a rosada começou quando estavam todas reunidas -, eu preciso da ajuda de vocês. Eu e o Sasuke-kun estamos fazendo uma competição. Eu não posso falar o que é, mas eu quero ganhar, então preciso que vocês me ajudem. Vocês apenas precisam ignorá-lo. Se ele quiser dançar com vocês, saiam de perto, se ele tentar passar a mão, lhe dêem um soco na cara. Façam o que quiserem, mas seja o que for, deixem-no excluído, ok? Conto com vocês!

—Ei! A Karin não está aqui - Uma delas observou.

—Ah sim. Ela está ajudando o Sasuke-kun, então a ignorem também.

Como em todo lugar, nem todas as pessoas se dão bem, então era normal algumas garotas não gostarem de Sakura, mas uma coisa todas tinham em comum: O ódio por Karin. Elas então preferiram ajudar a rosada.

Assim que o plano foi posto em ação, o moreno naturalmente notou a diferença. Quando ele se aproximava das garotas, elas saiam de perto, e quando tentava dançar com elas, elas o ignoravam e até o ameaçavam.

Ele, ao perceber o sorriso cínico e vitorioso da rosada, na mesma hora soube que ela estava por trás daquilo tudo.

Sasuke então decidiu fazer o mesmo. Ele reuniu os garotos e pediu que a ignorassem completamente. Os únicos que não aderiram a causa foram Neji, Shikamaru, Lee, Naruto e Sai.

Shikamaru e Neji, mesmo que quisessem, não poderiam ajudar, pois além de terem ido embora, foram ameaçados por Temari e Tenten. Lee recusou-se veementemente, dizendo que jamais ficaria contra Sakura, pois apesar de ela não gostar dele, ele a amava de mais pra fazer tamanha maldade. Naruto usou a desculpa de que, já que era amigo dos dois, não poderia ficar contra a rosada, pois se ela lhe pedisse a mesma coisa, ele também diria não. O loiro então decidiu ficar em cima do muro. Sai disse que não tinha nada contra Sasuke, mas já que tinha que escolher, daria preferência à Sakura, mas no fim da história, decidiu ficar em cima do muro, como Naruto.

—Tudo bem! Mas não interfiram no meu plano - O Uchiha disse irritado.

Então no fim, foi isso que aconteceu: Os garotos ignoravam Sakura e as garotas Sasuke - Todas, exceto Karin e Hinata. Karin, porque não perdia a oportunidade de se esfregar no moreno, e Hinata porque estava desmaiada.

—Mas que droga! - Sasuke bufou ao ver sua festa e seu plano irem de mal a pior.

—O que foi? - Karin perguntou enquanto passava as mãos nos ombros dele - Não está gostando da massagem? - Ela arrumou os óculos.

—Tsc! Me deixa em paz, Karin! - Ele levantou-se e saiu andando - Não me siga! - Sua voz era ameaçadora.

—Sasuke...! - A ruiva choramingou.

O Uchiha saiu dali, pegou algumas garrafas e entrou na casa abandonada.

Ele assentou no chão da sala e ficou lá bebendo. Nem se preocupou em acender as luz, pois a iluminação da festa passava pela janela e clareava o local.

Ele ficou assim por uns cinco minutos, até que alguém acendeu a luz.

—Ah! - Sakura assustou-se ao ver o moreno ali.

—Ah... Oi.

—Desculpa. Eu só estava tentando ficar longe da loucura que tá ali - Ela disse já se preparando pra sair.

—É. Eu também... Sakê? - Ele estendeu uma garrafa pra ela.

Sakura ergueu uma sobrancelha.

—Tudo bem - Ela aceitou e encostou-se à parede de frente pra ele - "Vou aceitar apenas por educação, porque eu não vou beber essa coisa".

Após alguns segundos de silêncio, Sasuke exibiu um sorriso sarcástico, como se estivesse pensando sozinho.

—As garotas que eu convidei... Você colocou todas contra mim.

—Você fez o mesmo com os rapazes, então estamos quites.

Ele bufou e levou a garrafa até os lábios.

—Isso deve estar sendo tão difícil pra você... - Ela debochou.

—O quê?

—Ver seu planinho ridículo indo por água a baixo. Agora a única garota que está falando com você é a insuportável da Karin. E os rapazes. Mas eu acho que você não se interessa por garotos.

—Eu digo o mesmo. - Ele riu ironicamente - Você, tão desesperada pra chamar minha atenção e tentar mostrar que não se importa com o fato de eu ter beijado a Karin, convidou todos esses homens. Apenas pra fingir que o que eu faço não te abala, ou para causar ciúmes em mim. Mas se quer saber - ele levantou e se aproximou dela -, eu não senti nada! Acredite em mim, Sakura, você não me atrai nem um pouco. Eu não dou a mínima para o que você faz.

—Ah tudo bem. Eu vou guardar esse segredinho - Ela aproximou-se também e sussurrou debochadamente.

—Hunf! Você é uma idiota!

—Ah... - Ela fez um biquinho, fingindo-se chateada.

—Você gosta de me testar não é, garota irritante? Tudo bem. A situação só vai piorar!

—Nossa, valeu amor! Agora estou me sentindo muito especial por saber que você se preocupou em me advertir sobre isso - A rosada ergueu uma sobrancelha e sorriu com ironia.

—Ah, é mesmo? - Ele riu zombeteiramente.

A cada vez que se falavam, mais iam se aproximando.

—Hunf! Quer saber de uma coisa? Eu não vou a lugar nenhum, sabe por quê? Porque eu não vou desistir e nem vou estragar essa jogada!

—E muito menos eu! Eu estou nessa até o final, Sakura!

—Até que a morte nos separe - A voz da rosada saiu como um sibilo.

—A não ser que eu te mate primeiro!

Os rostos deles estavam tão próximos, que suas bocas quase se tocavam. A única coisa que se ouvia era a respiração pesada dos dois e a agitação do lado de fora.

Eles ficaram se encarando por um tempo, como se estivessem pesando a possibilidade de se beijarem ou se matarem, até que Sasuke se afastou e saiu dali.

Sakura, naturalmente, estava com o coração a mil.


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Notas finais do capítulo

Eu gosto da Karin, é. Gosto bastante, na verdade (Devo ser a única, btw). Pra mim, ela só perde para a Tsunade e a Kushina (a incrível revelação de que gosto mais da Karin do que da Sakura). Mas alguém tem que ser a antagonista, certo? (muahaha)
De qualquer forma, o que acharam? Notaram algumas partes familiares? Eu não aguentei e roubei do anime kkk. Mas também sou suspeita pra falar, já que amo o Itachi e acho o Sai um querido.
Enfim, obrigada a todas que deixaram reviews ♥
Aos preguiçosos, desculpem pelo capítulo gigante, mas odeio escrever mini-capítulos