Convivência Por Contrato escrita por cellisia


Capítulo 1
Capítulo 1 - E A Xícara "Envenenada" Vai Para...




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Mais uma linda manhã se iniciava em Konoha. O sol brilhava quente e convidativo por toda a aldeia.

Crianças brincavam pelas ruas e donas de casa aproveitavam para lavar suas roupas.

Sakura acordou e espreguiçou-se demoradamente na cama. Ela queria continuar dormindo, mas agora que acordara não conseguiria mais pregar o olho. Até porque o dia estava lindo. Era como se os raios do sol entrassem por sua janela e a chamassem.

Ela sorriu ao sentir o calor em seu rosto, e enquanto planejava o que faria no decorrer do dia.

—Ei! Hoje eu não tenho nada para fazer - Ela disse em voz alta, se lembrando que seu dia seria mortalmente tedioso.

Sakura era enfermeira no hospital da vila, mas no dia anterior, Tsunade lhe dissera que sua presença por lá não seria necessária pelo resto da semana, alegando que tudo estava tranquilo.

Ela sabia que aquilo era um aviso bem sutil sobre como deveria usar aquela "folga" para melhorar suas técnicas e conhecimentos médicos, principalmente depois que injetara água ao invés de soro na veia de uma senhora, e depois que fizera uma sutura de qualquer jeito num menino, o que causou uma infecção e graves consequências à criança.

—Idiota! - Ela xingou Tsunade, mesmo sabendo que a incompetente era ela mesma.

De qualquer forma, o jeito seria mofar na cama ou arrumar algo pra fazer. E tinha que ser logo ou sua mãe iria "recrutá-la" para ajudar nas tarefas domésticas.

—Ei, Sakura-chan! - Sua mãe a gritou da cozinha - Filha, já acordou?

Sakura faltou chorar. Ela já imaginava a infindável lista de tarefas que teria que realizar.

—Idiota! Idiota! - Ela murmurou irritada - Por que eu tinha que ser tão incompetente? Tsunade-sama não deveria ter me dado folga! Por que, Deus? Justo hoje...?

—Sakura-chan! - Sua mãe gritou novamente.

—Sim, mãe? - Ela gritou do quarto, tentando manter a voz calma e não despejar sua raiva sobre a mãe, afinal a Sra. Haruno precisava de ajuda e merecia um descanso de vez em quando.

—Venha aqui, por favor!

Sentindo-se como um touro caminhando para o abate, Sakura pulou da cama e desceu as escadas, indo para a cozinha.

—Bom dia, mãe - Ela suspirou.

—Bom dia, Sakura-chan! - Sua mãe lhe sorriu animadamente - Ino-chan acabou de ligar. Ela pediu que você fosse até a floricultura ajudá-la.

—Ain... - Sakura gemeu frustrada.

—O que é isso, filha!? A Ino-chan não é sua melhor amiga? - A Sra. Haruno perguntou chocada - Além do mais ela disse para você não se preocupar pois vai pagar por seus serviços. Você sabe, nessa época de datas comemorativas as pessoas compram muitas flores, fica tudo muito corrido...

Sakura gemeu mais alto. No início ela não se importava em ajudar na floricultura dos Yamanaka, e nem se preocupava se iria receber ou não, afinal Ino sempre fora sua melhor amiga. Ela fazia aquilo por amizade e consideração.

O problema era que a loira aproveitava da boa vontade da amiga, deixando a parte mais pesada para ela e fazendo-a trabalhar dobrado. E parecia que ela e nem seu pai, Yamanaka Inoichi, percebiam o quanto aquilo era irritante e abusivo.

—Ahn, mãe... Sabe o que é... É que... Bem... Eu... - Sakura gaguejava, tentando arranjar uma desculpa convincente.

—Se você não puder ir, ligue pra ela avisando. - A Sra. Haruno sorriu docemente - E já que a Tsunade-sama lhe deu uma folga, você poderá me ajudar aqui em casa. Há tanto a fazer... Vamos começar limpando as janelas, depois esfregar o chão, e...

—Desculpa, mãe! - Sakura disse rapidamente - A Ino precisa de mim. Tenho que cumprir meu papel de amiga e ajudá-la, você sabe. Estou indo! - Ela saiu correndo de volta para o quarto.

***

Depois que se arrumou, Sakura saiu de casa e caminhou até a floricultura dos Yamanaka.

A floricultura não estava tão cheia quanto pensara. Havia apenas um cliente no caixa e duas ou três mulheres decidindo-se sobre quais flores levar.

Naquele momento rosada teve quase certeza de que a história sobre o lugar estar cheio e corrido devido às datas comemorativas fosse mentira da loira. Apenas para tirá-la de casa.

—Bom dia, Testuda - Ino a cumprimentou com sua voz debochada enquanto entregava o troco ao cliente.

Sakura grunhiu e apertou os punhos.

—Bom dia, Ino...-chanta. - Sakura ergueu uma sobrancelha maldosamente - Entendeu?

—O quê?!

—Chata. CHANta. - Sakura soltou uma gargalhada - CHANt...

—Ei! Já entendi! - Ino fechou a cara impacientemente.

—Ino - A rosada suspirou -, vou fingir que não sei sobre as suas reais intenções ao me chamar aqui, então eu...

—Não Sakura, por favor, não vá embora! - A loira se desesperou - Eu precisava de que você me ajudasse. Você é a garota mais inteligente que eu conheço, então você precisa me ajudar. Por favor! Eu serei sua melhor amiga!

—Mas que tipo de incentivo é esse!? Você já é a minha melhor amiga!

—Então vai me ajudar? - Os olhos azuis dela brilharam.

—Ai... - A Haruno suspirou - Do que você precisa?

Ino pulou por cima do balcão, agarrando o pescoço da amiga e lhe dando uma espécie de abraço.

—Já chega Ino! - Sakura gritou e a empurrou.

—Me desculpe. De qualquer forma, ontem eu ouvi Tenten-san reclamando com Neji-san sobre ele nunca lhe dar nada. Ela disse: "Ultimamente o Sai tem indo à floricultura dos Yamanaka com muita frequência. Acho que as flores que ele compra, ele dá para Karin. Então por que você não faz o mesmo por mim?" O problema é que todas as vezes que o Sai-kun veio aqui, foi meu pai quem o atendeu. A vida poderia ser mais injusta?! - Ino abaixou a cabeça sobre o balcão desconsoladamente - E o pior não é isso... Verdadeira injustiça é ele andar com aquela barriga sexy à mostra, e eu, sem nunca poder tocá-la. Isso só faz com que eu o deseje mais...

—Ugh... - Sakura fez uma careta de nojo.

Todos na vila já sabiam de Ino e seu doentio amor platônico por Sai. Todos, exceto o próprio Sai. Ou então ele fingia não ver as descaradas e indiscretas investidas da Yamanaka, pois ele sempre a tratava com indiferença e desprezo, esmagando ao máximo seus sentimentos e esperanças. A loira, porém, continuava persistente, dizendo que aquilo era apenas uma fase de "cegueira" e que logo logo ele iria abrir os olhos e se perder de amores por ela.

De repente ela levantou a cabeça, dizendo decidida:

—Hoje, nem que eu acampe aqui na floricultura, eu vou esperar pelo meu Sai-kun! Torça pra ele vir, porque senão você vai me fazer compainha todos os dias até que ele dê as caras por aqui e se derreta com a minha beleza. - Ino soltou uma gargalhada sarcástica - Sakura, é aí que você entra! Você é enfermeira e conhece essas coisas, então me diga algum xarope, algum pó, qualquer coisa que possa deixar o Sai-kun dopado.

—Meu Deus! Isso é errado, Ino! Você não pode obrigá-lo a gostar de você. Além do mais, acha que eu sou cupido? Que eu tenho alguma poção mágica que o fará se derreter por você? Como você sabe, sou apenas uma enfermeira. Uma enfermeira bem incompetente, aliás...

—Não me importo se é certo ou errado! O amor nos leva a cometer loucuras. - A loira suspirou apaixonada enquanto via coraçõezinhos dançando à sua frente - Olhe pela minha perspectiva, Sakura! Uma noite com o Sai-kun é melhor que nada. Se eu dopá-lo, posso passar um tempo com ele, e mesmo que no dia seguinte ele não se lembre de nada, eu saberei que foi real. E isso será suficiente!

—Você é maluca. Isso é muito baixo, Ino!

—Deixe de ser irritante, Testuda! Prometo que nunca mais peço nada.

Sakura suspirou. Ela sabia que no fim da história sobraria pra ela, mas...

—O que a gente não faz pelos amigos?...

A Yamanaka deu um berro, seguido de outra de suas risadas sarcásticas.

—Obrigada. Obrigada!

—Ino. YAMANAKA INO!

Ino parou de rir exageradamente e encarou sua amiga.

—Por Deus, Ino, prometa por Deus que não vai perdê-lo de vista, que não vai forçá-lo a nada que ele não queira e não vai contar nada disso para ninguém! Especialmente para Tsunade-sama e Shizune-san.

—Prometo. Prometo. Palavra de Yamanaka!

"Tudo bem. Eu sei que vou me arrepender disso depois, então, por favor, Deus, não seja muito duro na hora de me castigar." — Ela pensou arrependida - É o seguinte: O que eu conheço é uma espécie de elixir. Nós usamos no hospital para anestesiar, ou aliviar a dor dos pacientes, mas quando usado em grande quantidade pode matar.

—Você acha que eu mataria meu Sai-kun?! - Ino parecia ofendida.

—Isso é sério Ino! Enfim, lá no hospital nós administramos através da veia, mas é claro que você não vai furar o garoto, então pingue três gotas no chá ou no sakê dele. O efeito começa a surgir após alguns minutos, mas depois de uma hora a pessoa estará completamente desnorteada e fora de si.

—Hai, hai - Embora quicasse de emoção, Ino não ouvira metade das coisas que Sakura dissera.

—E tem também os efeitos colaterais. Como eu disse, quando usado exageradamente pode matar, mas, além disso, pode também causar vômito, tontura, risos constantes, alucinações e perda de memória. Temporária ou permanente - a rosada disse gravemente, como se tentasse intimidar a amiga.

Ino apenas balançava a cabeça concordando, seus pensamentos, porém, voavam longe.

Sakura soltou outro suspiro. Onde ela estava com a cabeça quando concordara com isso?

***

A tarde das garotas passara tediosa e incrivelmente demorada. Enquanto Inoichi atendia aos poucos clientes, Ino cuidava das plantas, e Sakura varria a floricultura e tirava o pó inexistente das prateleiras imaculadamente limpas. O ponto alto do dia fora quando ela escapuliu até o hospital e pegou, sorrateiramente, o tal elixir.

Mais ao fim da tarde, quando estavam quase morrendo de tédio, e já desistindo de esperar por um garoto que poderia ou não aparecer, Ino pediu a Sakura que levasse o lixo pra fora.

A garota fora resmungando até a lixeira. Como sempre, Ino e Inoichi abusavam da sua "boa vontade" e lhe incubiam das tarefas mais pesadas, chatas e desastrosas.

A lixeira mais próxima estava do outro lado, ela então teve que dobrar a esquina. Assim que virou-se para voltar, alguém passou por ela.

—Ei, Sakura-san - Um moreno pálido, de pele tão branca quase como a neve, a cumprimentou, sem parar de andar.

A rosada sentiu o sangue gelar.

—Sa-Sai?! Bo-bom dia! - Ela gaguejou - Sem nenhum interesse pessoal, só para saciar a curiosidade de uma garota doida como eu... Vai a algum lugar? - Sakura correu até ele, parando em sua frente.

—Não tenho nada em mente, mas talvez eu dê uma passada na floricultura daquela sua amiga irritante. Como é mesmo o nome da criatura?... Yashanaga? - Sai exibiu um sorriso falso.

“Meu Deus! E você ainda quer esse garoto, Ino?”— Sakura fez uma cara de desgosto devido o pensamento - O nome dela é Ino. Yamanaka Ino! "Parece que ao menos ele está agindo com um pouco mais de naturalidade. Isso quer dizer que ele largou aqueles livros esquisitos de auto-ajuda. Isso é bom, certo?"

—Que seja...

—E por que você vai até lá? Você nem vai com a cara dela... - A rosada jogava verde pra colher maduro - Acho que você só vai para ver a Ino, mas como não tem coragem de dar à ela as flores que você compra, você as dá para a Karin...

Foi um milagre Sakura não ter caído dura no chão após o olhar mortal que ele lhe lançou.

—Desculpa! Desculpa! Você as joga fora, certo? Hehehe... - Ela tentava desesperadamente mudar o rumo da conversa.

—É por isso que o Sasuke-kun te acha irritante. Estou começando a concordar com ele.

—Ain... - Ela gemeu - Até você?

Sai revirou os olhos.

—Ei, espera! Por que você compra flores então?

—Gosto de desenhá-las... Já que eu tenho preguiça de ir até o campo, eu compro. Depois que desenho jogo fora. - Ele respondeu e voltou a caminhar.

Sakura balançou a cabeça afirmativamente e sem mais nem menos, voltou correndo por onde viera, deixando Sai com uma expressão confusa.

***

—Coloque a água do chá no fogo, Ino! Rápido! - Sakura entrou na floricultura gritando e ofegando.

—O quê?! - A loira, que estava entregando um buquê de rosas a um homem, assustou-se e quase deixou tudo cair no chão - Perdão! - Ela desculpou-se com o cliente, lhe lançando um sorriso amarelo.

—Por favor, não grite por aqui, Sakura-chan. - O Sr. Yamanaka disse ao passar por ela - Isso assusta os clientes.

—Desculpa, Inoichi-san! - Ela pediu e foi até o balcão.

—O que você fez, Testuda? - A loira perguntou assim que o cliente saiu - Não sabia que jogar o lixo fora poderia ser tão emocionante.

A rosada lhe mostrou a língua e contou sobre seu pequeno diálogo com Sai.

Depois de várias risadas e de quase ter um infarto, Ino foi correndo até a pequena cozinha que havia nos fundos da floricultura.

O chá já estava pronto, era hora de fechar a loja e nada de o Sai aparecer por lá.

"Ain... Não acredito que perdi meu dia aqui! Não fiz nada! Bom, ao menos me livrei da faxina. E o Sasuke-kun? Como será que ele está? Não o vi o dia todo..."— Sakura tinha um ar frustrado.

Já Ino bufava mais que um touro irritado. A veia que pulsava em sua testa expressava a irritação e impaciência que sentia.

—Desculpa, Ino. Mas fiquei fora o dia todo, e eu realmente preciso ir embora agora - A rosada dizia com fingido pesar. Ela estava chateada pela amiga, mas ao mesmo tempo estava feliz por Sai não ter aparecido.

—É... Não se pode ganhar todas. - Ino suspirou chateada - De qualquer forma, obrigada!

Sakura sorriu e se dirigiu para a porta, mas foi interrompida pela loira.

—Já que eu fiz chá, seria um desperdício, quase um pecado, jogá-lo fora. Vamos tomar uma xícara antes de você ir?

Como uma autêntica japonesa, Sakura não pôde recusar.

Ambas estavam na cozinha, ajoelhadas sobre as almofadas. No momento que Ino levantou o bule para servi-las, o sino da porta, avisando que chegara um cliente, tocou.

A loira rangeu os dentes irritada. Seu pai havia ido embora, então ela teria que atender o cliente retardatário.

A Yamanaka saiu da cozinha praguejando e resmungando.

"Esse lugar ficou vazio o dia todo. E agora, na hora de fechar, alguém aparece. Aposto que é a senhora Yao, aquela irritante! Demora um ano pra escolher alguma coisa, e no final não leva nada! Deve ser um castigo de Deus. Só pode!"— Desculpa, mas nós já fechamos por hoje... - Ela disse com uma cara de poucos amigos.

—Ah! Voltarei outro dia então - Um moreno respondeu, já pronto para sair.

—Sa-Sai-kun?! - Ino sentiu sua respiração se descompassar - Não! A-Ainda está aberto. Po-pode ficar a-a vontade. Hihihi...

Sai revirou os olhos e dirigiu-se para os cravos e as magnólias.

Como um relâmpago, Ino desapareceu na cozinha.

—Rápido Sakura! Me ajude! O Sai-kun está aqui! - Ela ia empurrando a amiga pra fora da cozinha - Distrai-o enquanto eu arrumo as coisas por aqui!

—Anh, o quê?! O que você quer que eu faça?

—Eu sei lá! A mente genial é sua! Ou a testa enorme está incapacitando o seu cérebro? - A loira riu debochadamente - Invente qualquer coisa, mas tenha a certeza de convidá-lo para um chá - Dizendo isso ela chutou a amiga de lá.

—Ei! - A rosada reclamou enquanto ia parar debaixo do balcão - Ora, sua... Ah! Oi de novo, Sai! Mundo pequeno, não?

—Pequeno até de mais - Sai respondeu com desconfiança na voz.

—Então... Hehe... Tem alguma espécie em mente? Eu não sou florista, por isso não entendo muito sobre isso, mas se quiser minha opinião, eu recomendo os Lírios. Ficariam lindos nos seus quadros. Ou então a Cosmos. Tão singela e delicada... - Ela deu um sorriso amarelo - "Sem falar que é a favorita da Ino".

—Não. Vou levar apenas estes cravos. Agora, onde está a Yashanaga? Vou pagar e ir embora.

—O nome dela é Yamanaka! De qualquer forma, você pode pagar para mim. Estou trabalhando por aqui temporariamente.

—Então a história de ter sido demitida do hospital é verdade? O que você fez para irritar tanto Tsunade-sama a ponto de ela tomar tal medida?

—Eu não fui demitida! - Sakura gritou irritada - Estou de folga. Apenas isso. A Tsunade-sama achou melhor me dar um descanso.

—Depois de você ter quase matado aquela senhora, injetando água nas veias dela, está mais do que certo. Por sorte a Shizune-san estava por perto para limpar sua sujeira.

A rosada lhe lançou um olhar colérico. Quem era aquele moreno arrogante para lhe julgar de alguma coisa?

—Konoha é uma aldeia pequena, você sabe. A fofoca se espalha mais rápido do que se imagina. - Sai exibiu outro de seus sorrisos falsos - Enfim, em quanto ficaram esses cravos? - Ele perguntou mexendo na carteira - Estou levando cinco...

Rapidamente Sakura teve uma ideia.

—Hoje está na promoção. Sairá de graça, mas como pagamento, que tal tomarmos um chá? Ou um sakê, se preferir.

Sai estreitou os olhos. Ele convivera com Sakura tempo o suficiente para perceber quando ela estava aprontando alguma. Ainda assim, ele aceitou. Queria jogar o joguinho dela.

***

Sakura o conduziu até a pequena cozinha. Assim que ele viu três almofadas no chão entendeu tudo.

Sai não sabia por que ficara tão surpreso. Era óbvio que se Sakura estivesse aprontando, Ino, logicamente, também estaria envolvida.

—Pensei que fossemos tomar chá. E não tagarelar - Ele disse duramente olhando a terceira almofada, que seria a loira a ocupá-la.

—Mas nós vamos. - Sakura sorriu sem graça - "Cada uma que você me apronta, Ino...! Você está me devendo por esse vexame, entendeu? Idiota!"— Não teria graça tomar chá em um silêncio digno de velório. Nada como a compainha dos seus amigos. E amigas. Certo?

—E amigas? - Ele sorria cinicamente.

Antes que Sakura respondesse mais alguma coisa, Ino apareceu com uma bandeja, um bule e três xícaras fumegantes.

—Sai-kun! - Ela gritou sorridente, colocando tudo à mesa - Que ótimo você ter aceitado nosso convite.

—Nosso?! A ideia foi su... - Sakura não pôde terminar, pois a loira lhe tampara a boca.

—Nada como um chá noturno, não? Hehehe... - Ino passou, desconcertadamente, a mão no rabo-de-cavalo.

—Realmente. - Ele concordou ajoelhando-se em uma das almofadas - Principalmente quando se está bem acompanhado.

A Yamanaka se sentiu nas alturas, pensando que ele se referia a ela.

—Mas isso é uma coisa que infelizmente não há por aqui. Só vejo duas garotas irritantes. E a pior delas se chama Yashanaga - Ele disse como se estivesse simplesmente comentando sobre o clima e enquanto sorria falsamente.

Sakura se sentiu ligeiramente ofendida. Ela só não ligou muito porque pouco se importava com o que Sai dizia, mas ficara seriamente preocupada com sua amiga. Ela sabia como era a dor da rejeição, afinal era vítima constante disso também.

Sempre que Sasuke lhe dizia o quanto ela o irritava, Sakura sentia como se uma pedra caísse sobre sua cabeça e a esmagasse até a morte. E Ino, mesmo sendo irritante às vezes, não merecia ouvir isso do garoto que ela gostava. Já não bastava ela sofrendo por um amor não correspondido?!

—Agora já chega, Sai! - A rosada enfureceu-se.

—Não tem problema, Sakura. - Ino lhe sorriu - Meu nome é Yamanaka, Sai-kun. - Ela disse docemente - Agora vamos tomar chá!

Tanto Sakura quanto Sai ficaram pasmos. Eles não esperavam esse tipo de reação da loira.

—Anh, tudo bem... - Sakura murmurou e ajoelhou-se em outra almofada, seguida de Ino.

Assim que recebeu sua xícara, Sai notou que seu chá estava com uma coloração levemente mais escura que o normal. Rápida e discretamente ele olhou as outras xícaras e percebeu o que as duas estavam planejando. Ele então teve uma idéia.

—Yamanaka, obrigado! - Ele inclinou-se sobre a mesa e lhe deu um beijo na bochecha.

Sakura quase caiu pra trás e Ino quase teve uma parada cardíaca. Elas não acreditavam no que acabara de acontecer. Afinal, elas viram o trivial, e não o mais importante.

Quando Sai inclinou-se sobre a mesa, ele estava bloqueando o campo de visão da rosada, e enquanto as distraia beijando Ino, ele trocava as xícaras.

—Você... Você acertou meu nome. E me beijou também?! - Ino parecia não raciocinar claramente.

Sai lhe sorriu falsamente e bebeu um pouco do seu chá. E Sakura ainda olhava a tudo chocada, como se tentasse entender uma piada óbvia e sem graça.

—Vocês me convidam para um chá e nem ao menos tocam nas xícaras? - Ele perguntou com um brilho maldoso no olhar.

—Ah, claro! - Elas responderam em uníssono, "voltando a realidade", e bebendo do chá.

Assim que Ino terminou sua bebida, Sai sorriu triunfante. Se ela queria aprontar com ele, ele também iria fazer o mesmo. Seria ela a provar do próprio veneno.

Mas, mal sabia ele que, na confusão da troca de xícaras, quem ficara com a xícara contendo o elixir fora Haruno Sakura.


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Notas finais do capítulo

E então? Elogios? Críticas? Sugestões? Me digam, ok?